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An. 5. Enc. Energ. Meio Rural 2004

 

Readequação ambiental de propriedades rurais visando à redução de contaminação das águas (projeto integrado Itaipu/UNIOESTE)

 

Environmental re-adaptations of farms seeking to the water contamination reduction (Itaipu/UNIOESTE integrated project)

 

 

Jacir DagaI; Alessandro Torres CamposII; Franciele NavariniIII; Armin FeidensupIV; Melissa MatsuoV

IEng. Agr. Mestrando - GPEA(Grupo de Pesquisas em Ambiência do Oeste do Paraná)//UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon/PR
IIProf. Adjunto - GPEA/UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon/PR
IIIZootec. - GPEA UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon/PR
IVProf. Adjunto - CCA/UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon/PR
VEng. Quim. Mestranda - GPEA//UNIOESTE - Marechal Cândido Rondon/PR

 

 


RESUMO

O trabalho é destinado a diagnosticar e elaborar projetos de adequação ambiental em propriedades agrícolas localizadas nas microbacias: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba, selecionadas e localizadas na bacia hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro, na região oeste do Paraná, mediante convênio entre ITAIPU binacional e UNIOESTE. Serão visitadas quatrocentas e quarenta propriedades num período de onze meses. Serão levantados passivos ambientais, no que se refere a mata ciliar, reserva legal, piscicultura, lavouras, produção e manejo de dejetos de suinocultura, bovinocultura, bem como projeto de readequação das propriedades nas áreas das microbacias, visando à adequação ambiental das mesmas, reduzindo, por conseguinte, a contaminação das águas que abastecem a represa da usina de ITAIPU. Os projetos serão encaminhados ao IAP, pela ITAIPU, para as propriedades se adequarem às normas ambientais. Além da preservação e sustentabilidade ambiental, com as readequações a ITAIPU também se beneficiará com a redução da contaminação das águas do lago de ITAIPU, que chegam às turbinas.

Palavras-chave: Sustentabilidade de agroecossistemas, sustentabilidade na produção de energia, contaminação de águas, sustentabilidade de usinas hidroelétricas.


ABSTRACT

The work is destined to diagnose and to elaborate environmental adaptation projects in agricultural properties located in the microbasins: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba, selected and located in the Rio São Francisco Verdadeiro basin, in the west Paraná State area, by means of accord between ITAIPU binacional and UNIOESTE (West Paraná State University). Four hundred and forty farms properties will be visited in a eleven months period. It will be lifted up environmental problems, in what it refers the ciliary forest, law reserves, fishing, crops, production and handling of dejections by: swine, dairy cattle, as well as readaptations projects of the farms in the areas of the microbasins, seeking to the environmental adaptation, reducing, consequently, the contamination of the waters that provisiones the ITAIPU reservoir. The projects will be leaded to the IAP (Paraná State environmental organ), by ITAIPU, for the environmental norms adaptation of the farms. Besides the environmental preservation and sustainability, with the environmental adptations, ITAIPU will also benefit with the reduction of the ITAIPU lake water contamination, which arrives to the turbines.


 

 

1. INTRODUÇÃO

A suinocultura intensiva é responsável pela movimentação de um grande volume financeiro, porém também de quantidade de dejetos que necessitam de destino adequado.

O Brasil tem atualmente um plantel de 34,5 milhões de cabeças .Estima-se que hoje, 733 mil pessoas dependam diretamente da cadeia produtiva da suinocultura brasileira, que hoje é responsável pela renda de 2,7 milhões de brasileiros. O valor da cadeia produtiva da suinocultura é estimado em US$ 1,56 bilhões. Em 1970 o plantel era de 31,5 milhões de cabeças, a produção havia sido de 705 mil toneladas. Em 2003, com 34,5 milhões de cabeças, a produção aumentou para 2,696 milhões de toneladas. Portanto, em 33 anos o crescimento do plantel foi de apenas 9,6% enquanto a produção aumentou 261%. Estes números exemplificam claramente a evolução tecnológica do setor neste período, graças a um forte trabalho dos técnicos e criadores nas áreas de genética, nutrição e manejo (IBGE, 2003).

É sabido que dejetos de suínos são resíduos altamente poluidores que prejudicam o meio ambiente em especial a qualidade da água e o desenvolvimento de peixes e outros organismos aquáticos. Os dejetos de suínos são 100 vezes mais poluentes que o esgoto urbano (KONZEN, 1980). Comenta o autor que, uma granja com 2 mil cabeças polui mais que uma cidade de 36 mil habitantes.

