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An. 6. Enc. Energ. Meio Rural 2006

 

Gaseificação de biomassa e célula a combustível: sistema com célula tipo PEMFC

 

 

Aexandre SordiI; Ennio Peres da SilvaII; Dmitri D. LobkovIII; Antônio J. Marin NetoIV; Daniel Gabriel LopesV

IUnicamp - Faculdade de Engenharia Mecânica
IIUnicamp - Instituto de Física, Laboratório de Hidrogênio
IIIUnicamp - Faculdade de Engenharia Mecânica
IVUnicamp - Instituto de Física, Laboratório de Hidrogênio
VUnicamp - Faculdade de Engenharia Mecânica

 

 


RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar o fluxograma de operação de um sistema de geração de eletricidade baseado na integração da gaseificação de biomassa e célula a combustível tipo PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell). A integração entre a gaseificação e uma célula desse tipo, consiste na reforma do gás metano (CH4) contido no gás de síntese, a conversão do monóxido de carbono (CO), e purificação do fluxo gasoso através de um sistema PSA. A influência das variáveis de operação na eficiência do sistema gaseificação / PEMFC são discutidas. É feita uma estimativa de eficiência energética do sistema, com reforma do metano e sem reforma do metano, conclui-se que a segunda opção é mais interessante do ponto de vista energético. Uma vez que na primeira opção a eficiência elétrica alcança 7,8% contra 18,1% na segunda opção. Também se compara a eficiência do sistema gasif / PEMFC, com reforma do metano, a um sistema com pequena turbina a gás, para uma variação de potência entre 100 kW até 5000 kW.

Palavras chave: Célula a combustível, Sistema integrado, Gaseificação, Hidrogênio.


ABSTRACT

This paper has for objective to present the flow diagram of operation of a electricity generation system of based on the biomass integrated gasification fuel cell type PEMFC (Proton Exchange Membrane Fuel Cell). The integration between the gasification and this fuel cell type, consists of the gas methane (CH4) reforming contained in the synthesis gas, the conversion of the carbon monoxide (CO), and cleaning of the gaseous flow through a PSA system. The influence of the operation variables in the efficiency of the system gasification / PEMFC are discussed. It is made an estimate of energy efficiency of the system, with gas methane reforming and without gas methane reforming, it is ended that the second option is more interesting of the energy view point. Once in the first option the electric efficiency reaches 7,8% against 18,1% in the second option. The efficiency of the gasifier / PEMFC system with methane reforming is also compared to the system with small gas turbine, for a power variation the 100 kW up to 5000 kW.

Key words: Fuel cell, Integrated system, Gasification, Hydrogen.


 

 

1. Introdução

A célula a combustível, CaC, é uma tecnologia de geração de potência que converte um combustível, geralmente o hidrogênio, diretamente em eletricidade e calor através de reações eletroquímicas. A célula a combustível tipo PEMFC (Próton Exchange Membrane Fuel Cell) utiliza hidrogênio de alta pureza.

Para utilizar o hidrogênio como combustível em CaCs é necessário retirá-lo das fontes onde ele se encontra. Entre as principais fontes de onde se obtém esse gás podemos citar a água, hidrocarbonetos (gás natural e etanol, por exemplo) e também a biomassa. Os respectivos processos tecnológicos envolvidos são a eletrólise e a reforma de hidrocarbonetos, entre outros.

No caso específico da biomassa o hidrogênio pode ser obtido principalmente por dois caminhos, sendo que ambos envolvem a reforma de gás metano. Um é através da degradação anaeróbica da matéria orgânica, que produz o biogás que é composto principalmente de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2). O outro é a partir da gaseificação de biomassa.

A tecnologia da gaseificação consiste em converter uma biomassa, através de oxidação parcial, em um gás de síntese. Para que seja possível a integração de um sistema de gaseificação a uma PEMFC é necessário realizar a reforma de metano contido no gás de síntese, a conversão do monóxido de carbono para hidrogênio (reação de shift), e a remoção dos gases inertes, principalmente do nitrogênio e dióxido de carbono em um sistema de purificação.

Esse artigo visa relatar as condições necessárias para o aproveitamento de gás de síntese produzido a partir da gaseificação de biomassa em uma célula a combustível tipo PEMFC, bem como apresentar o fluxograma de operação de um protótipo para integração gaseificador e célula a combustível. Esse protótipo consistirá em um reator de reforma e reator de shift, um sistema de purificação tipo PSA, e a célula a combustível tipo PEMFC. O protótipo faz parte do projeto temático "Geração de energia elétrica e de gás de síntese a partir de gaseificação de biomassa", UNICAMP-NIPE-LH2 e PETROBRÁS-CENPES.

