Servicios
An. 1 Simp. Internacional do Adolescente Mayo. 2005
Representações sociais da violência entre alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental em duas escolas públicas do interior de São Paulo
Fátima Ap. Coelho Gonini; Rita de Cássia Petrenas; Valéria Marta N. Fernandes Mokwa; Rita de Cássia Pereira Lima
Centro Universitário Moura Lacerda - SP
RESUMO
O trabalho objetivou analisar as representações que alunos do Ciclo I do Ensino Fundamental têm sobre o tema violência, com base na Teoria das Representações Sociais (TRS) de Serge Moscovici, proposta em 1961. Entre os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) está a educação voltada para a plena cidadania, fundamentada nos Temas Transversais, que devem ser integrados ao currículo na perspectiva da transversalidade. Este estudo destaca a Ética, que se apresenta como elemento articulador em todas as disciplinas curriculares, restituindo princípios referentes à relação entre ética e violência na escola. Os atores desta investigação são alunos de duas escolas públicas de cidades diferentes do interior paulista, que se encontram no final do I Ciclo do Ensino Fundamental. Nas respectivas escolas são desenvolvidos trabalhos de prevenção da violência e ambas encontram-se em bairros periféricos. Adotou-se procedimento qualitativo e a mesma atividade foi realizada nas duas escolas, denominadas de A e B. No total, houve 33 alunos de 10 a 13 anos, sendo 21 da escola A e 12 da escola B. Eles foram convidados a expressar em uma folha de papel em branco, por meio da escrita ou desenho, o que lhes vinha em mente quando pensavam em violência. Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo temática. Identificaram-se dois temas-chave, articulados entre si: "agressão" e "ética". Mostram os resultados que as representações sociais que os alunos têm da violência se constroem em diversas esferas de interações: grupos de amigos, escola, família, mídia e a polícia. Apesar de haver poucas diferenças significativas entre as duas escolas, observa-se que na escola B, onde são desenvolvidos mais projetos envolvendo a temática da violência, as representações sociais expressam um conteúdo mais voltado para valores éticos. Percebe-se o papel da escola quanto a disponibilizar competências para tratar questões de prevenção/redução da violência e de valorização da vida, através de projetos coletivos e ações de parceria resgatando e legitimando valores éticos.
I - A trama do objeto de estudo na escola: a violência como foco dos Temas Transversais.
Este trabalho surgiu da idéia de três mestrandas do CUML que se interessam pelo tema "violência" e tem como ponto de partida os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997). Os PCNs baseiam-se na Constituição Federal (1988) e propõem uma educação voltada para a plena cidadania. Elegem os seguintes princípios para a educação escolar: a) dignidade da pessoa humana; b) igualdade de direitos; c) participação; d) co-responsabilidade para a vida social. Com essa concepção de educação, a escola deveria corresponder a demandas de cidadania. Privilegiando a autonomia dos alunos, deveria torná-los capazes de refletir sobre a sociedade vigente e toda problemática nela existente, com base em um fundamento ético.
Dentre os temas transversais esta pesquisa destaca a Ética, que se encontra como meio de integração em todas as áreas e aos demais temas transversais. Enfatiza a visão sócio-política da educação e a necessidade da instituição escolar assumir o compromisso de difundir, através da mediação didática, valores éticos e de convívio social contribuindo para a transformação da sociedade. Nos PCN’s, os conteúdos da Ética estão divididos em quatro blocos: Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo e Solidariedade, permitindo uma reflexão sobre as inúmeras causas que geram a violência.
O Brasil, na sua trajetória política, foi marcado por modelos de autoritarismo sem compromisso ético algum, acentuado por um capitalismo selvagem agravando as desigualdades sociais (VELHO, 1995), com a concentração de poder muito grande e a população em geral oprimida. Os direitos, na maioria das vezes, são vistos como concessão.
Nesse processo, a escola, como uma instituição de grande influência e representatividade em nossa sociedade, responsável pela formação do cidadão, não conseguiu eliminar do seu interior a prática da violência, evidenciando que a mesma está falhando no seu papel de socializadora.
