An. 4. Enc. Energ. Meio Rural 2002
Viabilidade financeira de unidade produtora de biocombustível na região Ilhéus-Itabuna, Bahia
Leila Marcelle Arcanjo RamosI; Mônica de Moura PiresI; Jorge ChiapettiII; Elson Cedro MiraIII
IDepartamento de Ciências Econômicas, Universidade Estadual de Santa Cruz CEP 45.650-000 - Ilhéus-BA tel/fax: (073)680-5215
IIDepartamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz. CEP 45.650-000 - Ilhéus-BA tel/fax: (073)680-5215
IIIDepartamento de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz. CEP 45.650-000 - Ilhéus-BA tel/fax: (073)680-5215
RESUMO
O presente estudo analisa a viabilidade financeira de se produzir biocombustível, um substituto potencial do diesel, a partir de óleos e gorduras residuais, obtido de frituras de alimentos. Para o desenvolvimento deste trabalho, elaboraram-se os custos de instalação e processamento de uma unidade produtora de biocombustível, utilizando-se os conceitos de engenharia econômica junto com as ferramentas da teoria da firma. Com as informações de despesas e receitas originadas no processo de produção, organizaram-se os fluxos de caixa. A partir desses fluxos realizaram-se os cálculos dos indicadores econômicos adotados na análise de viabilidade financeira. A Taxa Interna de Retorno (TIR) foi de 61% a.a. e o Valor Presente Líquido (VPL) foi de R$ 817.731,36. Adicionaram-se análises de sensibilidade, adotando-se oscilações de preço do biocombustível, quantidade vendida e preço do metanol. Por meio dessas informações, pode-se constatar a viabilidade de uma unidade produtora de biocombustível na região em estudo. Ressalta-se, porém, que o preço do biocombustível encontra-se 45% superior em relação ao preço do diesel de petróleo, em nível de consumidor final.
Palavras-chaves: Biocombustível, óleos e gorduras residuais, viabilidade financeira e produção.
ABSTRACT
The present study analyzes the financial viability of producing biocombustível, a potential substitute of the diesel, starting from oils and residual fats, obtained of fries of victuals. For the development of this work, the installation costs and processing of a unit producing of fuel were elaborated; being used the concepts of economical engineering with the tools of the theory of the firm. With the information of expenses and revenues originated in the production process, cash flows were organized. Starting from there flows, calculations of the economical indicators were accomplished, adopted in the analysis of financial viability. The Internal Rates of Return were calculated that had a result of 61% a.a. and the Liquid Present Value that was of R$ 817.731,36. Analyses of sensibilities were added, being adopted oscillations of price of the fuel, sold amount and price of the methanol. With this information the viability of a unit producing of fuel can be verified, however, the price of this product is superior in relation to the diesel of petroleum.
INTRODUÇÃO
O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
A preocupação com a redução na oferta de energia derivada do petróleo é crescente entre as nações, principalmente, a partir da década de 70, quando o mercado mundial se viu desestruturado por causa de aumentos sucessivos no preço do petróleo.
Com o elevado grau das despesas e dependência em relação ao petróleo internacional, o governo brasileiro e os demais países importadores, começaram a se preocupar com a questão da insuficiência da oferta de energia no mundo.
Diante desse contexto, o Brasil passou a investir em fontes alternativas de energia, especialmente a energia advinda da cana-de-açúcar, a partir da qual o governo brasileiro desenvolveu tecnologia e vem estimulando a produção nos últimos 26 anos, por meio do programa Proálcool.
A implementação desse programa foi importante, porém insuficiente para suprir a crescente demanda energética. Assim, novas fontes alternativas de energia têm sido pesquisadas e desenvolvidas para que se possa aumentar a oferta energética interna.
Instituições governamentais têm apoiado pesquisas sobre fontes alternativas de energia, utilizando matérias-primas renováveis e residuais.
Procurando se inserir nessas discussões e pesquisas, a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) lançou em março de 1998, o projeto biocombustível, incentivado pela realização do workshop sobre a geração de energia a partir de óleos vegetais. Esse projeto baseou-se, inicialmente, no estudo de oleaginosas, como o dendê. Porém, encontraram-se limitações na utilização desta oleaginosa produzida em roldões na região Sul da Bahia, pois o óleo extraído não atendia a critérios básicos sob o ponto de vista técnico, ambiental e econômico, para a geração de energia (ALMEIDA NETO et al., 2000).
