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An. 2. Congr. Bras. Hispanistas Oct. 2002

 

''Nostalgias de Madrid: evocações de uma cidade em Mesonero Romanos, Azorín e Ramón Gómez de la Serna''

 

 

Alexandre Soares Carneiro

Universidade Estadual de Campinas

 

 

''El mundo no es tan mundo como parece''
Ramón Gómez de la Serna.

Um estudo comparativo dos três autores evocados no título desta comunicação poderia com proveito inseri-los, inicialmente, numa tradição européia de descrição da paisagem urbana. O mero percurso cronológico poderia servir de eixo para o acompanhamento das transformações por que passa este tipo de literatura, na Espanha, entre meados do século XIX e meados do XX. A comparação de traços de estilo é a que se apresenta como a mais natural, o que inclui as diferenças na captação da realidade proposta: o ''costumbrismo'' de Mesonero Romanos, o Madri recriado de Ramón Gómez de la Serna, o ''impressionismo'' de Azorín.

Seria mais interessante, no entanto, explorar, neste percurso, um viés não experimentado para mostrar como a cidade aparece, enquanto dado que articula a obra destes autores, como experiência de uma cidade particular – Madri. Assim, a referência a um modo de vida urbano – suas imagens, seus temas, sua linguagem - indiciaria uma tradição européia romântica e pós-romântica (impressionista e surrealista) de captação da cidade moderna, afetada no entanto por uma persistente vocação local para o exame do ambiente da capital espanhola, vocação que se mantém desde o ''romântico'' Mesonero até o ''vanguardista'' Gómez de la Serna. As eventuais inspirações internacionais de cada um destes três autores poderiam desta forma ser contrapostas aos elementos singulares de uma experiência local, propriamente espanhola ou madrilenha, guardadas as perspectivas próprias de cada geração examinada.

Octávio Paz negava a Antonio Machado a condição de ''poeta moderno'', já que a dicção deste autor, próxima à da ''canção tradicional'', lhe fizera insensível à ''linguagem moderna, que é a da cidade'' (apud MAINER, J.C., 1994, p. 127). A tradicionalidade da literatura castelhana é tópico bastante explorado pela crítica (pense-se na obra de Menéndez Pidal, por exemplo)1, assim como é lugar-comum associar o universo das cidades, no seu máximo de potencial, às vanguardas artísticas, cosmopolistas por vocação. Mas também é certo que não se entende a geração de 98, a que pertence Machado, sem examinar o que foi, para ela, a experiência de Madri (cf. LAIN ENTRALGO, 1956, pp.70 e ss).

Poderíamos também falar de uma certa modernidade já em Mesonero, que aborda a experiência da multidão em algumas de Escenas Matritenses, assim como haveria um certo costumbrismo em Gómez de la Serna (por exemplo, ao comparar as tão castiças ruas Hortaleza e Fuencarral, nas suas Nostalgias de Madrid.). Por outro lado, a perspectiva contemplativa e notacional de Azorín, além de seu interesse pelo detalhe menor (primores de lo vulgar, na expressão de Ortega), interfere diretamente nas observações de Ramón sobre as coisas efêmeras que seu olhar localiza e recolhe no meio da cidade, o que nos dá uma perspectiva de continuidade muito interessante para pensar estes autores.

Comecemos com Mesonero Romanos, em cujas Escenas Matritenses já se percebeu a influência de uma importante leitura francesa: M. de Jouy (Victor-Joseph-Estienne, 1769-1846). Precursor dos chamados estudos de ''fisiologia'', Jouy publica, entre 1813 e 1820, umas Observations sur les moeurs et les usages parisiens au commencement du XIXe siècle. Esta série de ''estudos de costumes'' encontrará grande favor a partir da metade do século, Balzac despontando depois como um dos mais célebres cultores do gênero.

Segundo Jouy, que escreve em uma época em que o exotismo encontra-se em alta, não havia por que prestar tanta atenção aos costumes orientais, ao distante mais do que ao próximo, quando uma cidade grande como Paris apresentava mais variedade de tipos que um país estranho. ''Mesonero sigue en esto a su precursor francés, y todas sus escenas muestram bien que la villa y corte contiene un repertorio de tipos y situaciones tan curiosos y entretenidos como puedan encontrarse fuera de su ambito'' (LLORÉNS, 1989, p. 334).

