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An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002

 

Perfil do consumo de energia elétrica no abate de frangos de corte - estudo de caso

 

 

Alexandre Zanin; Samuel N. M. de Souza; Evandro M. Kolling; Alexandre Sordi

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE, Cascavel, PR, (0XX45) 220-3175, e-mail: azanin2@ibest.com.br

 

 


RESUMO

Toda forma de energia tem sua importância fundamental em satisfazer às necessidades e desejos do ser humano. Muitas são as razões para se buscar a melhoria da eficiência energética que, talvez, tenha como a vantagem o fato de que ela é quase sempre mais barata que a produção de energia. Na região oeste e sudoeste do Paraná a avicultura de corte, nos últimos anos, vem tendo destaque dentre as atividades agroindustriais. A tecnologia aplicada nesta região, faz da avicultura um atividade agropecuária de grande dinâmica, creditada pelas economias de escala obtidas pelas granjas integradas. Merece atenção, também, o fato de que essas duas regiões são grandes produtoras de milho, que é o principal componente da dieta alimentar dos frangos. Essas tendências levam ao aumento da produção do frango de corte. Esse trabalho teve como objetivo identificar o consumo de energia elétrica de uma agroindústria, em todas as fase de abate e do processamento da carne de frango, avaliando-se também, a adequação de força motriz no sistema de compressão. O consumo específico de energia elétrica (CEF), relacionado ao número de frangos produzidos foi de 165.2 kWh/ton. Foram sugeridas medidas de conservação de energia elétrica e posterior análise econômica e, simulando a implantação destas medidas, obteve-se um potencial de economia de 19% de toda energia elétrica consumida pela agroindústria. Foi realizado projeções de aumento futuro, na produção de frangos e no consumo de energia para o abate e processamento da carne de frango no estado do Paraná.

Palavras Chave: Agroindústria, Número Índice, Energia Elétrica.


 

 

INTRODUÇÃO

Toda forma de energia tem sua importância fundamental em satisfazer às necessidades e desejos do ser humano.

Aumentar a qualidade de vida da população resulta em grandes demandas por novos serviços que consomem energia, mas o planejamento inadequado da produção e do consumo energético levam a impactos ambientais que podem comprometer o desenvolvimento.

A atual composição do parque gerador brasileiro é 86,5% hidrelétrico, 12,5% termelétrico e aproximadamente 1,0% de origem nuclear (BRASIL, 2000).

O setor industrial responde atualmente por 44,0% de toda a energia elétrica consumida no País (BRASIL, 2000) num total de 138.468 GWh.

Verifica-se, assim, que o modelo de geração de energia elétrica no Brasil é quase totalmente dependente da hidreletricidade, estando sujeito a riscos de fornecimento provocados por situações hidrológicas desfavoráveis. A diminuição dessa dependência pode ser obtida com a introdução de outras formas de geração elétrica e investimentos na conservação de energia nos diversos setores da economia do Brasil.

A energia é um insumo essencial à produção de bens e serviços. Conseqüentemente, a demanda energética é uma necessidade gerada pela procura por bens e serviços e desejo de comodidades, em geral. No setor industrial, em particular, essa correlação é bastante clara e é fortemente influenciada pelo nível de produção, bem como pelo nível tecnológico e pela relação de preços dos diversos energéticos.

Na região Oeste e Sudoeste do Paraná a avicultura de corte, nos últimos anos, vem tendo destaque dentre as atividades agroindustriais. A tecnologia aplicada nesta região faz, da avicultura uma atividade agropecuária de grande dinâmica, creditada pelas economias de escala obtidas pelas granjas integradas. Merece atenção, também, o fato de que essas duas regiões são grandes produtoras de milho, que é o principal componente da dieta alimentar dos frangos, responsáveis por 26% de sua produção no estado do Paraná em 2000.

O Paraná tem atualmente, segundo dados da PARANÁ (2001), um total de 38 frigoríficos de abate e processamento da carne de frango, os quais produziram no ano de 2000 um total de 622.203.999 cabeças de frango, correspondendo a um total estimado de 1.138.964 toneladas de carne de frango.

Em estudo realizado pela CEMIG na avicultura mineira, os consumos específicos médios estimados foram de 1,88 kWh para produção de uma caixa de ovos (caixa de 30 dúzias) e 0,16 kWh para a produção de um frango de corte. O potencial de otimização indica que estes consumos específicos podem ser reduzidos para 1,37 kWh e 0,12 kWh, respectivamente, dando um potencial de economia de energia elétrica, no setor, estimado de 27,1%.

