An. 5. Enc. Energ. Meio Rural 2004
Agroenergia - um curso sobre fundamentos do uso da energia no meio rural
Eliane Framil FerreiraI; Geraldo Lucio Tiago FilhoII
IPrograma de Pós-graduação em Engenharia da Energia, Centro Nacional de Referência em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, CEP.: 37500-000 Itajubá, MG, Tel.: (35) 36291385 Fax: (35) 36291265 elianef@unifei.edu.brIIInstituto de Recursos Naturais, Programa de Pós-graduação em Engenharia da Energia, Centro Nacional de Referência em Pequenos, Aproveitamentos Hidroenergéticos, Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI, CEP.: 37500-000 Itajubá, MG, Tel.: (35) 36291156 Fax: (35) 36291265 tiago@unifei.edu.br
RESUMO
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem hoje, aproximadamente, 12 milhões de brasileiros desprovidos de energia elétrica. A maioria deles mora em áreas rurais e remotas, portanto, distantes das linhas de distribuição de energia e que devido ao alto custo de implantação se tornam, na maioria das vezes, inviáveis. A conseqüência de um cenário como esse é a migração do homem do campo para a cidade na busca de melhoria da qualidade de vida, o que nem sempre acontece. Neste caso, para sua fixação no campo, torna-se fundamental o acesso à informação, a busca pelo conhecimento. Partindo desta constatação surgiu o curso de Agroenergia como caminho para a construção do conhecimento, pelo homem do campo, acerca das fontes alternativas de energia que podem ser encontradas no seu hábitat e que podem ser utilizadas na geração de eletricidade, entre outros fins. Desta forma, pode-se falar em universalização do acesso a energia e geração descentralizada. As principais fundamentações sobre este assunto estão discorridas neste artigo.
Palavras chave: Agroenergia, desenvolvimento sustentável, universalização do setor elétrico, geração descentralizada, conhecimento, fontes alternativas de energia, qualidade de vida, equidade social.
ABSTRACT
Nowadays, according to IBGE (Brazilian Geography and Statistical Institute), there are about 12 million of brazilian people without access to the electric power. Most of these people lives in rural and remote areas and, consequently, they are distant of the energy distribution lines. Most of time, due to the high cost of implantation, these lines become unviable. This scenery has as consequence the migration of the peasant to the city aiming the improvement of his life quality. This fact does not become reality always. In this case, it is essential that the peasant has the access to the information so that he remains in the field. In front of such argument arose the Agroenergia's Course, aiming give to the peasant some knowledge about alternative sources of energy. These sources can be found in the environment and can be used in the electricity generation, among others purposes. Thus, universalize the access to the energy and decentralize the generation constitute ways for the social equality. The main information about this subject are related in this paper.
1 - Introdução
O futuro parece cada vez mais problemático se o desenvolvimento continuar acontecendo de maneira desordenada e sem adoção de medidas mitigadoras, que compatibilizem desenvolvimento com qualidade de vida.
A volta ao passado está descartada, uma vez que os valores foram irreversivelmente alterados por transformações profundas da sociedade devido, por exemplo, a revoluções industriais e pós-industriais.
Assim, trabalhar com informações que favoreçam uma modificação radical, porém fundamental, nas atitudes e comportamentos dos seres humanos para chegar a questão do "desenvolvimento sustentável" é imprescindível. Diante desta constatação surge como ferramenta para tal modificação a educação. Por meio dela a humanidade será dotada da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. A educação deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e comunidade.
O presente trabalho enfatiza a inter-relação entre desenvolvimento, educação e energia - esta última tida como um bem propulsor do progresso e da tecnologia. Tal inter-relação é percebida no curso de Agroenergia que aborda as questões ambientais, com ênfase nos recursos naturais: sol, vento, água e matéria orgânica, na geração de energia elétrica, no aquecimento e bombeamento de água, no acionamento de máquinas e equipamentos, e na cocção favorecendo a melhoria da qualidade de vida no meio vivido.
O curso é uma proposta inovadora e complementar a 'educação/ensino formal', tornando viável sua continuidade e extensão a outros níveis de ensino e a outras localidades, podendo se tornar um projeto de nível nacional executado por instituições e/ou organizações preocupadas com a equidade social.
