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An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002

 

Levantamento de micropotenciais hidráulicos para geração de energia elétrica e acionamento mecânico de máquinas da região de Cunha - SP

 

 

Vicente Jessé de Sousa; Teófilo Miguel de Souza; José Nédilo Carrinho de Castro

Departamento de Energia e Departamento de Elétrica, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá FEG/UNESP. CEP: 12516-410 -São Paulo tel: (12) 525-2800 - ramal 1806

 

 


RESUMO

O trabalho tem como premissa o conhecimento dos principais componentes de uma microcentral hidrelétrica, sua caracterização e possibilidades de instalação, complementado com o estudo da potencialidade dos recursos energéticos da cidade de Cunha - SP.
A região de Cunha, no Estado de São Paulo, se localiza no Alto Paraíba, entre as Serras do Mar, Bocaina e Quebra-Cangalha. Esta região é excepcionalmente favorecida por pequenos cursos de água, que alimentam os afluentes pertencentes a Bacia Hidrográfica do rio Paraíba do Sul. Com esta topografia é possível gerar energia elétrica, através da implantação de uma microcentral hidrelétrica modular, que utilize turbina tipo Pelton e gerador de imã permanente. As microcentrais tem como características potencias abaixo de 100KW, suficientes para fornecer energia elétrica para iluminação e aparelhos eletrodomésticos.
Para se conhecer a potência hidráulica útil de cada propriedade, determinou-se a altura útil da queda d'água e a vazão. Os valores encontrados de potenciais são coerentes com os parâmetros de uma microcentral. Baseados na altura vertical , no comprimento da tubulação , na vazão e na distância da casa de força ao centro de consumo determina-se os componentes necessários as obras civis, mecânicos e elétricos ( represa, tubulação, turbina, gerador, linhas de transmissão, etc) e o custo total da instalação.
Salienta-se que tais componentes são de fácil aquisição no mercado nacional, e com a variedade de tipos e qualidades , o que torna o projeto bastante versátil, e logicamente adaptável à várias condições sócio - econômicas.

Palavra chave: Microcentrais, Hidrelétricas, conforto, economia, Área Rural.


ABSTRACT

The work has the purpose of knowing the main components of a Microcentral Hydroelectric, it is characterization and possibilitu of instalation, completed with the study about potencially of energetics recourses at Cunha city.
The region of cunha, in the State of São Paulo, wich in Alto Paraíba, betwen the serras do Mar, Bocaina e Quebra - Cangalha. This region is excepcionally favourable for small water way, that supplies the afluent that appendage the Bacia Hidrography of Paraíba do Sul river. With this topography it is possible to make eletric energy trough the implantation of Microcentral Hidroelectric that uses a Pelton kind turbine and a permanent loadstone generator. This Microcentrals can have power small down 100KW, that are sufficient to provide eletric energi for ilumination and eletrodomestics.
In order to know the useful hydraulic powre of each property teh useful waterfall height has been determinated and discharge in m3 /s . the electric power value was coherent writh the parameters of a microcentral. Besides, basead in vertical height, the tubulation, the discharge and the distance until center of consumption are factors wich determinate the civil, mechanical, eletric components that would be used (foodgate, tubulation, turbine, genaration, transmisson line, etc) and the total cost of instalation
Observe that yours components are actually acquisition easy, and the possibility of many kinds and quality in all setor ( mechanical, civil, eletric - eletronic).


 

 

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho são apresentados métodos simples e práticos para elaboração fácil e econômica dos estudos e projetos das microcentrais hidrelétricas, com levantamento das possibilidades do potencial hidráulico da cidade de Cunha - SP. Uma parte dessa metodologia pode ser aplicada pelos proprietários de locais aproveitáveis que, mesmo não sendo técnicos, através de' métodos simples e expeditos ( diretos, não sendo necessário grandes equipamento e técnicas), poderão avaliar os seus potenciais e os custos de construção das microcentrais. São apresentados métodos expeditos de topografia e hidrometria, para determinação da queda bruta e das vazões do curso d 'água. A parte de hidrologia, foram estabelecidos critérios simples de estudos para a determinação das vazões e potência a ser instalada, projeto do vertedouro e desvio do rio durante a construção. As estruturas civis, tais como barragens, vertedouros, tomadas d' água, casas de máquinas e outras são apresentadas e dependem de parâmetros, como descarga de adução, altura de barragem e outros, ilustrados em desenhos.

