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An. 6. Enc. Energ. Meio Rural 2006

 

Energia solar fotovoltaica no semi-árido: estudo de caso sobre a atuação do prodeem em Petrolina-PE

 

 

Manuel Rangel Borges NetoI; Paulo Cesar Marques de CarvalhoII

IProfessor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Petrolina. CEFET-PET. Mestrando do Programa de pós Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará-PPGEE-UFC
IIProfessor Dr do Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará-PPGEE-UFC

 

 


RESUMO

O Nordeste brasileiro foi contemplado com ações do PRODEEM, durante a fase Bombeamento, em caráter emergencial por ocasião de uma seca prolongada em 1998/99. Sendo Petrolina-PE um dos municípios atendidos pelo programa, este trabalho se propõe a investigar quais as dificuldades registradas pelo programa e como as mesmas, se relacionam com as relatadas na literatura científica. Após a caracterização do município, buscou-se resgatar a história da participação do mesmo no PRODEEM, tentando agregar documentos e entrevistas com pessoas das comunidades e técnicos da Prefeitura. Os resultados obtidos são discutidos em seguida.

Palavras chave: PRODEEM, Bombeamento Fotovoltaico, Semi-Árido.


ABSTRACT

The Brazilian Northeast was served by actions from PRODEEM, during a stage called Pumping, in an emergencial scenario as consequence of a long stretch of dry weather trough out 1998/99. Being Petrolina-Pe one of the municipalities served by the program, this paper intends to investigate the problems registered by the program and how they relate to those experiences reported in the scientific literature. After the characterization of the municipality, the history of the county participation in PRODEEM, was researched in attempt to obtain documents, interview people from the local communities and city hall technicians. The obtained results are discussed ahead.


 

 

1. Introdução.

A energia é um dos recursos indispensáveis para o desenvolvimento de qualquer país, decerto que não simplesmente a energia por si, mas seguida de políticas que possam melhorar as condições de vida, como recurso motivador de processos produtivos que venham trazer emprego e renda para os envolvidos (IEA, 2005).

Os países industrializados consomem mais de 50% da energia mundial, em contrapartida, 80% da população mundial encontra-se nos países em desenvolvimento (Martinot, et al. 2002). Ao se observar o consumo per capita, em comparação ao consumo dos países em desenvolvimento, tem-se 1,64 tep de média mundial contra 7,98 tep somente nos Estados Unidos da América (MME, 2004).

O Balanço Energético Nacional 2004 (MME, 2004) traz um estudo em que a demanda energética dos países industrializados cresce a uma taxa de 1,12% ao ano, enquanto os países em desenvolvimento a 2,79% a.a.

O Brasil enquadra-se na categoria dos países em desenvolvimento. É o maior território da América Latina, a nona economia mundial, porém é marcado pelo enorme desequilíbrio social. No Nordeste brasileiro 50% da população rural encontra-se em situação de pobreza, com famílias sobrevivendo com renda inferior a U$150,00 a.a. (Alcoforado, 2002; Martinot, 2005).

Estima-se que no Brasil 12 milhões de pessoas não têm acesso à eletricidade (PNUD, 2005).

A energia elétrica representa 14,5% da matriz energética brasileira. É suprida, em quase sua totalidade (74,3%), pela energia proveniente de grandes centrais hidrelétricas. Tal característica é resultado dos investimentos feitos pelo governo brasileiro a partir dos anos 50, motivado pela maior seca da história brasileira, ocorrida entre 1951 e 1956 (Hinrichs & Kleinbach, 2003).

A crise energética no país no início do século XXI reforçou a necessidade de diversificação das fontes de energia elétrica.

 

2. Geração Solar Fotovoltaica

A geração fotovoltaica (FV) tem surgido como uma alternativa de fornecimento de energia sustentável, notadamente em localidades isoladas onde investimentos na expansão da rede convencional de energia elétrica têm custos proibitivos, normalmente proporcionados pela distância, acidentes geográficos, ou ainda, pela baixa quantidade de energia elétrica requerida.