Para este acomodado madrilenho, fundador do Ateneo e historiador da cidade, urbanista, viajante e memorialista2, a experiência turbilhonante das ruas aparece claramente na linha de um costumbrismo já discernível em autores castelhanos do século XVII. Aliás, uma de suas Escenas Matritenses (''La Calle de Toledo'') é aberta com uma sugestiva citação de Bartolomé de Argensola, autor da geração de Góngora e Lope, que já no século XVII evocava um traço recorrente da percepção da experiência madrilenha – o acolhimento algo tumultuado de um grande contingente de egressos das províncias3:

Como aquí de provincias tan distantes concurren, o por gracia o por justicia, diversas lenguas, trajes y semblantes, necesidad, favor, celo, codicia, forman tumulto, confusión y prisa tal, que dirás que el orbe se desquicia.

Ao adentrar em Madri, pela Puerta de Toledo, acompanhando um amigo recém-chegado da Andaluzia, a experiência vital e abigarrada da rua é recuperada através do diálogo dos caminhantes que atravessam a cidade (recurso comum nas obras do gênero), os passeantes sendo logo tomados pela experiência do tumulto urbano:

Engolfados en nuestra conversación tropezábamos cuándo con un corro de mujeres cosiendo al sol, cuándo con un par de mozos durmiendo a la sombra; muchachos que corren; asturianos que retozan; carreteros que descargan a las puertas de las posadas; filas de mulas ensartadas unas con las otras y cargadas de paja, que impiden la travesía; acá, una disputa de castañeras; allá, una prisión de rateros; por este lado, un relevo de guardia; por el otro, un entierro solemne (MESONERO ROMANOS, 1964, p. 32).

Um emaranhado de falas, onde se misturam os gritos dos policiais, cantos fúnebres, pregão de vendedores, etc., acentua, em seguida, o aspecto cômico da modernidade urbana que desponta aqui. Logo é uma divertida cena em que vemos desfilar duas mais do que típicas manolas madrilenhas, depois infrutiferamente cortejadas pelo amigo adventício, que, em meio ao riso geral, delas recebe apenas umas cascas de laranja contra a cara4.

Azorín dialoga com o cenário madrilenho de uma perspectiva bem diferenciada, e que poderíamos sem receio descrever como aquela mais característica da generación del 98: a perspectiva histórica e tradicionalista. (''La generación del 98 es uma generación histórica, y, por lo tanto, tradicional. Su empresa es la continuidad''; in AZORÍN, 1988, p. 87). Ainda que possamos aproximá-lo dos outros dois autores em questão (leitor e admirador de Mesonero, foi ele por sua vez a principal admiração literária de seu biógrafo Ramón Gómez de la Serna5), a cidade que nos apresenta em seu Madrid (cuja primeira edição é de 1941) não é um espaço físico, mas um espaço histórico - ou de intra-história, para recorrermos à expressão de Unamuno. Trata-se de um volume de evocações, ao mesmo tempo estéticas e pessoais, em que a Cidade espelha a experiência da formação e, sobretudo, da chegada. Este aspecto - a lenta construção moral e intelectual do jovem com pretensões literárias vindo do Levante -, é comum a seus companheiros de geração, toda ela vinda de províncias (Baroja, os dois Machado, Unamuno, etc)6, lembrando no entanto que a perspectiva inicial dos autores de 98 em relação ao ''Madrid oficial'' tinha sido bem ácida.

Em outros momentos da obra azoriniana, esparsa aqui e ali, a presença de Madri poderia sugerir uma perspectiva costumbrista. Em ''La calle de la Montera (AZORÍN, 1954, p. 91), por exemplo, ele aborda uma mais famosas e pitorescas ruas centrais da cidade, tema depois de um interessante texto de Ramón Gómez de la Serna:

La calle de la Montera es una calle donde están a todas horas del dia todos los forasteros que llegan a Madrid; no podemos dudar de esto, y nosotros, que nos hemos comprado cuellos y puños, cuando éramos estudiantes, en esta calle tán simpática, tan pintoresca, la tenemos un vago cariño.

