1Resistências à psicanálise do bebê: contribuição da psicologia do desenvolvimentoSaber científico e saber inconsciente author indexsubject indexsearch form
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An. Col. franco-brasileiro sobre a clínica com bebês Jan. 2005

 

Interações sonoras entre bebês que se tornaram autistas e seus pais

 

 

Marie Christine Laznik; Sandra Maestro; Filippo Muratori; Erika Parlato

 

 


RESUMO

Neste trabalho petende-se discutir a importância do papel da voz, ou pulsão invocadora tal como foi chamada por Lacan, na determinação do destino da constituição do sujeito, em particular, no autismo.
Com o apoio de recursos tais como: abservação e gravação da interação entre pais e filho; mensauração e análise do emprego da voz nesta relação, investiga-se as sutilezas presentes nestas trocas.
A voz é , então, destacada não como atributo específico dos pais, mera função de uma competência emtee outras, mas como algo cujo emprego depende e determina ao mesmo tempo a dinâmica desta relação.


 

 

Vamos apresentar um estudo sobre a voz, resultado de nossa pesquisa sobre os sinais precoces de autismo. Sabemos que, desde o nascimento, o bebê mostra interesse por certos elementos da voz materna. Trevarthen e Fernald trataram bastante deste assunto. Estas pesquisas podem ser cruzadas com as hipóteses apresentadas por J. Lacan a propósito da «pulsão invocante». De fato, Lacan acrescentou o olhar e a voz à lista dos objetos pulsionais descritos por Freud : seio, pênis, fezes. Nosso interesse por este assunto nos veio observando fenômenos estranhos em filmes familiares de bebês que se tornaram autistas mais tarde. Estes bebês que, nas atividades cotidianas de mudança de roupa, de banho, de alimentação, não olhavam para a pessoa que cuidava deles, podiam, de repente, não só olhar mas até mesmo começar a responder entrando em verdadeira «protoconversação».

Marco.

Um exemplo surpreendente se encontra no filme do pequeno Marco. Este bebê, então com dois meses e meio, que demonstrava inteira indiferença pelo mundo humano que o cercava, mostrou-se de repente capaz de olhar para sua mãe e lhe responder vocalizando, após uma música que ela lhe cantou. Sua interação foi sustentada durante quase três minutos. Esta passagem do filme, exibida fora de contexto por Maestro e Muratori, suscitou vivas reações da parte de colegas expectadores em diversos países do mundo. Como aceitar a idéia de que um tal bebê pudesse tornar-se autista? Quereria isto dizer que nenhuma predição era possível nessa idade ? No entanto, quando outras passagens do mesmo filme eram exibidas, o estado de fechamento desse bebê era manifesto. Como explicar essa disparidade de comportamento nesse bebê? Existia ali uma aporia que nos fez trabalhar seriamente. Não podemos negligenciar o fator desencadeante da música da mãe, mas um estudo da prosódia da voz do pai e da mãe, presentes na cena, nos ensinou que a voz do pai apresentava as características prosódicas do «mamanhês», a motherese descrita pelos psicolingüistas. Mesmo que a voz paterna mal se ouça no fundo sonoro do filme , ela pôde sustentar a busca da ligação vocal e visual mãe-filho.

Resolvemos portanto comparar a voz da mãe de Marco falando com o filho com a voz de uma mãe com seu bebê normal, numa situação bastante comparável (troca de fraldas).

As fig. 1a e 1b representam os espectrogramas das duas vozes. Nas análises espectrais, o eixo horizontal representa o tempo e o eixo vertical, a freqüência. O grau de negrura das estrias indica a energia.

