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An. 3. Enc. Energ. Meio Rural 2003

 

Análise florística e determinação de volume das principais espécies ocorrentes em uma Floresta Ombrófila Mista

 

 

Edson Luís PiroliI; Patrícia Porto ChaffeII

IDepartamento de Engenharia Rural, Faculdade de Ciências Agronômicas, FCA/Universidade Estadual Paulista, UNESP, Fazenda Experimental Lageado, Caixa Postal: 237, CEP 18603 970, Botucatu, SP, Brasil. Fone/fax: 0xx14 6802 7165
IIDepartamento de Ciências Florestais, Centro de Ciências Rurais/Universidade Federal de Santa Maria UFSM, Faixa de Camobi, km 9, Câmpus, CEP 97110 970, Santa Maria, RS, Brasil. Fone/fax: 0xx55 220 2444

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

São estudadas a composição florística e estrutura fitossociológica de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista no município de Sertão, RS, com área aproximada de 700 ha. A análise estrutural destaca a Araucaria angustifolia como espécie dominante, principalmente na periferia do fragmento apresentando um número relativamente menor de indivíduos no interior da floresta. No sub bosque e em locais onde a Araucaria angustifolia não está presente, os gêneros Nectandra e Ocotea, são os que apresentam maior número de indivíduos e maior área basal.

Palavras-chave: Análise florística, Floresta Ombrófila Mista, Sertão.


ABSTRACT

Are studied the floristical composition and fitossociological structures of a fragment of Mixed Ombrofila Forest in the municipal district of Sertão, RS, with approximate area of 700 ha. The structural analysis detaches the Araucaria angustifolia as dominant species, mainly in the periphery of the fragment presenting a number relatively smaller of individuals inside the forest. In the sub forest and in places where the Araucaria angustifolia is not present, the species Nectandra sp and Ocotea sp, are that present larger number of individuals and larger basal area.


 

 

INTRODUÇÃO

A vegetação original no município de Sertão, situado no Planalto Médio do Rio Grande do Sul, compunha-se de grandes áreas florestais, intercaladas com campos nativos.

O solo, de boa qualidade, aliado ao relevo favorável à mecanização, estimulou a substituição das áreas florestais pelas atividades agrícolas, restando hoje apenas fragmentos destas formações. A Floresta Ombrófila Mista foi o principal fornecedor de matéria prima para a indústria madeireira até a primeira metade deste século, tendo importante papel como fonte de divisas para o Estado do Rio Grande do Sul, então grande exportador de madeira. Estas florestas forneciam aos moradores da região diversas madeiras, utilizadas para a construção de casas, móveis, utensílios domésticos e lenha, produtos ainda hoje muito usados. Por todos estes motivos, deve-se buscar cada vez mais o conhecimento sobre as características e necessidades das florestas nativas, visando a sua conservação, sua recuperação e aumento da produtividade.

O fragmento em estudo, cercado por lavouras e pastagens apresenta sinais de interferência humana na forma de extração de madeiras e frutos, principalmente o pinhão. Aliado a estes aspectos, observa-se que a vegetação na periferia do fragmento, sofre a ação de influências exógenas, notadamente a erosão do solo.

O estabelecimento de espécies como a Araucaria angustifolia, que avança sobre os campos em busca de plena luz para o seu desenvolvimento, fica desta forma comprometido em seu processo dinâmico e natural, pela ação antrópica. Apesar destes problemas, o fragmento ainda mantém muitas de suas características originais constituindo uma excelente fonte de informações sobre a estrutura original da Floresta Ombrófila Mista, e do comportamento de suas espécies, face à influência exercida pelo homem em seu espaço.

O Planalto Médio do Rio Grande do Sul tinha na Floresta Ombrófila Mista sua vegetação silvática natural. Esta floresta que apresenta padrão fitofisionômico típico de zona climática pluvial, apresenta de acordo com KLEIN (1960), uma mistura de floras de diferentes origens. O pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia), sua espécie mais característica, ocupava no Rio Grande do Sul o curso superior dos rios que possuem suas nascentes no planalto ou a borda abrupta de seus vales.

Como espécie de maior porte dessa formação florestal, a Araucaria angustifolia destaca-se pela copa umbeliforme, de cor verde-escura, que confere à vegetação uma fisionomia muito característica e inconfundível, mesmo à distância. Os indivíduos de maior porte alcançam de 30 a 35 m de altura e diâmetros de 80 a 120 cm, apresentando copa, muito uniforme, que se sobressai em alguns metros sobre a cobertura das árvores dos andares inferiores, compostos por densos agrupamentos de árvores, arvoretas e arbustos, que variam em abundância e porte, de acordo com o local e seu estágio de desenvolvimento.

