4, v.1Abordagem qualitativa da inserção do biogás X diesel para o meio ruralAnálise comparativa da implantação da tarifa horo-sazonal em uma agroindústria author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic event listing  





An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002

 

Agroenergia - fundamentos sobre o uso de fontes renováveis de energia no meio rural

 

4º Encontro de energia no Meio Rural

 

 

Geraldo Lúcio Tiago FilhoI; Eliane Framil FerreiraII

IDepartamento de Engenharia Mecânica - Programa de Pós Graduação em Engenharia da Energia. Centro Nacional de Referência em PCHs - CERPCH. Universidade Federal de Itajubá.- UNIFEI. CEP 37 500 - 000 Itajubá, MG. F. (035) 3629 1157 Fax: (035) 3629 1265 tiago@iem.efei.br
IIPrograma de Pós Graduação em Engenharia da Energia. Centro Nacional de Referência em PCHs - CERPCH. Universidade Federal de Itajubá.- UNIFEI. CEP 37 500 - 000 Itajubá, MG. F. (035) 3629 1385 Fax: (035) 3629 1265 nanaframil@bol.com.br

 

 


RESUMO

A UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), tendo como meta o atendimento às necessidades da comunidade rural, principalmente, àquelas distantes das linhas convencionais de distribuição de energia elétrica e, portanto, desprovida desse "bem social", criou o curso de Agroenergia - fundamentos sobre o uso de fontes renováveis de energia no meio rural, com o objetivo de proporcionar ao homem do campo, através da construção do conhecimento, caminhos alternativos para a obtenção de eletricidade com enfoque, também, na racionalidade do seu consumo.
Para chegar nessa racionalidade acredita-se na educação como um agente de transformação, capaz de incrementar a capacidade das pessoas de transformar suas idéias sobre a sociedade em realidades funcionais, além de proporcionar mudanças radicais de atitudes e comportamentos.
Conhecendo a rotina diária do trabalhador rural e, conseqüentemente, a falta de tempo disponível para outros tipos de atividade, a equipe de trabalho do curso decidiu oportunizar a construção do conhecimento, sobre as fontes renováveis, aos filhos desse trabalhador que através do diálogo poderiam despertar nos adultos o interesse pelo uso de tais fontes contribuindo, desta forma, para a melhoria da qualidade de vida.
As principais fundamentações sobre este assunto estão discorridas neste artigo.

Palavra chaves: Qualidade de vida; Desenvolvimento sustentável; Fontes renováveis; Conhecimento; Ambiente de aprendizagem


ABSTRACT

UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá), having as gol the assistance to needs to rural community, mostly, to those far from the electric power distribution conventional lines created Course of Agroenergia - the use of renewable energy fontes of in the rural areas, with the goal of providing to the man of the country, through the construction of the knowledge, alternative ways for the electricity obtainment with focus, as well, in the rationality of his consumption.
To arrive at this rationality it believes in education as a transformation agent, able to increase people's capacity of transforming their ideas on the society in functional realities, besides providing radical changes of attitudes and behaviors.
Knowing worker's rural daily routine and, consequently, the lack of available time's for other kinds of activity, the working team of the course decided
The main principles about this curse are presented in this paper.


 

 

PANORAMA ATUAL DO AMBIENTE

Segundo, BRAGA et all (2002) o desenvolvimento da sociedade ocorreu de forma desordenada e sem planejamento pela falta de consciência do homem em relação aos limites de ocupação do solo. Com isso, teve início a degradação ambiental resultando em impactos negativos significantes, comprometendo a qualidade de vida. Dentre os vários impactos colocados por FERRARI TOMÉ (2002), em seu artigo "Alerta geral na biosfera", pode-se ressaltar:

• o desmatamento resultante de cortes desordenados e queimadas, favorecendo o desenvolvimento da erosão, a desertificação, a extinção de nascentes e cursos d'água;

• a queima de combustíveis fósseis, principalmente, por veículos e indústrias que contribuem para o aumento excessivo da emissão de gases responsáveis pela formação do efeito estufa, chuva ácida, inversão térmica e destruição da camada de ozônio;

• a caça predatória extinguindo, desta forma, parte da fauna e da flora;

• a poluição das águas pelo lançamento de substâncias orgânicas e inorgânicas resultantes, principalmente, do esgoto doméstico, efluentes industriais e uso indevido de agrotóxicos;

• a prática agrícola aleatória, feita ao longo dos anos, sem a preocupação com a capacidade produtiva dos solos, ou seja, sem reposição de nutrientes e matéria orgânica, levando-o à exaustão, empobrecimento em um curto espaço de tempo; e

• o aumento de resíduos sólidos de difícil decomposição, seja pela ação física quanto pela biológica, acarretando no desperdício de matéria-prima, produto final e energia, além de contribuir para a ocorrência de enchentes.