A destinação dos dejetos de suínos originários das criações intensivas transformou-se em um problema de grandes proporções nos últimos anos. O emprego destes dejetos para uso na adubação orgânica tem sido a forma tradicional da utilização do material fecal, permitindo assim a reciclagem de nutrientes. Entretanto, condições climáticas e topográficas podem limitar o volume de dejeto a ser utilizado. Alem disso, a sociedade tem se preocupado com a ação poluente do material, quando aplicado em grandes proporções, no solo. As fezes quando não são convenientemente manejadas contaminam o solo, a água e o ar, pondo em risco o conforto e a saúde humana (FREITAS et. al., 1995).

Caracteriza-se como esterco líquido de suínos, todo o resíduo proveniente dos sistemas de confinamento, sendo composto por fezes, urina, resíduo de ração, excesso de água dos bebedouros e higienização, dentre outros decorrentes do processo criatório (KONZEN, 1980). Todos estes componentes reunidos formam o esterco líquido ou liquame.

As quantidades estão citadas na tabela abaixo, referindo a fêmeas em diferentes épocas de seu ciclo, machos e animais em creches.

 

 

A composição dos dejetos esta associada ao sistema de manejo adotado, podendo apresentar grandes variações na concentração de seus componentes, dependendo da diluição e da modalidade como são manuseados e armazenados. A urina influi significativamente na quantidade de liquame, que por sua vez depende diretamente da ingestão de água. Em geral cada litro de água ingerido por um suíno resulta em 0,6 litros de dejetos líquidos (OLIVEIRA, 1994). Consumo médio de 5,5 litros/suínos/dia de água foi encontrado por Mamede (1980), avaliando suínos com peso na faixa de 36 a 97 kg. O método de higienização das instalações e dos animais influencia diretamente na quantidade de dejetos produzidos.

 

 

Somente é possível determinar o mais apropriado destino dos dejetos provenientes da criação de suínos, mediante o conhecimento da concentração em elementos constituintes, a qual por sua vez, é função do sistema de coleta e estocagem adotado (KONZEN, 1983). Deve se notar que os dejetos de suínos podem apresentar grandes variações na concentração de seus elementos componentes, dependendo da diluição à qual foram submetidos e da modalidade como são manuseados e armazenados, onde podemos verificar estas diferenças de concentrações na Tabela 03.

Os métodos de armazenamento de dejetos, são escolhidos de acordo com a definição de sua utilização. As principais propostas apresentadas ao produtor, são o biodigestor, a bioesterqueira e a esterqueira. O biodigestor foi indicado em Santa Catarina na década de 70, como alternativa energética, (produção de gás) e adubo. Percebeu-se mais tarde que a análise de custo e beneficio não favorece a utilização desse sistema (SILVA, 1998). Tanto a bioesterqueira como a esterqueira, objetivam obter a estabilização da matéria orgânica através do armazenamento da massa liquida bruta, por determinado período de tempo. A diferença é que na bioesterqueira existe uma parede divisória, resultando em uma câmara de fermentação e outra de armazenamento (SILVA, 1998). Pode-se concluir que todas as formas de armazenamento dos dejetos de suínos, estão direcionadas unilateralmente ao aproveitamento do NPK, contidos nestes resíduos.

A estocagem dos dejetos, com intuito de sua utilização na forma de adubo orgânico, visando a produção de grãos, normalmente só é possível no período da entressafra, obrigando o produtor a armazenar os dejetos por períodos de 7 a 8 meses. A capacidade da estrutura de armazenamento dependera do tamanho, da finalidade e do manejo da criação (KONZEN et. al., 1998). Variações de manejos (critério de lavação, uso ou não de laminas d'água, freqüência de varredura) e tipos de criação entre granjas afetam muito a produção de dejetos. A capacidade calculada deve estar adequada ao recebimento de aproximadamente 20 % de água pluvial, evitando assim complicações com enchimento e derramamentos indesejáveis do deposito antes do tempo previsto.

Alem do dimensionamento adequado, para uma segurança total de não agressão ao meio ambiente e para evitar perdas de componentes que podem ser utilizados na produção de alimentos, são imprescindíveis a impermeabilização perfeita dos referidos tanques e um adequado programa de utilização dos dejetos (KONZEN & BARROS, 1997).

Os dejetos de um modo geral, são fertilizantes que possuem muitas características reconhecidas para seu uso com sucesso na produção agrícola.