É o Azorín nosso conhecido, com seu característico amor pela paisagem, pelas coisas pequenas, pelos passeios e caminhos, exceto que são aqui os caminhos urbanos. A perspectiva noventayochesca rapidamente se afirma. Laín Entralgo descreve aquela geração em primeiro lugar a partir do descobrimento de uma paisagem, para seguir tratando-a segundo três tema correlatos: as recordações da infância, a imagem da terra nativa e o enlace sentimental entre esta e Castela (LAIN ENTRALGO, 1956, p. 29 e ss). É justamente o que aparece neste estampa de Azorín. A rua e a capital deixam de ser o espaço do vário e do particular para se tornar, a partir de um encontro com um paisano, o lugar da recordação silenciosa de uma casa provinciana, de uma praça, de uma fonte, e de um huerto onde vivera um antigo amor adolescente (melancólica evocação de uma infância entre amorosa e sonhadora que é tão marcante na primeira poesia de Antonio Machado, por exemplo, em ''La primavera besaba'').

Sobre o Azorín leitor de Mesonero há um pequeno texto a partir do qual poderíamos abordar a preferência que se manifesta, neles, pelos chamados gêneros menores. Em uma de suas Lecturas Españolas, dedicado aos dois grandes costumbristas do século XIX, ''Larra y Mesonero'', relata os efeitos da releitura, depois de longo tempo, de um dos livros deste último (Recuerdos de viaje), que havia, embora obra menor, deixado em seu espírito ''un rastro de añoranzas indefinidas, de recuerdos lejanos, de inefable memória'':

Un libro vulgar que leemos siendo niños o adolescentes, y que luego volvemos a leer, acaso por azar, pasados muchos años, puede producir en nosotros una impresión más honda, más compleja que la lectura de una verdadera obra maestra. Porque a esta lectura nueva del libro que saboreamos antaño se unen asociaciones de ideas respecto del paisaje, de la casa, de una calle, de una ciudad, de personas queridas, que tal vez desaparecieron hace tiempo (AZORÍN, 1957, p. 89).

O diálogo de Azorín com Mesonero é portanto um diálogo de evocação de um passado, não marcado pela assonância com os temas madrilenhos. Ele se sintoniza com o colecionador de estampas que foi Mesonero antes de tudo por compartilhar, como dissemos, o interesse pelos chamados ''géneros chicos''. Nestes gêneros menores (particularmente nas gravuras urbanas de um Constantins Guys), recordemos, localizou Baudelaire sinais de uma modernidade em que o elemento eterno da arte veste as roupas da atualidade. Esta modernidade baudelaireana, mais enérgica, é mais compatível no entanto com o próximo autor de que iremos tratar.

Ao tratar de Gómez de la Serna atingimos o ponto de chegada deste percurso em que as sintonias são muitas. A despeito de sua copiosa obra este autor é lembrado mais pelo seu estilo inovador do que pelos assuntos (cf. GARDIOL, 1975). Foi o pregoeiro dos ''ismos'', cujo nascimento pôde presenciar na sua estância modernista de Paris, entre 1909 e 1911. RAMON (como queria ser conhecido, com letras grandes), comentando a famosa revista de vanguarda brasileira, mencionava assim que seu título, Klaxon, evocava ''la bocina de la ronquera que todos hemos oído com gran inquietud a nuestra espalda muchas veces'', descrevendo-a ''como síntesis del espacio de la calle, como ruído de sus grandes fauces, como resoplido de su laringe encallejonada entre casas''. Bem típico de uma época futurista, em que se evocava as ruas da cidade para aludir (sobretudo nos países mais atrasados) a uma certa poesia das máquinas, dos motores, da eletricidade, etc.

