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Simpósio Internacional do Adolescente
Abstract
LIMA, Rita de Cássia Pereira. Mudança das práticas socio-educativas na Febem-SP: uma análise das representações sociais de funcionários da instituição. In Proceedings of the 1th Simpósio Internacional do Adolescente, 2005, São Paulo (SP) [online]. 2005 [cited 04 December 2024]. Available from: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000082005000200038&lng=en&nrm=iso> .
A pesquisa tem como objetivo principal analisar as representações sociais quanto à mudança de práticas sócio-educativas entre funcionários da Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor do Estado de São Paulo (FEBEM-SP). Baseia-se em uma proposta de trabalho que ocorreu em duas das 15 unidades do Complexo Tatuapé, no período de 1997 a 1999. Trata-se de uma iniciativa fundamentada na proibição de qualquer tipo de violência física contra o adolescente ator de ato infracional, por acreditar que tratá-lo de forma mais humana poderia apontar um caminho para a redução da violência. O estudo buscou identificar como os funcionários envolvidos com essa proposta visualizavam as possibilidades de mudança e vivenciavam esse processo em meio às práticas da instituição como um todo, veiculadas principalmente pela mídia por sua natureza punitiva e violenta. O trabalho fundamenta-se na Teoria das Representações Sociais (Moscovici, 1961). A "mudança" foi contextualizada a partir da influência de grupos minoritários, com base na Psicologia das Minorias Ativas (Moscovici, 1976). Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 15 funcionários de diferentes categorias sócio-profissionais. O material obtido foi analisado com base na Análise de Conteúdo Temática (Bardin, 1977). Três grandes temas-chave articulados foram observados nos discursos: "A proposta", "FEBEM-SP" e "Mudança das práticas sócio-educativas". Os resultados revelam resistências e dificuldades em utilizar o diálogo ao invés de medidas violentas. Notou-se o mal-estar dos entrevistados que, por constituírem um grupo minoritário na instituição, precisavam lidar constantemente com a oposição das outras unidades em seu cotidiano de trabalho. As representações sociais expressas por eles quanto à mudança das práticas sócio-educativas têm a violência física como núcleo figurativo. Ao compactuar com esse tipo de violência, os profissionais contribuem para a consolidação dos métodos tradicionais da instituição. Negá-la significa romper e buscar práticas sócio-educativas mais humanistas, nem sempre vistas como possíveis. Esse tipo de ambigüidade está presente nos discursos. Percebe-se que representações sociais arcaicas veiculadas na instituição, fundadas na punição e na violência, dificultam a mudança de suas práticas sócio-educativas.