A respeito da vegetação primária do Sul do Brasil, KLEIN (1960) observa que a mesma em geral não espelha o ciclo climático atual, como pode ser comprovado pelo elevado número de espécies heliófitas ou oportunistas, que são as mais indicadas para reflorestamentos ou manejos de enriquecimento.

As Matas com Araucária, ou pinhal, concentram-se principalmente entre os paralelos 21° e 30° de latitude Sul e entre os meridianos 44° e 54° de longitude Oeste. (AZAMBUJA, 1948).

KLEIN (1960), refere que sua principal ocorrência concentra-se nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, no Sul de São Paulo e, em manchas mais isoladas, também, nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, na província de Misiones (Argentina) e oeste do Paraguai.

A respeito da distribuição dos pinheirais no Rio Grande do Sul, RAMBO (1956) observou que os mesmos dependem essencialmente das condições do terreno, encontrando-se em toda a borda superior do planalto, começando ao Norte de Santa Maria, até o extremo ângulo Nordeste. Os pinheirais habitam a aba superior de todos os vales profundos dos rios Caí, Taquarí, das Antas, Pelotas e de seus afluentes; encontra-se em terrenos menos acidentados, nos espigões entre as fontes dos grandes rios, especialmente no rio das Antas, em grupos isolados ou densas sociedades, na forma de capões disseminados por todo planalto, como indivíduos solitários em pleno campo, e em mistura com a mata virgem, no Alto Uruguai, ao Norte de Passo Fundo e Lagoa Vermelha.

O mesmo autor observa que o pinheiro é exclusivo do planalto, ocorrendo em altitudes entre 500m a Oeste e 1000m a Leste. RAMBO (1956) distingue, ainda, três núcleos principais de pinheirais: o da aba meridional da escarpa, entre os rios Taquarí e dos Sinos, o da borda dos Aparados Orientais, entre o Maquiné e o rio das Antas, e o do planalto central, no curso superior do rio Jacuí, ao sul de Passo Fundo.

Para a conservação das matas remanescentes e seu manejo adequado, KAGEYAMA (1987) recomenda a adoção de práticas compatíveis com a composição e estrutura destas populações, considerando-se principalmente a forma de ocorrência das espécies, o modo de reprodução e o relacionamento das mesmas com o ambiente, onde todas as interações estão presentes.

A simples descrição fisionômica, com a listagem das espécies encontradas, e a apresentação de perfis-diagramas, não descrevem satisfatoriamente a estrutura da vegetação, pois fornecem apenas um indicativo da aparência total. Parâmetros numéricos, tais como os valores de abundância, dominância e frequência, visam caracterizar numericamente esta estrutura, motivo pelo qual assumem grande importância (KELLMAN, l975).

Os valores de abundância e dominância são considerados por BRAUN-BLANQUET (l979), como fundamentais na caracterização da vegetação. A frequência é particularmente importante no caso das espécies com distribuição em grupos. O autor utiliza ainda o "valor de cobertura" (abundância + dominância relativa), para avaliar a importância das espécies na estrutura da vegetação.

O presente trabalho visa definir a estrutura fitossociológica e a composição florística de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, mediante o levantamento de parcelas, e a observação de aspectos como estratégias de reprodução, distribuição espacial, e a ocorrência de grupos de espécies, dentro da comunidade florestal. Além disso, busca-se a quantificação do volume das principais espécies ocorrentes no povoamento com o objetivo de avaliar a possibilidade de extração de madeira em regime de manejo sustentado. Tais conhecimentos são básicos para o direcionamento de pesquisas visando alternativas de manejo de florestas nativas viáveis, juntamente com informações silviculturais e de comportamento das espécies em seu habitat natural.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

A área em estudo, localizada no município de Sertão, no Planalto Médio do Estado do Rio Grande do Sul, e a uma altitude aproximada de 700 m, caracteriza-se pelo solo Bruno-Vermelho distrófico profundo (mais de um metro), e clima do tipo Cfb, de acordo com a classificação climática de Koeppen. As chuvas são bem distribuídas o ano inteiro, e a temperatura média anual é de 18,3° C.

O inventário florístico, que visa relacionar todas as espécies arbóreas ocorrentes na parcela, é indispensável para o conhecimento da distribuição espacial das espécies na floresta e sua comparação com a flora original.

A amostragem utilizou 10 parcelas, de 10 x 100m, totalizando 0,1 ha por parcela e 1,0 ha de área total amostrada.