Analisando o consumo e custo de energia elétrica, FERREIRA; TURCO (2000) realizaram medidas do consumo de ventiladores, nebulizadores, iluminação e comedouros em um galpão comercial de criação de frangos de corte, em dois ciclos de criação obtendo resultados, para o primeiro experimento, uma estimativa de consumo de energia elétrica ativa dos equipamentos para produção de um frango de corte de 0,12 kWh e para o segundo experimento, 0,2 kWh. Os custos com energia elétrica para o primeiro e segundo experimentos foram R$ 0,02 e R$ 0,03, respectivamente.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Para a aquisição de dados de consumo de energia e potência elétrica utilizou-se o RE 1000 (medidor registrador de grandezas elétricas), equipamento eletrônico portátil dotado de entradas de TC (transformadores de corrente) para medição de corrente, entrada direta para medição de tensão até 530 V e entrada para TP (transformadores de potenciais) para medições de média tensão.

Os valores de tensão (V), fator de potência (cos Φ), corrente (A), demanda (kWh) e potência (kW, kVAr, kVA) foram obtidos com integralização dos dados de 15 em 15 minutos, baseado nos medidores de demanda da concessionária de distribuição de energia, durante as 24 horas de funcionamento dos equipamentos, ao longo do período de dezembro de 2000 à dezembro de 2001, com dias intercalados para cada setor e para cada motor considerado.

Com os dados de consumo de energia elétrica de cada setor da agroindústria foram geradas curvas de demanda de energia elétrica média diária. Utilizou-se o software Microcal Origin 6.0 para as análises de valores médios do consumo de energia.

Com os dados de consumo e de demanda de energia levantados, foram criados índices denominados de consumo específico de energia (kWh/ton de frango e kWh/frango abatido e processado). Após esse estudo de levantamento do consumo de energia, a partir dos dados de consumo de energia elétrica do estudo de caso, foram utilizados os dados de produção de carne de frango das indústrias de abate de frango existentes no estado do Paraná e, assim, quantificado o montante de energia elétrica consumida no processamento de frango

 

RESULTADOS

A demanda e o consumo de energia elétrica possuem um comportamento constante durante os períodos de atividade, apresentando quedas apenas nos finais de semana para manter, em grande parte, a conservação, através do sistema de refrigeração das câmaras de estocagem dos frangos abatidos e também, mas com pouca freqüência, o setor de abate.

Os consumos médios horários individuais para alguns setores da agroindústria são observados na Figura 1. Verifica-se que o sistema de refrigeração é o que apresentou uma parcela maior no consumo total da agroindústria chegando a 83,0% de toda energia elétrica consumida. Observa-se também, no consumo total e para alguns setores, uma queda do consumo de energia elétrica identificados no horário de ponta, principalmente no setor de abate e da caldeira, mostrando que a agroindústria diminui sua produção no horário de ponta.

 

 

O setor de refrigeração diminui o consumo de energia, com pouca intensidade, antecedendo o horário de ponta e, por pouco tempo, permanece baixo no horário de ponta. A partir das 20 horas, apresenta um reinicio do aumento do consumo de forma crescente até às 21 horas e volta ao seu funcionamento total para suprir às necessidades de refrigeração do ambiente interno do frigorífico para o retorno das atividades de abate.

De acordo com os valores de consumo de energia elétrica medido no período de estudo, obtiveram-se os números índices presentes na Tabela 1, para cada setor da agroindústria. A quantidade de frangos abatidos por dia é em média 180.000 cabeças, com um consumo médio medido de 38.650,36 kWh dia, para a agroindústria em estudo, obteve-se um número índice (NI) total de 0,216 kWh/frango abatido e processado. Com um valor médio de peso de 1,3 kg por frango, teremos um consumo de energia elétrica de 165,2 kWh por tonelada (ton) de frango abatido.

 

 

O estado do Paraná possui um total de 38 frigoríficos que juntos abateram uma quantidade de 1.138.964,7 toneladas de frango no ano de 2000. Através destes números pôde-se estimar, utilizando o índice consumo específico de energia elétrica, encontrado neste estudo de caso, o valor do consumo total de energia elétrica demandada pelas indústrias de abate do frango de corte no estado do Paraná, para o ano de 2000, que foi de 188,2 GWh.

 

CONCLUSÕES

Com a metodologia aplicada foi possível obter os valores requeridos para cada setor da agroindústria e o total de energia elétrica necessária para o abate e processamento da carne de frango.

Com os valores obtidos de consumo específico será permitido estimar o montante de energia elétrica consumida, para a agroindústria estudada e também para o estado do Paraná, caso venha a existir aumento na capacidade de abate de frangos.

 

REFERÊNCIAS

[1] BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Balanço energético nacional 2000. Brasília, 2000. 154 p.

[2] FERREIRA, L. F. S. A.; TURCO, J. E. P. Avaliação do consumo e do custo e energia elétrica em galpão para criação de frangos de corte, em dois ciclos de criação. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENERGIA NO MEIO RURAL, 3º - AGRENER 2000, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2000. 1 CD-ROM.

[3] PARANÁ. Secretaria de Abastecimento do Paraná / Departamento Rural. Prognóstico da avicultura. 2000. Disponível em: www.pr.gov/seab/serviços/conjuntura. Acesso em: 23/04/2001.