Para os equipamentos eletromecânicos, adotou-se tipos de fabricação padronizadas e de fáceis de aquisição ao mercado nacional. Com relação a análise do potencial hidráulico na cidade de Cunha - SP, utiliza-se os métodos descritos neste trabalho para a obtenção dos mesmos.

 

2 - DESENVOLVIMENTO

Antes da viagem ao campo, para a obtenção de dados, o projetista deve estudar cuidadosamente a fim de ficar instruído das operações que vai executar e poder escolher adequadamente o tipo de arranjo e localização das estruturas que serão registradas nos croquis e a potência a ser instalada. Os estudos iniciais devem começar pela obtenção dos dados básicos para a determinação dos potenciais existentes na áreas de interesse.

A concepção das microcentrais hidrelétricas, conforme a figura 1, impõe arranjos constituídos preferencialmente por uma captação, uma adução, uma casa de maquinas, e o canal de restituição (canal de fuga) ao rio. Em cursos d'água com grandes variações de níveis poderá ser necessária a construção de barragem, com a respectiva estrutura vertedoura. A combinação da captação, adução, casa de máquinas e canal de fuga ,irá compor o arranjo mais conveniente da microcentral hidrelétrica. A composição do arranjo pela associação das diversas estruturas deve levar em consideração alguns dos fatores listados a seguir:

 

 

A fase de estudos tem como objetivo principal avaliar as possibilidades do aproveitamento, compreendendo os seguintes estudos:

2.1 - ESTUDOS TOPOGRÁFICOS

Com menor ou maior detalhamento, devem ser realizados, preferencialmente, em toda área que terá influencia na microcentral.

Para o projeto de uma microcentral hidrelétrica vários serviços são necessários:

- Determinação da Queda Natural no Local do aproveitamento.

Dois modos muito simples para efetuar a medição da queda natural são os apresentados:

Para o primeiro método, são suficientes para esse serviço, um nível de carpinteiro e duas réguas bem aplainadas. Coloca -se a ponta inferior da régua menor no nível da água (Ponto A) de modo que fique em posição vertical. Coloca-se depois a régua maior no terreno e controla-se, pelo nível de carpinteiro sobre a mesma, sua posição horizontal. Mede-se a seguir, a altura e marca-se o ponto onde descansa a ponta da régua maior no terreno (Ponto B). Repete-se essa operação entre os pontos C, D, etc, e assim sucessivamente, determinando-se as diferenças de níveis h1 ,h2 , h3 ,etc. conforme mostra a figura 2(b). Se as distancias horizontais forem muito grandes, pode-se utilizar uma linha de nylon em seu lugar, mas deve ser observado que a linha sofrerá uma certa flexão devida ao seu peso, e isto pode influenciar nas medidas

 

 

Para o segundo método serão necessárias duas réguas de cerca de 2 m de comprimento e um tubo plástico flexível e transparente, com 1 cm de diâmetro interno e 6 m de comprimento. Para facilitar a medição, as réguas deverão ser dotadas de escalas métricas. Colocam-se as duas réguas , em posição vertical, sobre dois pontos quaisquer E e F (fig.2(c)) entre os quais deseja-se medir o desnivelamento (h5) . Com o auxílio do tubo plástico flexível e transparente, cheio de água corada, determina-se em cada régua pontos de igual nível, criando um plano horizontal de referencia. A diferença entre as alturas desse plano sobre os dois pontos E e F em medição, dará a diferença de nível h5 entre esses pontos, conforme mostra a figura 2 (c).

Um terceiro método é utilizar sua própria altura e colocar na direção dos seus olhos, um nível de pedreiro e, através da visualização da centralização da bolha de ar do nível, acha-se um ponto no terreno, marcado por um ajudante para que a pessoa que está com o nível se posicione. A altura do olho da pessoa até o chão dá as alturas parciais da altura de queda. Este método é um pouco impreciso mas em situações adversas pode ser utilizado.

A figura 2(a) mostra o perfil obtido pelos métodos descritos acima:

2.2 - ESTUDOS HIDROLÓGICOS

Os estudos hidrológicos permitem determinar vazões máxima e mínima turbinadas e áreas inundadas. Para que os Estudos Hidrológicos apresentam alto grau de confiabilidade é indispensável o conhecimento do comportamento do rio em longo período passado e e visam basicamente a estimação de:

Medições Expeditas de Vazão mínima

Entre os processos para se medir a vazão de uma vala, córrego, riacho, ou mesmo um pequeno rio, de forma expedita, os mais simples são aqueles realizados por meio de flutuadores ou por meio de vertedores.