La gran máquina de moler nuestra atención, que es el klaxon, muele el pensamiento que íbamos pensando, y ya, cuando la mano molesta e impertinente del lacayo deja de accionar, no podremos dar con el pensamiento que íbamos emplasteciendo con cuidado. (GÓMEZ DE LA SERNA, 1975, p. 143)

Mas nele também notaríamos algumas preferências temáticas que ao menos à primeira vista recordam a atitude de um Mesonero Romanos diante da paisagem caótica das ruas da capital: não mais o susto que perturba o pensamento, ou o cosmopolitismo das metrópoles fervilhantes de modernidades, mas a anotação calma, atenta, discreta. O costumbrista, diz E. Correa Calderón, ''suele poseer un temperamiento ecuánime, ponderado, que procura evitar todo exceso (...)'' . Um costumbrista como Mesonero Romanos (mas não um desta outra espécie, satírica, como o foi Larra) é um homem que contempla um mundo feliz,

es um realista que toma de la vida misma los elementos de su arte, sin que se le ocurra apelar a la fantasia y a la deformación estilística como recurso. Su equilíbrio es indício de buena salud, de metódica templanza, de alegría vital, que las más de las veces le hace ver el mundo con visión risueña y feliz. (CORREA CALEDERÓN, E. 1964, p. LXXXIV).

É o que podem parecer, a um primeiro olhar, as pequenas ''crônicas'' (chamemo-las assim, provisoriamente) de seu Nostalgias de Madrid, em que o narrador fala às vezes de uma posição eminentemente pequeno-burguesa. É o caso da sugestiva página intitulada ''¡Compro dentaduras!'', que nos apresenta uma personagem, o trapeiro, em que a observação baudelaireana soube perceber os acentos trágicos da modernidade. Pois o trapeiro aparece, para um Ramón bem acomodado em seu lar de classe média, como uma espécie de ente mítico pouco ameaçador (pelo contrário, era aquele ''que llamado a tiempo podia arreglar las malas situaciones'' - ''En un último caso –decía nuestra madre- se llama al trapero''). Dele se esperava que comprasse este velho e já desgastado artefato de lavar roupas, a ''artesa'' (''ese sarcófago otimista'', greguería que nos entrega de passagem). Mas a ele não interessa semelhante traste. ''- La artesa? No la quiero ni regalada''. Seguem então os comentários que aos poucos irão retirar este personagem das malhas de um costumbrismo madrilenhista para levar-nos ao mundo dos mistérios do efêmero – por que se comprariam dentaduras? Mistérios que carregam todos estes dejetos da sociedade, que, em Madri, se acumulam, como conchas na praia, num lugar especial: o Rastro.

A este famoso mercado, a que Galdós denominou ''academia del despojo social'', e Francisco Umbral ''um (Museo del) Prado al revés'', RAMON dedicou um de seus mais famosos livros, em que o descreve como um lugar onde se encontram navalhas de barbear atrozes, meio abertas, homicidas, panelas meio quebradas, escarradeiras, óculos que têm o olhar em branco, perdido e vidrado da morte, e do morto que os usou...

El Rastro es siempre el mismo trecho relamido de la ciudad, planicie, costanilla, gruta de mar o tienda de mar, que es lo mismo, playa cerrada en que la gran ciudad -mejor dicho-, las grandes ciudades y los pueblillos desconocidos mueren, se abaten, se laminan como el mar en la playa, tan delgadamente, dejando tirados en la arena los restos casuales, los descartes impasibles, que allí quedan engolfados y quietos hasta que algunos se vuelven a ir en la resaca (GÓMEZ DE LA SERNA, 1966, p. 34)

Escritor que percebe as ruas como espaço privilegiado, Gómez de la Serna é um ''cronista'' de Madri, mas um cronista que, à distância, permanece atento a algumas marcas algo fabulosas entranhadas no tecido histórico de suas ruas, afastando-se assim da interioridade e da sobriedade de seu mestre Azorín, sem incidir na superficialidade costumbrista de Mesonero. As ruas de seu Madri, que evoca desde Buenos Aires, são ruas vivas, e dotadas de uma espécie algo estranha de poesia, além do pitoresco. Não são tampouco o espaço da buzina e do encontrão, signos da modernidade. Cada rua, mais ou menos castiza, tem sua aura particular, às vezes recolhida e acolhedora, outras vezes alegre e movimentada, mas todas, no fim, essencialmente familiares. Mesmo aquela Calle de la Montera, abordada, como vimos, por Azorín. Ramón lembra que nela vivera a vida inteira, até os oitenta e oito anos, uma parenta de Ortega y Gasset. Sem nunca sair de lá, como o camponês agarrado ao seu torrão natal.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZORIN, Madrid (1a. ed.: 1941).Ed. crítica de Manuel Lacarta, Madri, El Avapiés, 1988.

