Print ISBN 2236-7381
Print ISBN 2236-7381
3° Encontro Nacional ABRI 2011 2011
Políticas públicas e interesses privados: a internacionalização de empresas brasileiras e a atuação internacional do governo Lula*
Ana S. Garcia
Doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio. Contato: anasaggioro@gmail.com
RESUMO
Este trabalho explora a relação capital - Estado na análise da atuação internacional do Brasil e a expansão de empresas brasileiras. As empresas multinacionais têm um papel importante no desenvolvimento capitalista, contribuindo para a transformação histórica de Estados em poderes hegemônicos. Os Estados, por sua vez, financiam e estruturam o campo jurídico e político para que as empresas atuem no plano internacional. O Estado brasileiro apóia a internacionalização de empresas brasileiras especialmente a paritr da política de crédito e a política externa. A construção de empresas com capacidade de competição global tem sido fundamental dentro do modelo de desenvolvimento vigente no Brasil, assim como para o novo papel do país como "potência emergente" na ordem mundial. Por outro lado, as empresas brasileiras buscam construir um consenso social em torno de seu papel promotoras do "desenvolvimento sócioeconômico" do país, sendo algumas vezes representantes do "interesse nacional" no exterior. Impactos negativos sobre comunidades, trabalhadores e o meio-ambiente mostram, no entanto, que a atuação das empresas brasileiras tem sido não somente consenso, mas também conflito, dentro e fora do Brasil. Exemplos recentes são a Petrobrás na Bolívia, a Odebrecht no Equador e a Vale no Canadá. A partir da teoria crítica, este artigo faz uma análise da relação entre Estado e capital no atual desenvolvimento capitalista do Brasil, buscando expor, desde uma perspectiva "de baixo para cima", os conflitos entre forças sociais dominantes e de contestação.
Palavras chave: multinacionais brasileiras - BNDES - política externa - teoria crítica - hegemonia - imperialismo
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
Referências
"A decolagem das multinacionais brasileiras", press release, Fundação Dom Cabral, www.fdc.org.br,
Alem, Ana C./ Cavalcanti, C.: "O BNDES e o apoio à internacionalização das empresas brasileiras". Revista do BNDES, v. 12, n. 24, dezembro 2005
"Apex-Brasil lança Centro de Negócios em Angola", Nota Apex 25/11/2010, www.apexbrasil.com.br.
"Apólice protege contra greve no exterior", Valor Econômico, 8 de fevereiro de 2010
Benjamin C./ Ribeiro, R.: "Alca, o livre-comércio e o futuro da América do Sul. LPP, UERJ,2004, em www.outrobrasil.net
"Bloco quer acordo para proteger empresas", Valor Econômico, 17 de dezembro de 2010.
"BNDES já empresta três vezes mais que o Banco Mundial", Estado de São Paulo, 10 de março de 2011
"BNDES quer financiar direto no exterior", Valor Econômico, 8 de janeiro de 2010
"Bolívia investiga projeto com financiamento do BNDES", Folha online, 13/03/2009
Borón, Atílio: "A questão do imperialismo". In: Boron, Amadeo, Gonzáles (orgs.): A teoria marxista hoje. Buenos Aires, Editora Expressão Popular/ CLACSO, 2006.
"Brasil usa Irã para reforçar soberania na área nuclear", Valor Econômico 14 de maio de 2010
"Brasil aceita virar credor do FMI e emprestará até US$ 4,5 bilhões", Folha online, 9/4/2009
"Brasil é o segundo país que mais ganha com mudanças no FMI", Valor Econômico, outubro de 2010.
"Brasil faz obras nos vizinhos temendo a China". Folha de São Paulo, 27/9/09
"Brasil ampara os pequenos para lidar com a Alca", Gazeta Mercantil 07/02/2003.
"Brasil tem 14 grupos na lista de multis emergentes", Estado de São Paulo, 29/01/2009
Brasil de Fato - Edição Especial BNDES, ano 7, número 352, novembro de 2009
Buttiegig, Joseph: "Gramsci on Civil Society". In: Boundary 2 22, no. 3, 1995
Caccia Bava, Silvio: "Gigante pela própria natureza". Le Monde Diplomatique Brasil, fevereiro 2009
"Cade prevê volume recorde de fusões em 2010", Valor Econômico, 30 de julho de 2010
Campos, Pedro Henrique: "Origem da internacionalização das empresas de engenharia brasileira". Historia e Lutas de Classe, dossiê Imperialismo, 2008.
Cervo, Amado Luiz/Bueno, Clodoaldo: "História da política exterior do Brasil". Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2010
"Coutinho defende a criação de grandes grupos nacionais", Folha online, 29 de abril de 2008
Cox, Robert W.: "Production, power and world order. Social forces in the making of history". New York, Colombia University Press, 1987.
Cox, Robert: "Gramsci, hegemony and international relations: an essay in method". In: Gill, Stephen (ed.): Gramsci, historical materialism and International Relations. Cambridge University Press, 1999
"Doze grupos ficam com 57% de repasses do BNDES", Folha de São Paulo, 8 de agosto de 2010
"Equador rejeita proposta e expulsa Odebrecht", Folha online, 08/10/2008
Ferreira Simões, Antonio José: "Quem descobriu a América (do Sul)?", Valor Econômico, 10/8/10
Fontes, Virgínia: "O Brasil e o capital-imperialismo. Teoria e história". Rio de Janeiro, EPSJV, UFRJ, 2010.
Fundação Dom Cabral: "Ranking das Transnacionais Brasileiras 2010. Repensando as estratégias globais", disponível em www.fdc.org.br
"Fusões e aquisições batem recorde, diz KPMG" em Valor Econômico 23 de dezembro de 2010
Gilpin, R.: U.S. Power and Multinational Corporations. New York. Basic Books, 1975.
"Governo quer companhias fortes e globais, diz Dilma", Valor Econômico , 24/09/2007
"Greve na Inco está perto do fim", Valor Econômico, 1 de julho de 2010.
"Grandes grupos detêm 72% do crédito bancado pelo Tesouro", Valor Econômico, 12 de agosto de 2010
Gramsci, Antonio: Selections of Prison's Notebooks. New York, International Publishers, 2008 (1971)
"Investigações apontam que Camargo Corrêa fez doações ilegais a sete partidos", Folha online 25/03/2009
"Irã quer manter enriquecimento de urânio", Valor Econômico, 18 de maio de 2010
IRLS et. al. (org.): "Empresas transnacionais brasileiras na América Latina: um debate necessário". São Paulo, Expressão Popular, 2009.
