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Formação de Profissionais e a Criança-Sujeito


ISBN 978-85-60944-12-5 versão

Resumo

Este trabalho é um recorte de tese de doutorado que visou construir e avaliar uma proposta de intervenção aos casais com uma criança autista. Além disso, visou compreender qual o lugar ocupado pela criança na dinâmica familiar e verificar a aderência de casais à proposta da consulta terapêutica, como um espaço de holding. Tanto levantamento sistemático da literatura especializada quanto pesquisa de campo, realizados anteriormente, mostraram que a família sofre um impacto ao saber do autismo da criança. Deparamo-nos com a escassez de publicações referentes a trabalhos de intervenção com o casal parental quando comparados à vasta literatura sobre a gênese do autismo e treinamentos comportamentais. Contatamos inicialmente um hospital público de um município do interior do estado de São Paulo para apresentação da proposta de trabalho. Esse local manifestou resistência à pesquisa por divergência teórica, mas, posteriormente, encaminhou um casal com urgência. A filha do casal tinha sido diagnosticada como autista e a mãe da menina encontrava-se adoecida. Na consulta terapêutica realizada com o casal, o marido manifestava agitação e insegurança com relação à situação da mulher e da filha. Precisou auxiliar fisicamente a esposa para que ela conseguisse se locomover. A mesma afirmava que a cada dia perdia os movimentos do corpo e não havia tratamento previsto, sugerindo-se uma histeria. Constatamos que a preocupação naquele momento focava-se na doença da mãe e na doença da filha, ambas sem explicações esclarecedoras. Segundo relato dos pais, a filha havia se "fechado" aos três anos de idade. Apesar de ficar clara a necessidade de um seguimento das consultas terapêuticas, percebido pelos pais e pela pesquisadora, o casal não conseguiu retornar. Havia um pedido de ajuda e uma negação a recebê-la. Não houve demanda sobre a conjugalidade, a relação parental focou-se na narrativa dos cuidados físicos que a esposa relatava não conseguir prover à filha. Essa consulta terapêutica visou proporcionar um holding ao casal, mas pode ter funcionado também como disparadora de questionamentos acerca de situações já cristalizadas na dinâmica familiar. (CAPES)

Palavras-chave : autismo; casal; consulta terapêutica.

        · texto em português