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An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002

 

Células de combustível e a integração de recursos energéticos

 

 

Flávio Minoru MaruyamaI; Arnaldo Gomes de Almeida LacerdaII; Luiz Cláudio Ribeiro GalvãoIII; Miguel Edgar Morales UdaetaIII, 1

ICopem Engenharia Ltda. CEP 04551-060 São Paulo - SP: Tel (11) 3849-0298 ramal 243; Fax (11) 3845-4541
IIIPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. CEP: 05508-901 São Paulo-SP; tel: (11) 3767-4948
IIIGEPEA - USP - Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. CEP: 05508-900 São Paulo - SP; tel: (11) 3091-5279 fax: (11) 3032-3595

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho é o de apresentar uma das tecnologias mais promissoras de produção de energia: as células de combustível. Esta proposta está focada na região do Médio Paranapanema (MPP), uma das regiões menos desenvolvidas do estado de São Paulo. Iniciando por uma visão do estado da arte das tecnologias de células passíveis de aplicação, procura-se a seguir enfatizar a metodologia utilizada e os principais critérios adotados que garantam a possibilidade e viabilidade da aplicação das células de combustível na região do MPP. Os resultados contemplam uma análise, tecnológica, ambiental e sócio-econômica sobre as perspectivas futuras da introdução das células de combustível no MPP. Tendo como base o PIR (Planejamento Integrado de Recursos) e visando o Desenvolvimento Sustentável, onde todos estes fatores possuem a mesma importância na escolha da unidade geradora de eletricidade, buscando a melhor decisão onde, consumidores, natureza e investidores podem ser satisfeitos hoje e no futuro. Conclui-se que é necessário considerar as vantagens que esta tecnologia traz em questões ambientais e sociais, por possuir um peso considerável, como mecanismo de desenvolvimento limpo, na proteção do meio ambiente e das futuras gerações, que é a preocupação geral da humanidade.

Palavras chave: Células de Combustível, Hidrogênio, Recursos Energéticos, planejamento integrado de recursos, energia, desenvolvimento sustentável.


ABSTRACT

The goal of this study is to present one of the most promising technologies of energy production: the Fuel Cells. This proposal is focused on the area of the Medio Paranapanema (MPP), one of the less developed areas of the Sao Paulo state. Starting from an overview of the state of the art of fuel cells technology susceptible to application, to proceed it's sought to emphasize the used methodology and the main criteria adopted to guarantee the possibility and viability of the fuel cells application in MPP. Specially concerning an analysis of the technological, environmental, political and socio-economical of future perspectives with the introduction of the fuel cells in MPP. It is based on a Integrated Resources Planning and Sustainable Development, where all these factors possess the same importance in the choice of the generating unit of electricity, looking for the best decision where, consumers, nature and investors can be satisfied today and in the future. In conclusion is necessary to notice the great importance and the great social and environment advantages of this tecnology as a "Clean Development Mechanism", protecting the environment, the future generations, wich is the world general concern.


 

 

INTRODUÇÃO

Para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento mundial, o mundo futuro está preocupado em praticar políticas eficazes de proteção ao meio ambiente. Com isso, existe um grande interesse na pesquisa de tecnologias de fontes alternativas renováveis de energia para a substituição da energia gerada pela queima de combustíveis fósseis.

A produção de energia a partir das células de combustível se apresenta como uma grande alternativa para as gerações futuras, por se tratar de uma energia "limpa", não poluidora.

Diversas são as tecnologias das células de combustível presentes atualmente e muito se avança nas suas pesquisas e desenvolvimento.

Ambientalmente as células de combustível são tecnologias muito promissoras. Atuando de forma limpa, silenciosa e apresentando baixos níveis de emissão de poluentes, num mundo hoje preocupado com a preservação ambiental.

A análise de aplicação desta tecnologia na Região do MPP visa primeiramente, a alimentação de cargas isoladas na região, onde os custos das instalações de redes de transmissão, distribuição e subestações são inviabilizados pela distância da unidade consumidora. E principalmente planejando um atendimento a crescente demanda de energia na região num futuro próximo, através de reforços da rede local por plantas a base de células de combustível, como geração distribuída.