"Jordânia é vista como vitrine a grupos do país no Oriente Médio", Valor Econômico, 19 de março de 2010
Lênin, V.I: O Imperialismo, fase superior do capitalismo. Centauro Editora, 3 edição. 2005 (1916)
Lima, Maria Regina S./ Hirst, Mônica: "Brasil como país intermediário e poder regional", em Hurrel, Andrew et.al (org.): "Brics e a ordem global". Rio de Janeiro, Editora FGV, 2009.
"Lula faz visita política ao Oriente Médio" em Valor Econômico 12 de março de 2010
"Lula: livre comércio para o G 20", O Globo, 13/12/2003
Malerba. J./ Leroy, J: "Petrobras, integracion o explotacion?" FASE, Rio de Janeiro, 2005
Marini, Ruy Mauro: "La acumulacion capitalista mundial y el subimperialismo". Cuadernos Políticos, n. 12, Ediciones Era, México, 1977. Disponível em www.marini-escritos.unam.mx.
"Ministério Público abre inquérito sobre BNDES e JBS", O Globo, 15 de fevereiro de 2011
Ministério das Relações Exteriores(MRE): Balanço da Política Externa 2003-2010. Resumo Executivo, disponível em www.itamaraty.gov.br
MRE, nota à imprensa 602, 23/11/2009, www.itamaraty.gov.br).
"Missão empresarial brasileira visita cinco países do Oriente Médio", nota APEX, 25 de novembro de 2010, em www.apexbrasil.com.br
Novoa, Luis Fernando: "O Brasil e seu 'desbordamento': o papel central do BNDES na expansão das empresas transnacionais brasileiras na América do Sul", em IRLS et.al. (org.): Empresas transnacionais brasileiras: um debate necessário. São Paulo, Editora Expressão Popular, 2009.
"O Brasil não usa marines". Entrevista com Celso Amorim, Carta Capital, 17/05/2006
Panitch, Leo: "Globalization and the state". Socialist Register 1994,
Panitch, Leo/Gindin, Sam: "Global capitalism and American Empire". In: Socialist Register 2004. London, Merlin Press.
Panitch, Leo: "Giovanni Arrighi in Beijing: an alternatve to capitalism?". Historical Materialism, Volume 18, Number 1, 2010, pp. 74-87, 2010
"Para BNDES, momento é bom para aquisições no exterior", Valor Econômico, 5 de novembro de 2009
"Perto do príncipe, ma non troppo". Entrevista com Marco Aurelio Garcia, Estado de São Paulo, 29/03/2009.
"Petrobras deixa exploração de petróleo no Equador", Valor Econômico, 23 de novembro de 2010.
Pinheiro, Letícia: "Política externa brasileira". Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2004 (coleção Descobrindo o Brasil).
Pinheiro, Letícia: "Traídos pelo desejo: um ensaio sobre a teoria e a prática da política externa contemporânea". Contexto Internacional, vol. 22, nr. 2, junho/julho 2000, pgs. 305-335.
Poulantzas, Nicos: "State, power, socialism". London, New York. Verso, 2000
"Principal candidato do Peru recebe recursos de construtoras brasileiras", Valor Econômico, 10 de fevereiro de 2011
Ricupero, Rubem/Barreto, Fernando: "A importância do investimento direto estrangeiro do Brasil no exterior para o desenvolvimento socioeconômico do país", em Almeida (org.): Internacionalização de empresas brasileiras. Perspectivas e riscos. Rio de Janeiro, Elvesier, 2007
Selemane, Tomás: "Questões a volta da mineração em Moçambique". Centro de Integridade Pública, Maputo, 2010, www.cip.org.mz.
Sennes, Ricardo/Mendes, Ricardo: "Políticas públicas e multinacionais brasileiras", em Almeida/Ramsey (orgs.): "A ascensão das multinacionais brasileiras. O grande salto de pesos-pesados regionais a verdadeiras multinacionais". Rio de Janeiro, Elsevier; Belo Horizonte, Fundação Dom Cabral, 2009, pgs. 158-174.
Valor Econômico, revista "Multinacionais Brasileiras", setembro 2010
Valor Econômico, revista "Multinacionais Brasileiras", outubro 2009
Verdum, Ricardo (org.): "Financiamento e Mega Projetos - Uma interpretação da dinâmica regional Sul Americana", INESC, 2008.
Vigevani, Tulio/Cepaluni, Gabriel: "A política externa de Lula da Silva: a estratégia da autonomia pela diversificação". Contexto Internacional, vol. 29, nr. 2, julho-julho 2007, pgs. 273-335.
Tavares, Márcia: "Investimento brasileiro no exterior: panorama e considerações sobre políticas públicas". Serie Desarrollo Productivo 172. CEPAL. 2006
Tavares, Márcia/Ferraz, João Carlos: "Translatinas: quem são, para onde avançam e que desafios enfrentam?", em Freury/Freury (org.): Internacionalização e os países emergentes. São Paulo, Atlas, 2007
Tautz, Carlos: Da ALCA a IIRSA. Le Monde Diplomatique Brasil, fevereiro 2009.
"Trabalhadores da subsidiaria da Vale no Canadá decidem por greve", oglobo.com, 11/07/2009.
Traspadini/Stedile (org.): "Ruy Mauro Marini. Vida e Obra". São Paulo, Expressão Popular, 2005
www.atingidospelavale.wordpress.com
*    Artigo apresentado no 3. Encontro Nacional da ABRI, "Governança    Global e Novos Atores", de 20 a 22 de Julho de 2011, São Paulo.    
   1. Campos explicita esta relação    especialmente com as empresas de engenharia. Ver Campos, Pedro Henrique: "Origem    da internacionalização das empresas de engenharia brasileira".    Historia e Lutas de Classe, dossiê Imperialismo, 2008.    
   2. "Brasil tem 14 grupos na lista de multis    emergentes", Estado de São Paulo, 29/01/2009.    
   3. Ricupero, Rubem/Barreto, Fernando: "A    importância do investimento direto estrangeiro do Brasil no exterior para    o desenvolvimento socioeconômico do país", em Almeida (org.): Internacionalização    de empresas brasileiras. Perspectivas e riscos. Rio de Janeiro, Elvesier, 2007,    pg. 1-36    
   4. Valor Econômico, revista "Multinacionais    Brasileiras", outubro 2009, pg. 8.    
   5. "A decolagem das multinacionais brasileiras",    press release da pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral,    www.fdc.org.br, e Valor    Econômico, loc.cit.    
