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An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002

 

Desenvolvimento de um sistema de iluminação mais eficiente para utilização em granjas de produção de ovos férteis visando a racionalização de energia elétrica no setor avícola

 

 

Maria Hermínia Ferreira TavaresI; Rodrigo Aparecido JordanII

IMestrado em Engenharia Agrícola, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas da UNIOESTE - Campus de Cascavel, CEP 85814-110, Cascavel - PR, tel: (0xx45) 225-2100, fax: (0xx45) 222-3600
IIFaculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas, CEP 13083-970, Campinas-SP, tel: (019) 3788-1007 fax: (019) 3788-1010

 

 


RESUMO

Na cadeia produtiva da Avicultura, o insumo mais utilizado, desconsiderando-se a ração, é a energia elétrica, principalmente na produção de pintainhos de um dia, ocorrendo consumo em todas as fases, da produção do ovo até a incubação. Para a obtenção do ovo, consome-se grande quantidade de luz, devido à necessidade de exposição à luz no comprimento de onda da cor amarela, fator indispensável para que a ave mantenha a produção de ovos férteis em níveis ótimos. A redução dos gastos com energia está ligada à melhoria dos sistemas de iluminação, já que o sistema mais utilizado é formado por lâmpadas de grande potência, baixa eficiência e vida útil curta. Das 9 avícolas do Oeste e Sudoeste do Paraná, apenas uma emprega em torno de 20 mil lâmpadas incandescentes de 100 W. Assim, nosso trabalho objetivou desenvolver um sistema de iluminação que utilizasse menor quantidade de lâmpadas, demandasse menor carga de energia elétrica e apresentasse maior durabilidade. Foram montados os sistemas de iluminação a vapor de sódio 70W, vapor misto 250W e fluorescente HO 110W, obedecendo-se o índice mínimo de luminosidade de 40 luxes. As grandezas elétricas foram acompanhadas com um medidor/registrador digital, com dados tomados a cada 5 minutos, ao longo de 1 mês. O sistema a vapor de sódio mostrou ser o mais econômico e durável.

Palavras - chave: Sistema de iluminação, índice de luminosidade, granja de produção, Avicultura, tipo de lâmpada, energia elétrica.


ABSTRACT

In the productive chain of the Aviculture, the most consumed input, ignoring the ration, is the electric energy, mainly in production of one day's chicks, occurring consumption in all the phases, from the egg's production to the incubation. For the egg's production, it is used a huge amount of light, due to the exhibition's need to the light in the wave's length of the yellow color, indispensable factor for the bird maintain the fertile egg's production in a excellent level. The reduction of the energy's expense is related to the improvement of the illumination's systems, since the common system is formed by lamps of large potency, low efficiency and brief useful life. Among the 9 poultries from Parana's West and Soutwest, just one uses 20000 incandescent lamps of 100 W. So, our work has aimed to develop a illumination's system that used a smaller amount of lamps, demanded smaller amount of electric energy and presented larger durability. The illumination's systems with vapor of sodium 70, mixed vapor 250 and fluorescent HO 110 were mounted, being obeyed the minimum index of luminosity of 40 luxes. The electric measures were performed through a digital recorder, with data being taken every 5 minutes, during one month. The system with vapor of sodium has proved to be the most economic and durable.


 

 

INTRODUÇÃO

No panorama atual da industrialização agrícola, a indústria avícola é um ramo que tem crescido muito, principalmente após a abertura de mercado para exportação do frango brasileiro: a partir daí houve um sensível acréscimo na produção de aves e o setor passou a oferecer um maior número de empregos, ligados às várias etapas da cadeia produtiva.

No Brasil, em especial no Estado do Paraná, existem várias empresas ligadas ao ramo da avicultura, desde da produção do pintainho até o abate, sendo parte da produção reservada para o consumo interno e o restante destinado à exportação para o Japão, Estados Unidos e Oriente Médio.