Dentro desta perspectiva, o estudo tem como objetivo conhecer as representações sociais de violência que os educandos apresentam através da expressão gráfica (desenho ou escrita). Estima-se que estas informações possam ajudar as escolas a compreenderem a importância dos Temas Transversais, mais precisamente a Ética, nas situações que permeiam o currículo e o cotidiano escolar.
São plausíveis algumas reflexões sobre a Ética e "violência" na escola. Madeira (1999) aponta que pesquisas acadêmicas chegaram a diversas conclusões a respeito da violência, sociedade e abordagem do tema nas escolas, dentre elas:
-
A mídia tem forte influência sobre os educandos, pois cria ou fortalece um clima de medo e catástrofe social, mostrando excessiva e exageradamente notícias sobre crimes;
-
Apenas diferenças sociais e níveis de pobreza não são suficientes para explicar as manifestações de violência, mas ainda a violência é mais intensa onde há restrições de acesso das pessoas aos bens de consumo mais elementares;
-
A violência tem se manifestado nas diferentes classes sociais;
-
Atualmente ocorrem processos de banalização da violência, fato constatado devido à desestruturação das instituições sociais (família, igreja, movimentos, etc.) facilitando o domínio dos agentes da violência.
-
Até mesmo nos espaços escolares a ação da violência é direta e perversa sobre as atividades pedagógicas, expressando-se pelos conflitos entre educandos e educadores e entre os próprios educandos, diminuindo a eficácia da instituição e em diversas hipóteses levando o aluno a abandoná-la.
II - A Teoria das Representações Sociais como fundamento para análise da expressão gráfica dos educandos.
A expressão gráfica (escrita e/ou desenhos) sobre o tema "violência" produzida pelos educandos será abordada através da Teoria das Representações Sociais proposta por Serge Moscovici. O autor apresentou a noção de "representação social" em seu trabalho intitulado La psychanalyse, son image, son public, publicado na França em 1961. Em seus estudos, Moscovici concluiu que cada vez que um conhecimento é construído e partilhado, se torna integrante da vida coletiva.
Jodelet (1993) define as representações sociais como um meio de interpretação que entrelaça nossa relação com o outro e com a sociedade, orientando os comportamentos e as comunicações sociais. O estudo das representações sociais dos educandos a respeito de violência permitirá identificar aspectos subjetivos (valores, idéias, noções, atitudes) e objetivos (estudos, propostas, análises), favorecendo esclarecimentos que possam vir a contribuir para discussões e reflexões sobre a temática.
As representações são criadas para que as pessoas possam interagir com o mundo tanto física como intelectualmente. Partilhamos o mundo com os outros, portanto as representações sociais são fundamentais na vida cotidiana.
As representações apóiam-se em valores segundo os grupos sociais de onde partem significações, valores ideológicos e culturais, conhecimentos científicos, experiências particulares e afetivas do individuo. De acordo com Jodelet (2001) as representações sociais podem ser caracterizadas como uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.(p.22). Moscovici (1978) configura as representações sociais em três dimensões: "Informação refere-se à fontes e organização dos conhecimentos que um grupo possui a respeito de um objeto."Campo de Representação" relaciona-se a organização dos elementos que formam a representação, remete a idéia de imagem acerca do objeto representado. "Atitude" refere-se a um conjunto de orientações(cognitivas e afetivas do sujeito) em relação ao objeto da representação social.
Para conhecer as representações sociais dos educandos, é necessário compreender a história pessoal dos mesmos, percebê-la enquanto membro de uma classe social e no meio o qual está inserido (família, escola, religião, mídia e etc). O papel e a origem das representações sociais são definidos pala sociedade na qual elas se encontram.
Os dois processos formadores das representações sociais são: objetivação e ancoragem.
A objetivação está relacionada em "transformar" em objeto o que é representado, objetivar é absorver um excesso de significações, materializá-las, ou seja, a objetivação assume duas funções: organizar e dar forma a esse conhecimento. Assim a objetivação concretiza um novo conceito mediado por elementos identificadores segundo crenças, valores, preconceitos, regras, etc., vivenciados pelo grupo no qual se está inserido. A ancoragem está dialeticamente articulada a objetivação, e à própria incorporação e interpretação do objeto, direcionando a orientação dos comportamentos dentro do grupo social (MOSCOVICI, 1978).