   6. Segundo pesquisa da Fundação    Dom Cabral, entre 2008 e 2009 houve queda de 149,3% do investimento brasileiro    no exterior, decorrente dos efeitos da crise, havendo em 2009 um saldo negativo    de US$ 10 bilhões. Ver Fundação Dom Cabral: "Ranking das    Transnacionais Brasileiras 2010. Repensando as estratégias globais",    www.fdc.org.br (acesso em    dezembro de 2010).    
   7. O Brasil teve destaque no movimento    de concentração de capital no cenário pós-crise,    com o maior registro do índice de fusões e aquisições    já visto no país em 2010. O aumento do volume de negócios    de empresas estrangeiras no país aumentou em 87%, enquanto de empresas    brasileiras que adquiriram outras no exterior aumentou em 47%. Com isto, temos    o duplo movimento de concentração de capital para dentro e para    fora do país. Há importantes exemplos da expansão internacional    de grupos fusionados durante a crise econômica: a fusão entre Votorantin    e Aracruz Celulose, formando o grupo Fibria, significou o aumento de 88,2% de    seu índice de internacionalização em 2009; o grupo Brasil    Foods, fusão entre a Sadia e a Perdigão, passou a integrar o ranking    das principais multinacionais também em 2009. O grupo JBS-Friboi - que    incorporou a Bertin com financiamento do BNDES no decorrer da crise - é    a empresa mais internacionalizada do Brasil, com 84% das receitas, e 64% dos    trabalhadores no exterior. Ver "Fusões e aquisições batem    recorde, diz KPMG" em Valor Econômico 23 de dezembro de 2010; "Cade prevê    volume recorde de fusões em 2010", Valor Econômico, 30 de julho    de 2010; Fundação Dom Cabral, loc.cit.; Valor Econômico,    revista "Multinacionais Brasileiras", setembro 2010, pg. 9.    
   8. Valor Econômico, loc.cit., outubro    2009 e setembro 2010; e Fundação Dom Cabral, loc.cit., pg. 26.    
   9. Fundação Dom Cabral, loc.cit.,    pg. 5.    
   10. Caccia Bava, Silvio: "Gigante pela    própria natureza". Le Monde Diplomatique Brasil, fevereiro 2009.    
   11. Investimentos brasileiros passaram    de US$ 164 milhões em 2003 para US$ 1,1 bilhão em 2008 na Argentina,    destacando-se a compra da cerveja Quilmes pela Ambev, e do frigorífico    Swift Armor pela JBS. Valor Econômico, loc. cit., outubro 2009.    
   12. Além da aquisição    da Inco pela Vale no Canadá (formando a Vale-Inco, e incorporando todas    as unidades da antiga Inco no mundo, como na Indonésia e Nova Caledônia),    destacam-se a aquisição completa da Americansteel pela a siderúrgica    Gerdau, e das companhias de carne e frango Swift Foods Company e Pilgrim's    Pride pela JBS. De acordo com a pesquisa Sobeet, cerca de 30% dos investimentos    brasileiros no exterior vão para os EUA na busca de superar dificuldades    de exportação para este país, devido às políticas    protecionistas. Valor Econômico, loc.cit., pg. 70-1.    
   13. Fundação Dom Cabral,    loc. cit., pg. 11.    
   14. Campos, Pedro Henrique: "Origem da    internacionalização das empresas de engenharia brasileira". Historia    e Lutas de Classe, dossiê Imperialismo, 2008.    
   15. Programa do Banco Nacional de Desenvolvimento    Econômico e Social (BNDES) para promoção de exportações    e internacionalização de empresas brasileiras.    
   16. "Brasil faz obras nos vizinhos temendo    a China" Folha de São Paulo, 27/9/09; e Ferreira Simões, Antonio    José: "Quem descobriu a América (do Sul)?", Valor Econômico,    10/8/10.    
   17. Valor Econômico, revista "Multinacionais    Brasileiras", setembro 2010, pgs. 31-34.    
   18. Ibid.    
   19. Selemane, Tomás: "Questões    a volta da mineração em Moçambique". Centro de Integridade    Pública, Maputo, 2010, www.cip.org.mz.    
   20. Valor Econômico, loc.cit.    
   21. "Greve na Inco está perto    do fim", Valor Econômico, 1 de julho de 2010, B1. Os trabalhadores sindicalizados    da Vale-Inco canadense paralisaram três unidades no Canadá contra    as pressões da empresa para rebaixar direitos de pensão e bônus    conquistados. O sindicato USW argumenta que a Vale usou a crise econômica    mundial como justificativa para rebaixar padrões e direitos, enquanto    seus lucros mundiais não demonstram declínio com a crise. Para    a posição do sindicato, ver www.fairdealnow.ca, e "Trabalhadores    da subsidiaria da Vale no Canadá decidem por greve", oglobo.com, 11/07/2009.    
   22. "Demanda chinesa de aço sustenta    preços", Valor Econômico, 11 de janeiro de 2010.    
   23. I Encontro Internacional dos Atingidos    pela Vale, Rio de Janeiro, abril 2010, www.atingidospelavale.wordpress.com    
   24. Para a perspectiva de organizações    ambientalistas sobre a Petrobras na America do Sul, ver Malerba. J./ Leroy,    J: "Petrobras, integracion o explotacion?" FASE, Rio de Janeiro, 2005. Para    o posicionamento de diferentes organizações sociais equatorianas,    bolivianas e centro-americanas sobre a empresa, ver IRLS et. al. (org.): "Empresas    transnacionais brasileiras na América Latina: um debate necessário".    São Paulo, Expressão Popular, 2009.    
   25. "Petrobras deixa exploração    de petróleo no Equador", Valor Econômico, 23 de novembro de 2010.    
   26. Ricupero, Rubem/Barreto, Fernando,    loc.cit., pg. 29.    
   27. Tavares, Márcia/Ferraz, João    Carlos: "Translatinas: quem são, para onde avançam e que desafios    enfrentam?", em Freury/Freury (org.): Internacionalização e os    países emergentes. São Paulo, Atlas, 2007.    
   28. "Governo quer companhias fortes e    globais, diz Dilma", Valor Econômico , 24/09/2007    
   29. Fundação Dom Cabral:    "Ranking das Transnacionais Brasileiras 2010. Repensando as estratégias    globais", pg. 11, www.fdc.org.br    
   30. Tavares, Márcia: "Investimento    brasileiro no exterior: panorama e considerações sobre políticas    públicas". Serie Desarrollo Productivo 172. CEPAL. 2006    
   31. Sennes, Ricardo/Mendes, Ricardo:    "Políticas públicas e multinacionais brasileiras", em Almeida/Ramsey    (orgs.): "A ascensão das multinacionais brasileiras. O grande salto de    pesos-pesados regionais a verdadeiras multinacionais". Rio de Janeiro, Elsevier;    Belo Horizonte, Fundação Dom Cabral, 2009, pgs. 158-174.    