De acordo com Scherer et al., (1984), os adubos orgânicos apresentam, em geral um maior efeito residual no solo do que os de origem mineral. Isto é explicável pela lenta mineralização dos compostos orgânicos tornando os nutrientes disponíveis num maior espaço de tempo. Além disso, a degradação do esterco pelas bactérias do solo é considerada um dos mais efetivos processos de biodegradação, proporcionando maior disponibilidade de elementos nutritivos para o desenvolvimento das culturas (KONZEN, 1983). A intensa atividade bacteriana pela decomposição dos dejetos terá como resultado uma melhoria das condições físicas do solo, tornando-o mais permeável e com maior capacidade de retenção de água e penetração nas raízes da planta.

A produtividade agrícola depende da quantidade e da proporção dos nutrientes existentes no perfil do solo, contudo, o uso adequado dos dejetos de suínos, pode contribuir substancialmente para a adequação da fertilidade dos solos (SCHERER et al.,1984).

A distribuição do esterco líquido de suínos pode ser feita de maneira uniforme e/ou localizada no solo. A aplicação uniforme pode ser realizada com equipamentos de tração animal, tratorizados ou de irrigação. Os tanques de distribuição tratorizados, com aplicação de maneira uniforme ou localizada, exigem trânsito intenso, provocando compactação do solo ou impedindo sua movimentação em áreas mais acidentadas ou com solo úmido (KONZEN et al., 1998). Já os sistemas de irrigação por aspersão, não impõem as referidas restrições, entretanto exigem bombas especializadas para sua operação. São também usadas as irrigações por sulcos e a distribuição por gravidade, que pode ser feita através de escoamento direto, com tomada no fundo do depósito ou por sifonagem, com tomada no terço inferior do tanque. As tubulações de 100 mm de diâmetro ou mais são recomendadas para evitar entupimentos. O registro na extremidade externa da tubulação deve, de preferência ser de mangote flexível com sistema de levantamento e abaixamento da extremidade aberta (MARRIEL et. al., 1987).

Recomendada pela pesquisa (EMBRAPA CNPSA, 1995, 1999), (EMBRAPA CNPMS, 1995, 2000, 2002) a disposição final de estercos líquidos de suínos, ou dejetos suínos, é largamente empregada nas regiões produtoras de suínos do mundo e em todas regiões produtoras do Brasil pela sua praticidade operacional, como também pela potencial agregação de valor econômico proporcionado pelo emprego dos dejetos, (Miranda et al., 1999), (Seganfredo e Girotto, 2002), (Konzen, 2000) como veículo de nutrientes de plantas, cuja obtenção por meio dos dejetos representa valor agregado para a atividade suinícola, para a produção das culturas agrícolas e para os próprios solos quanto a seu potencial de fertilidade orgânica.

Porém, é preciso considerar que os dejetos suínos são esgotos e que carregam um potencial poluidor considerável e complexo e que seu valor fertilizante potencial pode ser consumido, se os custos econômicos para seu emprego e os custos ambientais para mitigar possíveis impactos transitórios ou cumulativos.

Já são notáveis as conseqüências da aplicação indiscriminada e sistemática de dejetos suínos em regiões que dele se utilizam (EPAGRI,) e não são poucos os alertas para as conseqüências ambientais desta aplicação (Seganfredo).

Apesar disso, não se espera que esta prática seja abandonada pelos suinocultores, já que vem sendo aceita pelos Órgãos Gestores Ambientais como válida para efeito de licenciamento ambiental pois, em inúmeros casos, representa a única alternativa economicamente viável para o manejo ambiental dos dejetos Infecções Urinárias: as infecções urinárias são doenças altamente prevalentes na suinocultura intensiva, acometendo principalmente as matrizes.

De acordo com ALBERTON et al. (2000), 28% das porcas apresentam estas infecções, que determinam uma série de problemas reprodutivos na granja, tais como: elevadas taxas de retorno ao cio, leitegadas pequenas, abortos, morte de matrizes e baixas taxas de parição.

Os agentes causadores destas infecções são bactérias presentes na microbiótica fecal destacando-se a Escherichia coli. O acúmulo de fezes nas baias e nas gaiolas, associado a uma diminuída freqüência de micções diárias, contribui para que essas bactérias, que normalmente não provocariam doenças para estes animais, colonizem a bexiga provocando infecção. As medidas de controle destas doenças consistem no aumento diário de remoção das fezes das baias e gaiolas e aumento na ingestão de água. Esta última medida requer muitas vezes uma revisão do projeto hidráulico da granja de modo a permitir uma vazão adequada nos vários pontos da granja.