A Teoria das Representações Sociais permite conhecer e compreender o que os educandos pensam sobre violência, bem como suas relações com o outro e com a sociedade, possibilitando a compreensão do fenômeno nos espaços escolares e buscando referências que possibilitem ações norteadoras para a construção de um processo de possível mudança dessa realidade.
A literatura apresenta algumas características comuns das representações sociais, dentre elas:
-
São sempre representações de alguma coisa (objeto) e de alguém(sujeito), participando da construção e re-construção da realidade;
-
Há uma relação de simbolização e interpretação, o que "permite" a participação do sujeito na sociedade;
-
Sempre forma de saber também, considerada conhecimento, mais especificamente "saber ingênuo" ou "conhecimento do senso comum".
Neste trabalho, os sujeitos são os educandos inseridos num determinado contexto de escolarização. O objeto de representação é a violência, que pode ser percebida em diversas esferas, como escola, comunidade e sociedade em geral. Os sujeitos possuem uma relação de simbolização e interpretação em relação ao objeto. Por conseguinte, sujeito e objeto são ligados por algo prático, que não é suposto, mas realmente detectado.
Esses fundamentos são pertinentes, pois os fatores sociais acabam influenciando na educação. Conforme cita Gilly ( 2001), o interesse essencial da noção da representação social para a compreensão dos fatos de educação consiste no fato de que orienta a atenção para o papel de conjuntos organizados de significações sociais no processo educativo (p.321).
III - Metodologia de Coleta de Dados
A pesquisa foi realizada com alunos do 1º ciclo do Ensino Fundamental do processo de escolarização (antiga 4ª série) em duas escolas de cidades diferentes do interior paulista, escolhidas aleatoriamente. Elas serão denominadas respectivamente escolas A e B.
Escola A
Os alunos (21), com idade entre 10 e 13 anos, de ambos os sexos, foram convidados a expressar individualmente, em uma folha de papel (através de desenho ou escrita), o que lhes vinha em mente quando pensavam no tema "violência".
Essa escola está situada em uma cidade do interior paulista, com aproximadamente trinta mil habitantes. Ela faz parte da rede pública municipal, localizando-se em um bairro considerado desfavorecido socialmente. Quase todos os alunos residem nas imediações da mesma.
No início do ano de 2003, ou seja, aproximadamente vinte meses antes do início da pesquisa, nas proximidades do Carnaval, a cidade passou por uma "BLITS" Policial. O bairro em que a escola está inserida foi forte alvo, havendo várias viaturas policiais, motos, helicóptero com policiais armados que sobrevoaram a região.
Nesta escola não há efetivamente um projeto específico que trabalhe valores éticos. A exceção é o PROERD (Programa Educacional de Resistência ás Drogas e a Violência), desenvolvido por policiais militares em convênio com a Secretaria da Educação, durante aproximadamente um semestre, com uma aula semanal.
Escola B
Os alunos (12) com idade entre 10 e 12 anos, de ambos os sexos, também foram solicitados a expressarem individualmente em uma folha de papel (através de desenho ou escrita) o que lhes vinham em mente quando pensavam no tema "violência".
A escola localiza-se em uma cidade do interior paulista, com aproximadamente trezentos mil habitantes. Está inserida em um bairro periférico considerado violento devido ao grande número de ocorrências policiais de variados gêneros (roubo, assalto, drogas, brigas e homicídios).
Nessa escola são desenvolvidos alguns projetos durante o ano letivo (Pastoral da Educação, Trânsito e Vida e PROERD) que valorizam o exercício da cidadania, bem como o trabalho com valores éticos.
IV - A análise dos dados
A análise dos dados, de caráter qualitativo, centrou-se na metodologia de Análise de Conteúdo (BARDIN, 1986), que não se baseia somente em um procedimento técnico, visto que se apresenta como uma busca constante entre teoria e prática no campo das investigações sociais. Segundo Bardin apud Minayo , a Análise de Conteúdo pode ser definida como: Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens. (p. 199)
A Análise de Conteúdo possui rigor científico, além de basear-se em metodologias quantitativas buscando compreensão e lógica em sistemática qualitativa. Portanto buscando-se maior significado no material qualitativo, este trabalho terá como procedimento a Análise Temática, que se apresenta como uma subdivisão da Análise de Conteúdo.