- Medição com Flutuador: Escolhe-se um trecho reto do curso d'água cujo leito seja uniforme e onde a água flua serenamente. Mede-se o seu comprimento L que, se possível, deve ser superior a 10 metros, marcando-se o seu inicio e o seu fim, que pode ser feito com duas cordas amarradas em estacas cravadas nas margens e em posição perpendicular ao eixo da vala ou do córrego. Em seguida coloca -se, a alguns metros a montante do início do trecho escolhido e no meio do leito, um flutuador constituído por uma garrafa fechada e enchida em 1/3 do seu volume. Com um cronômetro, determina-se o tempo, em segundos, que o flutuador gasta para percorrer o trecho escolhido para a medição da vazão.

As áreas das medições transversais limitadas pelos níveis d'água e o fundo da vala ou do córrego devem ser determinadas no mínimo, para os pontos inicial e final do trecho de medição (fig. 3). Se o comprimento desse trecho for longo, aconselha-se determinar as áreas de uma ou mais seções transversais intermediárias.

 

 

A vazão Q, em m3 /s, pode ser calculada pela fórmula:

na qual:

L =comprimento do trecho medido, entre as duas seções transversais extremas, em m;

=média das áreas das seções transversais, levantadas ao longo do trecho, em m2;

t = tempo de percurso do flutuador, em s e 0,8 = coeficiente de correção de velocidade superficial para velocidade média na seção de medição;

- Medição com vertedor Retangular: o processo de medição com vertedor retangular conduz a resultados mais precisos que o processo de medição com flutuador. O cálculo da vazão se por:

sendo:

Q = vazão em m3 /s;

b=largura da abertura do vertedor, em m;

h = altura do nível d'água sobre a crista do vertedor , em m, medida a montante desta, no local onde foi era cravada a estaca.

Medições de Vazão de projeto da(s) turbina(s)

Para as centrais hidrelétricas de pequena capacidade, o método que vem sendo empregado há muitos anos consiste em fazer algumas medições da vazão nos cursos d' água nos períodos de estiagem, adotando a mínima como representativa da vazão de projeto da(s) turbina(s). Para o caso de centrais hidrelétricas a fio d'água, a vazão de projeto (Q) a adotar será a vazão com 95% de ocorrencia (Q95 ), estimada em função da vaão mínima (Qmin)(1) dada pela relação:

O coeficiente Cq fornece a relação Q95/Qmin. Alguns destes valores são fornecidos na tabela (1);

 

 

Vazão de Cheia Máxima

Para se obter as dimensões do vertedouro e principalmente da barragem, é importante estimar a vazão de cheia, que é aquela que ocorrerá na ocasião das maiores chuvas. O cálcilo desta vazão é feito pela seguinte fórmula (4):

sendo:

Qcheia = vazão de cheia, em m3 /s;

Cd = coeficiente de escoamento superficial, mostrado na tabela 2;

I = intensidade de chuva, em mm/h;

Ad = área de drenagem, em Km2

 

 

2.3 - ESTUDOS GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

O projeto, implantação e utilização das estruturas que compõe o arranjo exigem conhecimento local da geologia e das cargas possíveis de serem suportadas. A geologia e geotecnia tratam, basicamente , de dois aspectos:

- local da barragens e obras anexas: aborda questões como desmatamento, encostas íngremes e tipo de solo que comportará a barragem e reservatório.

- dos materiais naturais de construção: abrange o estudo de solo para construção de obras de terra, areias, rochas

2.4 - ESTUDOS ECOLÓGICOS E SÓCIO - ECONÔMICOS

As análises a serem feitas deverão voltar-se principalmente à definição de medidas de proteção das instalações da microcentral e do reservatório, das questões ligadas a população local, eliminação de riscos a saúde, referente a doenças endemicas.

Para instalar uma microcentral hidrelétrica na propriedade, devem ser informadas as localização e características do paroveitamento à Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, que é o órgão responsável pelo registro e fiscalização deste tipo de empreendimento. As microcentrais estão impedidas de vender energia elétrica aos vizinhos. Se for o caso, para viabilização da implantação e operacionalização do empreendimento, sugere-se a criação de uma cooperativa entre os vizinhos usuários da microusina.

Com a formação do reservatório pode-se estudar as possibilidades do seu uso em vários setores como , por exempo, no abastecimento de água, agricultura de vazamento, agricultura irrigada, pesca em geral e piscicultura intensiva.