Problemas respiratórios relacionados com a qualidade do ar: os gases produzidos pela degradação biológica do material orgânico (fezes, urina, ração) podem atingir níveis elevados dentro das instalações quando os dejetos se acumulam nas baias e nas canaletas. A amônia, quando em concentrações elevadas, provoca uma redução marcante no ganho de peso e torna os suínos mais predispostos a infecções respiratórias crônicas.

A produção deste gás está muito mais relacionada com a higiene e o manejo do dejeto do que com a qualidade da ventilação. As infecções respiratórias crônicas são altamente prevalentes na suinocultura intensiva. Em uma pesquisa realizada na Região Sul do Brasil, 100% das granjas amostradas foram positivas para pneumonia enzoótica e 98,4% para a rinite atrófica (SOBESTIANSKY et al., 1999). Os prejuízos determinados por estas duas doenças são extremamente elevados. Ocorre uma redução marcante no ganho de peso diário e um aumento considerável na conversão alimentar. Adicionalmente, ocorrem gastos com medicamentos, vacinas, mão-de-obra e eventualmente com a morte de animais. Por se tratarem de doenças crônicas, cuja manifestação principal não é a morte de animais, os produtores acabam convivendo com estas doenças e muitas vezes consideram-nas normais no rebanho. Atualmente existem no mercado brasileiro vacinas que conferem proteção adequada contra os patógenos que desencadeiam estas duas doenças. Contudo, a qualidade ambiental da granja influencia bastante o resultado desta imunização. Em granjas onde os animais de recria/engorda são mantidos em baias com acúmulo de fezes ou sobre pisos gradeados onde as fezes se acumulam em baixo, os gases produzidos nestas situações comprometem os resultados da vacina. Deste modo, uma das principais medidas de manejo para o controle das doenças respiratórias é o aumento da remoção diária das fezes das baias.

Os gases e a saúde do homem e dos animais: um dos aspectos que limitam consideravelmente a exploração suinícola em muitos países é a questão do odor dos dejetos. Os gases que provocam o odor característico das granjas de suínos como a amônia e o hidrogênio sulfídrico, além de gerarem um desconforto considerável para o homem e para os animais, podem desencadear uma série de problemas de saúde e diminuir consideravelmente a qualidade de vida dos funcionários da granja e das outras pessoas que residem na proximidade. Criou-se uma crença de que granjas de suínos invariavelmente possuem odor desagradável. Contudo pode-se verificar que muitas granjas não possuem odor e que isto é conseguido evitando o acúmulo de dejetos nas baias e nas canaletas.

 

2. METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido como parte integrante do projeto geral pertencente ao convênio entre Itaipu Binacional e Unioeste Campus de Marechal Cândido Rondon, denominado "Cultivando Água Boa", que foi proposto pela Itaipu com o objetivo de atentar a população para o problema decorrente da escassez de água potável, tanto pelo aumento do consumo pela população e ao mesmo tempo formar uma rede de conscientização sobre seu uso racional.

Outro aspecto, que preocupa a Itaipu, é a eutrofisação e contaminação das águas no reservatório, com diversos poluidores orgânicos e inorgânicos, com elevado potencial de corrosão de estruturas de concreto, assim como partes metálicas dos equipamentos de geração.

O trabalho será desenvolvido por meio do Centro de Ciências Agrárias, em cinco grupos de quatro alunos, com cinco professores orientadores e um professor coordenador.

Os grupos elaborarão projetos de adequação ambiental em propriedade agrícolas localizadas nas microbacias: Arroio Fundo, Córregos Curvado e Ajuricaba, selecionadas e localizadas na bacia hidrográfica do Rio São Francisco Verdadeiro, na região Oeste do Paraná.