Devido ao crescimento acelerado e ao aumento da concorrência, as empresas passaram a se preocupar com o aumento da eficiência do processo produtivo, de modo a reduzir os dispêndios com insumos, aumentando assim a margem de lucro. Torna-se fundamental a redução dos custos de produção, nos quais estão incluídos os gastos com energia elétrica. O estudo do consumo e da conservação de energia elétrica no setor avícola passou a ser muito importante no momento atual, no qual os avicultores brasileiros defrontam-se com um mercado, tanto interno como externo, altamente competitivo (POGI & PIEDADE JR, 1991).

Dentro da cadeia produtiva do ramo avícola, o insumo mais consumido, deixando-se de lado a ração, é a energia elétrica, principalmente nas empresas que produzem pintainhos de um dia. Nestas empresas, a energia elétrica é utilizada em todas as fases do processo, desde a produção do ovo até a incubação do pintainho.

Na fase de obtenção do ovo para incubação, é consumida grande quantidade de energia elétrica provinda do elevado número de lâmpadas utilizadas como complemento para suprir a necessidade de exposição à luz, a qual é necessária para que a ave possa manter a produção de ovos férteis em níveis ótimos (ENGLERT, 1997). Neste caso, um dos principais fatores para a redução dos gastos com energia elétrica está relacionado com a melhoria dos sistemas de iluminação, uma vez que o sistema comumente utilizado nessas granjas é composto por lâmpadas de grande potência, de baixa eficiência e vida útil muito curta, fator que também aumenta os gastos com reposição.

O alto custo da energia elétrica aliado a necessidade de racionalização como forma de evitar futuros colapsos, devido ao grande desperdício existente em nosso país, fez surgir a idéia de se estudar um novo sistema de iluminação, o qual fosse mais eficiente e mais econômico, tomando-se o cuidado de se manter a luminosidade exigida pela ave, de forma a não causar redução na produtividade de ovos. Realiza-se dessa maneira uma efetiva colaboração com o PROCEL (Programa Nacional de Racionalização de Energia).

Nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, existem hoje 9 empresas avícolas que trabalham com a parte primária da cadeia produtiva de aves, ou seja, a produção de pintainhos, onde encontramos as granjas de produção de ovos para incubação. Somente uma dessas empresas, somando todos os seus galpões, possui, aproximadamente, 20 mil lâmpadas incandescentes de 100 W, levando a uma carga total em iluminação de 2 MW, quantidade capaz de iluminar uma cidade do porte de Cascavel, situada na Região Oeste do Paraná, com 280 mil habitantes. Mesmo assim, não se tem registro de nenhum trabalho direcionado à melhoria do sistema de iluminação em granjas de postura de ovos férteis.

Para implementar a conservação e a racionalização do uso da energia elétrica em instalações para aves de postura de ovos férteis, é importante conhecer as aplicações e os equipamentos que consomem esta forma de energia e seus reflexos na produção da ave. Nestas granjas, o sistema de iluminação é responsável por quase todo o consumo, assim como também pelos altos dispêndios com energia elétrica, já que é necessária a complementação de 7 horas diárias com iluminação artificial para atender as necessidades das aves, de forma a manter bons níveis de produtividade, já que a intensidade de luz recebida pela ave influi diretamente no número de posturas e na qualidade dos ovos destinados à incubação.

Um adequado projeto e um bom plano de operação e manutenção das instalações elétricas podem representar significativas economias de energia, garantir condições adequadas para o funcionamento e para a segurança dos equipamentos e continuidade da produção (CEMIG, 1989).

O sistema de iluminação usualmente encontrado nas granjas é composto por lâmpadas de alta potência e baixa eficiência luminosa, caracterizado por utilizar uma grande quantidade de lâmpadas, aumentando assim a carga elétrica instalada do sistema. Existe a necessidade de se estudar e elaborar novos sistemas de iluminação que utilizem lâmpadas mais eficientes, de forma a reduzir a quantidade de lâmpadas utilizadas nessas granjas sem causar danos ao processo produtivos e sim que, se possível, venha a trazer ganhos à produção (WHITEHEAD & SHUPE, 1979).