   32. As greves dos trabalhadores da Gerdau    nos EUA em 2005, e dos da Vale-Inco no Canadá em 2009 parecem estar forçando    uma mudança desse quadro. Seguros privados iniciaram apólice para    risco político, como greves, nos países "desenvolvidos" como EUA.    Seguros para investimentos no exterior estão sendo gradualmente inseridos    e negociados pelo Brasil no âmbito do Mercosul, tendo em vista o volume    de investimentos de empresas brasileiras nos países vizinhos, e os conflitos    gerados por elas recentemente. Para a negociação, o Brasil recorre    ao fato de países como Argentina e Uruguai possuírem acordos bilaterais    de investimentos com países europeus e EUA, apesar do Brasil mesmo não    ter ratificado este tipo de acordo. Ver "Apólice protege contra greve    no exterior", Valor Econômico, 8 de fevereiro de 2010, e "Bloco quer acordo    para proteger empresas", Valor Econômico, 17 de dezembro de 2010.    
   33. Outras formas de financiamento são    a participação em bolsas de valores, especialmente de Nova Iorque    e São Paulo, assim como recursos próprios das empresas, ou empréstimos    e apoio técnico de bancos no exterior.    
   34. "BNDES já empresta três    vezes mais que o Banco Mundial", Estado de São Paulo, 10/3/2011    
   35. Artigo 9° do Estatuto Social    do BNDES    
   36. Alem, Ana C./ Cavalcanti, C.: "O    BNDES e o apoio à internacionalização das empresas brasileiras".    Revista do BNDES, v. 12, n. 24, dezembro 2005    
   37. Ibid., pg. 56. Os autores, que representam    a posição do Banco, afirmam que os fatores negativos apontados    representam uma visão estática e simplista do processo de internacionalização    das empresas nacionais, que seria, de fato, dinâmico. Eles afirmam que    "se um país não possui empresas multinacionais fortalecidas em    nível mundial, suas empresas acabam sendo compradas por transnacionais    de outros países" (ibid., p. 72), gerando assim um impacto negativo dentro    de uma concepção nacional-desenvolvimentista.    
   38. "BNDES quer financiar direto no exterior",    Valor Econômico, 8 de janeiro de 2010.    
   39. O caso levou a Justiça Brasileira    a abrir inquérito de investigação. Ver "Ministério    Público abre inquérito sobre BNDES e JBS", O Globo, 15 de fevereiro    de 2011. Sobre os dados desse empréstimo e da posição da    JBS-Friboi no ranking das multinacionais brasileiras, ver Sennes/Mendes, loc.cit.,    pg. 168; Valor Econômico, revista "Multinacionais brasileiras" 2008; e    Alem, Ana C./ Cavalcanti, C., loc.cit.    
   40. Ver Novoa, Luis: "O Brasil e seu    'desbordamento': o papel central do BNDES na expansão das    empresas transnacionais brasileiras na América do Sul", em IRLS et.al.    (org.), op.cit., pg. 193-5.    
   41. Novoa, ibid., pg. 198-9; a Vale recebeu    o maior empréstimo já dado pelo BNDES a uma só empresa,    R$ 7,3 bilhões, ver Sennes/Mendes, ibid., pg. 169.    
   42. Entre 2008 e 2010, período    que corresponde à crise econômica mundial, o BNDES recebeu R$ 180    bilhões do Tesouro Nacional, como forma do governo estimular a economia    e evitar uma recessão e retração do crescimento. O Banco    concedeu entre R$168 e 115 bilhões aos doze maiores grupos econômicos    do Brasil. Como os juros pagos pelas empresas ao Banco são inferiores    ao que paga o Tesouro Nacional no mercado, as empresas acabam sendo subsidiadas    com recursos públicos. Ver "Doze grupos ficam com 57% de repasses do    BNDES", Folha, 8 de agosto de 2010; "Grandes grupos detêm 72% do crédito    bancado pelo Tesouro", Valor Econômico, 12 de agosto de 2010.    
   43. Segundo o presidente do Banco, Luciano    Coutinho, "se o BNDES não apoiar as empresas nacionais, quem o fará?",    em "Coutinho defende a criação de grandes grupos nacionais", Folha    online, 29 de abril de 2008); e Sennes/Mendes, loc. cit., p. 170.    
   44. O Banco capta recursos no mercado    global, e nas agências financeiras multilaterais, como, por exemplo, o    Banco Interamericano de Desenvolvimento, a agência multilateral norueguesa,    e o banco de cooperação internacional japonês ("BNDES quer    financiar direto no exterior", Valor Econômico, 8 de janeiro de 2010).    Empresários como o presidente da Vale, do Bradesco e da Bolsa de Valores    de São Paulo participaram da inauguração da filial do Banco    em Londres ("Para BNDES, momento é bom para aquisições    no exterior", Valor Econômico, 5 de novembro de 2009).    
   45. Alem/Cavalcanti, loc.cit., pg. 71.    
   46. Além do BNDES, o projeto recebeu    forte incentivo de instituições financeiras internacionais como    o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que elaborou o plano de ação    inicial e diversos estudos, e da Cooperação Andina de Fomento    (CAF), que financia parte das obras. Ver www.iirsa.org;    e Verdum, Ricardo (org.): "Financiamento e Mega Projetos - Uma interpretação    da dinâmica regional Sul Americana", INESC, 2008.    
   47. Sennes/Mendes, loc. cit., p. 168;    Valor Econômico, revista "Multinacionais Brasileiras", setembro de 2010;    e Ministério das Relações Exteriores (MRE): Balanço    da Política Externa 2003/2010, Resumo Executivo, em www.itamaraty.gov.br (acesso    em janeiro 2010)    
   48. Ministério    de Relações Exteriores, loc. cit., pg. 22.    
   49. Novoa, op.cit.,    pg. 200.    
   50. Alem/Cavalcanti,    loc.cit., pg. 69.    
   51. Tendo em vista que os recursos do BNDES são    públicos, a falta de transparência e de acesso público aos    termos dos empréstimos é um fator de preocupação    e demanda de diversas organizações sociais brasileiras, que têm    buscado uma reorientação dos financiamentos do banco para fins    sociais e públicos, não só no Brasil. Essas entidades e    organizações sociais se organizam em torno da chamada "Plataforma    BNDES", ver www.plataformabndes.org.br.    Recentemente foi organizado no Rio de Janeiro, sede do Banco, o I Encontro sul-americano    de populações impactadas pelos projetos financiados pelo BNDES.    Ver Brasil de Fato - Edição Especial BNDES, ano 7, número    352, novembro de 2009.    
