Psicanálise, Educação e Transmissão


ISBN 978-85-60944-08-8 versão on-line

Resumo

O texto comunica parte das conclusões da tese de doutorado "A impostura do mestre", FEUSP, defendida em 2005, que pretendeu entender o declínio do discurso do mestre na modernidade. Lidamos hoje com a queixa intermitente de professores que se dizem sentir "desvalorizados", "desmoralizados" e "desautorizados", além de denunciarem com despudor que os alunos, os não-mestres, "não querem saber de nada". Ao que parece, professores demandam ocupar uma função nostalgicamente idealizada e abnegada de outrora, mas encontram-se ocupantes tão-somente de um ofício sucumbido à atual massificação educacional, à aparente anomia das instituições sociais, ao aumento da violência urbana, à perplexidade e depauperação da escola de nossos tempos. Entretanto, a mística moderna não parece ter-nos dado outro destino senão o de uma crise política da autoridade, um declínio de um deus-pai perdido na origem, e um desmentido de todo aquele que se arvora de mestre "per si". "Deus está morto", diria Nietzsche, ou o "Pai está morto", diria Freud. Seria, então, o mestre uma contínua tentativa do humano de revivificar Pai e Deus? Isso não é condená-lo indefinidamente à impostura? Será este, pois, o tempo para admitirmos o mestre em sua real condição contingente e provisória? Ora, justamente por não ser nem Pai nem Deus, o mestre desde sempre, mas sobretudo agora, em nossos tempos revolucionários, é aquele que, sob o peso da função de seu nome, leva professores a se perceberem cada vez mais como "Deuses de prótese" - termo de Freud. Em minha visada, para efeito de exame dessas questões, temos os Quatro Discursos, o RSI, a crise da autoridade moderna, além fundamentalmente da antropologia freudiana.

Palavras-chave : Declínio do mestre; Psicanálise do vínculo social; Ética do provisório.