A regeneração foi amostrada em parcelas circulares com raio de 5,64 m (100m2) para quantificar e identificar os indivíduos com CAP (Circunferência a Altura do Peito) entre 10 e 30 cm. E em parcelas circulares com raio de 1,78m (10m2), para quantificar os indivíduos com CAP £ 10 cm.

O estudo fitossociológico procura identificar a importância das espécies na comunidade, utilizando dados como o porte, número e distribuição dos indivíduos, tanto no sentido horizontal como no vertical.

O resultado destas análises, de acordo com LAMPRECHT (1962), permite importantes deduções sobre a origem, características ecológicas e sinecológicas, dinamismo e tendências do desenvolvimento futuro das diferentes formações vegetais, além de informações sobre as árvores e a vegetação em sua totalidade.

A análise da estrutura horizontal é feita de acordo com a ocupação, grau de agregação e distribuição das espécies em cada estrato da floresta.

FINOL (1971), afirma que somente parâmetros da estrutura horizontal (abundância, frequência e dominância), em muitos casos não permitem uma caracterização verdadeira da ordem de importância ecológica das espécies. Este autor sugere a inclusão da estrutura vertical e da regeneração natural na análise estrutural das florestas.

Segundo SOUZA (1973), frequência expressa a percentagem de ocorrência de uma espécie dentro das parcelas do levantamento, sendo por isso, um conceito estático, relacionado com a uniformidade de distribuição das espécies.

Na estrutura vertical, foram consideradas as posições sociológicas superior, média e inferior, com o objetivo de se obter uma caracterização da vegetação, quanto a distribuição espacial e composição florística de cada estrato.

A análise dos volumes assim como as demais análises, foram efetuadas utilizando o software Fitopac.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ASPECTOS FLORÍSTICOS E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA

O fragmento estudado possui uma composição florística heterogênea com grande número de espécies arbóreas. As áreas amostradas foram distribuídas aleatoriamente por toda a floresta, sendo identificadas, 55 espécies arbóreas, distribuídas em 44 gêneros, de 25 famílias botânicas.

Ao se analisar o conjunto florestal, vê-se que as espécies mais abundantes, e que determinam ou caracterizam a fisionomia desta floresta, são: Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides, Prunus selowii, Allophylus edulis, Capsicodendron dinisii, Ocotea puberula, Ocotea pulchella, e Lithraea brasiliensis, não deixam, todavia, de ser importantes na estrutura da floresta, espécies como Ilex brevicuspis, Lamanonia speciosa e várias espécies de Mirtaceas.

Araucaria angustifolia, apresenta maior dominância (39,87%), seguida por Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides e Prunus selowii, estas espécies, somadas, representam 27,74%. da dominância total.

Apenas Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica e Allophylus edulis, apresentaram indivíduos adultos em todas as parcelas.

ESTRUTURA HORIZONTAL

A Araucaria angustifolia foi a espécie de maior área basal encontrada, (18,43 m2), seguida por Nectandra megapotamica (6,80 m2), Prunus selowii (3,43 m2), Matayba elaeagnoides (2,58 m2), Ocotea puberula (1,77m2) e Ocotea pulchella (1,63), (Figura 1).

 

 

No conjunto florestal, a espécie mais importante é Nectandra megapotamica, pois apresenta o mais elevado número de indivíduos por ha. Seguem-se Matayba elaeagnoides, Araucaria angustifolia, Allophylus edulis e Prunus selowii.

Os maiores IVIs (Índice de Valor de Importância) foram apresentados por Araucaria angustifolia (56,4), Nectandra megapotamica (34,28), Matayba elaeagnoides (21,18), Prunus selowii (19,61), Allophylus edulis (14,78), e Capsicodendron dinisii (11,61), que são apresentados na Figura 2. Além destes, Ocotea puberula (11,00), Ocotea pulchella (10,01), Campomanesia xanthocarpa (9,07) e Lithraea brasiliensis (7,28) apresentaram valores interessantes.

 

 

ESTRUTURA SOCIOLÓGICA VERTICAL

A estrutura sociológica vertical informa a distribuição das espécies nos diferentes estratos da floresta. A presença das espécies nos diferentes estratos da floresta é de fundamental importância fitossociológica, pois a presença em todos os estratos assegura a sobrevivência de uma espécie na estrutura dinâmica da floresta.

No caso da área estudada, o estrato superior, encontra-se amplamente dominado por indivíduos de Araucaria angustifolia, e, em segundo lugar, por Nectandra megapotamica, Ocotea puberula, Ocotea pulchella, Prunus selowii e Capsicodendron dinisii, encontram-se em alguns pontos, sendo mais raras a Lithraea brasiliensis e Lonchocarpus campestris..