   52. No caso da construção    das hidrelétricas no Rio Madeira, no Estado de Rondônia, próximo    ao território boliviano (obra da Odebrecht e Camargo Corrêa), populações    afetadas do Brasil e da Bolívia vêm questionando e resistindo de    forma conjunta contra o deslocamento de mais de 50 comunidades diretamente afetadas,    a inundação de 50 mil hectares de terra, assim como o imenso volume    de recursos públicos do BNDES e do CAF para o projeto, cujo custo total    é de R$43 bilhões Ver www.mabnacional.org.br.    Sobre os impactos da IIRSA sobre o meio ambiente e comunidades locais, ver Observatório    Latinoamericano de Geopolítica, www.geopolitica.ws;    Verdum, Ricardo (org.), ibid; e Tautz, Carlos: Da ALCA a IIRSA. Le Monde    Diplomatique Brasil, fevereiro 2009.    
   53. "Equador rejeita    proposta e expulsa Odebrecht", Folha online, 08/10/2008    
   54. "Bolívia investiga projeto com    financiamento do BNDES", Folha online, 13/03/2009. As construtoras brasileiras    Odebrecht, Camargo Correa e Galvão Engenharia são as principais    financiadoras da atual campanha de Alejandro Toledo no Peru, havendo doado US$    190 mil ("Principal candidato do Peru recebe recursos de construtoras brasileiras",    Valor Econômico, 10 de fevereiro de 2011). A construtora Camargo Correa    foi acusada de envolvimento com partidos políticos através de    financiamento ilegal ("Investigações apontam que Camargo Corrêa    fez doações ilegais a sete partidos", Folha online 25/03/2009).    
   55. Pinheiro, Letícia: "Política    externa brasileira". Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2004 (coleção    Descobrindo o Brasil).    
   56. Lima/Hirst apontam para o que chamaram    de duas "conjunturas críticas" que mostram a relação entre    "desenvolvimento" e política externa: a primeira foi a crise do modelo    agroexportador e introdução do modelo de substituição    de importações, que refletiu nas demandas externas do Brasil por    um tratamento diferencial dos países em desenvolvimento, e na expansão    das relações com outros países do Sul; a segunda foi a    liberalização econômica dos anos 90, que fez com que o Brasil    mudasse de posição, participando de instituições    e regimes internacional, adequando-se às pressões da globalização.Lima,    Maria Regina S./ Hirst, Mônica: "Brasil como país intermediário    e poder regional", em Hurrel, Andrew et.al: Brics e a ordem global. Rio    de Janeiro, Editora FGV, 2009.    
   57. Lima/Hirst, loc. cit., pg. 43    
   58. Vigevani, Tulio/Cepaluni, Gabriel: "A    política externa de Lula da Silva: a estratégia da autonomia pela    diversificação". Contexto Internacional, vol. 29, nr. 2, julho-julho    2007, pgs. 273-335.    
   59. Segundo Cox, a internacionalização    resulta na forma de Estado neoliberal, cuja função primordial    se torna a de ajustar estruturas domésticas aos requerimentos do mercado    mundial. Accountability se move de estruturas domésticas para    a noção de obrigações internacionais, e ajustes    são percebidos como necessidade do sistema como um todo, e não    como vontade das forças e países dominantes. As pressões    externas sobre economias nacionais são, assim, internalizadas. Ver Cox,    Robert W.: "Production, power and world order. Social forces in the making    of history". New York, Colombia University Press, 1987.    
   60. Vigevani/Cepaluni,    loc.cit., pg. 285-89.    
   61. Lima/Hirst, loc.cit.,    pg. 49    
   62. Pinheiro, Letícia:    "Traídos pelo desejo: um ensaio sobre a teoria e a prática da    política externa contemporânea". Contexto Internacional, vol. 22,    nr. 2, junho/julho 2000, pgs. 305-335.    
   63. Ministério das Relações    Exteriores(MRE): Balanço da Política Externa 2003-2010. Resumo    Executivo, pg. 18, em www.itamaraty.gov.br,    (acesso em janeiro de 2010)    
   64. Desde o início    do governo Lula, o ministro das relações exteriores Celso Amorim    vem enfatizando a necessidade do Brasil de reconhecer suas responsabilidades    perante os parceiros menores: "É preciso ter noção de responsabilidade    (...) o Brasil precisa exercer uma certa liderança (no âmbito do    Mercosul) no melhor sentido da palavra. Essa liderança envolve também    um determinado grau de generosidade, o que não quer dizer ser bonzinho,    pois precisamos é ter consciência da responsabilidade (...) o Brasil    não pode, com relação a países menores, sobretudo    Uruguai e Paraguai, agir como se estivesse agindo com a União Européia    ou a República da China, que são gigantes". "Brasil ampara os    pequenos para lidar com a Alca", Gazeta Mercantil 07/02/2003.    
   65. Durante o governo Lula,    houve o fortalecimento e criação de novas instituições    do Mercosul; criação da UNASUL, grupo de amigos da Venezuela,    Banco do Sul e outras iniciativas regionais; estreitamento das relações    com China, Índia, África do Sul, Rússia (criando a IBAS,    a partir de 2008 os BRIC); fim das negociações da ALCA mas início    de relações setoriais com EUA, por ex. etanol; atuação    de destaque na OMC (criando do G20 comercial) , estreitamento de relações    com países africanos; introdução de temas sociais no início    do governo; campanha pela reforma do Conselho de Segurança da ONU; mais    recentemente, a intermediação das negociações com    Irã e Honduras, assim como a participação no G20, FMI,    Basiléia e demais instâncias de desdobramento da crise econômica.    Sobre o conceito de "autonomia pela diversificação", ver Vigevani/Cepaluni,    loc.cit., pg. 283.    
   66. Lima/Hirst, loc.    cit, pg. 60.    
   67. Vigevani/Cepaluni,    loc.cit., pg. 303-4.    
   68. Cervo, Amado Luiz/Bueno, Clodoaldo: "História    da política exterior do Brasil". Brasília, Editora Universidade    de Brasília, 2010.    