 

MATERIAL E MÉTODOS

Descrição da Empresa

A empresa na qual está sendo realizado o trabalho de racionalização é uma avícola que produz pintainhos de um dia para comercialização junto as granjas de produção de frango de corte e postura comercial. Esta avícola é composta por um grande sistema, já que, além do Paraná, possui também unidades em São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais.

No Paraná, a empresa possui 4 incubatórios e 2 fábricas de ração, sendo que, no processo produtivo, estão integradas mais 63 granjas de postura e 2 granjas de recria, empregando diretamente mais de 1000 pessoas

Somando-se todas as granjas de produção pertencentes a esta empresa, chega-se a uma quantia de 20 mil lâmpadas incandescentes, distribuídas em 200 galpões de produção de 100 x 12 metros, valor que se iguala ao número de lâmpadas da iluminação pública de uma cidade do porte de Cascavel.

Descrição do Processo Produtivo

O sistema num todo é composto de vários subsistemas: granjas de postura, granjas de recria, incubatórios e fábricas de rações. Cada subsistema produz um item necessário ao processo produtivo, os quais, somados, colaboram para a obtenção do produto final, que é o pintainho de um dia.

O processo produtivo segue as seguintes etapas:

1ª etapa) Os ovos com carga genética de melhor qualidade são trazidos para o Brasil;

2ª etapa) Esses ovos são incubados no que se chama incubatórios de avós;

3ª etapa) Essas avós são criadas praticamente no escuro, nas granjas de recria ou "dark houses", onde a luminosidade é de apenas 4 luxes. Quando as aves atingem idade suficiente para começar a produzir ovos são colocadas diretamente em contato com a luz;

4ª etapa) Os ovos produzidos pelas avós são incubados nos incubatórios de matrizes, sendo que, após a eclosão, as matrizes, ainda pintainhos, são também mantidas e criadas nas "dark houses", até terem tamanho e porte suficientes para produzirem ovos de boa qualidade;

5ª etapa) Após as aves atingirem um porte adequado, são encaminhadas para as granjas, denominadas dentro do processo, de granjas de produção. Nessas granjas é onde se concentra a maior carga de energia elétrica, devido ao grande número de lâmpadas utilizadas no processo para complementar as 17 horas de luz, necessárias diariamente para manter a produção de ovos em níveis ótimos;

6ª etapa) Na última etapa, os ovos produzidos nas granjas de produção são encaminhados aos incubatórios comerciais, onde se obtém o produto final, que é o pintainho de um dia para corte ou para postura.

No processo todo, o insumo mais consumido, e também o mais importante, é a energia elétrica. Nos incubatórios as cargas são basicamente compostas por incubadoras equipadas com resistência puras e sistemas de exaustores, de forma a manter a temperatura estável, já que uma variação de 0,5ºC nessa fase do processo é fatal. Nas granjas de produção faz-se necessário a complementação de 6 a 7 horas diárias com iluminação artificial de forma a atender as necessidades das aves para manter a produção diária, uma vez que a intensidade de luz influi diretamente no processo. Para se ter uma idéia, a empresa gasta anualmente, somente no Paraná, em todo o processo, em torno de 0,5 milhão de reais, sendo as granjas de produção, responsáveis por 32% dos gastos com energia elétrica.

Sistema de Iluminação Atual

O sistema de iluminação normalmente utilizado em granjas de produção é composto por lâmpadas incandescentes. Este tipo de lâmpada apresenta uma baixa taxa de conversão lúmens/Watt, de modo que é exigido um maior número de lâmpadas, tornando assim o processo oneroso, devido a grande quantidade de energia que dispende. Um outro problema encontrado, é a baixa durabilidade deste tipo de lâmpada, o que ao longo do processo, faz aumentar o custo devido as gastos com reposições.