 


 

Não somente a voz da mãe de Marco não apresenta as características prosódicas do mamanhês, mas também o confronto dos dois espectrogramas é surpreendente (mãe de Marco, voz bem monótona ; mãe de Fabien, voz bem mais entoada), até mesmo para os não especialistas em análise acústica. No entanto, não podemos deduzir nenhuma hipótese etiológica desta notável diferença e isto, por duas razões. Inicialmente, desde as primeiras pesquisas sobre a prosódia do mamanhês, A. Fernald (1982) havia descoberto que uma mãe era incapaz de produzir a prosódia característica se seu bebê não estivesse na frente dela. Mesmo sabendo que fariam seu bebê ouvir em seguida a gravação e que ela fazia o melhor que podia, sua prosódia não era absolutamente a mesma para seu bebê e no gravador. Podemos portanto pensar que um bebê que não reage muito acaba suscitando uma prosódia do gênero «diante do gravador». Além disso, os trabalhos recentes (2002) de Burnham na Universidade de Sidney, sobre a prosódia do mamanhês nos bebês normais, mostram que as reações do bebê melhoram a amplitude das curvas da prosódia na mãe. Esta prosódia é, portanto, para muitos, a imagem do resultado da relação entre eles.

Fabien (cujo desenvolvimento sabemos que foi normal) e sua mãe apresentam no filme um belo exemplo do que os psicolingüistas chamam de «turnos de palavras». A mãe fala no lugar do bebê, na primeira pessoa e lhe responde como se fosse ele que tivesse falado. Neste diálogo, o bebê lhe dá atenção ativamente, com seu olhar e sua voz.,

«Eu vou bem minha mamãe! Vou bem !»
(- O bebê, olhando para sua mãe: «oua»).
«Claro, claro que vai bem!»
(- O bebê, olhando para sua mãe: «aaa»).
A mãe retoma o som aaa e acrescenta: «isso ! isso ! você está gostando ? Está gostando ?»
(- O bebê, olhando para ela: «ga gou gue»)
(- O bebê, sorrindo para ela : «ga gou»).

A prosódia da voz materna manifesta a surpresa e a alegria que tal situação suscita nela. A mãe fala em «mamanhês». Segundo Dupoux e Mehler (1990), o mamanhês é o «dialeto» de todas as mães do mundo quando elas falam com seus bebês : a voz é postada um tom mais alto e a entonação é exagerada.

Eis aqui a imagem da análise espectral de um trechinho de discurso materno, o «isso; isso!» que ela diz a seu filho. (Fig.2)

 

 

Esta imagem mostra como o mamanhês se manifesta por modificações da voz e da prosódia, por formas melódicas doces, longas, com grandes extensões. O efeito do rítmo da prosódia é amplificado pelas várias repetições. Vemos também aparecer cortes claros entre dois fragmentos sonoros. Estes cortes são essenciais no mamanhês.

Mesmo com a colaboração do bebê Fabien era, ali, evidente, ainda nos fizemos a seguinte pergunta: que aconteceria se um adulto conseguisse produzir uma prosódia do mamanhês diante de um bebê destinado a se tornar mais tarde autista? Será que o bebê responderia?

Pedro.

Trata-se de um outro bebê da coorte dos filmes familiares de Pisa. Ele permite testar esta pergunta e descobrir que a resposta é positiva. Pedro é um bebê que nunca olha para sua mãe, nem responde a nenhum de seus apelos. Ele responde às vezes ao pai quando este usa uma energia enorme, chegando até a jogar braço de ferro com ele para estimulá-lo. Uma amiga da mãe, tendo vindo passar férias no sítio, nunca conseguiu nem uma única vez entrar em contato com ele.

Analisamos a voz da mãe numa cena pungente em que ela o chama com desespero crescente diante de sua indiferença.

«Pedro ? Pedro ? Pedro ?». Ela se aproxima, enquanto seu bebê olha ostensivamente para outro lado. O tom da voz materna se torna cada vez mais suplicante : «Olha pra mim ! olha pra mim ! olha pra mim !». Ela cola seu rosto na barriga do bebê e grita angustiada : «Meu bebê ! meu bebê ! meu bebê !». Eis aqui o que mostra a análise espectral deste último fragmento do discurso materno (Fig.3).

