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An. 5. Enc. Energ. Meio Rural 2004

 

A participação dos setories de consumo de energia elétrica em uma cooperativa de eletrificação rural

 

 

Cristiane Aparecida Pelegrin HiguchiI; Jair Antonio Cruz SiqueiraII; Odivaldo José SeraphimIII; Frederico G. De Paula F. IeloIV

IBacharel em Ciências Contábeis - ITE - cristiane.higuchi@itelefonica.com.br
IIProf. MSc. Do CCT da UNIOEST/Cascavel-PR e Doutorando em Energia na Agricultura - UNESP/FCA - jairsiqueira@fca.unesp.br
IIIProf. Dr. do Depto. de Engenharia Rural - UNESP/FCA - seraphim@fca.unesp.br
IVProf. Dr do depto de Informática da UEPG- Ponta Grossa -PR

 

 


RESUMO

Este trabalho teve o objetivo de avaliar o comportamento da distribuição de energia elétrica em uma Cooperativa de Eletrificação Rural, situada no interior do Estado de São Paulo, abrangendo as regiões de Itaí, Avaré e Paranapanema. Foram avaliados os dados de distribuição de energia elétrica da Cooperativa de Itaí, Avaré e Paranapanema - CERIPA, durante os anos de 2000, 2001 e 2002. Avaliou-se a evolução na venda de energia, o, fator de carga geral e a distribuição por tipo de consumidor. Os resultados encontrados permitiram concluir que a cooperativa de eletrificação rural, apresenta uma boa distribuição da energia elétrica nos setores residencial, rural e irrigação.

Palavras-chave: Demanda de Energia Elétrica, Fornecimento de Energia Elétrica, Distribuição de Energia Elétrica.


ABSTRACT

This work had the objective of to evaluate the behavior of the electrical energy distribution in a Rural Electrification Cooperative, placed inside the State of São Paulo, embracing the region of the county of Itaí, Avaré and Paranapanema. Were appraised the electric energy distribution data of the Rural Electrification Cooperative of Itaí, Avaré and Paranapanema - CERIPA, during the years of 2000, 2001 and 2002. Was evaluated the sale of energy evolution, clearance evolution, general load factor and the electrical distribution for consumer type. The found results allowed to end that the Rural electrification Cooperative, show a good electric energy distribuition in residencial, rural and irrigation sectors.

Keywords: Electrical energy demand, electrical energy supply, electrical energy distribution.


 

 

1. Introdução

A eletrificação chega ao meio rural brasileiro, atendendo a uma demanda de imigrantes europeus, na década de 20. As comunidades do sul do País organizaram as primeiras cooperativas de eletrificação rural (PAZZINI et al., 2000). Apesar disto, a primeira cooperativa de eletrificação rural, foi fundada em 1941 (TENDRIH, 1990).

O surgimento das cooperativas de eletrificação, dividem-se em duas etapas : antes e depois do Estatuto da Terra. Para PAZZINI et al. (2000) com a aprovação do Estatuto da Terra e com a forte influência das agências estrangeiras, no final de 1964 foi estabelecida a estrutura cooperativista como forma de promover a eletrificação rural. Foram concedidos subsídios e privilégios às cooperativas de eletrificação.

As cooperativas que tem mercado inferior a 300GWh/ano não precisarão negociar compra e venda com as empresas geradoras, pois através de lei 10438/202 a ANEEL definirà as condições e tarifas do suprimento de energia e a ELETROBRÀS poderá repassar recursos da Reserva de Reversão Global para as cooperativas fazerem a eletrificação rural (PRADO, 2003).

Por outro lado, para a OCESP (2002), O novo cenário do setor de energia elétrica no País, com as privatizações, novas exigências legais e entrada de grandes grupos nacionais e internacionais na disputa pelo mercado, revela uma difícil realidade para as cooperativas de eletrificação rural. As cooperativas concluem que a única possibilidade de continuarem atuando com qualidade e viabilidade econômica, reside na adoção de uma estratégia de integração das cooperativas com o objetivo de obter ganhos de escala, reduzir custos e conseguir maior poder de negociação com o governo, fornecedores, concessionárias, e sistema financeiro.

A eletrificação rural, segundo BANET (2004), é uma das principais benfeitorias da propriedade rural pelo elevado benefício que proporciona. As longas distâncias e o elevado custo desse investimento têm levado os proprietários rurais a formar cooperativas de eletrificação rural para atender as necessidades de todos os cooperados.

Em vista do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento da distribuição de energia elétrica em uma Cooperativa de Eletrificação Rural, situada no interior do Estado de São Paulo.

 

2. Material e Métodos

O trabalho foi desenvolvido na Cooperativa de Eletrificação Rural de Itaí, Paranapanema e Avaré - CERIPA. Foram coletados os dados referentes à distribuição de energia elétrica no período de 2000 a 2002.