Serão visitadas quatrocentas e quarenta propriedades, num período de onze meses. Serão feitos levantamentos dos passivos ambientais, no que se refere a mata ciliar, reserva legal, suinocultura, bovinocultura, piscicultura e lavouras, bem como projeto de readequações nas propriedades suinícolas e de bovinocultura intensiva, nas áreas das microbacias, visando à adequação ambiental das mesmas. Inicialmente serão feitos diagnósticos das propriedades, levantando dados contendo informações cadastrais do produtor como nome, nome da propriedade, razão social, número de instalações, área total, área agrícola, informações sobre solo contendo grau de risco ambiental, classe de risco ambiental (quanto ao uso de dejetos), uso atual das terras designando - tipo de uso: vegetação florestal, vegetação campestre, pastagem, silvicultura, agricultura, mata ciliar e reserva legal: porcentagem de reserva legal da propriedade, número de lagoas ou açudes que a propriedade possui, total de hectares, córregos, rios ou nascentes com a largura a extensão, conformação, utilização da água, largura da mata ciliar existente, vegetação rasteira, solo da mata ciliar, erosão marginal, qualidade da mata ciliar, espécies predominantes e por fim o croquis de localizações. Suinocultura e pecuária leiteira: quanto à licença ambiental, informar se for prévia, de instalação ou de operação, volume de dejetos produzidos na propriedade. Instalações: informar a distância das suinoculturas e instalações para bovinos, do sistema de armazenamento e/ou tratamento de dejetos em relação à nascente, à divisa da propriedade, estradas externas à propriedade, rio ou drenagem natural mais próximo, número de instalações, características das instalações como por exemplo: a suinocultura e ou as instalações para bovinocultura possuem caneletas para condução de dejetos, os beirais propiciam escorrimento de águas das chuvas sobre as caneletas e ou interior das mesmas, existe acúmulo de água entre nas instalações; através de que método é realizada a limpeza das instalações, qual sistema de armazenamento e tratamento de dejetos a propriedade possui; qual a destinação dos dejetos tratados; no sistema de tratamento possui aproveitamento do gás gerado, os dejetos armazenados são utilizados para agricultura. Descrever o sistema hidráulico, sistema de canalização, de alimentação, de drenagem do escorrimento superficial, de drenagem de armazenamento de dejetos (esterqueiras e canaletas de transporte).

Com os dados trazidos de cada propriedade, estando a mesma já georreferenciada, com o auxilio de GPS, serão elaborados mapas detalhados em AUTOCAD, contendo área de mata ciliar existente, área de reserva legal existente, localização de nascentes, córregos e/ou rios, açudes, localização de estradas, divisas e instalações dentro das propriedades.

Posteriormente serão produzidos mapas com as readequações constando mata ciliar e reserva legal que faltam, relocando as instalações que se encontrarem nas áreas de preservação ambiental (matas ciliares e reservas legais) para outras áreas da propriedade ou, no caso de esta não apresentar alternativas locacionais, para outras áreas de propriedade do produtor, sendo em quaisquer dos casos observada a capacidade de suporte e as características ambientais e legais pertinentes, observando-se que as novas instalações deverão ser projetadas segundo critérios de funcionalidade e segurança ambiental e de eficiência zootécnica. As instalações que se encontram em áreas sem limitações locacionais devem ser reformadas de maneira a: eliminar os efeitos do escorrimento superficial na formação de águas contaminadas; eliminar as infiltrações de águas de chuvas nos dispositivos de dejetos; controlar o consumo de água para as atividades; controlar os desperdícios de sólidos (rações); controlar os desperdícios de água. Em ambos os casos, dotar também as instalações de: sistema de manejo e/ou tratamento de dejetos e sistema de destinação final de mortalidades, ambos adequados ao porte dos empreendimentos e promover a adoção da Gestão Ambiental aplicada à suinocultura e capacitar os suinocultores a executarem suas atividades segundo esses critérios de gestão, para que, encerrado o Projeto, a adequação continue mantida e melhorando. Por fim obter o Licenciamento Ambiental da propriedade elegível.

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos critérios locacionais se destacam os limites estabelecidos pelo Código Florestal Brasileiro, que é uma Lei Federal, cujos limites não podem ser flexionados, e que, aplicada na Resolução 031/98, determina que a área do empreendimento, incluindo armazenagem, tratamento e disposição final de dejetos, deve situar-se a uma distância mínima de corpos hídricos, de modo a não atingir áreas de preservação permanente. Por essa razão todas as instalações que estiverem em áreas de preservação permanente e/ou infringindo as distâncias mínimas de corpos hídricos deverão ser re-locadas. Como é o caso da edificação "2" (galpão) e da estrada, da propriedade demonstrada na Figura 1.