 

2. Tecnologia da gaseificação de biomassa

A gaseificação é um processo de conversão termoquímica de um combustível (sólido ou líquido) realizada a altas temperaturas, na faixa de 850 - 1500ºC. É uma combinação dos processos térmicos: combustão, pirólise e gaseificação ocorrendo ou não simultaneamente dentro de um gaseificador (Alderucci et al. 1993) O produto principal é um gás combustível composto de CO, CO2, H2, CH4, traços de hidrocarbonetos pesados, água, nitrogênio e várias outras substâncias - pequenas partículas de coque, cinza, alcatrão, ácidos e óleos, que são consideradas contaminantes (Bain, et al. 2002). A composição desse gás de síntese varia em função do tipo de biomassa e do processo de gaseificação.

Os processos de gaseificação mais simples utilizam o ar como agente gaseificante, o gás de síntese produzido é bastante diluído com o nitrogênio do ar e tem um baixo poder calorífico, de 5000 kJ/Nm3. Ao utilizar-se oxigênio puro aumenta-se o poder calorífico do gás para até 10000 kJ/Nm3 ao mesmo tempo em que se diminui a escala do gaseificador e de outros equipamentos; a desvantagem é o custo adicional de um sistema para separação do oxigênio do ar. Também há processos de gaseificação com aquecimento indireto, nestes a biomassa sofre uma pirólise a alta temperatura (900ºC), e o carvão produzido é circulado para um combustor que produz a energia necessária para a pirólise. O gás produzido nestes sistemas é praticamente livre de nitrogênio (Bain, 2004).

 

3. Integração da gaseificação de biomassa e células a combustível

Alguns estudos teóricos foram realizados sobre a gaseificação de biomassa integrada a células a combustível, esses sistemas são denominados por BIGFC (Biomass Integrated Gasification Fuel Cell). O tema foi pouco explorado, ainda há poucos dados experimentais, mas existem alguns projetos para construção de plantas piloto no mundo.

A combinação da tecnologia de CaCs com os sistemas de gaseificação não é uma idéia nova, essa pode ser considerada como um esforço para elevar o nível da eficiência de conversão de sistemas baseados na gaseificação de carvão mineral. Esses sistemas são mencionados como IGFC Integrated Gasification Fuel Cell. Em Agosto de 2003, nos EUA, foi inaugurada uma planta-piloto IGFC para fins de demonstração. Essa planta-piloto fica no interior de uma grande planta de gaseificação de carvão, para utilizar uma pequena parte do gás de síntese em uma CaC tipo MCFC modelo DFC3000 com potência de 1 MW.

Gerar eletricidade, utilizando o gás de síntese produzido do carvão mineral, em CaCs é uma forma de aproveitamento mais eficiente e mais limpa desse recurso. Entretanto, o carvão é uma fonte não renovável e o seu aproveitamento para geração de eletricidade não é sustentável em longo prazo. Além de que a retirada desse recurso da crosta terrestre e o seu beneficiamento apresentam sérios problemas ambientais. A biomassa por outro lado é uma fonte renovável, e os problemas ambientais envolvidos na exploração dessa fonte para geração de eletricidade são bem menos expressivos quando comparados aos do carvão mineral.

Os primeiros esforços de pesquisa focada na integração de CaCs e gaseificação de biomassa para geração de eletricidade surgiram nos anos 1970 devido principalmente a crise do petróleo. Mas tem sido recentemente que as pesquisas nessa área têm ganhado mais atenção. Entre os estudos teóricos que foram desenvolvidos cita-se, por exemplo, Lobachyov & Richter, (1998) e Mclleveen-Wright et. al, (2000). Esses analisaram a eficiência teórica de células tipo PAFC (Phosforic Acid Fuel Cell) e MCFC (Molten Carbonate Fuel Cell) operando com o gás de síntese a partir da gaseificação de madeira. As eficiências elétricas estimadas para a PAFC E MCFC, considerando o poder calorífico da madeira, respectivamente foram de 16,6% e 29%.