No contexto deste trabalho, são focados aspectos técnicos e econômicos que fazem parte do planejamento energético tradicional e por fim os aspectos ambientais, sociais e político, com a introdução do Planejamento Integrado de Recursos.

De fato, este trabalho contempla uma análise tecnológica, ambiental e sócio-econômica sobre as perspectivas futuras da introdução das células de combustível na região do MPP, em face de formação da carteira de recursos energéticos de células de combustível (dentro do PIRMPP) e visando também o Desenvolvimento Sustentável.

Nesse sentido, o trabalho se orienta segundo a metodologia e critérios técnicos como a seguir:

 

IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA FOCADA

A área geográfica focada, no sentido de conduzir o planejamento energético, é o a região de Médio Paranapanema -MPP. Tal definição é necessária pois a idéia do trabalho envolve a proposta do planejamento integrado de recursos.

O MÉDIO PARANAPANEMA

A região do MPP está localizada no estado de São Paulo e tem uma área de 7.013 km2, os seus municípios estão localizados dentro das bacias dos rios Paranapanema e do Peixe, tal como se observa na figura 1. O MPP é formado por um total de 17 municípios que são: Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cruzália, Echaporã, Florínea, Ibirarema, Lutécia, Maracaí, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina, Quatá, Tarumã e Oscar Bressane. O MPP é a terceira região menos desenvolvida do Estado (depois do Vale do Ribeira e Pontal do Paranapanema), e a sua infra-estrutura e base econômica estão totalmente voltadas para a agricultura e seus produtos.

 

 

Grandes usinas hidrelétricas estão localizadas na região, mas suas produções são em grande parte enviadas aos grandes centros consumidores. Atualmente, a população da região destaca que alguns de seus problemas mais sérios estão relacionados aos impactos ambientais causados pelas usinas e barragens, às tarifas energéticas controladas, não refletindo os custos locais e as áreas rurais não atendidas por falta de energia (SQUAIELLA e HAGE, 1999; UDAETA, 1997; GARCIA, 1999).

 

AS CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL

As células de combustível são geradores eletroquímicos de energia elétrica e seu funcionamento é similar ao de uma bateria. Porém, a energia não fica armazenada nos componentes existentes, mas suprida enquanto for mantido o fluxo de combustível (hidrogênio) e oxidante (ar). Os principais componentes da célula são: dois eletrodos porosos e o eletrólito. Seu funcionamento é silencioso e apresentam baixíssima emissão de poluentes.

Dentre as principais características que tomam atrativa a tecnologia das células de combustível, é a possibilidade de emprego de gás natural, metanol, gás de carvão, a nafta e outros. Esses combustíveis quando utilizados, são inicialmente submetidos a uma reação com o vapor, num processo conhecido como reforma catalítica. Em seguida, o gás resultante do processo reage com o oxigênio no interior da célula produzindo principalmente água, energia térmica e energia elétrica, sem a ocorrência de combustão, Comparado com o processo de combustão tradicional, este processo se realiza com eficiência significativamente mais elevada e, como já mencionado, com baixíssima emissão de gases poluentes.

O calor gerado durante seu funcionamento pode ser utilizado para diversos usos em cogeração, elevando a eficiência em até 85% (PIMENTA, 1997).

TIPOS DE CÉLULAS

As tecnologias de células de combustível diferem entre si, não só pelo eletrólito utilizado na célula, mas também, principalmente, pelas reações eletroquímicas envolvidas e pelas temperaturas de operação.

As tabelas 1 e 2 mostram as principais tecnologias e as características dos vários tipos de células de combustível.

 

 

 

 

CÉLULAS ALCALINAS (AFC)

Devido ao seu alto custo, sua viabilidade só é aceitável em missões espaciais e militares.

O grande interesse demonstrado por aplicações terrestres móveis e estacionárias à base de células de combustível alcalinas está vinculado ao desenvolvimento de componentes de baixo custo para sua viabilização econômica.