   69. Os autores contrapõem o "Estado    logístico" ao paradigma do "Estado desenvolvimentista"    (seria um Estado empresário, que busca o desenvolvimento nacional através    da superação da dependência econômica e da autonomia    na área de segurança) e do "Estado normal" da década    de 90, que envolve parâmetros de conduta "subserviente, destrutivo,    e regressivo". Ibid.: 457    
   70. Os autores o diferenciam do modelo chileno,    que seria o "globalismo comercialista", baseado na adesão a    tratados de livre-comércio e na economia primário-exportadora,    mantendo os preceitos do neoliberalismo dos anos 90. Ibid.: 495.    
   71. Ibid.: 497-508.    
   72. Ibid.: 509    
   73. Este discurso foi enfatizado a partir    da reunião ministerial da OMC em Cancún 2003. Não debatendo    as conseqüências negativas do regime de livre-comércio mundial    para pequenos produtores, Lula se coloca a favor de um "verdadeiro" livre-comércio,    de modo a explicitar as contradições de políticas protecionistas    dos EUA e Europa: "Em nenhum momento estamos pedindo qualquer benefício    ou privilégio. O que estamos pedindo é que os países desenvolvidos    façam uma política de comércio exterior em que sejamos    tratados com igualdade. Nós queremos apenas a oportunidade de competir    livremente" (apud Benjamin C./ Ribeiro, R.: "Alca, o livre-comércio    e o futuro da América do Sul. LPP, UERJ,2004, em www.outrobrasil.net).    Ver também "Lula: livre comércio para o G 20", O Globo, 13/12/2003.    
   74. A crise econômica    mundial levou a uma reestruturação do Fundo Monetário Internacional,    na qual os países chamados "emergentes" tiveram suas cotas aumentadas,    tendo, com isso, mais direito de voto no Fundo. Após afirmar que a crise    financeira internacional deveria ser resolvida "pelos loiros de olhos azuis"    que a causaram, Lula se coloca como um dos "salvadores" do sistema capitalista    através de participação ativa do Brasil no FMI, afirmando    posteriormente que seria "fashion" emprestar ao Fundo. O direito de voto do    Brasil aumentou de 1,3% em 2008 para 2,32% em 2010, passando a ser o décimo    cotista. Ao mesmo tempo, os EUA continuam com 17,67% das cotas e direito de    veto sobre decisões mais importantes. Ver "Brasil aceita virar credor    do FMI e emprestará até US$ 4,5 bilhões", Folha online,    9/4/2009; "Brasil é o segundo país que mais ganha com mudanças    no FMI", Valor Econômico, outubro de 2010.    
   75. MRE, op.cit., pg.    21.    
   76. Ibid., pg. 23,    27, 29.    
   77. O Brasil coopera    com os EUA na área de saúde e combate ao HIV em Moçambique,    com o Japão na área de petróleo também neste país,    com a União Européia na produção de agrocombustíveis,    e com a India na distribuição de imagens de satélites aos    países do continente africano. Ver Ibid.    
   78. Ibid., pg. 36.    
   79. Ibid., pg. 35    
   80. A visita do governo brasileiro à    Palestina, Israel e Jordânia em 2010 foi acompanhada por 70 empresas,    dentre elas as construtoras (a empresa Camargo Correia está envolvida    na construção de um túnel para conter degradação    do Mar Morto e em projeto de irrigação de terra), a Embraer (interessada    na venda de aviões "super-Tucano"), a Eurofarma, assim como    empresas de segurança e vigilância (interessadas em associação    com empresas israelenses). Ver "Lula faz visita política ao Oriente Médio"    em Valor Econômico 12 de março de 2010, e "Jordânia é    vista como vitrine a grupos do país no Oriente Médio", Valor Econômico,    19 de março de 2010. A Missão Empresarial organizada pelo Ministério    de Desenvolvimento Indústria e Comércio ao Kuwait, Catar, Arábia    Saudita, Síria e Emirados Árabes foi acompanhada de 75 empresas    brasileiras dos setores de agronegócio, casa e construção,    e alimentos e bebidas. Ver "Missão empresarial brasileira visita cinco    países do Oriente Médio", nota APEX, 25 de novembro de 2010, em    www.apexbrasil.com.br    (acesso em novembro de 2010).    
   81. Em visita do presidente    iraniano Ahmadinejad ao Brasil em 2009, foi criado um Grupo de Trabalho Conjunto    para promoção do comércio e investimento para produtos    agrícolas, serviços de engenharia, logística, petróleo    e gás, maquinário, têxteis e vestuário, produtos    químicos, automóveis e partes automotivas, equipamentos de telecomunicação    e dispositivos de automação de escritório e produtos eletrônicos.    Foi fechado um acordo de cooperação na área de construção    de usinas hidrelétricas, usinas termelétricas, redes de transmissão    e distribuição de energia elétrica e equipamentos para    essas construções (MRE, nota à imprensa 602, 23/11/2009,    www.itamaraty.gov.br).    Posteriormente, na ocasião de fechamento do acordo mediado por Brasil    e Turquia, a visita de Lula ao Irã foi acompanhada do Ministro da Indústria    e Comércio, facilitando a expansão de setores de carne e alimentos,    envolvendo as empresas Bunge alimentos, Mafrig, JBS, Berlin, Mataboi, Minerva,    Granol, com investimentos de 10 a 50 bilhões de dólares. Também    houve a presença das empresas de construção civil, da Petrobrás    (que entrou em 2004 no Irã, mas já saiu) e da Vale. Foi lançada    uma linha de crédito específica para facilitação    de exportações ao país através da Caixa Econômica    Federal no valor de U$ 1bilhão em cinco anos (dados publicas nos artigos    "Brasil usa Irã para reforçar soberania na área nuclear",    Valor Econômico 14 de maio de 2010, e "Irã quer manter enriquecimento    de urânio", Valor Econômico, 18 de maio de 2010).    
   82. A APEX abriu escritórios    em Pequim, Dubai, Miami, Havana, Varsóvia, Moscou, Bruxelas e Angola,    com a missão de identificar oportunidades de negócios para expandir    o comércio e investimento brasileiros nestas regiões. Em 2009,    foi realizada missão empresarial com Ministro de Desenvolvimento Indústria    e Comércio (MDIC) em Angola, Moçambique e África do Sul,    acompanhada por 93 empresas dos setores de alimentos e bebidas, agronegócio,    casa e construção, indústria automotiva, energia, máquinas    e equipamentos, varejo, cosméticos, materiais elétricos e eletroeletrônicos,    calçados, defesa, infra-estrutura e têxtil, resultando em US$ 115,2    milhões em negócios. Ver "Apex-Brasil lança Centro de Negócios    em Angola", Nota Apex 25/11/2010, www.apexbrasil.com.br.    