Conforme o IBAMA (1999) o futuro parece cada vez mais problemático há, pois uma premência em criar condições para um futuro sustentável tentando, desta forma, minimizar os problemas ambientais. Surge, neste contexto, o termo desenvolvimento sustentável que, de acordo com a Comissão do Desenvolvimento e Meio Ambiente (1987) significa: "Atender, satisfazer as necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade e habilidades das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades."

Assim, os recursos naturais devem ser utilizados de forma consciente pelo homem evitando a escassez, principalmente, da água que é um dos elementos responsáveis pelo desenvolvimento sócio-econômico-tecnológico do país, uma vez que grande parte da energia elétrica gerada advém de fonte hidráulica.

 

DESENVOLVIMENTO RURAL

O homem que vive no campo, muitas vezes desprovido de informações, desconhece a riqueza dos recursos naturais existentes ao seu redor e tenta buscar a melhoria da qualidade de vida migrando para os centros urbanos. Quando se depara com a falta de emprego e dificuldade de acesso a moradia, tende a voltar para o lugar de origem, ou seja, à propriedade rural.

Para que aconteça o desenvolvimento, também, na zona rural faz-se necessário que o homem do campo tome conhecimento do grande potencial que o ambiente ao seu redor pode propiciar, ou seja, aproveitar as fontes renováveis de energia como o sol, vento, água e resíduos orgânicos de maneira sustentável para obter energia elétrica fundamental ao atendimento de várias necessidades diárias, na propriedade, como: refrigeração, uso de máquinas agrícolas; iluminação; aquecimento de água; lazer; etc.

Para que o curso fosse contemplado no contexto atual precisou-se fundamenta-lo em algum setor da sociedade no caso, em particular, a educação que de acordo com SCHMITZ (1993) é algo profundamente significativo. Pode-se dizer, ainda, que a "educação representa o processo vital e consciente de contínua retomada de consciência de si mesmo, para o homem continuar a aprofundar a própria personalidade, e procurar novos caminhos de auto-realização e de integração criativa e responsável na sociedade em que está inserido". Como o homem do campo tem seus hábitos já moldados pela vivência social, dificilmente acredita na possibilidade de mudanças, de inovações criando, desta forma, certa resistência diante do novo, além de faltar-lhe disponibilidade de tempo e incentivo na busca por tecnologias alternativas, visando uma vida mais satisfatória.

De acordo com DELVAL (1997) desenvolvemos formas de pensamento fora da escola, porém, a mesma adiciona novos conhecimentos, iniciando o pensamento científico e cultural. Por isso, houve a necessidade de apresentar as tecnologias alternativas no decorrer do curso que oferecesse embasamento para a produção, assimilação e acomodação do conhecimento. A criança questiona o tempo todo sobre o que acontece em torno dela, especialmente, se a instigarmos, se lhe suscitarmos a curiosidade por meio de perguntas. Ela tem idéias a respeito das coisas, de boa parte do conhecimento científico, idéias que ela constrói espontaneamente ao longo de seu desenvolvimento, como também formulam explicações.

Assim, a aprendizagem deve ser encarada como um processo onde a criança seja o sujeito da construção do conhecimento, pois ela só irá aprender de forma significativa quando faz alguma coisa, quando opera mentalmente. Portanto, a criança seria nesse curso um elo importantíssimo de ligação entre o conhecimento construído e o adulto, motivando-o a repensar sua postura e sua prática.

 

ATRIBUIÇÕES DO CURSO PARA O PAÍS

Baseado em dados estatísticos estima-se que, atualmente, 80% da população vive em área urbana e 20% na área rural. Sem acesso a energia elétrica existem de 4 a 5 milhões de domicílios ou aproximadamente 20 milhões de pessoas, sendo a maioria em regiões remotas. Assim surge a importância de conhecer como as fontes renováveis podem minimizar essa carência energética indo de encontro a meta do governo que é a busca por alternativas visando a sustentabilidade e universalização do setor elétrico.