CÉLULAS A ÁCIDO FOSFÓRICO (PAFC)

A mais antiga e mais desenvolvida até o presente, sendo a única tecnologia comercial desde 1994. Utilizando o ácido fosfórico como eletrólito, estas células, conhecidas pela sigla PAFC, podem ser abastecidas com combustíveis relativamente limpos, derivados do processo de reforma de combustíveis fósseis como o Gás Natural, o GLP e outros destilados leves, ou ainda do processo de limpeza do gás de carvão produzido por um gaseificador.

Para proporcionar maior atividade das reações eletroquímicas as células de combustível do tipo PAFC, requerem o emprego de catalisadores à base de metais nobres como a platina, o que representa uma grande desvantagem pelo seu alto custo. O ácido fosfórico oferece algumas vantagens como a sua excelente estabilidade térmica, química e eletroquímica; e a baixa volatilidade para temperaturas superiores a 1500 C.

As principais aplicações das células de combustível PAFC são as centrais de cogeração com potência de 50 a 1000kW, para instalação nas dependências do consumidor ("on-site power"), destinadas ao suprimento de eletricidade e de calor para estabelecimentos comerciais, conjuntos residenciais e pequenas indústrias. Nessas aplicações o combustível mais utilizado é o gás natural reformado, embora já existam unidades abastecidas com nafta e metanol. O calor produzido obtido, através de recuperação parcial ou total do calor residual gerado no processo, pode ser utilizado para aquecimento de água ou para o sistema de ar condicionado, mediante processo de absorção.

No inicio dos anos 90, a Toshiba e a ONSI, uma "joint venture" entre a United Technologies Corporation e a Toshiba, iniciaram a produção comercial de unidades de 200 kW, conhecidas como PC-25. Desde 1992 até o final de 2000, pouco mais de 200 unidades PC-25 já haviam sido produzidas e se encontram em quinze países, inclusive no Brasil.

CÉLULAS A MEMBRANA POLIMÉRICA (PEMFC)

Também chamadas de Polímero Sólido (SPFC) As células SPFC utilizam como eletrólito, uma membrana de polímero sólido. Os eletrodos são construídos em grafite para proporcionar a condução da corrente elétrica. A eficiência das reações eletroquímicas é obtida com a utilização de catalisadores. Tal como nas células tipos AFC e PAFC, a Platina é utilizada como agente catalisador das reações eletroquímicas que se processam na célula.

Apesar da baixa temperatura de operação (60 -110°C), as células SPFC suportam densidades de correntes elevadas, o que as tornam capacitadas para aplicações que requerem partidas rápidas. Outras vantagens que se destacam neste tipo de tecnologia são a estrutura compacta, a facilidade de fabricação, o baixo peso e a longa vida que tem sido demonstrada por protótipos em operação experimental. Por outro lado, o elevado custo da membrana, a necessidade de um controle cuidadoso da umidade da célula e a sua a intolerância ao monóxido de carbono (CO) são algumas das grandes desvantagens das células SPFC.

O principal foco dos projetos correntes são as aplicações, na indústria automotiva. Contudo, esta tecnologia tem também se mostrado muito promissor para aplicações estacionárias, como em centrais de cogeração. Estudos mostram que a eficiência desta célula pode ultrapassar os 70% se operarem em ciclo combinado Células de Combustível/Turbogeradores a gás. Neste ciclo o combustível que não participa da reação na célula é utilizado para alimentar o turbogerador a gás.

CÉLULAS A CARBONATO FUNDIDO (MCFC)

A Célula de Combustível de Carbonato Fundido (MCFC) evoluiu de um trabalho dos anos de 1960 com o propósito de produzir uma célula de combustível que operasse diretamente com carvão.

As células de combustível a carbonato fundido empregam como eletrólito uma mistura de Carbonatos de Lítio (Li) e de Potássio (K), aplicada sobre uma porosa, isolante e quimicamente inerte matriz cerâmica de LiAIO2. Uma das principais características das células MCFC que as diferenciam das demais é o envolvimento do dióxido de carbono (CO2) nas reações eletroquímicas.