O principal argumento dos investidores e governos para a não utilização dos sistemas FV como gerador de energia elétrica, de uma forma mais intensiva, é o alto custo da produção de sua energia comparado às fontes convencionais como, por exemplo, as hidroelétricas.

Conceitos como sustentabilidade nem sempre são interpretados por todos da mesma maneira, investimentos que tragam retorno a longo prazo costumam trazer insegurança aos investidores, pois em geral apresentam riscos elevados.

Dentre os benefícios difíceis de se quantificar na composição de custos dos sistemas FV, estão os relativos ao meio ambiente. A geração de energia por sistemas FV não requer nenhuma matéria prima adicional, além da solar que é abundante e gratuita, não produz ruídos, resíduos sólidos ou mesmo gases. Como medir, em termos monetários, tais vantagens? Instrumentos como o mercado de créditos de carbono, podem ser uma importante ferramenta para a redução destes custos, no entanto, a regra de retorno a curto prazo torna mais atraente outras fontes renováveis de energia, como a geração eólica e a biomassa (Maycock, 1995; Jackson & Oliver,2000;Zwaan & Rabl,2004;Duke et al, 2005).

Os benefícios sociais proporcionados pelos sistemas FV não diferem dos demais quando há disponibilidade de energia elétrica para qualquer comunidade. A questão da saúde, quando se garante água potável através de bombeamento em poços próximos à comunidade; conservação de vacinas em postos de saúde (Ezzati et al, 2004); oferta de energia para iluminação de escolas, igrejas, residências, permitindo atividades noturnas de comunicação, integração e educação, ou ainda, favorecendo atividades produtivas que venham a trazer emprego e renda às pessoas beneficiadas. Um dos mercados emergentes é o rural (Barnes & Floor 1996).

Short & Thompson (2003) levantam alguns pontos como a inadequação do projeto às realidades locais, a propriedade e responsabilidade pelos sistemas. Kaunmuang et al (2001) descreve que a falta da mais básica manutenção levou à falha 60% dos sistemas de bombeamento na Tailândia.

Os impactos sócio-culturais devem ser levados em consideração. A introdução de uma nova tecnologia certamente influencia a mudanças de hábitos da comunidade. A expectativa é que seja para a melhoria da qualidade de vida.

Jager (2005) observou que a falta de informação sobre novas tecnologias e seus benefícios, dificulta a difusão da mesma, notadamente por aqueles que mais a necessitam.

Muntasser et al (2000), por sua vez, destaca entre vários pontos a falta de financiamento, pois, sem apoio de incentivos fiscais ou de outra monta, as instituições financeiras geralmente não se interessam em abrir linhas de crédito para tais investimentos.

 

3. Programas para Energia Renováveis

Ao longo da década de 90, diversos países entre os industrializados e os em desenvolvimento, adotaram programas que tinham como objetivo a disseminação do uso de energia renovável e, por conseguinte, gerar um mercado que trouxesse um menor custo de produção para tais sistemas. Várias estratégias foram utilizadas, desde programas de subsídios em financiamentos a programas de doações. Em primeiro plano destacaram-se os sistemas isolados, no entanto, as instalações conectadas à rede convencional têm mostrado um maior potencial (Moreira & Fabrizy, 1996; Gunter & Kern, 2000; Castro et al, 2004).

Dentre os programas destacam-se os da Alemanha, Japão, Estados Unidos, Índia (Jackson & Oliver, 2000). Outros programas são descritos na literatura científica, não com a mesma dimensão dos citados anteriormente, como na Holanda, Suíça, Espanha, Tailândia, países Africanos, Oriente, Ásia e América Latina. Freqüentemente, tais programas têm sido associados a programas de eletrificação rural (GREEN, 2004).

