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An. 3. Enc. Energ. Meio Rural 2003

 

Avaliação do capim-elefante (pennisetum purpureum schum.) visando o carvoejamento1

 

 

João Batista de Andrade; Evaldo Ferrari Júnior; Darcy Antônio Beisman; Joaquim Carlos Werner; Odete Maria A. A. Ghisi; Vanderley Benedito de Oliveira Leite

Pesquisadores do Instituto de Zootecnia, Caixa Postal 60, 13460-000 Nova Odessa, SP

 

 


RESUMO

Foram conduzidos, nas Estações Experimentais do Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa e em Brotas, 2 ensaios para avaliar a produção de matéria seca do capim-elefante, cultivar Guaçu, sob 4 doses de adubação nitrogenada (50, 100, 200 ou 400 kg N/ha/ano) e 3 freqüências de corte (2, 3 ou 4 cortes/ano). O delineamento experimental foi de blocos casualizados, com 4 repetições, os tratamentos arranjados em esquema fatorial 4 x 3 (4 doses de adubação e 3 freqüências de corte). A produção de matéria seca aumentou com o aumento da adubação nitrogenada e com a diminuição da freqüência de corte.


ABSTRACT

It was conducted, in the Research Farms of the Instituto de Zootecnia, at Nova Odessa and Brotas, 2 experiments to evaluate dry matter yield of elephant grass, cv Guaçu, upon 4 rates of nitrogen (50, 100, 200 or 400 kg N/ha/year) and 3 cut frequencies (2, 3 or 4 cuts/year). The experiments were set in randomized block design, with 4 replications. The treatments were arranged in a 4 x 3 factorial. The dry matter yield increased as nitrogen rates increased and cut frequency decreased.


 

 

INTRODUÇÃO

O capim-elefante é espécie adaptada a altas temperaturas e umidade, entretanto tolera temperaturas baixas antes de interromper o crescimento.

Essa gramínea mostra alto potencial de produção de biomassa, sendo inicialmente cultivado no Brasil como capineira, para fornecimento de forragem verde (GRANATO, 1924).

Devido ao seu alto potencial de produção, foram realizados estudos que mostraram respostas a adubação nitrogenada da ordem de 1800 kg de nitrogênio/ha/ano, todavia, as doses mais eficientes estão próximas de 450 kg/ha/ano (CORSI, 1972).

JAQUES (1990) e RUIZ et al. (1992) relataram produções de matéria seca de 80 a 90 t/ha/ano.

Além do nitrogênio, o fósforo e o potássio, são de grande importância para que se atinja altas produções de matéria seca, principalmente para gramíneas para o corte (WERNER, 1984 e FARIAS, 1994).

O objetivo do trabalho foi de avaliar a produção de matéria seca do capim em 4 doses de adubação nitrogenada, sob 3 freqüências de corte.

 

MATERIAL E MÉTOODO

Foram desenvolvidos 2 experimentos no Instituto de Zootecnia, sendo um na Estação Experimental Central em Nova Odessa, localizada nas coordenadas 22o 41' S e 47o 18' W, a 550 m de altitude e outro na Estação Experimental de Brotas, localizada nas coordenadas 22o 16' S e 48o 7' W, a 650 m de altitude. Os climas de ambas as Estações podem ser classificados com Cwa, pela classificação climática de Koeppen.

Os solos, de Nova Odessa e Brotas, onde foram instalados os experimentos, mostravam respectivamente os seguintes valores: pH (CaCl2) = 4,0 e 3,9; P (ug/ml) = 5 e 9; K = 0,11 e 0,11; Ca = 0,5 e 0,2; Mg = 0,4 e 0,1; H + Al = 5,2 e 5,8; S = 1,0 e 0,4 e T = 6,2 e 6,2 (todos em meq/100 ml de TFSA) e V% = 16 e 7, na análise química.

Nos terrenos dos experimentos de Nova Odessa e Brotas foram aplicadas, antes do plantio, 3t/ha de calcário (minercal), sendo este incorporado aos solos dos locais.