 

 

Apesar da força do desespero com que a mãe apela ao seu bebê, o que aliás provoca uma intervenção do pai, que tinha vindo pegar o bebê no colo e assim interromper a cena , vemos que não há nenhum pico prosódico. A voz dela permanece plana . Observemos também a ausência de corte entre os segmentos sonoros.

Ora, algo de extraordinário ficou gravado numa pequena cena desse longo filme de família. Este bebê, que praticamente nunca responde, vai entrar num diálogo visual e tonal com seu tio, que passava por ali por acaso. Essa cena se passa quando o bebê está com uns seis meses. Ela acontece no jardim do sítio em que estão trabalhando o tio e o pai, que têm, cada um, sua casa separada. É um sítio que produz leite natural de vaca . Este detalhe tem importância porque o trabalho dos dois homens na primavera é intenso : eles têm não só que cuidar dos animais e da ordenha, mas ainda da plantação da forragem com a qual eles os alimentam. Não é difícil de imaginar que o tio nem sempre tem ocasião de perceber as dificuldades de comunicação do sobrinho, com o qual ele provavelmente se defronta muito pouco. Ora, o tio apresenta na voz características prosódicas do mamanhês. Aliás é interessante observar que se diz também em inglês parentese (Fernald & Kuhl, 1987) e não apenas motherese, o que parece mais justo pois os pais, e até os tios, falam com os bebês deste modo.

Dois minutos antes da intervenção do tio, a mãe ainda havia tentado entrar em contato com o bebê. Sua voz indicava que ela o fazia por dever de consciência, sem acreditar muito nisso, mas assim mesmo continuando a tentar. Não somente o bebê não tinha entrado em contato com ela, mas até se tinha deixado cair de um lado, na cama de tecido em que a mãe o havia instalado no jardim. O tio começa estendendo a mão ao bebê, ao que este não responde. Mas logo que a voz do tio é ouvida, ela consegue arrancá-lo da prostração e o bebê, sorrindo, começa a vocalizar e a olhar para o tio, como um bebê normal. A mudança do bebê é brutal e surpreendente.

Quando comparamos os espectrogramas da voz da mãe com a do tio (Fig.4), a diferença é surpreendente (o que se veria melhor em cores).

 


 

Eis aqui uma outra apresentação de um pequeno fragmento do discurso (fig. 5) que o tio usa com o sobrinho, brincando com sua chupeta e lhe perguntando a qual dos dois, a ele ou ao bebê, ela pertence. Ele parece extasiar - se diante dessa chupeta e fica perguntando: «De chi è? De chi è questo, ein?». (N.T. - De quem é? De quem é isso, hem?)

 

 

Vemos aí o esboço dos arredondados das curvas prosódicas e também os espaços vazios entre os blocos de sons. Esse bebê nos ensina que a presença dos picos prosódicos, próprias do «papaiês», na voz do adulto que lhe fala, pode induzir uma resposta até de bebês que ficaram mais tarde autistas. O que significa que, mesmo que o bebê não suscite esse tipo de relação com o seu Outro, ele está equipado para lhe responder. Mas devemos caminhar prudentemente pois, mesmo não conseguindo, nesta cena, responder à voz de sereia de seu tio quando ele fala «papaiês», Pedro não reinicializa a conversa. Nenhuma vez, neste filme da família, o veremos provocar seu interlocutor. Tal conceito de «provocação» foi desenvolvido por Emese Nagy (2003), que é pesquisador de teoria do desenvolvimento. Seu conceito envolve clinicamente as pesquisas de Laznik (2000) a propósito do terceiro tempo do circuito pulsional, tempo em que o bebê se faz ouvir, por exemplo, por um outro. Há uma exceção no filme: lá pelos 15 meses, a mãe tornou-se completamemte silenciosa, ela se contenta com filmar Pedro que tenta, em vão, entrar em contato verbal com o cão do sítio , a quem ele dedica um de seus legos e um longo discurso. O cão vai embora, indiferente, e a mãe não consegue retomar para ela o « discurso » que a criança faz para o cachorro. Se houve nessa criança «pulsão invocante», ela só pôde dirigir-se a um cão, que nada pôde fazer.