Uma outra interessante peculiaridade das células MCFC é que o monóxido de carbono normalmente existente no gás de entrada do ânodo vai funcionar como um gás combustível da mesma forma que o Hidrogênio, sofrendo um processo de oxidação e liberando CO2 e elétrons adicionais.

As elevadas temperaturas de operação das células MCFC (630 a 6500C), além de proporcionarem eficiências globais superiores a 55% e uma grande flexibilidade quanto aos combustíveis a serem utilizados, aceleram os processos químicos e físicos, inerentes às mesmas, resultando assim numa série de vantagens econômicas e de desempenho sobre as células AFC, PAFC e SPFC. Dentre essas vantagens se destacam a não necessidade do emprego de materiais nobres para as funções catalisadoras e a dispensa de um equipamento externo para o processo de reforma do combustível, pois nas células MCFC o processo de reforma pode ser realizado internamente, na própria câmara do ânodo. As temperaturas de operação das células MCFC são também suficientemente altas para a produção de calor residual em sistemas de cogeração com ciclo combinado.

A tecnologia das células de combustível a carbonato fundido está se tornando cada vez mais atrativa para aplicações em centrais de cogeração de médio e grande porte, por oferecer diversas vantagens sobre os sistemas à base de células a ácido fosfórico (PAFC). Entre elas, destaca-se a elevada eficiência combustível/energia elétrica, bem superior das unidades de tecnologia convencional e aos 42% - 47% observados nas unidades a células de ácido fosfórico, sem o aproveitamento do calor residual. Quando o calor residual é utilizado em esquema de ciclo combinado, a eficiência global da central pode atingir 85%.

CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL ABASTECIDAS DIRETAMENTE COM METANOL (DMFC)

"Direct Methanol Fuel Cell" surgiram na década de 90 como uma alternativa de utilização das células SPFC em veículos. O Metanol têm a grande vantagem de ser um combustível líquido alternativo à gasolina e ao óleo diesel, capaz de funcionar como um transportador de Hidrogênio abastecendo diretamente as células de combustível SPFC, sem a necessidade de um pré - processamento.

Dentre os principais obstáculos a serem superados está a necessidade de se prover catalisadores adequados através de elevadas cargas de platina nos eletrodos. Um outro grande problema é o baixo desempenho das DMFC's comparada com as células do mesmo tipo, porém abastecidas com Metanol reformado.

Em alguns casos foi constatado que uma DMFC utilizando oxigênio puro como oxidante apresentou uma densidade de corrente de 7.000 A/m2 em 0,5 V, cerca de 30% inferior à uma célula SPFC equivalente utilizando Metanol reformado e ar como oxidante.

CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL A ÓXIDO SÓLIDO (SOFC)

São dotadas de eletrólito à base de uma mistura de óxido de zircônio (Zr02) e Yttria (Y203), ânodo de composto de Níquel Óxido de Zircônio (Ni-ZrO2) e cátodo à base de Estrôncio (Sr). Operam em temperaturas bastante elevadas, em torno de 1.000 0C e gozam das mesmas vantagens das células de combustível MCFC quando comparadas com as células de baixa temperatura (PAFC e SPFC).

Algumas das características próprias das células de combustível SOFC que as tornam vantajosas em relação às células MCFC: possuem eletrólito não corrosivo e sólido, portanto mais estáveis; São mais tolerantes à contaminação pelo enxofre e suportam processos de remoção de contaminantes à temperatura elevada (que são mais eficientes), tornando-as assim mais apropriadas para operação com o gás de carvão como combustível.

O calor produzido pode ser utilizado em aplicações de cogeração, para acionar uma turbina a vapor elevando a eficiência global para a ordem de 80%, ou para aplicação em ciclo combinado Células de Combustível / Turbogerador a gás.

No final dos anos 90 existiam pelo menos sete empresas no Japão, oito na Europa e uma na Austrália empenhadas na pesquisa e no desenvolvimento das células SOFC.

Algumas unidades experimentais se encontram em testes, e a expectativa é que dentro de algum tempo seja possível a construção modular de centrais de grande porte com densidade energética de cerca de 1 MW/m3 e eficiência global de 50 a 60%.