Kivisaari et. al, (2002) investigaram a influência da reforma interna do metano, contido no gás de síntese, na eficiência elétrica de geração em CaC tipo MCFC em ciclo combinado com turbina a vapor. Foi considerado um gaseificador, para madeira, de leito fluidizado com ar, o gás de síntese com uma composição de 4,5% CH4, 14% H2, 19% CO, 11% CO2, 39% N2, 10% H2O. Para uma temperatura de gaseificação de 900ºC e pressão de 500 kPa a eficiência elétrica do sistema aumenta de 36% para 43% respectivamente sem reforma interna e com reforma interna.

Sordi et. al, (2005) analisaram energeticamente sistemas de gaseificação integrados a célula tipo PEMFC e SOFC (Solid Oxide Fuel Cell). No caso da PEMFC a análise foi elaborada considerando-se um sistema de processamento de gás de síntese com reator de shift e uma PSA (Pressure swing adsorption), e, portanto sem um reformador de metano contido no gás de síntese. Concluiu-se que a eficiência elétrica do sistema com PEMFC fica muito comprometida sem a reforma do metano.

3.1 Processamento do gás de síntese

3.1.1 Tecnologia de reforma

A reforma a vapor é uma tecnologia desenvolvida e utilizada industrialmente para geração de hidrogênio principalmente como insumo químico. A maior parte do hidrogênio produzido é utilizado no próprio local de produção principalmente pelas refinarias de petróleo, pelas indústrias químicas e petroquímicas, sendo que o principal combustível fóssil para esse fim é o gás natural. Segundo os dados do DOE (2002) aproximadamente 48% do hidrogênio produzido mundialmente é através da reforma a vapor do gás natural.

A reforma é definida como a conversão catalítica e endotérmica de um combustível líquido, sólido ou gasoso disponível comercialmente para um gás combustível (H2). A maioria dos processos utiliza hidrocarbonetos leves para a extração do hidrogênio. Os hidrocarbonetos leves são aqueles com cadeias carbônicas situadas entre o metano e a nafta com pontos de ebulição inferiores a 250 °C. Esses compostos podem reagir com a água a temperatura de 800 a 900 °C em presença de catalisadores, resultando numa mistura de gases contendo principalmente H2, CO, CO2 e CH4 (Silva, 1991).

Os três métodos mais desenvolvidos comercialmente e mais comuns de reforma são: a reforma a vapor, a oxidação parcial e a reforma autotérmica. Na reforma a vapor o combustível aquecido e vaporizado é injetado com vapor superaquecido num reator. É uma reação endotérmica, lenta, e requer um grande reformador. Normalmente é utilizado catalisador a base de níquel para acelerar as reações. O processo pode ser conduzido com hidrocarbonetos leves ou pesados.

Basicamente as relações estequiométricas ideais da reforma do metano ou para a conversão de um hidrocarboneto ou combustível oxigenado CnHmOp pode ser escrita como (Ahmed & Krumpelt (2001), (Larminie & Dicks 2003).

A composição dos gases na saída do reformador tipicamente é uma mistura de monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidrogênio, metano que não reagiu e vapor. Para aplicação do gás de reforma nas CaCs do tipo PEMFC e PAFC um segundo reator (reator de shift) deve ser utilizado para converter o CO em H2 e CO2.

A reação de shift:

A reação de shift geralmente é realizada em dois reatores adiabáticos de leito fixo, conectados em série com um resfriamento intermediário. O primeiro reator opera a temperaturas entre 300 a 500ºC e utiliza um catalisador a base de Fe/Cr. O segundo reator opera a temperatura mais baixa (180-300º) e utiliza um catalisador a base de Cu/Zn/Al (Giunta et al. 2005). No relatório técnico de Myers et al. (2002) a respeito da reforma a vapor e reforma autotérmica de metano, propõe-se um reator de shift operando a uma temperatura de 450ºC na entrada e a uma temperatura de 250ºC na saída.

3.1.2 Purificação de gases por meio de sistema PSA

O sistema PSA Pressure Swing Adsorption, é uma tecnologia de separação de gases bastante utilizada em processos industriais, bem como na separação do oxigênio do ar e para purificação de hidrogênio. A energia requerida para ativar essa separação é obtida por trabalho mecânico através da compressão do gás de síntese. O custo desse trabalho mecânico é um componente significante do custo operacional de um sistema PSA.