AZORIN, España, Buenos Aires, Espasa-Calpe, 1954.

AZORIN, Lecturas españolas, Madri, Espasa-Calpe, 1957.

CORREA CALDERÓN, E. Costumbristas Españoles., I, Aguilar, 1964, p. LXXXIV.

FOX, Inmam, La invención de España,Madri, Cátedra, 1998.

GÓMEZ DE LA SERNA, Ramón. Nostalgias de Madrid, Madri, Espasa-Calpe, 1966.

GÓMEZ DE LA SERNA, Ramón. Azorin, Buenos Aires, Losada, 1942.

GÓMEZ DE LA SERNA, Ramón, El Rastro, Madri, 1932.

GÓMEZ DE LA SERNA, Ramón. Ismos, Guadarrama, 1975 (1ª. Ed.: 1931).

GARDIOL, Rita R. Ramon Gomez De La Serna,Twayne Publishers, New York, 1974

LAIN ENTRALGO, Pedro. La generación del Noventa y Ocho, Madri, Espasa-Calpe, 1956.

LLORENS, Vicente. El Romanticismo Español, Madri, Castalia, 1989.

MAINER, J.-C. ''Antonio Machado hoy, siempre y todavia", Cuadernos Hispanoamericanos, 532, octubre, 1994, pp. 126-129.

MESONERO ROMANOS, R. Escenas Matritenses, Ed. de E. Correa Calderón, Madri, Anaya, 1964.

MESONERO ROMANOS, R. El antiguo Madrid. Paseos histórico-anedócticos por las calles y casas de esta villa (1861), Ed. fac-similar, Madri, Trigo Ed., 1995.

MESONERO ROMANOS, R. Memorias de un setentón, Madri, Castalia, 1994, Clasicos Madrileños.

 

 

1 Ver Inmam Fox, 1998, pp. 104 e ss.
2 Entre suas obras, citemos os Recuerdos de viaje por Francia y Belgica en 1840 y 1841, a obra histórica El antiguo Madrid. Paseos histórico-anedócticos por las calles y casas de esta villa (1861) e as Memorias de un setentón, natural y vecino de Madrid (1871), autobiografia em que recorda a época de Fernando VII. Vem ao caso lembrar que no Semanário Pintoresco Español, por ele fundado em 1836, aparecem pela primeira vez na Espanha os grabados en madera.
3 Tema também abordado em El antiguo Madrid, no interessante capítulo sobre a origem da manolería (El Lavapiés, pp. 188 e ss.)
4 ''Ni Tito ni Augusto, segue o narrador, al volver triunfantes a la capital del orbe, pasaron más orgullosos bajo los arcos que les eran dedicados que nuestras heroínas por el de la Plaza Mayor. Guardapies amarillos y encarnados, ricas mantillas de sarga y terciopelo sobre los hombros, pañuelos de color de rosa al pecho, cesto de trenzas en las cabezas y coloreadas mejillas por el vapor del vino; tal era el atavío con que venía echándose fuera de la calesa, y pelando unas naranjas con un desenfado singular. Aquí la turbación de mi provincial; parado delante de la calesa, no reparaba su peligro, hasta que una de las manolas: Oiga, señor visión – le dijo -, déjenos el paso franco.-¿Adónde van laz reinaz?- A perderle de vista. - Si nececitazen un hombre al eztribo....- ¿Y son así los hombres en su tierra? Jesús ¡qué miedo! –Y qué, ¿no me han de dar un cacho naranja? - Tome el rocín venido. - Y le dirigieron a las narices una cáscara de vara y media; con la cual, y aguijando el caballejo, desaparecieron en medio de la risa general (...)''.
5 ''Azorín ha sido mi mayor admiración literaria" diz Ramón Gómez de la Serna no prólogo à biografia daquele, que escreve em 1923 (republicada em 1942, Buenos Aires, Losada)
6 Valeria a pena examinar também, a este propósito, aqueles tão sugestivos quadros de juventude madrilenha rememorados na Novela de um Literato de Rafael Cansino-Aséns.