2.4-COMPONENTES E DETALHES CONSTRUTIVOS DE UMA MICROCENTRAL HIDRELÉTRICA

Barragem

A barragem é a estrutura componente do aproveitamento destinada a criar um desnível hidráulico localizado. Nos rios em que sofrem consideráveis variações diárias em seu nível d'água, faz necessária a construçào de uma barragem que twm por função estabilizar o nível de água. A barragem tem alturas reduzidas e geralmente é construída em trechos encachoerados do rio.

Caso seja necessária a construção de uma barragem para garantir a operacionalidade da tomada d' água, deve-se escolher o tipo.

Barragem de Terra: Este tipo de barragem e apropriado para vales abertos, em locais onde há grande disponibilidade de solo argiloso ou areno-argiloso, e espaço suficiente para situar o Sangradouro (vertedouro) em uma das margens, que pode ser observado na figura 4(b). A largura da crista deve ser de no mínimo 5 m para utilização como estrada e de no mínimo 3 m se não. A cota da crista da barragem deverá ser superior a 30% do valor da cota do nível máximo de água no reservatório, sendo conhecida esta faixa de segurança como borda livre. A inclinação dos taludes de jusante e de montante são determinadas pelo tipo de solo que será feita a barragem, como mostra a tabela 3.

 


 

 

 

Para proteção do talude de montante usa-se aplicar materias granulares graúdos ( cascalho ou mistura de britas), compactando-os com o talude. Para jusante, até 1/3 da altura de água deve-se colocar cascalho ou brita e o rstante utilizar vegetação.

Barragem de Alvenaria de Pedra Argamassada: São recomendas para vales relativamente estreitos, com boas fundações . este tipo de barragem permite a construção de vertedores.

Barragem de Concreto e Barragem Ambursen: São barragens mistas: parte dela é feita em concreto, parte é feita em madeira (fig. 4(a)). Esses tipos de barragem são recomendáveis para vales estreitos, com no Máximo 100 metros de largura, apresentando boas condições de fundações em rocha pouco fraturada, e onde a constrição de um vertedouro lateral seria problemática devido a encostas íngremes e rochosas, sendo, portanto, necessário que a água verta por sobre o corpo da barragem

As vantagens de se construir este tipo de barragem em relação ao de concreto são:

- volume de concreto cerca de 4 a 5 vezes menor;

- maiores facilidades de desvio do rio;

- as pressões transmitidas à fundação são mínimas.

Vertedouro

Como já foivisto, não se pode deixar com que a água excedente passe por cima da barragem, por isso precisa de um dispositivo que extravase o excedente ao qual dá-se o nome de vertedor, vertedouro ou sangradouro.O vertedouro pode ser construído lateralmente a barragem ou no corpo desta. A forma mais comum do vertedouro é a trapezoidal ou retangular. A fórmula (5) fornece o comprimento máximo do vertedouro (b)

em que:

h é a altura da lamina de água do vertedouro em metros.

Tornada d'água

A capitação da água feita pela tomada d'água ser implantada o mais próximo possível da casa de máquinas, diminuindo o trecho de adução para a mesma altura de queda. A tomada d'água pode ser ligada diretamente a tubulação forçada ou no canal de adução como mostra a figura 5, e é constituída pelo desarenador que é responsável em diminuir a velocidade de escoamento e com isso ocorrer à sedimentação dos sólidos, grades que são instaladas logo após o desarenador para reter folhas e galhos e as comportas que são utilizadas para controle da vazão.As dimensões da boca de tomada d'água deve ser definida de forma a que a velocidade na entrada não exceda 1m/s

 

 

Adução

Compreendendo o sistema de ligação de água entre a tomada d'água e a casa de máquinas e apresentado em três concepções nos arranjos de microcentrais hidrelétricas, a saber: adução entre a tomada d'água e a câmara de carga em escoamento livre por canal, e adução em alta pressão entre a câmara de carga e a turbina, através de tubulação forçada.

Estes canais são geralmente de forma retangular e a velocidade da água dentro do canal depende do revestimento utilizado. Verificado otipo de revestimento, pode-se obter a velocidade do escoamento da água da seguinte forma:

Para canais de terra, adota-se V=0.5 m/s; já para canais revestidos, V 0.6 m/s.

Câmara de Carga

Câmara de Carga é uma estrutura construída no final do canal, que tem a função de fazer a transição entre o canal para a tubulação forçada. Tal como a tomada d'água, a câmara deve ter um desarenador, uma grade e uma comporta para facilitar a manutenção. A figura 6 ilustra a concepção da câmara de carga. O topo da estrutura deve ser construído a um nível aproximadamente de 0,3 m acima do nível de água do reservatório.