No Brasil entre as iniciativas governamentais de alcance nacional neste setor, destaca-se o Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios (PRODEEM), conduzido pelo Ministério das Minas e Energia (MME), que teve como objetivo levar energia elétrica a estas comunidades utilizando principalmente a geração FV.

No entanto, dada às dimensões do projeto e ao envolvimento de diversos atores como concessionárias e distribuidoras de energia, governos estaduais, municipais, instituições de ensino e comunidades, informações mais detalhadas das experiências em determinadas regiões são escassas.

Instituído em 1994, através de Decreto Presidencial, foi uma iniciativa do Ministério das Minas e Energia (MME) do Brasil, em parceria com Governos Estaduais, Municipais, coordenado pelo Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético (DNDE), pertencente ao MME, e Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (CEPEL) (Galdino & Lima, 2002).

Objetivo: atender comunidades carentes isoladas, não supridas por energia elétrica pela rede convencional, utilizando fontes renováveis locais em base auto sustentável, de modo a promover o desenvolvimento social e econômico dessas localidades (MME, 2002).

Para atendimento de seus objetivos, o PRODEEM contou com os seguintes subprojetos (CEPEL, 1997): Desenvolvimento social, Desenvolvimento econômico, Complementação da oferta de energia e Base tecnológica e Industrial.

O PRODEEM permitiu a utilização de qualquer fonte alternativa de energia, porém a utilização de sistemas fotovoltaicos destacou-se sendo baseada principalmente em três tipos de aplicações: sistemas para residências e escolas, sistemas para bombeamento de água e para iluminação pública, destinados unicamente a aplicações comunitárias. (Galdino & Lima, 2002).

As estimativas eram que ao final de quatro anos o projeto chegasse a 9,3 mil, instalações em todo o Brasil, com uma população atendida de 3,72 milhões de pessoas a um custo de U$ 110 milhões (Silva & Berman, 1999).

O critério de escolha das comunidades a serem atendidas utilizou como base as demandas canalizadas por prefeitos, deputados e outras indicações (MME, 2002).

O Programa foi executado em 5 fases, e ainda uma especial chamada de bombeamento. Necessária para atender uma demanda emergencial no Nordeste, em função de uma estiagem prolongada no ano de 1998.

Os sistemas não tiveram custo ao usuário final, o programa obteve recursos, não reembolsáveis, de organismos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), programas como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), recursos do Governo Federal, Estados e Municípios.

3.1 A Revitalização do PRODEEM

Um Programa desta abrangência, assim como a grande quantidade de atores envolvidos no processo, não poderia estar isento de dificuldades que, ao longo dos anos, foram surgindo. No total foram instalados 9 mil sistemas com padrão típico de 500 Wp por instalação, totalizando aproximadamente 5 MWp, a um custo de U$ 70 milhões: 67% destinados a eletrificação de centros de saúde e escolas, 30% para bombeamento e 3% para iluminação pública. No entanto, inadequações de projetos, baixa experiência dos instaladores, manuais dos equipamentos incompreensíveis, fiação inadequada, sobrecargas e dificuldades para obtenção de baterias mais econômicas causaram pelo menos 50% das falhas nos sistemas instalados no estado do Ceará (Krauter & Kissel, 2004).

Uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou uma reestruturação completa, servindo como ferramenta para criação de um plano de revitalização e capacitação (MME, 2004; MME, 2003; TCU, 2003; PETROLINA, 2002).

O programa recentemente foi incorporado ao programa Luz para Todos, que tem como objetivo levar energia a 12 milhões de pessoas até o final de 2008.

 

4. Caracterização do Município

Petrolina encontra-se na Mesoregião do São Francisco distante 714 km a Oeste de Recife, capital do Estado de Pernambuco. Ocupa uma área de 4.559 km2. Possui uma população estimada de 247.322 habitantes, sendo que aproximadamente 24% encontram-se na zona Rural (IBGE, 2005).