A Cooperativa atende sete setores distintos, conforme critérios internos de distribuição. Os setores subdividem-se em residencial, rural, comercial, poder público, irrigação, agroindustrial e industrial. Os consumidores do setor residencial são consumidores que se localizam em áreas urbanizadas e/ou localizam-se na área rural, mas usam a propriedade apenas para fins residenciais. O setor rural é caracterizado por consumidores que destinam a propriedade à exploração agrícola, mas não possuem sistema de irrigação. Os consumidores do setor comercial possuem classificação análoga ao setor residencial. O setor público corresponde ao atendimento de órgãos do poder público municipal e estadual. O setor denominado irrigação é constituído por consumidores rurais que possuem sistema de irrigação. O setor agroindustrial engloba os consumidores que industrializam produto de origem agro-silvo-pastoril. O setor industrial caracteriza-se por consumidores que fabricam produtos não oriundos da exploração agrícola.

A avaliação da distribuição da energia elétrica da cooperativa de eletrificação foi baseada no número de ligações por setor, na carga contratada por setor, na energia faturada por setor e na participação financeira de cada setor durante o ano de 2002. Com os dados de 2000 a 2002, avaliou-se a evolução do número de ligações, carga contratada, energia fatura e receita bruta da cooperativa no período.

 

3. Resultados

No Quadro 1, verifica-se que, durante o período analisado, houve acréscimo no número de ligações em todos os setores de distribuição de energia da cooperativa, exceto para os setores da agroindústria que houve redução de 7 ligações e do setor industrial que manteve-se em um único atendimento.

 

 

Na Figura 1, observa-se que as maiores porcentagens de ligações estão nos setores residencial, rural, irrigação e comercial com 55%, 32%, 6% e 5% do total dos atendimentos em 2002, respectivamente.

 

 

O Quadro 2, apresenta a carga contratada por setor de atendimento da cooperativa. Observa-se que houve elevação de carga no período em todos os setores, exceto nos setores agroindustrial e industrial.

 

 

Em termos de carga contratada por setor verifica-se pela Figura 2 que os setores com maior demanda são os setores irrigação, rural, residencial e comercial com 36%, 26%, 23% e 11% da carga total contratada durante o ano de 2002.

 

 

No Quadro 3, verifica-se que no ano de 2001, houve redução na energia elétrica faturada em todos os setores, exceto no setor da irrigação. A redução na energia faturada no ano de 2001 deve-se ao racionamento de energia ocorrido neste ano. O acréscimo na irrigação no mesmo ano deve-se a elevação no número de ligações ocorridas neste ano no setor. No fim do período, entretanto, houve elevação da energia faturada, indicando uma retomada do consumo de energia elétrica.

 

 

Na Figura 3, observa-se que a demanda de energia foi maior para os setores irrigação, rural, residencial e comercial com 33%, 28%, 15% e 14% do total da energia faturada pela cooperativa de eletrificação rural no ano de 2002.

 

 

Observa-se na Figura 4 que as maiores participações nas receitas da cooperativa de eletrificação rural correspondem aos consumidores dos setores residencial, comercial, rural e irrigação, com valores de 26%, 21,2%, 21% e 20% respectivamente. Verifica-se que, apesar da participação expressiva na energia consumida nos setores rural e irrigação (Figura 3), isto não se reflete no faturamento. Isto se explica, pelo fato de que a cooperativa de eletrificação pratica tarifas diferenciadas que oneram os consumidores dos setores residencial e comercial.

 

 

No Quadro 5 e na figura 5, observa-se a evolução anual do número de ligações, da carga, da energia faturada, e da receita bruta, verificando-se que o número de ligações bem como a carga contratada vem evoluindo ano a ano, sendo que a relação energia faturada por número de ligações apresentou queda a partir de 2001, em decorrência do racionamento energético, o que não afetou a evolução da relação receita bruta por número de ligações.

 

 

 

 

 

 

4. Conclusão

Apesar de se tratar de uma Cooperativa de Eletrificação Rural, a cooperativa distingue o setor residencia onde o morador rural, é tratado de maneira igual ao do setor rural, pelas características próprias da região, que é bastante expressivo, diferenciando os valores de tarifa.

Os consumidores dos setores irrigação e rural apresentam o maior consumo de energia e de demanda, porém nãosão os setores mais expressivos na arrecadação financeira da cooperativa, sendo os setores residencial e comercial os de maiores receita referentes às contas de energia.

A evolução da cooperativa neste período não apresentou crescimento significativo em termos de consumo de energia ( 6,7 %), porém entre o número de ligações e a receita bruta, houve um crescimento desproporcional, ocorrendo 15 % e 67 %, respectivamente.

 

6. Referências Bibliográficas

BANET Linhas de eletrificação. Disponível: <http://www.banet.com.br/construcoes/ >. Acesso em 20 de maio de 2004.

PAZZINI, L. H. A. et al. Inspeção de cooperativas de eletrificação rural em São Paulo - um passo para sua regularização. III Encontro de Energia no Meio Rural, AGREENER, 200, Anais...CD ROOM, UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil, Setembro de 2000.

TENDRIH, L. Experiências com sistemas de eletrificação rural de baxio custo: uma análise dos impactos sócio-econômicos. Dissertação de mestrado - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Itaguaí, Rio de Janeiro, Brasil, 1990.

OCESP Cooperativas de eletrificação rural se unem pela competividade. Disponível em:http://www.ocesp.org.br/not3.htm. Acesso em 14 de maio de 2002.

PRADO, J. A. do, Creral - uma experiência de cooperativa na eletrificação rural e a nova legislação para as cooperativas. Rev. PCH Notícias & SHP News, Itajubá, 2003 - trimestral, ano 5, n.17. p. 20-23.