Para obtenção do índice mínimo (40 luxes) de luminosidade exigido para aves de postura de ovos férteis quando utilizado o sistema com lâmpadas incandescentes, aplicam-se, em galpões de 100 X 12 m, a quantidade de 33 lâmpadas de 100 W e 66 lâmpadas de 60 W distribuídas em três fileiras, duas laterais com lâmpadas de 60 W e uma central com lâmpadas de 100 W, ambas espaçadas a cada 3 metros uma da outra.

Em alguns casos é necessário utilizar uma quantidade de 99 lâmpadas incandescentes de 100 W no sistema de iluminação de um barracão de 100 X 12 m, ou até mesmo, como verificado em levantamentos realizados em outras granjas pertencentes a mesma empresa, tendo sido até 120 lâmpadas compondo o sistema de iluminação, tanto que o sistema incandescente foi batizado pelos produtores de "Pinheirinho de Natal" devido a grande quantidade de lâmpada que se utiliza.

Regime de Operação do Sistema de Iluminação

Conforme já comentado nos itens anteriores, as aves necessitam de um intensidade de 17 horas de luz por dia, sendo que parte dessas horas é suprida com iluminação artificial, distribuída ao longo do dia da seguinte maneira: de manhã das 4:00 às 7:00 horas e à tarde, das 6:00 até as 21:00 horas. Desta maneira, no período da tarde, os sistemas de iluminação operam dentro do horário de ponta.

Sistemas de Tarifação

As normas de tarifação são estabelecidas junto às concessionárias de energia elétrica pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), sendo formuladas em função das condições de fornecimento. As granjas nas quais foram testados os sistemas de iluminação estavam enquadradas no grupo B, classificação Rural com medição em Baixa Tensão. Neste tipo de enquadramento a medição é simples composta somente de um medidor de kWh, não sendo cobrado valores relativos a importe de demanda e importe de excesso reativo (baixo fator de potência), dispensando demais medições e comparações relativos a mudança no fator de potência e diferenças de tarifação.

Estudos para Determinação do Novo Sistema

Os estudos tiveram como objetivo desenvolver um sistema de iluminação que utilizasse uma menor quantidade de lâmpadas, demandasse menor carga de energia elétrica e apresentasse maior durabilidade. Para tal, tomou-se como base critérios relacionados às necessidades das aves de postura, de forma a não prejudicar a produção de ovos. Assim, obedeceu-se o índice mínimo de luminosidade (40 luxes), o qual é necessário para aves de postura em produção: a configuração do novo sistema ( espaçamento entre lâmpadas e altura de montagem) teve que ser dimensionado de forma a reproduzir um índice igual ou maior ao exigido (COTRIM, 1992).

Também foi buscada a reprodução de cor amarelada, já que o comprimento de onda amarelo é o que mais estimula a ave a produzir ovos. Desta forma, o estudo foi dividido nas fases: escolha das lâmpadas, determinação das configurações dos novos sistemas, pré-montagem e verificação dos critérios para os novos sistemas.

Escolha das Lâmpadas

Para a escolha das lâmpadas foram utilizados, basicamente, os catálogos técnicos de fabricantes, sendo exigidas três características básicas: capacidade de reprodução de espectro de onda amarela igual ou superior à lâmpada incandescente convencional, uma vez que a luz amarela é muito importante na produção de ovos. Apresentar bom rendimento luminoso luméns/Watts, de forma a se utilizar a energia elétrica de uma forma mais eficiente. Outra característica exigida foi a durabilidade, uma vez que a lâmpada incandescente, usualmente empregada, apresenta uma durabilidade muito baixa, sendo que na maioria dos casos a vida útil é bem mais reduzida do que o especificado pelo fabricante (1000 horas). Na Tabela 1 estão especificados a durabilidade e o rendimento para alguns tipos de lâmpadas.

 

 

Procurou-se levar em conta também o preço da lâmpada e facilidade de manuseio da mesma, uma vez que nestas granjas, a cada 10 meses é realizado a troca de lote e a desinfetação completa do galpão, sendo necessário para isto, a retirada do sistema de iluminação.