A vegetação predominante é de caatinga hiperxerófilas, com médias anuais meteorológicas tais como: Temperatura 25,8ºC; Insolação diária 7,7h; Radiação diária 4,35 kWh/m2; Umidade relativa: 68%; precipitação de 499,92 mm concentrados entre os meses de novembro a março (EMBRAPA, 2005).

As principais atividades econômicas são: vitivinicultura, que faz do município o segundo pólo do país; a fruticultura, que representa 30% das exportações brasileiras e grandes potencialidade de desenvolvimento para a agroindústria e artesanato (Pernambuco, 2005).

Tal realidade só foi possível em virtude da irrigação tendo o rio São Francisco como fonte, no entanto, a grande maioria da área rural está na Caatinga, submetida às sazonalidades do semi-árido. Os pequenos produtores limitam-se à agricultura de subsistência, com o manejo extensivo com a predominância de caprinos e ovinos a base de pastos naturais e, de maneira geral, em campos abertos (Petrolina, 2002).

O Município de Petrolina foi atendido pelo PRODEEM somente na fase de Bombeamento de acordo com informações da Tabela 1:

 

 

Os valores estimados para a implantação dos sistemas FV foram de R$ 585.000,00 dos quais R$ 97.500,00 seriam da Prefeitura (MME, 2003). De acordo com a cotação do Dólar Americano de janeiro de 2000, representaram um investimento de U$ 321.234,00 (BCB, 2005) trazendo um custo para o sistema de aproximadamente U$29,48/Wp.

Através dos relatórios de auditorias do MME e da própria Prefeitura entre 2002 e 2003 foi possível construir a Tabela 2. Entre as informações levantadas chama a atenção o número de sistemas instalados em propriedades particulares representando um percentual de 27,6%, o que gerou a determinação por parte do MME, do recolhimento dos mesmos ao almoxarifado central. Outro dado relevante foi de que os sistemas em sua totalidade estavam abastecendo bebedouros públicos para animais (figura1), visto que devido ao elevado teor de salinidade característicos do solo cristalino da região tornam a água imprópria para consumo humano.

 

 

 

 

Nos relatórios pesquisados não havia detalhes quanto ao tipo de avaria apresentada pelos sistemas, mas em pelo menos três deles a bomba apresentou falhas.

Em princípio sistemas de bombeamento fotovoltaicos não requerem manutenção preventiva intensiva, no entanto, devido à salinidade dos poços, houve um desgaste prematuro em algumas bombas.

Não foi verificado nenhum programa ou esquema de manutenção preventiva por parte da Prefeitura, ou mesmo do MME.

Apesar de ter havido um treinamento na região Nordeste realizado pela CHESF (Barbosa et al, 2000) não foram localizados, na Prefeitura de Petrolina, técnicos com treinamento específico para a manutenção adequada dos sistemas.

Não há registros de que qualquer atividade complementar tenha sido desenvolvida junto às comunidades em face da disponibilidade de água pelos sistemas instalados.

Em Janeiro de 2005, houve nova inspeção nas instalações por parte do MME, cujo relatório não se encontrava disponível na prefeitura até a finalização deste trabalho. Porém, segundo o técnico da Prefeitura encarregado de acompanhar o auditor do MME, dos 30 sistemas inicialmente instalados apenas 04 encontravam-se em funcionamento (Borges Neto, 2005).

Durante o mês de maio de 2005, o autor principal visitou algumas destas instalações de forma a buscar mais informações sobre as condições das mesmas, 04 delas no distrito de Cristália, 01 na localidade Sítio Paraguaçu, 75 e 35 km da sede respectivamente.

Observou-se que, os sistemas comunitários instalados, não tinham nenhuma proteção quanto ao vandalismo ou roubo e, geralmente limitavam-se a cercas rudimentares que não dificultam o acesso (Figura 2 e 3).