Na Universidade de Kassel, Alemanha, existiam estudos sobre a reutilização de óleos e gorduras residuais (OGR)1 obtidos do processo de fritura de alimentos como fonte energética advinda da biomassa. Esses estudos mostravam que os OGR apresentavam características bastante favoráveis, pois se aproveitava o óleo vegetal após sua utilização na cadeia alimentar, dando uma destinação alternativa a um resíduo (Anggraini apud ALMEIDA NETO et al., 2000).
A partir de tais estudos a UESC e a Universidade de Kassel, firmaram um convênio para intercâmbio dessas pesquisas. Isso possibilitou a instalação de uma unidade de produção, em nível experimental, na UESC.
Diante do exposto, este trabalho procura analisar economicamente o processo produtivo do biocombustível da unidade instalada na UESC, verificando a viabilidade de instalação de unidades na região Ilhéus-Itabuna.
OBJETIVOS
Geral
Analisar a viabilidade financeira da implantação de uma unidade de produção de biocombustível em escala comercial.
Específicos
- Mensurar os custos e as receitas de implantação e produção de uma unidade produtiva.
- Identificar a viabilidade do investimento por meio de indicadores econômicos.
METODOLOGIA
ÁREA DE ESTUDO
O presente estudo abrangeu os municípios de Ilhéus e Itabuna. A cidade de Itabuna tem acesso às rodovias BA-120, BR-101 e BR-415 e fica a uma distância da capital baiana de 433 km. Essas rodovias têm um fluxo médio mensal de 4.300 veículos, sendo que no município de Itabuna há uma frota média de 36 mil automóveis. Quanto ao município de Ilhéus, este tem acesso às rodovias BA-001, BA-262 e BR-415 e está a 465 Km da capital baiana (GUIA CULTURAL DA BAHIA, 1999).
Esses dois municípios possuem considerável rede de estabelecimentos comerciais de alimentos preparados (Tabela 1), que descartam diariamente óleos e gorduras saturados, que poderão ser utilizados na produção do biocombustível.
DESCRIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
O biocombustível é um combustível alternativo do tipo diesel, podendo ser obtido de óleos vegetais e animais que tenha sido utilizados ou in natura. É considerado biodegradável, requerendo modificações mínimas nos motores padrão do tipo diesel, podendo ser misturado ao diesel, em diferentes proporções. Este tipo de combustível apresenta algumas vantagens em relação aos existentes no mercado, pois é mais seguro comparativamente ao diesel de petróleo, sob o ponto de vista de combustão (125ºF para diesel e 300ºF para o biocombustível) e sua exaustão é menos ofensiva, possuindo reduzido odor e não requerendo armazenamento especial, o que permite maior segurança no transporte devido ao seu maior ponto de fusão (AGUIAR et al., 2001).
REFERENCIAL TEÓRICO
Este estudo está centrado nos conceitos de engenharia econômica e das ferramentas da microeconomia, especificamente da Teoria da Firma. A engenharia econômica compreende os princípios e técnicas necessárias para se tomar decisões relativas à aquisição e à disposição de bens de capital na industria durante o processo produtivo (HESS et al., p. 1, 1992).
No que se refere à teoria da firma, esta trata da produção, dos custos e dos rendimentos da firma. A função de produção é uma relação física entre os insumos e a quantidade produzida de bens e serviços por unidade de tempo em uma empresa. Assim, a teoria da produção consiste da análise da combinação mais eficiente dos insumos na obtenção de determinado volume de produção (BILAS - 1987, p. 129; FERGUSON, 1978, p.144-145).
Assim, o empresário ao decidir produzir determinado bem ou serviço, precisa, primeiramente, saber como produzir, onde produzir e quanto produzir. Após essa decisão, o processo de produção deverá ser direcionado para o emprego eficiente de seus recursos, objetivando obter lucro com seu negócio.
Na decisão do empresário, caberá analisar o custo de produção que define o nível tecnológico empregado pela firma, por meio dos insumos utilizados no processo produtivo. Esses insumos podem ser classificados em fixos e variáveis, considerando curto ou longo prazo. O longo prazo refere-se ao horizonte de planejamento da firma, portanto todos os insumos são variáveis. No curto prazo, porém, deve existir, pelo menos, um insumo fixo. Os insumos fixos são definidos como aqueles cuja quantidade não pode ser alterada, imediatamente, em função da demanda desejável do mercado, ou seja, não variam de acordo com a quantidade produzida e os insumos variáveis são aqueles cuja quantidade pode variar, rapidamente, em função da quantidade produzida (HOFFMANN, 1978, p. 73).