Alfredo

Alfredo é um outro bebê italiano, que se tornou autista, da coorte de Pisa. Seus pais produzem às vezes picos prosódicos. No entanto, durante os três primeiros meses de vida, Alfredo parece evitar as percepções que vêm de seus pais ou até mesmo de seus avós que vêm visitá-lo. Podemos também falar aqui de uma intenção de evitar voluntária, como aquela que Selma Fraiberg (1982)descreveu. Fazendo uma micro-análise de uma cena entre o bebê e sua mãe, quando ele está com um mês e vinte dias, ouvimos a modificação da voz materna que vai se cansando, à medida que todas as suas ternas e doces tentativas fracassam. Nem as pequenas carícias ao redor da boca conseguem chamar a atenção do filho para ela. O pai, filmando-os, pede-lhe para tentar outra vez. Ela tenta de novo, incentivada pelo pai. Inutilmente. Uma parada na imagem, no fim desta cena, permite perceber um leve vinco de amargura, provavelmente involuntário, desenhar-se no canto da boca materna. Os pais, diante dessa ausência de resposta do bebê, de suas recusas - quando ele se vira ostensivamente do lado oposto àquele em que se encontra a mãe - sustentam-se mutuamente e parecem continuar confiantes.

Analisamos atentamente a cena em que, pela primeira vez, o bebê olha para um de seus pais: o pai. O bebê está então com três meses. Os filmes são feitos durante o fim de semana, quando o pai está presente. Desta vez é o pai que segura o bebê no colo e a mãe filma. Como é de hábito entre eles, eles se revezam diante desse bebê que fica ostensivamente ausente.As réplicas os estimulam e, em determinado momento, há o início de uma prosódia de «linguagem de pais» que aparece. O bebê responde com um sorriso não endereçado que, surpreendendo agradavelmente os pais, suscita um novo fragmento de prosódia na voz do pai. O bebê olha para este sorrindo. Um concerto de surpresa e alegria na prosódia paterna acolhe o acontecimento. Isto leva o bebê a continuar olhando e sorrindo. O pai, com a voz estrangulada de alegria, fica repetindo: ele está olhando para mim, ele está olhando para mim. Mas ele se conforma quando a criança interrompe a relação.

Dez minutos mais tarde, (tempo indicado na película do vídeo), a mãe pega o bebê nos braços e começa a falar com ele. Sua voz ainda está marcada pela surpresa e pela alegria do que acabou de acontecer, o que se traduz nas curvas prosódicas.

De fato, desde um de seus primeiros artigos sobre a prosódia do «mamanhês», A. Fernald havia notado que essa forma particular de prosódia em uma mãe não se encontrava praticamente nunca na linguagem de um adulto dirigindo-se a outro adulto, salvo em condições extremamente raras, em que uma grande surpresa vinha junto com um grande prazer. O autor não concluía nada a partir dessa observação, mas Laznik (1995) tinha ficado muito interessada por estes dois termos : surpresa e prazer. Eles serviam às noções de sideração e de luz que tanto haviam interessado a Freud no lugar da terceira pessoa do dito espirituoso (chiste). Portanto, a mãe de Alfredo fala com o filho com uma voz carregada desta prosódia. Ele não pode deixar de olhar, no momento em que ela produz um pico particularmente significativo. (fig. 6)

 

 

Mas, assim que o bebê vê o rosto da mãe, começa a chorar.

