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An. 2. Congr. Bras. Hispanistas Oct. 2002
LÍNGUA ESPANHOLA
Análise de provas de espanhol do nível elementar: uma leitura das questões objetivas elaboradas para a verificação do processo de ensino/aprendizagem da abordagem comunicativa na cidade de Maceió
Eugênia Maria Silva da Câmara
UFAL
Desde o final do século XX e começo do século XXI, tem-se observado um acentuado interesse pelas pesquisas no âmbito da avaliação escolar, visto que esse aspecto do processo de ensino/aprendizagem, seja de língua materna ou de língua estrangeira, tem demanda bastante preocupação de ordem psico, sócio e pedagógica.
Observando que bons professores de espanhol tinham dificuldades em suas práticas pedagógicas na avaliação de seus alunos, resolvemos desenvolver uma monografia para o Curso de Especialização em Ensino/Aprendizagem em Línguas Estrangeiras desenvolvido pela Universidade Federal de Alagoas que contemplasse esse aspecto através das avaliações escritas que os professores propunham a suas classes.
Para tanto, torna-se necessário que explicitemos aqui o conceito que temos de avaliação, o qual norteará toda a nossa comunicação, que se filia à opinião de Bloom et alli (BLOOM et alli apud SANTANNA 19975: 77) e Almeida Filho(1994: 19 e 20) que privilegiam o processo avaliativo como medida quanto de juízo de valor.
A avaliação é um método de adiquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem (...) e é um processo para determinar em que medidas os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados; é um sistema de controle de qualidade, pelo qual pode ser determinada, etapa por etapa do processo de ensino-aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudanças devem ser feitas para garantir sua efetividade; é ainda um instrumental de prática educacional para verificar se processos alternativos são ou não igualmente efetivos ao alcance de um conjunto de fins educacionais.
Como o indicativo da importância do processo avaliativo no âmbito curricular geral torna-se necessário à apresentação das funções específicas e grais da avaliação.
As funções gerais da avaliação para a integração curricular se identificam como:
1. Fornecer as bases para o planejamento;
2. Possibilitar a seleção e classificação de pessoal;
3. Ajustar políticas e práticas curriculares.
Como funções específicas temos:
1. Facilitar o diagnóstico;
2. Controlar a aprendizagem e o ensino;
3. Estabelecer situações individuais de ensino;
4. Classificar níveis e agrupamentos de alunos mediante suas situações.
Essas duas funções dos processos avaliativos permitem ao educador observar o fenômeno educacional sob a óptica da avaliação sob dois prismas:
1. Função geral como idas e voltas para o planejamento tendo como ponto de partida o processo educacional;
2. Função específica como idas e voltas em relação ao desenvolvimento do aluno, tendo neste seu ponto de partida e chegada.
Sabendo agora o ponto de intercruzamento da necessidade do sistema e do aluno tem em relação à avaliação em sua forma geral, nos restringiremos – a cunho meramente metodológico – aos aspectos melhores observáveis em uma avaliação que tem por abordagem de ensino a Abordagem Comunicativa.
Sabe-se de antemão que a Abordagem Comunicativa privilegia, diferentemente de suas antecessoras, o uso das quatro habilidades comunicativas: falar, escutar, ler e escrever na língua alvo. Os aspectos que observamos na análise foi o uso das habilidades no que tange a aproximação de um caráter mais objetivo.
A escolha de questões que explicitem respostas objetivas do aluno explica-se pelo melhor controles das variáveis metodológicas quanto a saber se os alunos está compreendendo ou não o que está sendo perguntado e se o docente soube ou não explicitar bem sua questão.
Burgo (1990) comenta: " En cuanto al grado de liberdad de las respuestas subjetivas, requieren la produción por parte del alumno de lengua de situaciones más bien libres, mientras que las objetivas solo requieren que el alumno rellene un hueco o reconozca algún elemento lingüístico." Esse grau de liberdade que se refere Burgo foi o que procuramos evitar na análise.
Como base para as análises dos testes nos referenciamos a proposta feita por Nicholls através de uma leitura de Urr, que propõe como tipos de questões mais recorrentes para avaliação em língua estrangeira:
1. Perguntas e Respostas: que dependem da orientação do professor para que a questão seja mais objetiva ou subjetiva;
2. Verdadeiro ou Falso: indicada para a verificação de compreensão e assimilação de informação;
3. Múltipla escolha: maneira de avaliar eficientemente objetiva, pois discrimina, se bem elaborada, o examinando que sabe do que não sabe responder a questão;
4. Preenchimento de lacunas ou complemento: ideal para teste de gramática e vocabulário, porém pode apresentar ambigüidade, pois permite uma multiplicidade de respostas;
5. Associação: usados para testes de conhecimentos lexicais, porém permite ambigüidade pela possível sobreposição de respostas;
6. Ditado: Testa basicamente ortografia, pontuação, e compreensão;
7. Cloze: avalia leitura, ortografia, conhecimento gramatical e lexical;
8. Transformação: avalia se o estudante sabe manipular as estruturas gramaticais, porém de validade suspeita;
9. Reformulação ou re-escrita: semelhante à transformação;
10. Tradução: indicado para avaliar o conhecimento de expressões idiomáticas e conteúdo semântico;
11. Ensaio: de cunho subjetivo;
12. Dramatização: de cunho subjetivo.
Nas provas analisadas, escolhidas por serem propostas para o mesmo nível de avaliação, percebemos que os professores da escola de idioma selecionada para a pesquisa eram desconhecedores das formas de elaboração de questões.
Verificou-se que todas as provas analisadas apresentavam uma mescla de vários tipos de questão tornando quase impossível uma classificação única para cada questão proposta.
Sendo desconhecedores da forma adequada de elaboração da avaliação, observamos que se torna difícil uma aferição objetiva da avaliação ou a que tipo de questão o professor está propondo para que o estudante possa ser avaliado com precisão.
Desta constatação nasce o desejo de oferecer uma melhor preparação à classe docente em língua espanhola na cidade de Maceió para que o processo de ensino-aprendizagem da língua alvo seja bem mais proveitoso e eficiente.