2 - Desenvolvimento sustentável
O termo desenvolvimento sustentável foi proposto pela "Comissão Mundial do Desenvolvimento e Meio Ambiente" em 1987. Tal comissão foi formada em 1984 pela Organização das Nações Unidas (ONU), tendo como coordenadora a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, e que incluía 23 membros de 22 países. Por três anos consecutivos a comissão e seus assessores estudaram os conflitos entre os crescentes problemas ambientais e as necessidades quase desesperadoras das nações em desenvolvimento. Concluíram, então, que era tecnicamente viável prover as necessidades mínimas, do século XXI, de forma sustentável e sem degradação continuada dos ecossistemas globais. A comissão definiu em seu relatório final com o título "Nosso Futuro Comum" o conceito de desenvolvimento sustentável atribuindo a seguinte afirmação: "Atender às necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades". (BRAGA, 2002:216).
Entretanto, ainda hoje o desenvolvimento sustentável encontra-se incompatível com a estrutura da sociedade, ou seja, com os padrões de produção e de consumo vigentes devido a grandes desigualdades existentes entre as classes sociais, além da falta de conscientização e sensibilização de parte da população sobre as questões ambientais, uso racional de fontes alternativas de energia, geração de resíduos, desperdício, entre outros.
3 - Universalização do setor elétrico e geração descentralizada
Atualmente, governo e pessoas interessadas ou comprometidas com a busca pela equidade social falam na universalização do setor elétrico e na possibilidade de geração descentralizada como caminhos para solucionar a questão energética no Brasil, diminuindo as barreiras existentes entre as classes sociais.
Em novembro de 2003, o Governo Federal lançou o programa de Universalização do acesso à energia elétrica intitulado Luz para Todos, que tem como objetivo levar - até 2008 - à energia elétrica a todos brasileiros independentemente do lugar onde habitam. Em sua primeira fase, o programa irá levar energia a 1,4 milhão de famílias (onde 90% delas estão em áreas rurais). Conseqüentemente, a população rural será a maior beneficiada com o programa, pois o campo concentra 80% dos casos de exclusão elétrica no país e a eletrificação rural é fundamental para levar adiante programas de desenvolvimento de uma região.
Já, a geração descentralizada tem como objetivo a complementaridade do atendimento do setor através de alternativas energéticas, tal como, o uso de fontes renováveis de energia. Abre, portanto, novo mercado no país, incentiva a "empregabilidade", além de permitir o uso de sistemas modulares enfatizando a viabilidade do investimento e, conseqüentemente, a implantação.
4 - Agroenergia na contemporaneidade
O desenvolvimento da sociedade urbana e industrial, por não conhecer limites, ocorreu de forma desordenada, sem planejamento, à custa de níveis crescentes de poluição e degradação ambiental. Além disso, as pessoas estão consumindo os recursos naturais mais rapidamente do que eles são regenerados pela biosfera e despejando tantos rejeitos que a qualidade do ambiente, em muitas regiões da Terra, se deteriora numa taxa alarmante causando impactos negativos significantes, comprometendo a qualidade de vida.
Parte da degradação ambiental pode ser claramente percebida em áreas rurais devido ao uso - muitas vezes irregular - de grandes extensões de terra para atividades agropecuárias, ou seja, falta à população noção das estratégias de conservação. Como resultado deste fato pode-se citar os desmatamentos demasiadamente "agressivos"; erosão; assoreamento dos rios; uso exagerado de agrotóxicos (contaminando o solo, as águas superficiais e, conseqüentemente, os lençóis freáticos). O gráfico da figura 1 demonstra algumas atividades econômicas referentes ao uso do solo e água justificando, assim, o porquê da preocupação com questões agropecuárias e, conseqüentemente, com a busca pela conscientização e mudanças de atitude do homem e, neste caso, o do campo.
A engenhosidade humana pode mudar o funcionamento do planeta. Na vida diária, todos e cada um dos seres humanos influenciam o sistema global e o ambiente local. Não se sabe ao certo o que acontecerá. Acredita-se que quanto mais se preservar os ciclos da matéria, os fluxos de energia e o ciclo da vida na Terra, maiores possibilidades existirão de obter um planeta hospitaleiro para os habitantes de hoje, para os descendentes e para todas as criaturas da Terra.