   83. Os autores citam como exemplo a atuação    da Petrobras na Tanzânia e Guiné Equatorial, que coincide com a    abertura de embaixadas brasileiras nestes países, facilitando o ganho    de concessões de operação e concorrência. Sennes/Mender:    loc.cit., pg. 172.    
   84. Gramsci definiu o "senso comum" como a    concepção popular tradicional de mundo, uma coleção    de idéias e opiniões fragmentadas, acríticas, incoerentes,    que estariam ligadas ao folclore, mitos populares, crenças religiosas,    etc. Oposto a ele estaria o "bom senso", o pensamento critico, coerente    e consciente, que une pensamento e ação de forma direcionada.    A hegemonia das classes dominantes é construída na esfera da sociedade    civil, a partir do senso comum, mas de maneira a e guiá-lo no sentido    coerente com o seu programa, criando um consenso em torno deste. Enquanto    o senso comum para Gramsci é amplo e fragmentado, o consenso é    ativamente construído e produzido pelas instituições da    sociedade civil (mídia, universidades, marketing, nas associações,    escolas, igrejas, etc.), de forma coerente com a ideologia do grupo que busca    exercer liderança. Ver Gramsci: Selections from the Prison's Notebooks.    International Publishers. New York, 2008 (1971), p. 326-28; 419-20.    
   85. O conceito de "atingidos"    foi cunhado pelos movimentos sociais, e hoje há redes e organizações    de "atingidos" pelas barragens, pelo BNDES, pela Vale, etc.    
   86. Poulantzas, Nicos:    "State, power, socialism". London, New York. Verso, 2000.    
   87. Ibid., pg. 14;    38-45.    
   88. Ibid., pg. 127.    
   89. Ibid. pg. 140-45.    
   90. Cox, Robert W.: "Production, power and world order.    Social forces in the making of history". New York, Colombia University    Press, 1987.    
   91. Ibid., pg. 107-8.    
   92. Ibid, pg. 220.    
   93. Ibid., pg. 228-9;    254. Outros irão criticar esta análise, afirmando que não    há somente uma mudança de hierarquia no aparato estatal, mas um    processo no qual as agências ligadas ao trabalho e aos serviços    sociais são transformadas em sua essência, reestruturando-se à    lógica do capital. Ver. Panitch, Leo: "Globalization and the state".    Socialist Register 1994, p. 72.    
   94. Panitch, loc.cit.,    pg. 69.    
   95. Gilpin, R.: U.S.    Power and Multinational Corporations. New York. Basic Books, 1975.    
   96. Como resultado do período de construção    de sua hegemonia no período pós-Segunda Guerra, o capital estadunidense    constituía 52% do total de investimentos externos diretos no mundo em    1971. Apesar dos IED europeus crescerem a partir de meados dos anos 70, os norte-americanos    ainda eram três vezes maiores que os europeus em 73. Eles passaram de    indústrias predominantemente extrativas para manufatureiras no período    de 1948 a 1970. A produção de algumas transnacionais estadunidenses    nos anos 60 e 70 era maior do que a economia total de muitos países do    chamado "terceiro mundo". Ver ibid, introdução.    
   97. Ibid., pg. 140.    
   98. Ibid.: 138-9    
   99. Ibid., pg. 146-7    
   100. Ibid, pg. 149    
   101. Europa e Japão aceitaram o papel    dos EUA como "banqueiro mundial" e apoiaram o papel do dólar como reserva    em troca de ter sua segurança garantida pelos EUA. Assim, os EUA puderam    manter seu déficit fiscal sem qualquer constrangimento, o que possibilitou    sua expansão militar e de capital para fora. Ibid., pg. 154-56.    
   102. Gramsci, Antonio:    Selections of Prison's Notebooks. New York, International Publishers, 1971,    pg. 58.    
   103. Ibid., pg. 161    
   104. Ibid., pg. 182    
   105. A ideologia    liberal buscou separar o Estado da sociedade civil, afirmando que a atividade    econômica pertence àquela, e o Estado não deve intervir    nem regulá-la. Mas se sociedade civil e Estado são parte do mesmo,    então, segundo Gramsci, "deve estar claro que o liberalismo também    é uma forma de regulação estatal, introduzida por meios    legislativos coercivos" (ibid., pg. 160). O liberalismo apresenta assim uma    contradição inerente: o mercado tem que ser imposto por lei, acarretando    sempre elementos de coerção, como retaliação, condicionalidades    e ameaças.    
   106. Buttiegig, Joseph:    "Gramsci on Civil Society". In: Boundary 2 22, no. 3, 1995, pg. 27    
   107. Cox, op.cit.,    pg. 7.    
   108. Cox, Robert:    "Gramsci, hegemony and international relations: an essay in method". In: Gill,    Stephen (ed.): Gramsci, historical materialism and International Relations.    Cambridge University Press, 1999, pg. 61    
   109. Ibid., pg. 62.    
   110. Lênin,    V.I: O Imperialismo, fase superior do capitalismo. Centauro Editora, 3 edição.    2005 (1916).    
   111. Os monopólios se formam com a    junção de fases sucessivas de elaboração de matéria-prima    de dado setor, ou com a formação de conglomerados de setores auxiliares    que compõe uma mesma indústria. Lênin, op.cit., pg. 19.    
   112. Hilferding,    apud Lênin, op.cit., pg. 47    
   113. Lênin, loc.cit., pg. 64-65. Segundo    o autor, no fim do século XIX temos uma situação monopolista    nestes poucos países ricos (notoriamente Inglaterra, França, Alemanha,    posteriormente também nos EUA), onde a acumulação de capital    atinge proporção gigantesca, produzindo um enorme excedente. Este,    porém, não é investido de modo a melhorar a qualidade de    vida das massas de trabalhadores. Devido a tendência de queda da taxa    de lucro, o capital busca lucratividade através de investimentos em outros    territórios.    
   114. Ibid., pg. 83.    
   115. Ibid., pg. 86    
   116. Borón, Atílio: "A questão    do imperialismo". In: Boron, Amadeo, Gonzáles (orgs.): A teoria marxista    hoje. Buenos Aires, Editora Expressão Popular/ CLACSO, 2006.    