Que será que ele viu de tão desagradável ? Talvez os traços do rosto materno? As preocupações, diante de um bebê que não reage, apagam-se talvez mais lentamente sobre um rosto que sobre uma voz. No entanto, três dias mais tarde, a mãe conseguirá entrar em longo contato com o bebê. Eles estão os dois deitados na cama do casal e ele precisa fazer um esforço para se virar para o rosto materno, parcialmente oculto pelo colchão sobre o qual ele repousa. É possível que a posição abandonada da mãe tenha contribuído para a qualidade de sua prosódia, mas pode-se também pensar que a posição do rosto materno impedia uma leitura de ínfimos traços de preocupação sobre esse rosto. Logo que o bebê lhe responde, olhando para ela, a surpresa e a alegria da mãe explodem, melhorando sua prosódia. Ela lhe diz uma porção de palavras carinhosas, lhe declara seu amor de todas as formas possíveis e ri de alegria diante das respostas do filho.Mas se ela pode repetir como um eco algumas de suas vocalizações, ela não se permite falar em seu lugar na primeira pessoa do singular. Ela não lhe atribui frases que se dirigiriam a ela, a mãe. Por este motivo, seria talvez necessário falar de pseudo proto-conversa. Essa louca dimensão que consiste em falar no lugar do outro – no sentido de Winnicott da loucura necessária das mães – só é talvez possível nas condições de segurança da capacidade materna. Um bebê que não responde deve expor sua mãe a rude prova. Eis aqui fragmentos do discurso materno (fig. 7), em que se vê como os picos prosódicos, a repetição, os silêncios em tempo de palavra, tudo isso se constrói logo que um bebê responde.

 

 

A análise acústica perceptual, efetuada por E. Parlato, indica que a palavra da mãe apresenta em toda essa cena variações de energia e um prolongamento das vogais características do mamanhês. E. Parlato comparou estes resultados com os trabalhos publicados sobre o mamanhês em italiano. Mas é preciso saber que se as seqüencias em que o bebê responde à mãe no filme coincidem com aquelas em que a mãe fala em mamanhês, em 100% dos casos, o bebê não responde necessariamente em todas as vezes que sua mãe lhe fala.

Sobretudo, Alfredo não apresenta, em todo o filme , nenhum sinal de um terceiro tempo do circuito pulsional. Não somente ele não procura ser ouvido, mas, mesmo estimulado por sua mãe, não procura ser objeto da pulsão materna. Uma cena instrutiva é aquela em que, sobre o trocador de fraldas, a mãe brinca com o filho. Ela lhe demonstra quanto seu pezinho é apetitoso, chegando até a lhe oferecer o pezinho, o que o bebê aceita com enorme prazer. Mas ele não teria na verdade a idéia de oferecer seu pezinho à boca da mãe, no entanto tão próxima. Não é um bebê que gosta de ser devorado pelo Outro. Não parece interessar-se pelo que poderia dar prazer a este outro.

Trevarthen gosta de dizer que os bebês nascem com «a motif for the motif of the other». Não é o caso dos bebês de nossos filmes de família.

 

Notas

1-Marie Christine Laznik, psicanalista, está fazendo uma pesquisa sobre os sinais precoces de autismo na Association Préaut. Ela dá também consultas na Consultation Psychanalytique Bébé-Parents (Consultas Psicanalíticas Bebês-Pais) do Centre Alfred Binet em Paris.

A dra. Sandra Maestro é professora na Fondation Stella Maris, que faz parte da Faculdade de Medicina de Pisa ; ela está fazendo uma pesquisa sobre autismo, com base em filmes de família. Ela é membro da Société Psychanalytique Italienne (Sociedade Psicanalítica Italiana)

Filippo Muratori, professor de neuropsiquiatria infantil na Faculdade de Medicina de Pisa e na Fondation Stella Maris, também está pesquisando sobre os sinais precoces de autismo com base em filmes de família.

Erika Parlato, psicolingüista, é professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo no Brasil.

 

Elementos de bibliografia

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FERNALD, A. & SIMON, T. 1980. « Expanded Intonation Contours in Mother's Speach to Newborns », Developmental Psychology, 20/1, p.104-113.

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