Há de se considerar também nas áreas rurais, além da questão solo e água, a carência de energia elétrica. Energia essa que desempenha um papel imprescindível no mundo moderno e, conseqüentemente, na vida cotidiana por proporcionar conforto, lazer, melhoria na prestação de serviços, aperfeiçoamento de alguns tipos de trabalho, etc.
De modo geral, as perguntas a serem respondidas podem ser: o que dizer da energia? Como ela faz parte das questões ambientais locais?
Sabe-se que, a energia desempenha um papel importante no dia-a-dia. Usa-se energia quando se vai de um lugar a outro; quando se aquece, resfria e ilumina as casas e empresas; quando se cultiva algum tipo de cultura; no cozimento dos alimentos; quando se faz a higiene corporal, das roupas, da casa; etc. Para praticar qualquer ação usa-se uma fonte de energia como, por exemplo, gasolina para o carro, gás para o fogão, eletricidade para a geladeira, luz solar para aquecimento da água, etc.
Pessoas e grupos que se propõem decididamente melhorar a eficiência no uso e na geração da energia elétrica sustentam que a sociedade pode e deve suprir outras necessidades energéticas usando fontes de energia renovável como sol, vento, água e resíduos orgânicos. Essas fontes de energia renovável tendem a causar menos poluição que os combustíveis fósseis e, geralmente, não aumentam o efeito estufa. Um aspecto menos positivo dessas fontes é que os equipamentos utilizados para a conversão em energia elétrica, por exemplo, são ainda dispendiosos.
Por outro lado, principalmente em países onde a matriz energética tem como base os combustíveis fósseis, há os que argumentam que não se faz necessário preocupar com o efeito estufa exagerado, que os combustíveis fósseis podem ser usados de maneira limpa e que a adoção de fontes renováveis implica custos tão altos que podem desestabilizar a economia.
Quase todos concordam que melhorar a eficiência faz sentido, mas há divergências com relação à quantidade de energia que pode ser economizada com essas fontes. Uma combinação dos fatores eficiência energética/fontes de energia renovável pode possibilitar aos habitantes, tanto de nações desenvolvidas como de países em desenvolvimento, uma qualidade de vida adequada com menos impactos ambientais do que os atualmente constatados.
No entanto, torna-se cada vez maior o número de consumidores de energia em função do crescimento populacional, como se pode perceber pelos dados indicados no gráfico da figura 2.
Segundo LORA e TEIXEIRA (2001) a demanda mundial pela energia vem crescendo continuamente. Em parte, isso acontece porque as populações e suas necessidades estão crescendo, e, mais indústrias, serviços e empregos são gerados. E é esse aumento de demanda que traz a necessidade da expansão da rede de fornecimento gerando maiores investimentos. O que acontece num cenário como esse é a sobrecarga do sistema podendo provocar problemas desagradáveis e bastante onerosos, tais como: blecautes, interrupção no fornecimento para algumas regiões, aumento de custo, encarecimento do serviço e racionamento, principalmente, no Brasil onde a energia hidráulica é a mais importante fonte primária para geração de energia elétrica.
De acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2003, 79,08% da eletricidade produzida ocorriam em usinas hidrelétricas. O restante da matriz energética era complementado com outras fontes alternativas de energia, como demonstradas na tabela 1.
Com esse panorama nacional, mesmo que ainda haja algum excedente de energia elétrica, o que se produz é insuficiente para atender aproximadamente, 2,5 milhões de domicílios brasileiros. Segundo o IBGE, no Brasil são cerca de 12 milhões de habitantes desprovidos de energia elétrica.
A tabela 2 demonstra a quantidade de domicílios brasileiros existentes por região e quantos são atendidos, atualmente, com iluminação.
Diante destas constatações, torna-se imprescindível que o homem conheça quais os meios, ou seja, caminhos que poderá seguir para atingir a melhoria da qualidade de vida.
Para alcançar essa melhoria acredita-se na educação como um agente de transformação, capaz de incrementar a capacidade das pessoas de transformar suas idéias sobre a sociedade em realidades funcionais, além de proporcionar mudanças radicais de atitudes e comportamentos, uma vez que a falta de informação contribui para o atraso de qualquer desenvolvimento social.