   117. Panitch, Leo/Gindin, Sam: "Global capitalism    and American Empire". In: Socialist Register 2004. London, Merlin Press. Para    estes autores, as teorias clássicas (de Hobson a Lênin) falharam    na sua leitura histórica do imperialismo, elevando um momento conjuntural    da rivalidade inter-imperialista a uma "lei imutável da globalização    capitalista" (ibid., pg. 5). A exportação de capital não    estaria fundamentada no excedente de capital na metrópole, mas "nas oportunidades    e pressões de competição acelerada, e nas estratégias    e capacidades emergentes de um capitalismo em desenvolvimento, que empurrava    e facilitava o expansionismo internacional do fim do século XIX" (ibid.    pg. 6).    
   118. Ibid.    
   119. Ibid.    
   120. Panitch, Leo: "Giovanni Arrighi    in Beijing: an alternatve to capitalism?". Historical Materialism, Volume    18, Number 1, 2010, pp. 74-87, 2010    
   121. Impérios    informais requerem a penetração econômica e cultural nos    outros Estados, sustentada pela coordenação política e    militar com governos independentes. Para os autores, os principal fator que    determinou a mudança na extensão de impérios formais após    1880 foi a inabilidade da Inglaterra em incorporar os recentes poderes capitalistas    emergentes, Alemanha, EUA e Japão, no seu "imperialismo de livre-comércio".    Panitch/Gindin, loc.cit., pg. 8.    
   122. Panitch 2010, loc.cit.. A evolução    da União Européia não retoma a teoria de rivalidade inter-imperial    nos tempos de hoje. De acordo com Panitch/Gindin, ela foi encorajada desde sua    origem pelo Estado americano, e nunca se opôs ao capital ou ao Estado    americano dentro da Europa. O que ela alcançou em termos de livre-comércio    e mobilidade do capital dentro da Europa se encaixou, e não enfrentou,    o modo de dominação social liderado pelos EUA, como o neoliberalismo.    Panitch/Gindin, loc.cit., pg. 19-20.    
   123. Panitch/Gindin,    loc.cit.; e Panitch, loc.cit.    
   124. Marini, Ruy Mauro: "La acumulacion    capitalista mundial y el subimperialismo". Cuadernos Políticos, n. 12,    Ediciones Era, México, 1977, p. 17, disponível em www.marini-escritos.unam.mx.    
   125. Para Marini, o Brasil constitui    um caso típico, mas também a Espanha, ibid, p. 18.    
   126. Ibid, p. 20. Para Marini,    a industrialização foi subordinada à produção    e exportação de bens primários, impulsionada de fora para    dentro para atender às demandas do mercado mundial e dos países    centrais. O mercado interno era insuficiente, truncado pela "superexploração"    da força de trabalho e uma burguesia subalterna. A re-exportação    de mercadorias, e logo de capital, tornou-se a solução.    
   127. Ibid., p. 21    
   128. Fontes, Virgínia:    "O Brasil e o capital-imperialismo. Teoria e história". Rio    de Janeiro, EPSJV, UFRJ, 2010.    
   129. Este é um elemento que difere    Fontes de Marini. Marini trabalhou o conceito de "superexploração"    do trabalho na periferia, que seria o mecanismo encontrado pelas burguesias    periféricas para "compensar" os lucros repassados aos países centrais    por meio dos termos de trocas desiguais no mercado internacional. A superexploração    do trabalho é a intensificação da produtividade, gerando    a exaustão da força de trabalho, mantendo a remuneração    (salário) abaixo de seu valor. Além disto, a superexploração    está ligada ao tipo de industrialização, que se centrou    em bens não acessíveis às massas trabalhadoras, voltando-se    para o mercado externo. Deste modo, os trabalhadores estavam desprovidos, inclusive,    de um mercado de consumo necessário para sua própria reprodução    (Traspadini/Stedile (org.): "Ruy Mauro Marini. Vida e Obra". São Paulo,    Expressão Popular, 2005). No ciclo capitalista dependente, esta é    a forma de sustentação da acumulação capitalista    na América Latina, que garante, por sua vez, a acumulação    nos países centrais. A mais valia extraída da troca desigual,    juntamente com a superexploração do trabalho na periferia, garantiria    a riqueza dos países centrais, e com isso o bem-estar da população    em geral nestes países. Este "truncamento estrutural da lei do valor"    seria um fenômeno específico das economias periféricas e    dependentes, o que leva Fontes a discordar de Marini. Para a autora, o truncamento    estrutural da lei do valor não se limita à periferia, ele deve    ser compreendido no marco de circunstâncias internacionais complexas e    de desenvolvimento desigual. A conversão de parcela do trabalho necessário    em capital atinge hoje altíssimos níveis (fundos de pensões,    seguros saúde, trabalho informal, etc.), e se volta contra a própria    classe trabalhadora nos países centrais. Na atualidade, a lei do valor    é permanentemente truncada através de enormes exércitos    de reserva no centro e na periferia, assim como pela mobilidade do capital em    nível global frente ao "encapsulamento" da força de trabalho nas    fronteiras nacionais (Fontes, op.cit., pg. 352-56).    
   130. Ibid., pg. 148-9    
   131. Ibid., pg. 207-8    
   132. Ibid., pg. 209    
   133. Ibid.    
   134. Segundo Amorim: "Há muita gente,    hoje, com grande surpresa, que sempre foi flexível com as grandes potências.    Com a Bolívia querem um diálogo como se fôssemos o Ted Roosevelt.    Nossa política sempre foi, é e será da boa vizinhança,    e não do porrete. Não temos marines e, se tivéssemos, não    mandaríamos para desalojar os administradores bolivianos lá".    "O Brasil não usa marines", Entrevista com Celso Amorim, Carta Capital,    17/05/2006    
   135. A titulo de exemplo, o assessor    especial para política internacional, Marco Aurélio Garcia, declara,    em recente entrevista, que "o Brasil não tem aspirações    de liderança (...). A opção que fizemos é de integração    solidária, crescermos juntos. Todos esses incidentes tiveram desfechos    favoráveis. Com a Bolívia, normalizamos as relações    e continuamos importando gás - e quem estabeleceu essa dependência    em relação ao gás boliviano foram os governos anteriores.    Com o Equador, foi um incidente que opôs uma empresa ao governo local,    que, a meu ver, agiu de forma precipitada. Mas nós não perdemos    um centavo e o Equador continua pagando as dívidas que havia contraído.    Com o Paraguai, estamos discutindo civilizadamente as diferenças e tenho    certeza de que vamos chegar a bom termo". Ver "Perto do príncipe, ma    non troppo", Estado de São Paulo, 29/03/2009.

 








How to cite this paper