A PSA pode operar na base de seletividade de equilíbrio ou seletividade cinética. No primeiro caso os componentes adsorvidos mais fortemente de uma mistura gasosa são retidos dentro da coluna, enquanto o efluente contém uma ou mais espécies fracamente propícias à adsorção. Por outro lado, em separação baseada em seletividade cinética, as espécies de difusão mais rápida são retidas pelo adsorvente e o produto a alta pressão é um componente de difusão mais lenta. Um ciclo de PSA simples envolve quatro passos, a saber: pressurização e alimentação da mistura gasosa, adsorção das espécies químicas, blowdown, e purga (Gomes & Yee (2002).

 

4. Protótipo para integração do sistema de gaseificação e PEMFC

A figura 1 ilustra o fluxograma de operação do sistema integrado de gaseificação de biomassa e célula a combustível PEMFC, que deverá ser construído mediante ao projeto de pesquisa. O primeiro bloco é da tecnologia de gaseificação e pré-limpeza do gás de síntese. As variáveis importantes compreendem o tipo de biomassa; o processo de gaseificação que pode utilizar ar, oxigênio, e vapor. O sistema pode trabalhar a pressão atmosférica ou pressurizado. As características de projeto e operação influenciarão na composição do gás de síntese, bem como na eficiência da gaseificação e do sistema de geração como um todo.

 

 

O bloco seguinte é a tecnologia de conversão dos gases metano, CH4 e monóxido de carbono, CO para hidrogênio, H2. O reator de reforma de metano opera a temperaturas entre 800 e 900ºC e necessita de vapor para reagir com metano na presença de um catalisador, conforme reação da eq. (01). O gás resultante da reação de reforma terá maior quantidade de hidrogênio e monóxido de carbono. Este é convertido para hidrogênio no reator de shift, o qual opera a temperaturas entre 500 e 250ºC. O monóxido de carbono é convertido em hidrogênio pela reação de catalítica de shift conforme eq. (03).

Ao sair do reator de shift o "shiftgas" contém uma maior quantidade de hidrogênio, juntamente com os gases inertes, principalmente CO2 e N2 e em menor quantidade hidrocarbonetos. Essa mistura gasosa deve ser comprimida e resfriada para passar por um sistema de purificação, uma PSA. No leito da PSA as espécies químicas, CO2 e N2 e CO não convertido no reator de shift, são adsorvidas em peneiras moleculares, as zeólitas. O gás à saída da PSA é hidrogênio com 99,999% de pureza. Do total da vazão mássica de hidrogênio que entra na PSA, aproximadamente 80% é recuperada na saída da PSA, conforme Myers et al. (2002).

O módulo final do sistema de geração é a célula a combustível tipo PEMFC. Ela opera a temperaturas entre 60 a 80ºC, utilizando hidrogênio de alto grau de pureza, a sua tolerância ao monóxido de carbono é de cerca de 10 μmol/mol ou 10 ppm.

4.1 Variáveis de operação e estimativas de eficiência

As características de projeto e operação do sistema de gaseificação utilizado afetará a eficiência elétrica. Se a gaseificação for realizada com ar, o gás de síntese terá uma grande porcentagem de N2, entre 40% até 55%, exigindo dessa forma que os outros componentes como o reformador, reator de shift, PSA tenham uma maior relação volume por unidade de energia contida no gás. Além disso, o poder calorífico do gás é menor ao mesmo tempo em que se consome maior energia na compressão. Já existem sistemas de gaseificação com aquecimento indireto em que a porcentagem de N2 no gás de síntese é baixa, apenas 2%.

A pré-limpeza do gás de síntese também afetará a eficiência. O sistema de pré-limpeza geralmente adotado é o sistema a frio, no qual o gás de síntese é resfriado até a temperatura ambiente em lavadores de gases (scrubbers). Para células a combustível será mais interessante, do ponto de vista energético, a pré-limpeza a quente, para que a energia térmica do gás a saída do gaseificador seja aproveitada na reforma do metano. De outra forma o gás deverá ser reaquecido tornando o sistema energeticamente dispendioso.

As eficiências de conversão do reformador de metano e do reator de shift afetam diretamente a produção de eletricidade da célula a combustível, uma vez que quanto menor aquelas eficiências, menor será a produção de hidrogênio para a PEMFC. A eficiência de purificação da PSA afetará a eficiência elétrica da célula a combustível, uma vez que quanto maior a quantidade de gases inertes CO2 e N2 no fluxo gasoso de entrada na PEMFC maiores as perdas de polarização por concentração. Esta é uma ineficiência que ocorrerá na célula se o hidrogênio for diluído.