Determinação e Pré-montagem dos Novos Sistemas

Após a escolha das lâmpadas com o auxílio de catálogos técnicos, passou-se a se estudar as configurações para os novos sistemas: através de cálculos luminotécnicos foram definidos os novos sistemas, determinando-se as quantidades de lâmpadas constituintes para cada tipo de lâmpada escolhida. É importante ressaltar que os sistemas a serem testados foram montados tomando como referência o galpão padrão, que é de 12 x 100 m, sendo cada sistema novo batizado com o nome da lâmpada do qual era composto.

Devido aos critérios de cálculos luminotécnicos usualmente empregados não quantificarem com precisão o número de lâmpadas para este tipo de situação, para uma ajuste mais preciso, foi realizada uma pré montagem de cada sistema (2 lâmpadas) em um galpão escuro e sem forro, de forma a simular as condições normalmente encontradas dentro dos aviários. A intensidade luminosa foi medida com o auxílio de um luxímetro digital, com o objetivo de se verificar se as distâncias de montagem determinadas pelos cálculos estavam corretas, reproduzindo no chão a quantidade de luxes necessária para a atividade. Após alguns novos ajustes, chegou-se então as configurações finais, sendo que a Tabela 2 ilustra os sistema obtidos e a quantidade de lâmpadas componentes de cada um.

 

 

Devido ao alto custo para a montar e avaliar todos os sistemas projetados, somente três destes foram escolhidos para serem montados e avaliados. A empresa em questão se mostrou interessada visto ao grande número de granjas que possuía, colocando-se à disposição para montar em alguns de seus aviários três dos sistemas projetados para que pudessem ser avaliados.

Dos sistemas mencionados na tabela 2 foram escolhidos para serem montados o sistema Vapor de Sódio 70W, Vapor Misto 250W e o Fluorescente HO 110W.

O sistema Vapor de Sódio 70W foi escolhido por já se estar utilizando, com grande êxito, este tipo de lâmpada em substituição a vapor de mercúrio na iluminação pública. A configuração adotada para este sistema, de forma a reproduzir a intensidade mínima de iluminação, foi distribuir as lâmpadas em duas fileiras, espaçadas 5,88 metros uma da outra, com uma altura de montagem de 2,40 metros. Como este sistema necessita de reator e ignitor, foi desenvolvido em parceria com uma empresa de montagens elétricas um sistema de suporte de metal tipo gaveta preso em uma estrutura de madeira de forma a facilitar a retirada do conjunto, quando da necessidade de se realizar a desinfetação do galpão.

O sistema Fluorescente HO 110 foi escolhido para ser testado pela empresa avícola em questão. A configuração para este sistema de forma produzir o índice mínimo de luminosidade, foi distribuir as lâmpadas em três fileiras, espaçadas uma das outras de 6,25 metros, com uma altura de montagem de 2,00 metros. Pelo motivo de ter que utilizar reator para sua partida, a lâmpada e o reator foram montados em calha chanfrada simples presa por correntes com ganchos, de forma a facilitar a retirada do conjunto para desinfetação do galpão.

No caso do sistema Vapor Mista 250W, o mesmo foi escolhido para ser testado, por ser relativamente mais barato e proporcionar uma boa reprodução de cor amarela. A configuração adotada para este sistema devido a grande potência da Lâmpada, foi utilizar uma única fileira de lâmpadas centradas no meio do galpão, espaçadas uma das outras de 6,25 m a uma altura de 4 metros próximo da cumeeira. Neste caso para que o fuxo luminoso não se dispersasse, e fosse dirigido totalmente ao chão do galpão, foi utilizado um prato refletor. Como este sistema é mais compacto, não necessitando de dispositivos auxiliares na partida, para retirada do mesmo na época da desinfetação do galpão, basta desrrosquear a lâmpada.

