2As possibilidades do engravidamento na adolescência: considerações sobre a construção da sexualidade feminina em contextos de periferia author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic event listing  

Simpósio Internacional do Adolescente



Abstract

MAIA, Maria Vitória Campos Mamede. "Polícia, quem precisa de polícia?": o fracasso do pacto social. In Proceedings of the 1th Simpósio Internacional do Adolescente, 2005, São Paulo (SP) [online]. 2005 [cited 04 December 2024]. Available from: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000082005000200043&lng=en&nrm=iso> .

O presente artigo possui como cerne de discussão a questão formulada por Pellegrino: a quebra do pacto social acarreta a quebra do pacto edípico. Seguindo o olhar e entendimento winnicottiano sobre a questão da tendência anti-social e sobre a delinqüência, defendemos que o que o jovem anti- social busca com seus atos é a lei subordinada ao amor, mas que o amor buscado (quando ainda é buscado) é o amor materno, amor fundante, que se perdeu em algum lugar do seu passado. Afirmamos que o temor à lei, somente enquanto temor, leva-nos aos becos sombrios da violência, porque não há um outro propósito no ato cometido para além do infligir dor, coagir pelo medo: perdeu-se a busca do amor primitivo; perdeu-se a esperança do gesto anti-social ser acolhido e significado pelo ambiente. Mas, juntamente à perda do amor, o que o anti-social, o infrator e o delinqüente buscam é também a coesão social perdida. Porém, se nesse intercâmbio o que se instaura é uma via de mão única, na qual o sujeito perde ao ser desrespeitado e aviltado em seus direitos sociais, o que pode ocorrer é o rompimento desse pacto, implicando essa ruptura em gravíssimas conseqüências. A partir desse entendimento de fratura social, analisamos, ao longo do artigo, como se encontra a sociedade brasileira e qual o lugar que ocupa o jovem anti-social dentro da mesma. Partindo do referencial winnicottiano de tendência anti-social, postulamos que a subjetivação do jovem no Brasil está comprometida e falhada no sentido de que temos um adultescimento da infância e um adolescimento dos pais, não sobrando ao jovem nem reais papéis identificatórios seja para serem transgredidos ( a que lugar voltar se o lugar não foi instituído nem fora nem dentro do próprio sujeito? ) seja para serem internalizados. Falha nesse caso a fortaleza do lar enquanto local de limite, segurança, fidedignidade e confiança, fatores esses que instituem a simbolização no ato humano: sem a constituição deste, o que sobra é o ato para cobrir hiatos que hoje existem com maior freqüência entre o que o jovem espera da sociedade e o que a sociedade a ele oferece e a ele cobra. Afirmamos que o que falta a esses jovens anti-sociais, e provavelmente aos também não anti-sociais explícitos é o direito de possuírem um lugar na sociedade e o direito de serem cidadãos.

        · text in portuguese