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho basearam-se no orçamento da firma, que segundo Noronha (1987, p.67), consiste em determinar quanto vai custar a decisão que se pretende tomar e quais serão os resultados financeiros esperados se as decisões forem tomadas. Para definir o orçamento é necessário construir o fluxo de caixa e por meio deste calculam-se os indicadores econômicos.
FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa é obtido por meio do fluxo monetário, que constitui a entrada e saída de capital da firma. Segundo Noronha (1987, p.132) esses fluxos "são valores em reais que refletem as entradas e saídas dos recursos e produtos por unidade de tempo que formam uma proposta de investimento. Sua formação só é possível se todas as especificações técnicas de recursos necessários, bem como de produtos a serem produzidos, forem conhecidos".
Para que a decisão de investir possa ser mais bem analisada, torna-se necessário construir indicadores econômicos que permitam analisar a viabilidade da unidade produtora. Neste estudo foram utilizados os indicadores Valor Presente Líquido (VLP) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). Na análise de risco do investimento adotou-se a Análise de Sensibilidade.
INDICADORES ECONÔMICOS
Valor presente líquido (VPL)
O valor presente líquido (VPL) definido por Contador (1988, p.44) "corresponde à soma algébrica dos valores do fluxo de um projeto, atualizado à taxa ou taxas adequadas de desconto. O projeto será viável se apresentar um VPL positivo e, na escolha entre projetos alternativos, a preferência recai sobre aquele com maior VPL positivo".
O cálculo do VPL é dado por:
ou
onde F corresponde ao fluxo de caixa.
Taxa interna de retorno (TIR)
A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa de juros que iguala a zero o VPL de um projeto, ou seja:
onde r* corresponde à TIR.
Quando a TIR é igual ou maior ao custo de oportunidade do capital o projeto tem atratividade para execução. Este critério é bastante aceito na análise de viabilidade, pois considera elementos externos ao projeto, que são as taxas de juros do mercado.
Análise de sensibilidade
Segundo Contador (1988, p. 204), a análise de sensibilidade é uma forma de considerar o risco na tomada de decisão. Nesta análise utiliza-se da variação de determinados parâmetros mais sujeitos à incerteza, e observa-se o que essas modificações provocam na rentabilidade do projeto. Portanto, a análise de sensibilidade consiste em aplicar diferentes valores para cada uma das variáveis, supondo as demais como constantes (BUARQUE, 1984, p. 182). Como regra geral utiliza-se a variação de 10% em uma variável, sempre no sentido desfavorável para a rentabilidade. Após variar as receitas ou os custos verifica-se o efeito sobre a rentabilidade.
Nesta análise, normalmente, modifica-se apenas uma variável de cada vez. Esta análise permite determinar o ponto crítico de determinadas variáveis, ou seja, o valor crítico da variável independente que modifica a decisão de aceitar ou rejeitar o projeto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANÁLISE FINANCEIRA
A análise de viabilidade financeira do biocombustível se processou em três etapas. A primeira etapa foi a valoração monetária de todos os bens e serviços necessários à implantação e ao funcionamento da unidade produtora. Na segunda etapa foi construído o fluxo de caixa, que é o instrumento fundamental para o cálculo dos indicadores econômicos; e por fim, a análise e discussão dos resultados desses indicadores.
O investimento inicial para implantação e instalação da unidade, foi de R$ 148.783,42, sendo que deste total 63,27% corresponde a compra do terreno e as obras civis. Os gastos com os equipamentos utilizados no processo produtivo foram de 27,8% do total. Os equipamentos auxiliares representaram 2,14%, os móveis do escritório 2,3% e 4,49% referentes à montagem e instalação destes equipamentos (Tabela 2).
A unidade produtora funcionando com sua capacidade máxima, ou seja, com uma produção diária de 1.416 litros/dia, terá um custo operacional, em torno, de R$ 622.114,78, sendo 78% de custos variáveis e 22% de custos fixos (Tabela 3). Essa distribuição dos custos demonstra certa flexibilidade do processo produtivo, pois os custos fixos representam uma parcela relativamente pequena dos custos totais, comparativamente aos custos variáveis. Assim, as alterações nas quantidades e nos preços dos fatores variáveis é que devem influenciar, consideravelmente, os custos finais de produção.
Os custos variáveis dividem-se entre os insumos (óleos e gorduras residuais, metanol, hidróxido de potássio e energia), análises químicas, peças de reposição e impostos.
FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa foi elaborado a partir de valores que refletem as entradas e as saídas dos recursos e produtos em cada unidade de tempo, que formam a proposta de investimento da unidade produtora de biocombustível. O fluxo de entrada refere-se às receitas alcançadas com a venda da produção. Adotou-se uma margem de lucro (mark-up) de referência de 20% sobre o custo médio total. O fluxo de saída refere-se aos custos com insumos e operacionalização da planta.
No primeiro ano ocorrem as despesas com instalação da planta (investimento inicial) e as receitas podem ser obtidas a partir do quinto mês de implantação da firma. A partir do segundo ano de produção, as receitas ocorrem durante todos os meses. Partindo dessas informações, foi elaborado o fluxo de caixa, por meio do qual obteve-se o custo médio total do biocombustível de R$ 1,41/litro em nível do produtor e de R$ 1,69/litro em nível de consumidor final (mark-up de 20%). A esses níveis de preço, a firma deverá obter uma receita de R$ 746.537,73, com uma despesa de R$ 622.114,78, anualmente (Tabela 4).
Ao final de 15 anos de vida útil do empreendimento, o fluxo de caixa total deverá ser de R$ 1.636.222,02. No último ano de operacionalização da firma acrescentou-se, à receita, o valor residual das máquinas e dos equipamentos.
Os valores positivos do fluxo de caixa mostram que o empreendimento apresenta retornos. Tal fato poderá constituir-se em incentivo à implantação de unidades produtoras de biocombustível na região em estudo.
INDICADORES ECONÔMICOS
Os resultados dos indicadores TIR e VPL foram obtidos considerando dois cenários. No cenário I adotou-se um mark-up de 10% e no cenário II essa margem foi de 15%. Os resultados desses dois cenários foram comparados aos resultados obtidos no cenário de referência (mark-up de 20%). A adoção de diferentes níveis de mark-up objetivou avaliar os efeitos sobre a viabilidade do empreendimento.
Pode-se constatar que o cenário III (mark-up de 20% - referência) possibilitou à firma melhores níveis dos indicadores, comparativamente, aos cenários I e II (Tabela 5).
Adotou-se como taxa mínima de atratividade (TMA) do empreendimento o valor de 15%. Esta taxa baseou-se no trabalho de viabilidade técnico-econômica da utilização de resíduos de madeira de Pinus, onde se constatou que essa é a taxa mínima de atratividade adotada no segmento de petróleo (LIMA, 2000). Conforme Tabela 5 verifica-se que em qualquer dos cenários propostos a TIR apresentou-se superior à TMA, indicando viabilidade na implantação desse tipo de firma.
No cálculo do valor presente líquido utilizou-se a taxa de desconto de 14,5% para investimento, valor este adotado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento - BNDES. Os valores obtidos para o VPL foram positivos em todos os cenários, o que também reflete a viabilidade financeira do projeto (Tabela 5).
Mesmo com alterações nas margens de lucro, não ocorreram modificações no direcionamento dos indicadores analisados, mostrando que em todos os cenários estabelecidos verificou-se viabilidade financeira para o negócio.
Nos cenários propostos o preço final do biocombustível foi de R$ 1,55/litro (cenário I), R$ 1,62/litro (cenário II) e R$ 1,69/litro (cenário III). Esses resultados mostram que variações nos níveis de mark-up influenciam a competitividade do produto, em nível de preço.
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Procurando antecipar modificações que possam ocorrer no mercado, principalmente no que se refere à demanda e preço do produto, foram adotadas alterações na quantidade produzida do biocombustível, no preço de venda do produto e no preço do metanol sobre os valores obtidos no cenário de referência (mark-up de 20%). Essas alterações foram feitas separadamente.
Nota-se que as reduções na quantidade produzida do biocombustível não afetaram a viabilidade da firma, pois as TIR foram superiores a 15% (TMA) e os VPL foram positivos (Tabela 6).
Verificou-se que reduções superiores a 10% sobre o preço do biocombustível, tornam inviável a implantação de tal empreendimento, considerando os indicadores econômicos analisados (Tabela 7).
Por outro lado, oscilações no preço do metanol não afetaram a viabilidade do projeto (Tabela 8).
As simulações realizadas demonstram que o empreendimento pode ser viável, exceção para reduções acima de 10% do preço do biocombustível. No entanto, mesmo esse combustível sendo uma alternativa energética, o produto nas condições analisadas, ainda não é competitivo em nível de preço ao diesel, pois o preço ficaria em R$ 1,69/L, enquanto o derivado de petróleo estava sendo comercializado em R$ 0,93/L (março de 2002). Quando os impostos foram retirados do custo variável, o custo médio de produção do biocombustível passou para R$ 1,17/litro. Ressalta-se, porém, que a escala de produção definirá a quantidade de insumos a ser utilizada, influenciando, conseqüentemente o custo final do produto. Consequentemente, maior aquisição de insumos poderá propiciar maior poder de barganha para a firma, e redução nos seus custos totais.