Avaliação dos Novos Sistemas

A avaliação objetiva comparar os dados de consumo de energia elétrica e o número de lâmpadas queimadas no período de avaliação, realizar medição de índice de luminosidade e quantificar a produção de ovos em cada sistemas, sempre com relação ao sistema convencional (incandescente),para verificar possíveis quedas na produção causadas pela utilização de outro tipo de lâmpada.

O período de análise citado acima é de 10 meses, o qual é o tempo útil de produção de um lote de aves. Quando iniciada a postura (22º semana de idade) até a 33º semana, a produção de ovos de uma ave de postura é crescente, podendo ser considerado como um pico máximo de produção. Já, da 33º semana até a 66º semana, a produção de ovos começa a cair gradativamente e, após a 66º semana, a produção cai bruscamente, não sendo mais viável economicamente manter a ave em produção. Devido a isto é determinado como vida útil de produção de um lote de aves alojadas o período de 10 meses.

Medição do Consumo de Energia Elétrica

As medições de consumo de energia elétrica dos sistemas em avaliação foram feitas com o auxílio de um medidor/registrador de grandezas elétricas. Trata-se de um equipamento eletrônico portátil, totalmente estático, dotado de interface homem-máquina, mostrador, interface para comunicação serial, entradas de TC'S (transformadores de corrente) para medição de corrente, entrada direta para medição de tensão até 530 V e entrada para TP'S (transformadores de potenciais) para medições de média tensão. O equipamento é adequado para a coleta e posterior análise dos dados registrados, através de microcomputador compatível com PC padrão IBM.

A exibição em mostrador alfanumérico é registrado em memória eletrônica das grandezas medidas (tensão, corrente, potência ativa, potência reativa, potência aparente, energia ativa, energia reativa e fator de potência), em valores instantâneos, monofásicos e trifásicos. Possibilita programação de intervalos de registro da medida de 1 s, 1 min, 5 min, 10 min, 15min e 60 min, através do teclado do equipamento.

Exibe gráficos das tensões, correntes potências (W e Var)e fatores de potência, monofásicos ou trifásicos, isoladamente, ou simultâneos por grandeza de mesma natureza, ou simultâneos por fase.

Foram obtidos valores de consumo de energia elétrica dos galpões equipados com cada sistema com integralização dos dados de 5 em 5 minutos, ao longo de 1 mês.

Os valores de consumo somados aos demais resultados, auxiliaram na determinação do melhor e mais econômico sistema de iluminação para substituição do sistema antigo, formado por lâmpadas incandescentes.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Apresentamos aqui os dados comparativos entre os sistemas em teste e o sistema com lâmpadas incândescentes, de forma a se medir a eficiência entre estes e as vantagens em relação ao sistema antigo.

Valores de Consumo de Energia

Os valores de consumo mensal de energia elétrica, obtidos através do medidor/registrador de grandezas elétricas, encontram-se ilustrados na tabela abaixo:

 

 

Com base nos dados da Tabela 3, estima-se, para cada sistema, os valores de consumo mensal de energia elétrica total, relacionando estes valores de consumo de energia elétrica com o número de aves alojadas, considerando a densidade populacional de 4,67 aves alojadas/m2 e mais o custo da energia elétrica, sendo a tarifa praticada pela Concessionária local para o Grupo "B" rural (caso da maioria das granjas levantadas) de R$ 0,08686/kWh. Para um galpão de 100 X 12 metros, resultam, para cada sistema, os valores listados na Tabela 4.

 

 

À medida que os fatores kWh/ave/lote e R$/ave/lote dimiuem, a eficiência energética do sistema de iluminação aumenta. Sendo assim, verificamos que o sistema Vapor de Sódio 70W foi o que apresentou a melhor eficiência energética e obteve melhor eficiência econômica. Em comparação com com o sistema Fluorescente HO 110W, o rendimento do sistema Vapor de Sódio 70W foi 55,29% maior.Com relação ao sistema Vapor Misto 250 W, este rendimento foi de 40,63% e, comparado ao sistema incandescente, esta diferença chegou a 76%.