A análise temática está relacionada diretamente a um determinado assunto, representada no caso aqui por desenhos ou escritas (pequenas frases), baseando-se na freqüência das unidades, conforme coloca Minayo (2000), fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou freqüência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado (p.209).
A exploração do material permitiu constatar que os alunos abordaram dois grandes temas relacionados à violência, ou seja, núcleos de sentido, que se articulam entre si: "agressão" e "ética". Na Escola A foram identificadas as seguintes categorias e sub-categorias: 1- Agressão: armas de fogo, (revólver, faca, briga, morte de pessoas e animais, ódio, raiva), ação policial, (combate ao "bandido", cenas com helicóptero, armas de fogo, ladrão, cenas de sangue, morte); 2- Ética: negação da violência (paz, proposta da escola). Quanto à Escola B, essas categorias e sub-categorias foram: 1- Agressão: armas de fogo e ação policial (revólver, agressão física); 2- Ética: paz proposta da escola e ação de policiais (não xingar, nem humilhar o próximo, respeito). As Tabelas I e II, abaixo, explicitam mais detalhadamente esses resultados.
Os desenhos/textos ilustrados a seguir justificam os temas e as categorias e sub-categorias inferidos. Seguindo as orientações da análise de conteúdo, foi feita inicialmente uma leitura flutuante para identificá-los. Embora haja nuances, percebe-se, em alguns, o enfoque na "agressão" e em outros na "ética".
No desenho/texto acima, as categorias: "agressão" e "ética" aparecem juntas. Há uma contraposição. Se, por um lado percebem-se cenas violentas de "agressão", por outro lado nota-se o pedido de paz.
Na Figura 2, a expressão gráfica do aluno prioriza a agressão. Ele reproduziu a Blitz Policial que ocorreu em sua cidade, particularmente no bairro da escola, há algum tempo atrás.
A Figura 3 apresenta, contrariamente às duas anteriores, com relevância, significações referentes a valores éticos. Não há menção direta a temas relacionados à agressão/violência.
As categorias inferidas apresentam-se semelhantes nas duas escolas. Porém, há diferenças quanto à prevalência de temas relacionados à ética na Escola B, visto que esta foi uma temática norteadora dos projetos desenvolvidos em seu interior.
V - As dimensões da violência na expressão gráfica dos alunos
Os resultados apresentados têm como base a teoria moscovicianos a das Representações Sociais. Tal teoria em educação vai além das técnicas, métodos, leis, funcionamento cognitivo e biológico do indivíduo, pois percebe os mesmos como integrantes de um sistema social interativo, apresentando assim cientificidade.
A análise da expressão gráfica mostrou que o "núcleo figurativo" da representação social da violência situa-se em torno das armas de fogo, demonstrando poder/ ameaça. Apesar dos desenhos fazerem uma relação entre violência e ação policial, eles demonstram a arma com significações antagônicas (defende-ataque). Percebe-se aqui que as representações sociais aparecem como fenômeno complexo, que sempre diz algo sobre um estado da realidade.
Neste caso, os educandos da Escola A demonstram que a imagem que reflete a "Blits" policial ainda permanece viva na memória quando se pensa em violência. Apesar de retratarem essa violência através de desenhos os alunos negam a utilização de armas, talvez pela influência das campanhas veiculadas na mídia, e dizem: "essa cena não pode ser feita e sim, a cena boa de paz e felicidade para as pessoas boa".