 

COMBUSTÍVEIS

No Brasil, a disponibilidade do combustível para as células é grande. Podendo ser obtidos por: processo eletrolítico utilizando energia secundária de hidrelétricas no período fora de ponta, metanol, gás natural, biomassa ou hidrogênio solar.

Neste estudo será analisado o combustível proveniente da fonte energética da região, como hidrogênio eletrolítico.

 

ANÁLISE ECONÔMICA

Proposta de geração distribuída com Células de Combustível utilizando como combustível o hidrogênio eletrolítico produzido por energia secundária.

MÉTODO E CRITÉRIO PARA ANÁLISE

Para a análise foi considerada a perspectiva do consumo de energia elétrica para cargas isoladas na região. Porém, como a geração por células de combustível permite a integração de módulos de células, é possível dimensionar a planta de geração de acordo com a demanda requerida.

Foi adotada a tecnologia da célula alcalina, que é a mais apropriada para o combustível a ser utilizado.

Como premissa de projeto a geração de energia se realizou através de um módulo de 1MW.

 

DIMENSIONAMENTO

Célula tipo AFC

Potência instalada: 1MW

Fator de carga: 70%

Rendimento da célula: 50%

A determinação da vazão de hidrogênio está dada pela expressão a seguir:

Vazão máxima = 720,0 m3/h

Vazão media = (vazão máxima)x(Fator de carga)

Vazão média anual = 4.417.836 m3/ano

Custo do hidrogênio = 4,124 R$/m3 (BALLARD, 2000)

1 US$ = 1,90 R$

O hidrogênio, poderá, por exemplo, ser produzido fora do horário de ponta por processo eletrolítico utilizando energia secundária.

O cálculo do custo do combustível é levantado a través da seguinte relação:

Assim sendo os custos envolvidos no contexto deste trabalho são:

Custo do combustível = 1562,73 US$/MWh

Custo da célula = 650,00 US$/kW

Custo de Operação e Manutenção (O&M) = 6,5 US$/kW.ano

Custo Unitário = (Custo Investimento Anual) + (Custo O&M) + (Custo do Combustível)

Custo unitário = 1591,61 US$/MWh

Realizando uma simulação com os mesmos cálculos e valores relativos, utilizando gás natural e etanol, obtemos a comparação da tabela 3.

 

 

INCORPORANDO O CONCEITO DE PIR

Ao levantar a questão das células combustíveis, o intuito é de apresentar um pouco, certas conclusões que são validadas em termos comparativos e sempre no escopo conceptual do PIR (Planejamento Integrado de Recursos energéticos).

Isto é, que na medida em que há a aceitação de considerar os recursos integralmente em termos da indústria elétrica, descobrem-se alternativas às vezes inacreditáveis.

Nesse sentido, por exemplo, uma análise tradicional sobre o custo do ciclo de vida, mostra que a turbina de gás é a opção que se apresenta com o menor custo, quando o nível de utilização é de 15% (fator de capacidade).

Porém, se no escopo dos benefícios das células de combustível forem considerados a inclusão do efeito do adiamento da elevação da capacidade de uma subestação por três anos, então, os custos líquidos desta alternativa, seriam comparáveis aos de uma estação central de turbina a gás.

Dentro deste esquema, outros benefícios, quantificáveis, pode ser considerado, dentre eles o retardamento da elevação da tensão das linhas de transmissão, ou inclusive, a possibilidade de evitar uma elevação conjunta da capacidade da subestação e da tensão da linha de transmissão.

 

QUESTÕES AMBIENTAIS E SOCIAIS

Os sistemas estacionários à base de células de combustível caracterizam-se principalmente pela capacidade de geração de energia elétrica em local próximo ao centro da carga.

Dentre as diversas vantagens da aplicação das células de combustível podemos citar: a produção de energia elétrica e calor com pouquíssima emissão de poluentes; processo silencioso o que possibilita a aplicação nas dependências do consumidor; o adiamento, a redução ou a eliminação de investimentos em linhas de transmissão; redes de distribuição e até mesmo de construções de novas hidrelétricas.