 

 

O nível de água normal em frente à camara de carga dev ser estimado da seguinte forma:

sendo:

NAccnormal = nível de água normal em frente à câmara de carga;

NAresnormal = nível de água normal no reservatório em relação à cota de fundo do vertedouro.

L = extensão do canal de adução, em metros

Tubulação Forçada

É uma estrutura necessária para conduzir a água da câmara de carga até a casa de máquinas

Para determinar o diâmetro interno deve ser utilizada a seguinte fórmula:

sendo:

L o comprimento da tubulação, em metros;

D o diâmetro, em cm;

K uma constante

H a altura de queda em m.

Os valores da constante K são apresentados na tabela 3.

 

 

Bloco de Apoio e de Ancoragem

No caso da tubulação forçada ser de aço, faz -se necessário que a mesma seja instalada aérea. Os blocos de apoio fazem a devida sustentação desta tubulação. Os blocos de ancoragem além de suportarem o peso da tubulação, tem a função de absorverem os esforços longitudinais desenvolvidos na tubulação, construídos em mudanças de direção da tubulação.

 

 

Casa de Máquinas:

Casa de Máquinas é uma edificação onde se encontram instalados a turbina, o gerador, o sistema de controle e freqüência, o volante de inércia e o painel de controle. Toda a energia hidráulica é convertida em energia elétrica na casa de maquinas. As variações de níveis d'água a jusante da casa de máquinas (oscilações entre os níveis máximo e mínimo) condicionam o funcionamento da turbina.

Desta forma, a escolha da cota de piso da casa de máquinas deveria ser por um valor suficientemente alto para ficar protegido das vazões de cheia, sem prejudicar ,contudo, a altura de queda conveniente ao grupo gerador.

Turbina

Turbina é o componente responsável pela transformação da energia hidráulica em energia mecânica que é utilizada para acionar o gerador. Em seu interior existe um rotor equipado com pás que absorvem a energia da água turbinada, girando o motor juntamente com o seu eixo. Para a escolha do tipo de turbina devem ser levados em consideração os seguintes itens: altura de queda e vazão são os determinantes para a escolha, mas o custo, a facilidade de manutenção e assistência técnica, o rendimento podem inferir na escolha. A faixa de potência unitária para microcentrais hidrelétrica é de 100 KW para alturas de 200 m e vazões de 2 m3 /s. Os tipos mais comuns de turbina utilizadas em microcentrais hidrelétricas são: turbina Francis - oferece alto rendimento em altas potências e em vazões e próximas a do projeto. Elas podem ser de caixa aberta (indicadas para queda inferiores a 10 metros) ou caixa espiral (quedas maiores que 10 metros). Turbinas Pelton ( figura 9) - é a mais usada em locais com altas quedas e pequenas vazões e grandes variações de carga, lhe dando um grande rendimento. Podem possuir um ou dois injetores. Turbinas Michel Banki - utilizadas em faixas de pequenas quedas e amplas vazões. Possui tecnologia simples e de baixo custo e com variações de carga podem render em torno de 70%. Possuem como característica um rotor em forma de gaiola de esquilo. Roda Pelton (figura 8) - que é a máquina proposta neste trabalho para todas as condições mesmo em detrimento do seu rendimento, mas por facilidade construtiva e de manutenção. São baseada nos mesmos princípios da turbina Pelton, existe a chamada Roda Pelton, constituída de um rodízio de conchas, de eixo horizontal , com caixa metálica de proteção acionada por meio de um único jato d'água através de um bocal cônico, conhecido como setia. A roda Pelton está sujeita a variação de carga por isso deve ser tomado muito cuidado. Bomba Funcionando como Turbina - o suo de bombas centrífugas funcionando ao reverso como turbina á altamente viável, se tratando de microusina com potências inferiores a 50 KW, em plena carga.

 

 

Gerador

Gerador é a máquina que recebe a energia mecânica fornecida pela turbina e a converte em energia elétrica, usando o princípio de indução magnética. Conhecida a rotação da turbina, faz-se a escolha do gerador, pois estes são padronizados em função da rotação e do n.º de pólos. Quando for possível utilizar um gerador e uma turbina com a mesma rotação, o acoplamento poderá ser feito diretamente por meio de um eixo. Mas, quando isso não for possível, será necessário um multiplicador de polias e correias ou redutores por engrenagens.