O estrato médio, composto por árvores de 12 a 18 metros é dominado por Matayba elaeagnoides, apresentando ainda muitos indivíduos de Allophylus edulis e Campomanesia xanthocarpa. Dentre as demais participantes deste estrato, citam-se a Nectandra megapotamica, Ocotea puberula, Ocotea pulchella e Capsicodendron dinisii.

No estrato inferior verifica-se a ocorrência das espécies típicas do sub-bosque da região, e plantas jovens dos estratos superiores, em regeneração. O maior número de indivíduos neste estrato foi apresentado por Myrcia bombycina, Myrciaria floribunda, Myrciaria tenella, Casearia sylvestris, Casearia decandra, Allophylus edulis e Britoa guazumaefolia. Dentre as espécies participantes do estrato superior, que apresentam indivíduos no estrato inferior, assegurando sua permanência na floresta, destacam-se Nectandra megapotamica e Prunus selowii. As demais, embora abundantes no estrato superior, apresentam poucos indivíduos no sub-bosque, evidenciando algum desequilíbrio, ou um processo natural de substituição, como é o caso da Araucaria angustifolia, Lithraea brasiliensis, Lamanonia speciosa e Capsicodendron dinisii. Casearia sylvestris, Coutarea hexandra, Dalbergia frutescens, Diatenopterix sorbifolia, Erytroxylum deciduum, Eugenia rostrifolia, Myrceugenia miersiana, Myrcianthes pungens, Pristimeria andina, Ruprechtia laxiflora e Strychnos brasiliensis, não apresentaram indivíduos presentes na regeneração.

REGENERAÇÃO NATURAL (10 A 30 CM)

Na regeneração natural (10 a 30 cm de CAP) foram encontradas 43 espécies arbóreas, distribuídas em 36 gêneros, de 20 famílias botânicas.

Das espécies encontradas, 35 também participam no estrato arbóreo. As 8 restantes, Banara tomentosa, Cestrum corymbosum, Dalbergia frutescens, Eugenia uniflora, Maytenus dasyclados, Rollinia silvatica, Pelthophorum dubium e Xylosma pseudosalzsmanii foram encontradas somente na regeneração. Allophylus edulis, Matayba elaeagenoides, Myrciaria tenella, Prunus selowii, Banara tomentosa e Nectandra megapotamica, foram as mais abundantes no intervalo de 10 a 30 cm de CAP.

REGENERAÇÃO NATURAL (0 a 10 cm)

Na regeneração natural (0 - 10 cm de cap), foram identificadas 47 espécies. Destas, 34 se encontram representadas no estrato arbóreo. As 13 espécies, encontradas na regeneração e ausentes no estrato arbóreo são: Alibertia concolor, Bernardia pulchella, Brunfelsia uniflora, Dalbergia frutescens, Eugenia uniflora, Machaerium paraguariensis, Maytenus aquifolium, Maytenus dasyclados, Myrsine coriacea, Psychotria nitidula, Rollinia silvatica, Rudgea parquioides e Schaeferia argentinensis. Destas, apenas Dalbergia frutescens, Eugenia uniflora, Maytenus dasyclados e Rollinia silvatica, apresentam indivíduos no intervalo de 10 e 30 cm de CAP. As espécies mais abundantes na regeneração (0 - 10 cm de CAP) incluem: Allophylus edulis, Nectandra megapotamica, Cupania vernalis, Matayba elaeagnoides, Myrciaria tenella, Fagara rhoifolium, Maytenus dasyclados, Albizia niopoides, e Casearia decandra.

As espécies que apresentaram maiores volumes por hectare foram respectivamente a Araucaria angustifolia com 191,57 m3, Nectandra megapotamica (34 m3), Prunus selowii (17,15 m3), Matayba elaeagnoides (12,90 m3), Ocotea puberula (8,85 m3) e Ocotea pulchella (8,15 m3). Estes resultados basicamente confirmam aquilo que já se sabe há bastante tempo, ou seja, que a Araucaria angustifolia é uma árvore com excelente potencial para o reflorestamento. Esta espécie aliás, além de sua boa taxa de crescimento, apresenta outras vantagens como: fuste reto, desrama natural e potencial para atingir grandes volumes de madeira. Ela inclusive é bastante utilizada em reflorestamentos nos Estados do Sul do Brasil. Das demais espécies que se destacaram em termos de volume, todas com exceção da Matayba elaeagnoides, apresentam boas características para a produção de madeira, tais como: fuste de bom tamanho, boas taxas de crescimento, e potencial para atingir bons volumes. Já a Matayba elaeagnoides é uma espécie que não apresentou estas características nas parcelas estudadas, o que depõe contra sua utilização em reflorestamentos para produção de madeira. Estes resultados no entanto, não são definitivos, cabendo estudos mais aprofundados, inclusive para o conhecimento do comportamento silvicultural destas espécies em plantios homogêneos ou em consórcio com outras espécies.