Evita-se assim a inundação de grandes áreas por represas que podem afetar diretamente no ecossistema. A transmissão de alta tensão traz vários problemas além dos técnicos, como: interferência de campos elétricos e eletromagnéticos em seres vivos, rádio e TV.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante enfatizar que estas tecnologias estão rapidamente se tornando viáveis, devido a programas de defesa do meio ambiente espalhado pelo mundo, onde a necessidade de adquirir equipamentos não agressivos ao meio ambiente é crescente.

Algumas opções, que determinam o fundamento e a construção da carteira de recursos energéticos com células de combustível, podem ser sugeridas para adentro do Planejamento Integrado de Recursos Energéticos na Região do MPP (o PIRMPP) (MARUYAMA e LACERDA, 2000):

 

CONCLUSÕES

É verificado um custo ainda elevado para esta alternativa de geração 1.591,61 US$/MWh, utilizando como combustível o hidrogênio produzido fora do horário de ponta por processo eletrolítico, utilizando energia secundária e a célula AFC, entretanto o custo desta tecnologia tende a cair rapidamente.

Por outro lado, é necessário considerarmos as vantagens que esta tecnologia traz em questões ambientais e sociais.

Levantaram-se as principais características das tecnologias de células de combustível, e embora ainda não estejam comercialmente amadurecidas, os seus potenciais não podem ser subestimados.

Verificou-se neste trabalho que a viabilidade da produção de energia elétrica a partir das células de combustível depende muito do combustível utilizado. Num futuro próximo, pelas projeções do panorama da matriz energética brasileira e pelos avanços da tecnologia das células de combustível, teremos a viabilidade da geração de energia elétrica estacionária através desta tecnologia.

Outro ponto a ser ressaltado é a possibilidade da transferência desta tecnologia dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento. Em função dos acordos para redução das emissões de CO2, nos quais os países desenvolvidos ganhariam bônus por investir em formas mais eficientes de geração de energia, minimizando as emissões dos gases de efeito estufa. Porém, estes pontos ainda permanecem indefinidos embora já se conte com alguns exemplos sendo implementados. Neste aspecto verificamos que a tecnologia das células de combustível tende a ser muito promissora, por possuir um peso considerável na proteção do meio ambiente.

 

REFERÊNCIAS

PIMENTA, J.L. "O Suprimento de Energia Elétrica Através das células de Combustível", Dissertação de mestrado, POLI-USP, São Paulo - SP, 1997.

SQUAIELLA, D.J.F.; HAGE, F.S.; "Possibilidades de Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Região do Médio Paranapanema", Relatório Final do Projeto de Formatura, POLI-USP, São Paulo - SP, 1999.

UDAETA, M.E.M. "Plamejamento Integrado de Recursos Energéticos para o Setor Elértico" (pensando o desenvolvimento sustentável) - São Paulo - SP, 1997.

GARCIA, J.L.A.; "Produção de Hidrogênio Eletrolítico Utilizando Energia Secundária e seu uso como vetor Energético", XV Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (XV SNPTEE), Foz do Iguaçu - PR, 1999.

BALLARD - Fuel Cells - Home Page: (http://www.ballard.com), data da pesquisa: 10/2000.

IFC - International Fuel Cells - Home Page: (http://www.internationalfuelcells.com), data da pesquisa: 08/2000.

DOE - United States Department of Energy, Home Page: (http://www.eren.doe.gov/repis), data da pesquisa: 05/2000.

MARUYAMA, F.M.; LACERDA, A.G..A. "Geração de Energia Elétrica a partir das Células de Combustível Focando a Região do Médio Paranapanema", Relatório Final de Projeto de Formatura, PEA / EPUSP 2000.

 

 

1 Autor Responsável: Miguel Edgar Morales Udaeta GEPEA - USP. Avenida Prof. Luciano Gualberto, trv3, 158 - CEP: 05508-900. São Paulo - SP - Brasil. eMail: udaeta@pea.usp.br