No caso deste trabalho a máquina utilizada é o gerador de ímã permanente que além de bom desempenho, elétrico, é de baixíssima manutenção

Sistema de Controle de Tensão e Freqüência - Regulador Hidráulico e Controlador eletrônico.

Para se ter energia elétrica de boa qualidade é preciso manter constantes a tensão e a freqüência elétrica de geração, através do controle da rotação. Para isto usa-se um regulador hidráulico que funciona dentro da turbina, regulando a entrada de água para que a rotação aumente ou diminua se existir a necessidade de aumento ou não de energia elétrica. Estes reguladores consomem energia produzida (20%) e por isso deve ser utilizado em gerações acima de 20 KW. O Controlador eletrônico é formado por componentes eletro - eletrônicos que faz com que a microusina trabalhe a plena carga sempre e, se não estiver, o excedente da potência será consumido em um sistema denominado "Carga de Lastro". Geralmente se utiliza resistência industriais para aquecimento de água.

Volante de Inércia

O volante é um disco de ferro fundido ou aço com massa relativamente grande, instalado no eixo da turbina, que tem a função de auxiliar no controle da variação de carga. Quando em movimento, a sua massa absorverá pequenas variações de carga, retardando assim o efeito da variação de rotação.

Potência Gerada

Para o cálculo da potência utiliza-se a seguinte fórmula:

sendo:

H: altura total de queda;

Q: Vazão em m3 /s

2.5 LEVANTAMENTO DO POTENCIAL HIDRÁULICO NA CIDADE DE CUNHA - SP

A cidade de Cunha é a maior em extensão territorial de todo o Vale do Paraíba. Possui inúmeros córregos, nascentes e rios o que torna a cidade propícia para a instalação de microcentrais Hidrelétricas.

O estudo feito baseava-se no levantamento da altura de queda (gráfico1) e a vazão (gráfico 2) que determinado potencial fornecia (gráfico 3). Para que este estudo fosse concretizado foi necessário um prévio levantamento de possíveis pontos onde se poderiam encontrar rios e acesso a estes (estradas, transporte, etc) junto a Casa da Lavoura e a Secretaria de Meio Ambiente da referida cidade. Com estes dados foi possível observar que a quantidade de informações e recursos hídricos da cidade eram enormes, não sendo possível fazer um levantamento detalhado sobre o potencial hidráulico. Em vista disso, foram escolhidos pontos estratégicos de cada região da cidade, fazendo-se assim uma amostragem para estimativas de resultados. Os dados são apresentados nos gráficos a seguir:

 

 

 

 

 

 

3 - CONCLUSÃO

Devido aos grandes recursos hídricos que possuímos, o estudo de microcentrais se faz necessário para que todos possam ter acesso a uma fonte de energia mais barata, principalmente aquelas pessoas que ainda não são servidas pela rede de distribuição, normalmente na região rural. O estudo abordou o levantamento dos componentes de uma microusina, suas particularidades e utilização. Pode-se observar que estes aparelhos podem ser encontrados com facilidade, bem como os materiais de construção civil. No caso da pesquisa de campo sobre o potencial hidrelétrico de Cunha - SP, serviu como balizamento dos projetos de instalação de microusinas próprias para a região já que a mesma conta com várias possibilidades, conforme visto no ítem 2.5. Pode ainda ser verificado que o potencial desta localidade corresponde ao esperado para microcentrais.

Os produtores e moradores da zona rural poderão aproveitar este recurso para obter a energia elétrica para ter acesso à instalação de equipamentos eletro eletronicos para revitalizar o setor produtivo de suas propriedades. Com a instalação de uma microusina pode-se pensar na múltipla utlização da água como por exemplo, a combinação da irrigação e distribuição da água ou utilizando o reservatório para piscicultur e lazer.

 

4 - AGRADECIMENTOS

- PROEX: Pró -Reitoria de Extensão Universitária;

- Bolsa PAE: Programa de Apoio ao Estudante;

- EEPV: Escola Estadual Paulo Virgínio.

 

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA, Manual de Microcentrais Hidrelétricas, 1985

SOUZA, Z. de, Centrais Hidrelétricas- Dimensionamento de Componentes, ed. Edgard Blücher, 1992.

FILHO, Geraldo Lúcio Tiago, VIANA, Auguto Nelson Carvalho, LOPES,josé Demerval Saraiva, Como Operar e Montar uma Microusina Hidrelétrica na Fazenda, Viçosa, CPT, 2000