Desta forma, o Centro Nacional de Referências em Pequenos Aproveitamentos Hidroenergéticos (CERPCH) em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) criou o Curso de Agroenergia que tem o objetivo de proporcionar ao homem rural, através da construção do conhecimento, caminhos alternativos para a obtenção de eletricidade com ênfase na racionalidade do seu consumo, uma vez que saber usar energia elétrica significa: "ganho duplo para consumidores e meio ambiente" onde o indivíduo além de obter e manter certo padrão de conforto terá redução no valor da conta de luz no fim do mês ou até mesmo sua não existência.
No entanto, como é sabido a rotina diária do trabalhador rural impossibilita sua participação em outros tipos de atividades, justamente pela falta de tempo disponível. Assim o curso de Agroenergia tem tido como foco crianças da 4ª série do ensino fundamental de escolas rurais proporcionando a construção do conhecimento sobre questões ambientais e como usar as fontes renováveis de forma consciente. A idéia é que essas crianças se tornem agentes de comunicação em casa, na escola, no bairro, etc despertando nos adultos o interesse pelo uso de tais fontes e a importância da preservação ambiental como garantia para uma boa qualidade de vida.
O curso tem como ambiente de aprendizagem a Pequena Central Hidrelétrica Luiz Dias que está localizada em Itajubá - MG, cuja operação e manutenção, numa parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), está a cargo da UNIFEI e onde é mantido um centro de excelência em energia renovável e um parque temático em energia e meio ambiente denominado Parque de Alternativas Energéticas para o Desenvolvimento Auto-sustentável (PAEDA), cujos recursos para implantação foram obtidos junto ao Ministério de Minas e Energia (MME).
O curso é ministrado pela UNIFEI, em parceria com o CERPCH e com a Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Itajubá (PMI). Tem uma carga horária de 300 horas e conta com disciplinas específicas referentes a cada fonte de energia: eólica, hidráulica, solar, biomassa, além de ecologia, segurança no trabalho, sistemas energéticos integrados e aulas práticas em laboratórios. Enfatiza o aproveitamento dos recursos naturais disponíveis: sol, vento, água e matéria orgânica, para geração de energia elétrica; aquecimento e bombeamento de água; acionamento de máquinas; moagem de grãos e produção de gás usando para isso equipamentos como: painel fotovoltaico, coletor termosolar, roda d'água, carneiro hidráulico, monjolo, bomba de corda, aerogerador, cata-vento multipás, biodigestor, microcentral hidrelétrica - no que se refere a seus componentes, tendo cada qual sua função específica.
Encontra-se exemplificada na tabela 3, a distribuição da carga horária referente a 3ª edição do curso de Agroenergia ministrado na PCH Luiz Dias, no segundo semestre de 2003.
5 - Agroenergia: projeto de medida preventiva
Há de se considerar que num contexto social e desenvolvimentista medidas preventivas e corretivas são fundamentais. As medidas preventivas devem antecipar-se e impedir ou minorar a ocorrência dos fatores de degradação. Duas razões principais tornam preferencial à aplicação dessas medidas. A primeira é por sua implantação depender de custos financeiros menores 'pressionando' menos os caixas públicos e privados na disputa de recursos que são sempre escassos para atender o conjunto de demandas da sociedade. A segunda, é que as medidas preventivas serão mais eficazes se tomadas antes da ocorrência de degradação ambiental e de conseqüentes outros custos de natureza econômica e social nem sempre traduzíveis em valores monetários, mas nem por isso destituídos de importância. Já as medidas corretivas, embora necessárias para situações já existentes, são em geral onerosas e muitas vezes de implementação difícil. Dependem não só de a sociedade reservar os recursos necessários para implantá-las, como também da sua capacidade de acessar e aplicar técnicas e tecnologias nem sempre triviais e sob seu efetivo domínio.
Logo, acredita-se na educação como um forte agente de transformação social, onde indivíduos cada vez mais capacitados poderão contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico-tecnológico da nação favorecendo, assim, a equidade entre os povos; a inclusão social; o acesso a oportunidades no mercado de trabalho; a contribuição científica; entre outros. Como o curso visa tais perspectivas mediante a conscientização das pessoas, pode-se classificá-lo como uma medida preventiva no que se refere à degradação ambiental decorrente de ações antrópicas realizadas de forma irracional, pois é mais fácil prevenir danos ambientais do que corrigi-los, uma vez que muitos desses danos são irreversíveis.