Com o uso das fontes renováveis para geração de eletricidade, o país pode se beneficiar considerando os seguintes aspectos:

• uso de fontes gratuitas; de certa forma abundante no ambiente; consideradas renováveis; menos poluidoras e com menor índice de impacto ambiental;

• favorecimento de sistemas independentes, pela facilidade de serem sistemas isolados;

• diminuição da total dependência de sistemas hídricos para geração de energia elétrica, principalmente, no período de escassez das chuvas evitando, assim, a ocorrência de futuros racionamentos; e

• ampliação do mercado industrial e comercial de produtos referentes a cada fonte de energia e, conseqüentemente, necessidade de aumentar a mão-de-obra existente trazendo mais emprego ao país.

Em contrapartida, há aspectos que impedem o "boom" do mercado alternativo de energia, tais como:

• falta de investimento em pesquisa, desenvolvimento e instalações de energias provenientes de fontes renováveis, cujo apoio do governo é imprescindível;

• falta de credibilidade, convicção por parte de alguns membros da sociedade diante do uso de fontes renováveis que pensam, muitas vezes, em retorno imediato de investimento e esquecem que o que se tem a ganhar é um futuro mais limpo, com energia para suprir o aumento da demanda, além de evitar problemas com racionamento ou apagão;

• agilidade na aprovação de diretrizes, decretos, leis que regulamentam com objetividade o setor elétrico brasileiro diante do contexto onde está inserido;

• falta, às vezes, de clareza na definição de metas precisas e eficazes para incentivar parcerias com o setor privado.

 

ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM

Segundo SCHMITZ (1993) é importante a criação de um ambiente em que se dê o encontro humano em todas as suas dimensões e este ambiente pode ser a escola, não necessariamente como existe hoje, mas como um ambiente em que crianças, adolescentes e adultos, trocando experiências, possam mutuamente auxiliar-se a crescer e adquirir novas experiências, numa palavra, educar-se. Assim, pode-se dizer que ambientes de aprendizagem são lugares destinados ao processo de construção do conhecimento. No atual contexto em que vivemos o espaço da PCH Luiz Dias, de propriedade da CEMIG e cedido para a UNIFEI através de comodato, tornou um excelente ambiente por estar rodeado de recursos naturais disponíveis e, também, por ter uma usina de geração de energia elétrica, proveniente de fonte hidráulica, 24h/dia facilitando a aquisição de conceitos físicos de eletricidade.

No entanto, nada melhor para o processo de aquisição do conhecimento do que a aprendizagem contextualizada e significativa. Somente, desta forma é que o aluno será capaz de emancipar-se socialmente buscando cada vez mais a melhoria da qualidade de vida.

As figuras 1 e 2 mostram parte do que há na área, onde se encontra a PCH Luiz Dias, reforçando o porquê de ser um ambiente rico e significativo de aprendizagem.

 

 

 

 

CARACTERIZANDO A PCH LUIZ DIAS

A PCH Luiz Dias está localizada no rio Lourenço Velho, na sub-bacia hidrográfica do rio Sapucaí - bacia do rio Grande - no município de Itajubá. O acesso a ela se dá no quilômetro 8 da rodovia Itajubá-Maria da Fé, num trajeto de 4 km em estrada de terra.

O sítio hidrológico é constituído por 38,96 hectares de terras rurais, com vegetação de espécies da Mata Atlântica, onde habitam animais silvestres como pacas, capivaras, lobos, macaco-sagüi e tucanos.

Pela caracterização acima pode-se notar mais um motivo forte para que o curso de Agroenergia aconteça no local, assim como, instigar a idéia de que a sustentabilidade pode ser conseguida se, realmente, os recursos naturais forem usados conscientemente.

 

RELAÇÃO DO PAEDA COM O SÍTIO HIDROLÓGICO DA PCH LUIZ DIAS

A UNIFEI, em parceria com a CEMIG, concebeu a criação de um centro de excelência em energia renovável e meio ambiente a funcionar no sítio hidrológico da PCH Luiz Dias, denominado Parque de Alternativas Energéticas para o Desenvolvimento Auto-sustentável (PAEDA).

Dentro das diversas atividades propostas para este centro, está a constituição de diversas bancadas de pesquisa e demonstração das diferentes formas de aproveitamento energético convencional ou não-convencional. Tais bancadas serão utilizadas por alunos, desde o ensino fundamental até os de graduação e pós-graduação. Aos primeiros cabe a intenção de visualizar e conhecer novas tecnologias e aos outros o despertar de interesse para o desenvolvimento de novos equipamentos e metodologias para a geração, distribuição e consumo de energia, enfatizando as tecnologias alternativas de geração, de forma a demonstrar o aproveitamento de recursos naturais renováveis de energia.