 

 

Mata ciliar: segundo o IAP uma largura de trinta metros de mata ciliar deve acompanhar o córrego em suas duas margens. Na Figura 1, de 7.675,00 metros quadrados a mata ciliar não acompanha o córrego na largura de trinta metros, pois possui uma área de 305,55 metros quadrados de mata ciliar, devendo possuir, no mínimo, uma área de 1.535,00 metros quadrados de marta ciliar

A(s) área(s) de criação, bem como de armazenagem, tratamento e disposição final de dejetos, deve(m) estar localizada(s), de acordo com o Decreto Estadual no 5.503, de 21 de março de 2002, no mínimo, nas distâncias e condições a seguir especificadas. Das divisas de terrenos vizinhos, podendo esta distância ser inferior quando da anuência legal dos respectivos 50 (cinqüenta) metros. Constatando então que a suinocultura está a 7 metros da divisa, como mostra a Figura 2.

 

 

A mata ciliar está em toda a extensão do córrego; porém, não comporta 30 metros de largura, como prevê a lei. Ao repor a área de preservação permanente, o açude ficará incluído, portanto, deverá ser desativo, na Figura 2.

A reserva legal da Figura 2, está dentro dos 20% da área total como prevê a lei do IAP.

Quanto à mata ciliar da Figura 3, somente parte desta está composta e em parte da extensão do córrego, como sua reposição o açude ficará incluído, necessitando desativá-lo.

 

 

Reserva legal permanente: de acordo com o IAP a reserva legal deve ocupar vinte % da propriedade. A propriedade da figura 3 possui 42814,2479 metros quadrados, então sua área de reserva legal deve possuir 8562,8495 metros quadrados, no entanto a propriedade só possui 2231,0129 metros quadrados. Tendo essa propriedade então que reflorestar um área de 6331,8366 metros quadrados, para chegar aos 20% como prevê a lei.

A propriedade da Figura 4 possui uma área de 40.683,3710 metros quadrados e não possui os vinte % de área da reserva legal, que seria de 8.136,674 metros quadrados.

 

 

Verificou-se na Figura 4, que não há vestígios de mata ciliar ao redor da nascente, que deveArialria ter um raio de 50 metros ao seu entorno.

Os drenos que foram construídos, na Figura 4, estão muito próximos da nascente e da área de preservação permanente. Com isso, terão que ser desativados e deverá ser restituída a mata ciliar.

A propriedade da figura 5, possui 47381,5478 metros quadrados, então sua área de reserva legal deveria possuir 9476,3095 metros quadrados, no entanto a propriedade só possui 227,5232 metros quadrados. Tendo essa propriedade que reflorestar um área de 9248,7863 metros quadrados de reserva legal.

 

 

Em alguns pontos nessa propriedade a mata ciliar não acompanha o córrego na largura de trinta metros, necessitando a sua reposição.

Verificou-se que não há vestígios de mata ciliar ao redor das duas nascentes e o açude está muito próximo à mesma e deverá ser desativado.

A(s) área(s) de criação, bem como de armazenagem, tratamento e disposição final de dejetos, devem estar localizadas, de acordo com o Decreto Estadual no 5.503, de 21 de março de 2002, no mínimo, nas distâncias e condições a seguir especificadas: Das divisas de terrenos vizinhos, podendo esta distância ser inferior quando da anuência legal dos respectivos 50 (cinqüenta) metros. Constatando então que a suinocultura da Figura 5, está a 10 metros da divisa, além de estar em área de preservação permanente, necessitando ser re-locada.

 

4. CONCLUSÕES

Todas as propriedades possuem passivos ambientais, no que se refere a mata ciliar, necessitando repor o que falta da área de preservação permanente.

Somente uma propriedade, entre as apresentadas, possui reserva legal de no mínimo 20% da área total, as demais necessitam reflorestar para se adequarem às normas ambientais.

Os dejetos de suínos não são tratados como deveriam ser, contaminando os recursos hídricos que irão abastecer os rios que chegam ao Lago de Itaipu, fazendo com que a proliferação de microrganismos seja elevada, com isso provocando desequilíbrio ambiental. Ou seja, consumindo muito oxigênio da água, prejudicando e/ou até matando peixes. Some-se a isto, a possibilidade de corrosão de estruturas de concreto e partes metálicas de equipamentos da usina.

Nenhuma das nascentes se apresentou protegida com 50 metros de mata ciliar em seu diâmetro, prejudicando, assim, todos os que necessitam da água posterior a essas nascentes.

Os proprietários necessitam fazer as devidas adequações dos passivos ambientais, para que, no futuro, as gerações não sofram com falta d'água.

 

5. REFERÊNCIAS

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