 

 

 

 

Em entrevista com membros da comunidade constatou-se que, para os mesmos, os sistemas instalados foram importantes no período da seca, quando tinham que bombear água manualmente. No entanto, a disponibilidade de água não chegou a contribuir com o aumento na produção agrícola ou pecuária, que permaneceu de subsistência.

Em algumas localidades, os sistemas foram instalados em paralelo com cata-ventos, fato observado inclusive pelo relatório do MME, em função da baixa credibilidade que a tecnologia FV representava para a comunidade (Figura 4).

 

 

O fato de a região ter se desenvolvido em função da agricultura irrigada, favoreceu o surgimento de várias empresas que comercializam sistemas de irrigação, e conseqüentemente reparos nos acessórios envolvidos. No entanto, as tecnologias para bombeamento fotovoltaico foram importadas dos Estados Unidos e França, e ainda que se quisessem reparar os equipamentos no local, não haveria mão de obra qualificada. O treinamento proporcionado pelo PRODEEM limitou-se à montagem dos sistemas.

Semi-árido brasileiro ao longo da sua história de ocupação, sempre nos períodos de seca, vem sendo atendido por programas emergenciais, que de certa forma contribuem para uma cultura de assistencialismo. Não obstante, o PRODEEM chegou ao município de Petrolina durante a Fase Bombeamento do programa, que foi em caráter emergencial. Não diminuindo a importância do momento, mas a falta de valorização do bem público, por parte da comunidade, falta de assistência adequada pelos responsáveis certamente contribuem para a imagem: se for público, então não funciona. Ainda que, para a comunidade, não esteja bem claro quais as instâncias do governo envolvidas se Federal, Estadual ou Municipal. O que caracteriza a necessidade de acentuar às comunidades, maior divulgação de informação quanto ao programa, seus objetivos, sua importância socioeconômica e para o meio ambiente.

Como uma ação descentralizadora do ponto de vista nacional, foi legado aos prefeitos, deputados que indicassem os locais a serem instalados os sistemas, visto que, em se tratando da representação de uma região, seriam conhecedores das realidades e necessidades locais. No entanto, há de ser considerado que tal condição pode ser utilizada com fins políticos e eleitoreiros, sobretudo em comunidades rurais no Nordeste, onde esta cultura ainda é forte.

O fato de ter-se disponibilizado água, por si só não é garantia de desenvolvimento. Ações paralelas como: orientações quanto à irrigação, manejo com animais, ou ainda, atividades que possam aproveitar o tempo antes dedicado ao bombeamento manual, podem certamente modificar de forma mais positiva a realidade destas comunidades.

A utilização dos sistemas de bombeamento FV para bebedouros públicos de animais trata-se de uma subtilização de uma tecnologia relativamente cara. No nordeste brasileiro experiências de sucesso, como as da Universidade Federal do Ceará-UFC, vêm sendo divulgadas com o uso de dessalinizadores como forma de obtenção de água potável para consumo humano.

 

5. Avaliação do PRODEEM em Petrolina

O PRODEEM foi uma importante iniciativa do Governo Federal principalmente para a difusão de fontes renováveis de energia como a Solar FV.

Os resultados do programa no município de Petrolina foram incipientes. O mau funcionamento dos sistemas e a ausência dos responsáveis, aliada à cultura assistencialista dos envolvidos no processo, contribuíram para o descrédito da tecnologia e do programa na região.

A sustentabilidade de programas de eletrificação para comunidades de baixa renda, e comunidades isoladas, não depende exclusivamente da tecnologia disponibilizada. Pois esta é apenas uma das partes do cenário. Faz-se demonstrar e oferecer aos beneficiados, opções para o aproveitamento pleno deste recurso sejam para o lazer, educação, saúde e geração de renda.

A valorização do bem público deve ser permanente em todos os programas desta natureza.

Finalmente, conclui-se que apesar das especificidades de cada programa, os problemas que se apresentaram no município de Petrolina na sua maioria são semelhantes a qualquer projeto de grande porte citado na literatura científica.

 

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