6 - Princípios pedagógicos norteadores do Curso de Agroenergia
GADOTTI (2000) ressalta em um de seus dizeres que "uma mudança radical de mentalidade, principalmente, em relação à qualidade de vida está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com a natureza e que implica atitudes, valores e ações. Trata-se, pois, de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, com os outros e com o ambiente mais próximo, a começar pelo ambiente de trabalho e doméstico".
Partindo do princípio de se considerar o contexto, a relação com o outro e com o ambiente elaborou-se a proposta pedagógica curricular que subsidiou a aplicação do Agroenergia para crianças, do ensino fundamental, filhas de trabalhadores rurais.
Tal proposta contempla elementos fundamentais e bem valorizados na aplicabilidade do curso, como demonstra o quadro a seguir:
É interessante ressaltar que os princípios, mencionados anteriormente, estão presentes nos primeiros escritos sobre ecopedagogia, que é uma pedagogia voltada para a promoção da aprendizagem do sentido das coisas a partir da vida cotidiana. Algumas das intuições originais de Paulo Freire inspiraram a ecopedagogia de hoje e, por isso, merecem ser citadas, tais como:
1 - A ênfase nas condições gnosiológicas da prática educativa.
2 - A defesa da educação como um ato de diálogo no descobrimento rigoroso, porém, por sua vez, imaginativo, da razão de ser das coisas.
3 - A noção de uma ciência aberta às necessidades populares.
4 - Um planejamento comunitário e participativo.
A educação continua sendo, portanto, a chave para a nova forma de desenvolvimento da sociedade, ou seja, para o desenvolvimento sustentável. Uma educação que motive o processo de ocorrência da produção do conhecimento e não apenas uma educação tida como um simples instrumento de transmissão e acumulação do mesmo. Assim, usando o conhecimento, valores e habilidades desenvolvidos no processo ensino-aprendizagem dá para forjar comunidades justas, dispostas a mudanças significativas garantindo, desta forma, que todos os cidadãos possam usufruir boa qualidade de vida proporcionada pela energia elétrica.
7 - Conclusão
O curso de Agroenergia é uma proposta inovadora no campo do conhecimento sobre fontes alternativas de energia, principalmente, para o homem do campo cujo acesso à informação é mais limitado. De posse das informações, o mesmo, poderá executar ações que impliquem em melhoria da qualidade de vida e, conseqüentemente, a permanência no seu 'hábitat original'.
A estrutura curricular do curso contempla informação sobre: as questões ambientais e seus impactos na vida cotidiana; o cenário atual do setor elétrico brasileiro; a energia e seus múltiplos usos; o uso de recursos naturais renováveis na obtenção de energia, como garantia a satisfação das necessidades básicas fundamentais a subsistência; etc.
É, portanto, uma proposta de trabalho que procura, constantemente, inter-relacionar os assuntos: meio ambiente, desenvolvimento, energia e educação. Por isso foi adotada a metodologia interdisciplinar, onde o processo de ensino-aprendizagem é contextualizado e, conseqüentemente, significativo. Assim, os sujeitos envolvidos neste processo adquirem um "novo olhar para o entorno" procurando adotar novos hábitos, novas atitudes no ambiente vivido.
8 - Referências bibliográficas
[1] BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental, Prentice Hall, São Paulo, 2002.
[2] CORAGGIO, José Luis. Desenvolvimento humano e educação, Instituto Paulo Freire - IPF, Cortez Editora, 1996.
[3] DELORS, Jacques. Educação um tesouro a descobrir - Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, Edições Asa, 1996.
[4] _______Educação para um futuro sustentável - uma visão transdisciplinar para uma ação compartilhada, Edições IBAMA, 1999.
[5] FREIRE, Paulo. Educação e mudança, Coleção Educação e Comunicação, vol. 1, Editora Paz e Terra, 16ª ed., Rio de Janeiro, 1979 / 1990 - ano da reedição.
[6] GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra, Série Brasil Cidadão, Peirópolis, 2ª ed., São Paulo, 2000.
[7] GOLDEMBERG, José. Energia, Meio Ambiente & Desenvolvimento, tradução André Koch, Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
[8] www.aneel.gov.br
[9] www.ibge.gov.br
[10] www.mme.gov.br
9 - Fotos das edições do curso de Agroenergia
As fotos a seguir ilustram alguns módulos e atividades do curso de Agroenergia, contemplando as três edições do mesmo.