O PAEDA teve sua concepção baseada inicialmente no Centro de Tecnologia Alternativa (CAT) na cidade de Machynleth - País de Gales e no Museu da Ciência em Paris, onde o visitante pode interagir com as instalações e bancadas. Terá um programa de visitas para todos que direta ou indiretamente se demonstram interesse pela questão energética e ambiental. Essas visitas serão marcadas em dia e horário previamente determinados, onde os visitantes conhecerão de maneira prática as formas de geração de energia, com suas características e particularidades, desde a mais rudimentar até as mais complexas e modernas. Ainda dentro das atividades do PAEDA merece destaque, também, os projetos ambientais como a criação de canteiros com mudas de espécies nativas; do reflorestamento do terreno da Usina Luiz Dias; da mata ciliar do rio Lourenço Velho; da piscicultura para reprodução de peixes da região e do percurso de trilhas ecológicas visando o reconhecimento e preservação da fauna e flora local. Para finalizar deve haver palestras, vídeo e distribuição de cartilhas sobre conservação e geração de energia no campo e educação ambiental, visando a conscientização do visitante sobre a importância de harmonizar o desenvolvimento e o progresso com o ambiente alcançando efetivamente a sustentabilidade, ou seja, leva-lo a perceber que "o uso correto dos recursos energéticos hoje garantirá a continuidade no amanhã" possibilitando, desta forma, o uso desses recursos pelas gerações futuras.

Recentemente, a UNIFEI através da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão de Itajubá (FAPEPE) firmou um convênio com o SEN/MME para a efetiva construção do PAEDA.

 

CONSTITUIÇÃO DO PARQUE

A princípio o PAEDA será constituído das seguintes unidades:

Unidade de energia hidráulica - contará com vários grupos geradores hidrelétricos com turbinas do tipo: Pelton, Michell Banki, Turgo, Hélice Tubular e BFT (Bomba funcionando como turbina) com potências variando em cada uma de 0,1 a 10 kW com reguladores de carga eletro-eletrônicos e geradores síncronos e assíncronos; um carneiro hidráulico e uma roda d'água para bombeamento de água, tendo também uma roda d'água para geração de eletricidade em pequena quantidade.

Unidade de energia solar - com coletores termo solar para aquecimento de água e painéis fotovoltaicos para geração de energia elétrica, bombeamento de água e, também, comunicação.

Unidade de biogás - construção de um biodigestor tipo batelada que será utilizado para demonstrar a produção de gás a partir de material orgânico.

Unidade de energia eólica - montagem de bancada para demonstração do aproveitamento da energia armazenada nos ventos para fins como bombeamento de água ou geração de energia elétrica.

Unidade de tecnologia ambiental - viveiros de mudas de espécies nativas, recuperação de matas ciliares, implantação de modelos de floresta energética, desenvolvimento de técnicas de paisagismo, censo de animais silvestres existentes no sítio da PCH, acompanhamento dos hábitos dos animais. Enfim, programas de proteção a fauna e flora local.

Unidade hidrométrica - avaliar e desenvolver uma modelagem adequada a pequenas bacias hidrográficas, como também analisar o potencial hidroenergético de uma região, de forma que coletando o nível e a vazão do rio, seja possível traçar uma curva chave H (altura) x Q (vazão) obtendo-se, assim, o comportamento do rio e o seu ciclo de secas e enchentes.

Unidade de treinamento - formada por um prédio escolar com três salas de aula, com capacidade de acomodação para, aproximadamente, vinte pessoas por sala.

Alojamento - inclui uma residência que permitirá a acomodação de até dezesseis pessoas a fim de serem organizadas visitas, como o Dia no Campo, para a demonstração das tecnologias desenvolvidas no PAEDA.

 

OBJETIVOS NORTEADORES DO CURSO

Todo trabalho, para que se torne eficiente, deve ser pautado em ações que caracterizem o como fazer / como agir. Conforme SCHMITZ (1993) nenhuma atividade educacional poderá ser bem-sucedida sem objetivos e mais os objetivos gerais, interpretados em cada momento específico, fornecem todo material para os objetivos específicos, caracterizados como uma determinação detalhada e minuciosa das circunstâncias em que os objetivos gerais serão realizados, ou seja, especificação das atividades e dos resultados imediatos a serem alcançados, e operacionais caracterizados como a determinação das técnicas, dos recursos e limites para alcançar os objetivos específicos é, pois a própria ação, delimitada e planejada, envolvendo resultados, condições e limitações da ação e dos resultados, a partir claro dos objetivos específicos.