Foram avaliadas 4 doses de nitrogênio (50, 100, 200 e 400 Kg/ha/ano) e 3 freqüências de corte (F1 = dois corte/ano, 150 e 200 dias de crescimento; F2 = 3 cortes/ano, 90, 90, 180 dias de crescimento e F3 = 4 cortes/ano, 90, 60, 60 e 150 dias de crescimento), num delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições, onde os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial (4 x 3).

Os experimentos foram plantados em 21/01 e 28/04 de 1993 em Nova Odessa e Brotas, respectivamente.

As parcelas experimentais mediam 28,80 m2, com uma área útil de 9,60 m2. O capim-elefante, cultivar Guaçu, foi plantado em linhas espaçadas de 0,60 m e as mudas foram colocadas no sulco, duas a duas, no sentido pé com ponta e em seguida cortadas em pedaços de 2 a 3 gemas.

Em Nova Odessa, no momento do plantio foram efetuadas adubações com fósforo, aplicando-se 25, 50, 100 e 200 kg de P2O5/ha, para os tratamentos de 50, 100, 200 e 400 kg de N. Em Brotas, foi aplicado em todos os tratamentos 50 kg de P2O5/ha.

Após 40 dias do plantio foram aplicados nos dois experimentos 50 kg de nitrogênio (uréia) e 25 kg de K2O (cloreto de potássio).

O corte de rebaixamento para início dos levantamentos de produção foi realizado em 29 e 30/9/1993 em Nova Odessa e Brotas, respectivamente.

Após cada corte, nas freqüências estabelecidas, foram efetuadas as adubações nitrogenadas, aplicando-se a dose dividida pelo número de cortes programados. A adubação potássica foi efetuada, para todos os tratamentos, tomando-se por base uma reposição de 10 kg de KCl para cada tonelada de matéria verde removida por hectare.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Tabela 1 mostra as produções de matéria seca dos experimentos de Nova Odessa e Brotas.

A análise de variância, das produções de matéria seca, para os experimentos de Nova Odessa e Brotas, mostrou significância (P < 0,05) para adubação e freqüência de corte. Não foi verificada interação (P > 0,05) entre adubação e freqüência de corte.

Em Nova Odessa a variação da produção de matéria seca, em função das doses de nitrogênio aplicadas, pode ser representada pela equação linear y = 19,96 + 0,0348 x, com R2 = 0,97, mostrando que à medida que aumenta a dose de nitrogênio aplicada aumenta a produção de matéria seca (Figura 1)

A variação da produção de matéria seca, em função das doses de nitrogênio aplicadas, no experimento de Brotas, pode ser representada pela equação quadrática y = 33,70 + 0,1598 x - 0,0003 x2, com R2 = 0,98, o que mostra que em Brotas foi atingido um potencial máximo de produção de matéria seca com a aplicação de mais ou menos 200 kg de nitrogênio (Figura 1).

Os resultados obtidos em relação à aplicação de nitrogênio são semelhantes aos encontrados na literatura, nos quais verifica-se um aumento de produção de matéria seca à medida que se aumenta a dose de nitrogênio aplicado ( CORSI, 1972 e WERNER, 1984).

Quanto às produções de matéria seca, em função das freqüências de corte (Tabela 1), verificou-se que em Nova Odessa, a produção de matéria seca na freqüência de corte 1 (dois cortes/ano) de 30,91 t foi maior (P < 0,05) que aquela da freqüência 2 (3 cortes/ano) de 27,21 t , que por sua vez foi maior que a da freqüência 3 (4 cortes/ano) de 21,30 t/ha/ano.

Para o experimento de Brotas, a produção de matéria seca obtida na freqüência de corte 1 de 49,48 t foi semelhante à produção de matéria seca verificada na freqüência de corte 2 de 47,65 t, sendo que ambas as produções foram maiores que a produção observada na freqüência 3 de 38,03 t/ha/ano.