As representações sociais articulam elementos afetivos, mentais e sociais integrando-os junto com a cognição, linguagem e comunicação, tendo como base as relações sociais (JODELET, l996). A educação ganha destaque nesse sentido, pois se apresenta como forte elemento articulador de informações. Alguns desenhos e frases mostram a influência da escola, destacando-a como fonte de ações norteadoras contra a violência. Esse fato foi constatado nas duas escolas pesquisadas, mas com forte indício na Escola B, supostamente porque aí são desenvolvidos mais projetos relacionados ao combate da violência e valorização da vida. Alguns exemplos foram identificados na expressão gráfica: "Isso não pode ser feito. A gente tem que cuidar da natureza e dos animais". "Devemos respeitar o próximo". "A violência não é boa e sim mau , então não sejam assim"
As representações que sinalizam a paz em oposição à violência foram menos freqüentes. Esse indicativo sugere que, apesar do educando conhecer o valor de atitudes não violentas, ele não consegue superar questões relacionadas à violência que permeiam o cotidiano escolar.
Verificou-se que, na Escola B, apesar da pouca diferença quantitativa, os alunos enfocaram menos as armas de fogo. Percebe-se assim a influência das ações desenvolvidas no cotidiano escolar. Na Escola A, as armas de fogo foram mencionadas mais intensamente, provavelmente devido à blitz policial. Embora esse fato tenha ocorrido há mais de um ano, ele continua sendo lembrado fortemente pelos alunos.
Mesmo com a preocupação das instituições escolares em combater as possíveis causas da violência, as armas de fogo exercem uma certa atração nos alunos. Nota-se que as representações sociais não podem ser interpretadas sem seus vínculos com outros sistemas gerais de representação social. A escola faz parte da sociedade e deve conhecer e valorizar os diversos espaços nos quais seus educandos estão inseridos.
A instituição escolar não é a única responsável pela formação do cidadão, cônscio de seus direitos e deveres, porém desempenha um importante papel na sociedade por ser um espaço em que saberes são compartilhados. Além disso questões como violência devem ser discutidos e refletidos por todos os envolvidos no processo educativo Madeira (1999).
Conseqüentemente, os educadores são compelidos a aceitar desafios, que segundo Madeira (1999), oferecem elementos para que se estabeleçam relações com grupos de camadas sociais diferentes que convivem com valores, comportamentos e atitudes diferenciadas. Esses profissionais devem buscar superar as diferenças evitando a estigmatização e a discriminação através de ações coletivas que envolvam o cotidiano da escola.
Considerações finais
A contribuição principal dessa pesquisa foi perceber que a expressão gráfica dos educandos é uma grande aliada para se refletir e discutir, no âmbito da escola, as questões éticas e de violência que permeiam o cotidiano escolar. Compreender as representações sociais dos alunos acerca do tema permite elaborar um projeto pedagógico consistente e compatível com as necessidades dos educando, pensando a escola como um espaço de construção da cidadania e lidando com o pluriculturalismo presente na instituição escolar.
A Teoria das Representações Sociais demonstrou ser um instrumental eficaz de análise porque sugere a articulação dos aspectos psicológicos e sociais na abordagem de temas éticos e de violência relacionados à vivência dos alunos. Essas questões devem privilegiar as discussões na escola, visando à articulação dos temas transversais, em especial da ética nas diversas disciplinas.
Referências
ADORNO, Sérgio. O Brasil é um país violento. Revista tempo e presença n° 246- jul-ago. São Paulo 1989.
BARDIN, L. L' analyse de contenu. Paris: PUF, 1986.
BRASIL (País), Secretaria de Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
GILLY, M. As representações sociais no campo da educação. In: JODELET, D. (org) As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p.321-341.
JODELET, D. (org). As representações sociais. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2001. 420p.
JODELET, D. Representations sociale: phénoménes, concept et théorie. In: MOSCOVICI, S (org) Psychologie Sociale, Paris: P.U.F., 1996.
MADEIRA, F. R. Violência na escola – quando a vitima é o processo pedagógico. In: A violência disseminada – São Paulo em perspectiva. Revista da Fundação SEADE. Vol. 13, nº 4- out-dez. São Paulo. 1999.
MINAYO, M.C.de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.Rio de Janeiro: Hucitec – Abrasco, 2000. 225 p. (Saúde em debate).
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
TAVARES, José Vicente. Classificação de violência. Revista tempo e presença n°268-mar. abr. São Paulo 1993.
VELHO, Gilberto. Cidadania e violência. Revista tempo e presença n° 282- jul-ago. São Paulo 1995.