Baseado nesta definição, ao final do curso pretende-se que os alunos sejam capazes de:

• analisar o contexto vivido identificando as fontes renováveis em maior evidência no local;

• refletir continuamente sobre as ações cotidianas relacionando-as com a preservação ambiental;

• observar equipamentos usados na obtenção de energia elétrica através das fontes alternativas;

• elaborar conhecimento específico sobre as fontes alternativas expondo, posteriormente, às outras pessoas; e

• fazer uso de alguma fonte alternativa de energia na propriedade construindo ou adaptando equipamentos específicos para cada uma.

Com isso, segundo SCHMITZ (1993) os objetivos devem abranger todos os domínios da vida humana, tais como:

cognitivo - referindo-se ao domínio da razão, inteligência, compreendendo desde simples informações, conhecimentos específicos, intelectuais, até idéias, princípios, habilidades mentais, análise, síntese, aplicação, etc;

afetivo - com ênfase ao domínio de valores, atitudes, apreciações, decisões, ou seja, aprofundamento humano na situação da educação; e

psicomotor - referindo-se mais a habilidades operativas ou motoras.

No entanto, a proposta de trabalho do curso de Agroenergia é criar condições para que o aluno construa seu conhecimento, tornando-o significativo.

 

ABORDAGEM DE CONTEÚDOS

No ano de 2000 o curso se baseou em uma programação de conteúdos, ministrados por módulos, distribuídos da seguinte maneira:

Energia hidráulica - importância da água; distribuição no mundo; ciclo hidrológico; geração elétrica no Brasil; o que é vazão e altura de queda; métodos para medir vazão e queda; máquinas hidráulicas - quais são e para que servem; microcentrais hidrelétricas - o que são, para que servem e quais seus componentes; características que definem a classificação como microcentral; recomendações para instalação de microcentral; etc.

Energia eólica - utilidade do vento desde os tempos remotos; aproveitamento eólico; tipos de aerogeradores e suas respectivas funções; classificação do vento; instrumentos de medição de velocidade e direção do vento; etc.

Energia solar - considerações iniciais; transmissão de calor; importância do aproveitamento da luz e calor do sol; captação da energia solar (aquecedor e painel fotovoltaico), etc.

Bioenergia - conceito; biomassa e tipos; utilização da biomassa; biogás; biofertilizante; etc.

Ecologia - ecossistema, hábitat, relações dos seres vivos; cadeia alimentar; ar/água/solo; poluição e conseqüências diversas; lixo - o que é; reciclagem/redução/reutilização e compostagem - o que cada termo significa; etc.

Sistemas energéticos integrados - o que isso significa; análise das disponibilidades energéticas e coleta de dados na propriedade; etc.

A carga horária total do curso, no referido ano foi de 246 horas.

No término das atividades ocorreu a entrega de certificados aos alunos e "professores" pela participação, como mostra a figura abaixo.

 

 

TÉCNICAS DE ENSINO

Neste curso, o professor deve ser o mediador, facilitador do conhecimento buscando, conforme DEMO (2000) adequar teoria e prática na formação do aprendiz, proporcionando-lhe capacidade de elaboração própria, criação e, conseqüentemente, emancipação social.

O curso de Agroenergia, tanto o 1º quanto o 2º, ficou caracterizado por essa busca, interesse e preocupação da equipe de trabalho diante do conhecimento construído e assimilação/acomodação do mesmo pelo aluno.

Portanto, as técnicas utilizadas visando assegurar tal conhecimento foram:

Aula expositiva participativa - buscou-se continuamente suscitar no aluno a participação para a elaboração e/ou definição de conceitos sobre os assuntos abordados em cada módulo.

Dinâmicas - utilizada no módulo de meio ambiente, para interagir alunos e instrutores com o mesmo, ou seja, faze-los perceber que um vegetal não é apenas um vegetal, sem significado nenhum, mais sim como parte fundamental do ciclo da vida. Exemplo: associação da primeira letra do nome a característica de uma árvore local.

Trabalho em grupo - para fixar um tema discorrido ou as informações após a exibição de um vídeo. Ao terminar o trabalho cada grupo deveria expor o que foi produzido aos demais, como demonstrado na figura abaixo.

 

Experiências x praticidade - após trabalhar algumas informações como: lixo (coleta seletiva); compostagem; fases da água; biodigestor; cata-vento; curva de nível; vazão; altura de queda; etc.; os alunos dentro do possível buscavam relacionar teoria e prática, ou seja, aulas extra classe, mas dentro do próprio espaço da PCH Luiz Dias.