Quanto às produções máximas obtidas, tanto em Nova Odessa como em Brotas, pode-se observar que estão dentro da amplitude relatadas em CARVALHO (1985), em trabalho com vários cultivares de capim-elfante. As respostas às freqüências de corte, tanto no experimento de Nova Odessa como em Brotas, são clássicas na literatura, ou seja, as produções de matéria seca de gramíneas são maiores quando o número de corte é menor e portanto, os intervalos de crescimento são maiores (PEDREIRA, 1965, GOMIDE, 1973 e FLORIO, 1976). Uma outra explicação para a baixa produção de matéria seca da freqüência 3 (4 cortes/ano) em ambos os experimentos,, seria que justamente o maior intervalo de corte dessa freqüência, 150 dias, compreendeu os meses de abril, maio, junho, julho, agosto e setembro, onde as taxas de crescimento diário, das forrageiras em geral, são as menores, variando de 19,2 a 21,2 kg de matéria seca/ha/dia, enquanto que no restante dos meses do ano, essas taxas variam de 31,0 a 60,9 kg de matéria seca/ha/dia (PEDREIRA, 1973).

 

CONCLUSÕES

A produção de matéria seca do capim-elefante, cultivar Guaçu, aumenta à medida que aumenta a adubação nitrogenada.

Freqüência de corte, com menor número de corte no ano aumenta a produção de matéria seca.

 

BIBLIOGRAFIAS

CARVALHO, L. A. Pennisetum purpureum Schum. Revisão. EMBRAPA-CNPGL, Coronel Pacheco, MG, 1985, 86p. (Boletim de Pesquisa, 10).

CORSI, M. Estudo da produtividade e valor nutritivo do capim-elefante Pennisetum purpureum Schum. , variedade Napier, submetido a diferentes freqüências e alturas de corte. Piracicaba, ESALQ, 1972, 239p. Tese de Doutorado.

FARIAS, V.P. Formas de uso do capim-elefante. In: PASSOS, L.P., CARVALHO, L.A., MARTINS, C.E. eds. SIMPÓSIO SOBRE CAPIM-ELEFANTE II, Anais...., Juiz de Fora: EMBRAPA, CNPGL, 1994, 235p.

FLORIO, A. Componentes da parede celular de gramíneas forrageiras em estudo de adaptação no Vale do Ribeira. Jaboticabal, 1976, 46p. Faculdade de Medicina Veterinária e Agronomia de Jaboticabal (Trabalho de graduação em Zootecnia).

GOMIDE, J.A. Fisiologia do crescimento livre de plantas forrageiras. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 1, 1973. Piracicaba. Anais..., Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", p.83-93, 1973.

GRANATO, L. O. Capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.). São Paulo, Secretária de Agricultura, 1924, 96p.

JAQUES, A.V.A Fisiologia do crescimento do capim-elefante. In: Carvalho, l. de A., CARVALHO, M.M., MARTINS, C.E., VILELA, D. eds. SIMPÓSIO SOBRE CAPIM-ELEFANTE. Anais..., Coronel Pacheco: EMBRAPA-CNPGL, 1990, 195p.

PEDREIRA, J.V.S. Crescimento estacional dos capins colonião (Panicum maximum Jacq.), gordura (Melinis minutilora Paul de Beauv), jaraguá (Hyparrhenia rufa (Ness. Stapf.) e pangola taiwan A-24 (Digitaria pentzii Stent.). Boletim da Indústria Animal, Nova Odessa, v.30, n1, p.59-145, 1973.

PEDREIRA, J.V.S. Crescimento estacional dos capins elefante-napier (Pennisetum purpureum Schum) e guatemala (Tripsacum fasciculatum Trin.. Boletim da Indústria Animal, v33, p.233-242, 1976.

PEDREIRA, J.V.S. Desenvolvimento de plantas forrageiras e sua importância no manejo de pastagens. Zootecnia, Nova Odessa, v3, n3, p.31-40, 1965.

RUIZ, M., SANCHEZ, W.K., STAPLES, C.R. Comparison of "mott" dery elephant grass and corn silage for lacting dairy cows. Journal Dary Science, v75, n2, p.533-543, 1992.

WERNER, J.C. Adubação de Pastagens. Nova Odessa, Instituto de Zootecnia, Secretária de Agricultura e Abastecimento, 1984, 49p. (Boletim Técnico, 18).

 

 

1 Projeto financiado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)