 

ASPECTOS ECOLÓGICOS DA FLORESTA

O fragmento estudado apresenta a fisionomia característica da Floresta Ombrófila Mista ou Pinhal. Na execução do trabalho florístico observou-se uma distribuição irregular das espécies na floresta. Algumas espécies concentram-se em alguns locais, com um grande número de indivíduos, não se repetindo a sua ocorrência em outras parcelas. Como exemplo, cita-se Matayba elaeagnoides que apresentou 45 indivíduos adultos, do total de 86, em apenas uma uma das 8 parcelas em que ocorreu.

Notou-se a presença constante de espécies como Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica e Allophylus edulis, no entanto, cada parcela apresentava alguma espécie que dominava principalmente o estrato médio.

O relevo da área em estudo, caracterizado por coxilhas, com sítios altos, encostas e partes mais baixas, pode explicar a ocorrência destes "grupos", como resultado das diferentes exposições à luz solar, diferentes graus de hidromorfia e altitude.

 

CONCLUSÕES

Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica, Matayba elaeagnoides, Prunus selowii, Ocotea puberula, Ocotea pulchella, Allophylus edulis, Lithraea brasiliensis, Capsicodendron dinisii, Campomanesia xanthocarpa e Lonchocarpus campestris são as espécies mais características e importantes do fragmento florestal estudado.

As espécies mais importantes do estrato superior incluem Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica e Prunus selowii. Nos estratos médio e inferior predominam Matayba elaeagnoides, Allophylus edulis, Nectandra megapotamica, Cupania vernalis e Trichilia elegans.

Estes elementos indicam que a Floresta Ombrófila Mista apresenta uma vegetação variada, com espécies de grande valor econômico e bom potencial para reflorestamentos, podendo-se citar como exemplo, o caso da Araucaria angustifolia, Nectandra megapotamica, Prunus selowii, Ocotea puberula e Ocotea pulchella. Cabe salientar ainda, que ocorrem na área estudada várias espécies produtoras de sementes ou frutos comestíveis, como o Pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia) e diversas espécies de Mirtáceas. Este aspecto além de ser importante para a população local, tem grande importância para a sobrevivência da avifauna, grande dispersora de sementes e colaboradora na manutenção das florestas nativas.

São contudo, necessários estudos mais aprofundados, com vistas ao melhor conhecimento do comportamento das espécies em seu habitat, a ciclagem dos nutrientes nestas espécies florestais e sua potencialidade silvicultural e madeireira.

 

REFERÊNCIAS

[2] AZAMBUJA, D. Fichas Dendrométricas Comerciais e Industriais de Madeiras Brasileiras - Pinheiro-brasileiro. Anais do Encontro Brasileiro de Economia Florestal. 1 (1); 365 - 367, 1948.

[6] BRAUN-BLANQUET, J. Fitossociologia - base para el estudo de las comunidades vegetales. Madrid, Ed. Blume, 1979. 3ª ed. 820 p.

[8] FINOL, U. H. Nuevos parametros a considerar-se en el analisis estructural de las selvas virgenes tropicales. Rev. For. Venez. 14 (21) 29 - 42, 1971.

[4] KAGEYAMA, P.Y. Conservação "in situ" dos recursos genéticos de plantas. Série IPEF 35 7-40. 1987.

[5] KELLMAN, M. C. Plant geography. London Methun. l975.

[1] KLEIN, R.M. O aspecto dinâmico do pinheiro brasileiro - Sellowia, nº 12: 17-44. l960.

[7] LAMPRECHT, H. Ensayo sobre unos metodos para el analisis estructural de los bosques tropicales. Acta Científica Venezuelana. 13 (2): 57-65, 1962.

[3] RAMBO, B. Fisionomia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Livraria Selbach, 1956. 360p.

[9] SOUZA, P.F.de Terminologia Florestal - Glossário de termos e expressões florestais. Rio de Janeiro. Fundação IBGE, 1973, 304 p.

 

 

Endereço para correspondência
Edson Luís Piroli
E-mail: piroli@fca.unesp.br

Patrícia Porto Chaffe
E-mail: patriciachaffe@zipmail.com.br