 

 

Aulas passeio - utilizadas com o intuito de vivenciar outros espaços de aprendizagem como: Companhia de Saneamento Básico (COPASA), lixão de Itajubá, Centro Nacional de Referência em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos (CERPCH) e Laboratório Hidromecânico de Pequenas Centrais Hidrelétricas (LHPCH) ambos na UNIFEI, pois há mais assimilação do conhecimento quando se ouve e vê algo que se encontra registrado nos livros, jornais, revistas, etc.

 

 

 

 

Não poderia deixar de mencionar o uso de recursos que tendem a concretizar a ação pedagógica. Estes recursos podem ser de qualquer natureza, desde que propiciem a construção do conhecimento pelo aluno. Referente ao curso usou-se: microscópio, placas de petri, frutas, latões, tintas látex, sucatas diversas, cartolinas, pincéis, madeira, placas de zinco, tela, pneu velho, vidro, prego, martelo, pé de galinha, trena, cronômetro, nível de carpinteiro, tv/vídeo, retroprojetor, quadro negro, redes de plâncton, etc.

Contudo, outras técnicas de ensino poderão vir enriquecer o curso, uma vez que o ensino é contextual.

 

AVALIAÇÃO

A avaliação do curso foi feita através de uma reunião com os coordenadores, professores levando, também, em consideração relatos orais dos alunos sobre o andamento do curso. A conclusão que se chegou foi que sempre deverá existir a inter relação entre teoria & prática e que mais conceitos deveriam ser fornecidos aos alunos, principalmente, no que diz respeito a energia como, por exemplo, conversão e propagação da mesma relacionando processos físicos e químicos. Tal fato repercutiu na reelaboração do curso, aprimorando-o.

Em 2001 o curso de Agroenergia ficou organizado da seguinte forma:

Introdução a energia - ressaltando a energia como garantia de sobrevivência; o que é energia, quais as formas de sua propagação, como é convertida, qual sua importância no cotidiano e cuidados que devemos tomar com a eletricidade; conceito de corrente elétrica; etc.

Microcentrais hidrelétricas - o que são, para que servem e quais seus componentes; características que definem a classificação como microcentral; recomendações para instalação de microcentral; etc. Este módulo estava integrado em Energia hidráulica.

Ecologia - além das informações contidas no módulo de 2000, foi acrescentado o assunto trilhas ecológicas: o que são, qual a importância e tipos; e em resíduos orgânicos compostagem: o que é e como se faz.

Segurança no trabalho - trata-se de conhecer o que são riscos ambientais; tipos de agentes que caracterizam os riscos; cuidados com a eletricidade; cuidados coletivos (EPC's) e cuidados individuais (EPI's); etc.

Os módulos de Energia solar, Energia hidráulica, Energia eólica, Bioenergia e Sistemas energéticos integrados mantiveram as mesmas considerações do 1º curso.

Conseqüentemente, a parte teórica do curso foi ampliada aumentando, desta forma, a carga horária perfazendo um total de 260h.

Tem-se, pois a avaliação como diagnóstica, formativa e somativa.

 

NOVAS EXPECTATIVAS

O curso de Agroenergia foi lançando e ministrado por 2 anos atendendo, respectivamente, 10 e 18 alunos da zona rural de Itajubá.

Através do processo de avaliação detectou-se pontos positivos e, também, negativos. Para sanar os pontos negativos, faz-se necessário a revisão da carga horária teórica e prática procurando adequa-las com mais coerência; a busca por mais parcerias visando apoio econômico-financeiro, principalmente, na aquisição de materiais para a construção de kit's didáticos-pedagógicos e mini bancadas como de: coletor solar, biodigestor, monjolo, roda d'água, carneiro hidráulico, etc. e também que este curso tenha projeção futura transcendendo o ensino fundamental. Conseqüentemente, todo trabalho desenvolvido, ano após ano, passará por uma avaliação buscando cada vez mais a melhoria de sua qualidade, uma vez que a teoria ministrada será vivenciada na prática social.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SCHMITZ, Egídio Francisco. "Fundamentos da Didática. São Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 1993

DELVAL, Juan. "Aprender a aprender". São Paulo: Papirus, 1997.

"Educação para um futuro sustentável - Uma visão transdisciplinar para uma ação compartilhada". Edições IBAMA, 1999

DEMO, Pedro. "Pesquisa - Princípio Científico e Educativo" 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.