Deve-se considerar, porém, que o produto é obtido de óleos e gorduras residuais que, caso não fossem reutilizadas, seriam descartadas, poluindo o meio ambiente. Esse fato agrega valor ao produto tornando o seu uso interessante para a sociedade.
CONCLUSÃO
De acordo as condições técnicas adotadas neste trabalho e mark-up de 20%, o preço do biocombustível, em nível de consumidor final, encontra-se cerca de 45% superior ao preço do diesel originado do petróleo comercializado nos postos de combustível na região Ilhéus-Itabuna. No entanto, esse preço poderá ser reduzido caso se utilize isenção de impostos (a exemplo da Alemanha e outros países produtores de biocombustível). Tais medidas poderão modificar o custo do produto, tornando-o mais competitivo frente ao diesel do petróleo.
Além dessas medidas, a firma poderá utilizar o subproduto originado da produção de biocombustível (glicerina) na produção de compostagem, rações entre outros usos.
Diante do exposto, verifica-se que o biocombustível apresenta viabilidade financeira (nas condições estabelecidas), no entanto, tal argumento é apenas sinalizador para implantação da atividade, pois o nível de preço do produto ainda superior ao diesel do petróleo, pode inviabilizar a implantação de tais unidades produtoras.
Mesmo assim, o biocombustível originado de óleos vegetais e animais reutilizados ou in natura, pode constituir-se em importante fonte de energia renovável. Nesse contexto, espera-se que no médio e longo prazo haja interesse cada vez maior, por parte da sociedade, em investimentos nesse tipo de negócio, seja para maior autonomia energética, seja por questões ambientais.
AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Ciências Econômicas da UESC e à equipe do Projeto Biocombustível.
REFERÊNCIAS
[3] AGUIAR, A. A.; CANEDO, J. A. F.; OLIVEIRA, L. C. Energias Alternativas: fontes alternativas de energia / óleos vegetais. Geocities, Universidade Federal de Goiás. Disponível em <http://www.geocities.com/CapeCanaveral/5534/newpage21.htm>. Acesso em: 03 jan. 2001.
[1] ALMEIDA NETO, J.A.; SAMPAIO, L.A.; CHIAPETTI, J. Projeto Biocombustível: processamento de óleos e gorduras vegetais in natura e residuais em combustíveis tipo diesel. AGRENER, 2000 - Anais do 3º encontro do meio rural. 2000.
[5] BILAS, R. A. Teoria microeconômica: uma análise gráfica. Tradução de Paulo Neuhaus e Hélio Oliveira P. de Castro, revisão técnica de L. A. Madeira Coimbra. Editora Forense Universitária. 12ª edição. Rio de Janeiro-1991.
[10] BUARQUE, C. Avaliação econômica de projetos. Editora Campus. 12ª Edição. Rio de Janeiro - 1984.
[9] CONTADOR, C. R. Avaliação Social de Projetos. Editora Atlas, São Paulo, 2ª edição - 1988.
[6] FERGUSON, C. E. Microeconomia. Rio de Janeiro: Florense Universitária, 2ª ed. 1978.
[2] GUIA CULTURAL DA BAHIA. Litoral Sul- Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo - 1999, vol. 7.
[4] HESS, G.; MARQUES, J.L.de M.; PAES, L.C.M.da R.; PUCCINI, A.de L. Engenharia Econômica, 21ª edição. Editora Bertrand S.A. Rio de Janeiro - RJ, 1992.
[7] HOFFAMANN, R. et al. Administração da empresa agrícola. 2ª ed. Revisada - São Paulo: Pioneira, 1978.
[11] LIMA, C.R.; REINAUX JUNIOR, M.; SOUZA, R.C.R. Central Termoelétrica à Resíduo de Pinus SP. Em Água Clara - MS. Disponível em: <http://www.ipef.br/listas/bioenergia-1/Sep2000/msg00008.html> Acesso em: 03 de dezembro de 2001.
[8] NORONHA, J. F. Projetos Agropecuários: Administração Financeira, Orçamento e Viabilidade Econômica. Editora Atlas S.A. 2ª Edição. São Paulo - 1987.
1 O termo OGR refere-se a qualquer óleo ou gordura de origem vegetal que, após o seu uso na preparação de alimentos (frituras) é descartado como resíduo.