Durabilidade das Lâmpadas

No período de avaliação (10 meses), para os sistemas em teste não se verificou nenhuma queima de lâmpadas. Já para o sistema incandescente, no mesmo período, foi registrada a queima de 120 Lâmpadas.

Devido a durabilidade especificadas pelos fabricantes, para os sistema sem teste, ser superior a 1 ano no caso em questão, para uma melhor análise deste item seria necessário um tempo maior.

Com base no regime de funcionamento dos sistema de iluminação nessas granjas foi possível juntamente com os dados técnicos apresentados nos catálogos de fabricantes, foi possível estimar a vida útil para cada sistema, conforme mostrado na Tabela 5.

 

 

A lâmpada Vapor de Sódio, com base na estimativa, é a que apresenta a maior durabilidade. Para a lâmpada incandescente a vida útil estimada foi de 0,46 anos mas, com base nos dados coletados no período de análise de 10 meses, foi verificado que a durabilidade real situa-se abaixo deste valor.

Valores de Produção de Ovos

Nos comparativos apresentados a seguir contarão dados denominados de "padrão" e "reais". Os dados denominados "padrão" referem-se a produção de ovos obtida com o sistema de iluminação antigo (incandescente), os dados denominados "reais" referem-se a produção de ovos obtida em cada sistema novo em avaliação.

Nos gráficos das figuras 1,2 e 3 encontram-se ilustradas as curvas de produção para cada sistema novo em comparação com o "padrão" (sistema incandescente).

 

 

 

 

 

 

Conforme observado nestes gráficos, para os novos sistema testados, em comparação com o padrão, não foram verificados reflexos negativos na produção, contrariando a preocupação inicial. No período inicial de produção, verificou-se até mesmo um certo incremento na produção, fato este que, para ser atribuído à iluminação, exige uma análise mais criteriosa, devido ao grande número de fatores externos envolvidos, o que foge aos objetivos deste trabalho.

 

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que o sistema de iluminação com lâmpadas incandescentes, comumente utilizado em granjas de produção para ovos férteis, apresenta um grande dispêndio de energia elétrica e uma durabilidade muito curta comparada com outras lâmpadas.

Os sistemas com lâmpadas de Vapor de Sódio 70 W, lâmpadas Mista 250 W e Fluorescente HO 110W, não causaram redução na produção de ovos. Tem sido o temor com relação a uma possível redução de produção que, por falta de maiores estudos, tem restringido o uso apenas a lâmpadas incandescentes.

Com base nos valores de consumo e na estimativa da durabilidade, o sistema Vapor de Sódio 70W mostrou um melhor desempenho, sendo em termos econômicos e energéticos 76% mais eficiente que o sistema incandescente.

Devido ao aumento de produção nas primeiras semanas causados pela utilização de novos sistemas de iluminação, aconselha-se, para trabalhos futuros, um estudo mais minucioso sobre os reflexo positivos na produção de ovos em função do tipo de lâmpada.

 

AGRADECIMENTOS

À CAPES, pela concessão de bolsa de Mestrado;

À Caledonya Montagens Elétricas e à Globoaves Agropecuária Ltda, pelo apoio.

 

REFERÊNCIAS

1. CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais. Estudo de otimização energética - setorial laticínios. Belo Horizonte, 1989.

2. COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas. Editora Makron Books, São Paulo, 1992.

3. ENGLERT, S. I. Avicultura: tudo sobre raças, manejo e nutrição. Editora Agropecuária, Guaíba, 1998.

4. POGI, R. de C., PIEDADE JR, C. Energia elétrica em atividades ligadas à avicultura. Energia na Agricultura. Botucatu, v.6, n.2, 28-34, 1991.

4. WHITEHEAD, W. K., SHUPE, W. L. Energy requirements for processing poultry. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v. 22, n. 4, 889-93,1979.