A estimativa de eficiência elétrica de um sistema de geração com PEMFC foi feita para um gás de síntese de composição 10% H2, 3,7% CH4, 12,7% CO, 16,7% CO2, 56,4% N2 e 0,5% C2H4. É um gás de síntese produzido a partir da gaseificação do bagaço de cana, realizada com ar. A potência térmica relativa à quantidade de bagaço de cana processada é de 2000 kW. A tabela 1 ilustra a composição do gás e o seu poder calorífico em base mássica. A eficiência elétrica da célula a combustível, em relação ao poder calorífico inferior do hidrogênio, foi admitida igual a 50%.

 

 

Para o caso de não haver a reforma de metano, e com a PSA operando à pressão de 6,5 bar, a tabela abaixo ilustra dos dados de desempenho energético. A eficiência elétrica foi calculada com base no poder calorífico inferior do bagaço de cana, observar a potência térmica de 2000 kW na tabela.

 

 

Por outro lado, se for realizada a reforma do metano a tabela 3 ilustra os dados de desempenho energético. Para o caso em que a energia térmica do gás de síntese à saída do gaseificador seja aproveitada para a reforma do metano.

 

 

Um sistema de geração de mesma escala utilizando uma micro-turbina a gás, com ciclo regenerativo teria as seguintes características operacionais. Micro-turbina com relação de compressão 1:6, temperatura da câmara de combustão igual a 900ºC, eficiência do compressor e da turbina de potência, respectivamente de 0,75 e 0,8. A tabela 4 ilustra os dados de desempenho energético.

 

 

A eficiência das turbinas a gás aumenta com a escala da máquina. Foi feita uma comparação de eficiência entre os sistemas gasif / PEMFC com reforma e gasif / pequena turbina a gás em ciclo regenerativo, para potência entre 100 a 5000 kW. Para tanto as características do ciclo Brayton, como temperatura na câmara de combustão, relação de compressão, eficiências do compressor e turbina, variaram respectivamente entre 900ºC a 1100ºC, 1:6 a 1:10, 0,73 a 0,78 e 0,8 a 0,83. A eficiência do ciclo Brayton variou entre 28% a 32%.

O gráfico ilustrado na figura 2 mostra a variação de eficiência. Verifica-se que para uma potência de 5000 kW a eficiência dos dois sistemas praticamente se iguala, sendo de 17,67% para a turbina e 18,1% para a PEMFC. A eficiência da PEMFC não varia uma vez que as células a combustível são tecnologias modulares, a variação da sua eficiência com a escala é muito pequena.

 

 

Acima de 5000 kW as turbinas atingem eficiências superiores, uma vez que tanto o ciclo Brayton será mais eficiente como também haverá a possibilidade de trabalhar em ciclo combinado, atingindo 40% para potências de 25000 kW.

Para potências acima de 5000 kW as células a combustível de alta temperatura, como a SOFC e MCFC (Molten Carbonate Fuel Cell) são mais indicadas. Até 30000 kW estas serão mais eficientes do que as turbinas a gás, no caso de sistema com gaseificação de biomassa. A figura 3 ilustra a comparação entre sistemas gasif / SOFC e gasif / turbina a gás em ciclo combinado. Como a SOFC opera a altas temperaturas (1000ºC) o calor rejeitado pode ser utilizado para produzir vapor e gerar mais eletricidade em um ciclo Rankine.

 

 

5. CONCLUSÃO

O sistema de geração de eletricidade gasif / PEMFC será mais eficiente com a reforma de metano contido no gás de síntese da biomassa. Comparando a um sistema com pequena turbina a gás, a gaseificação integrada a PEMFC desenvolve eficiência elétrica superior para potências variando de 100 kW a 5000 kW. Acima de 5000 kW as turbinas a gás serão mais eficientes do que a PEMFC.

Uma alternativa mais eficiente do que as turbinas a gás para potência entre 5000 kW e 30000 kW é o sistema de gaseificação integrado a células de alta temperatura, tal como a SOFC ou MCFC. Também existe a possibilidade de se operar uma célula de alta temperatura em série com uma célula de baixa temperatura. Neste caso o gás anódico de uma SOFC, por exemplo, contendo hidrogênio e monóxido de carbono deve passar por um reator de shift e purificação, sendo o hidrogênio do fluxo gasoso utilizado em uma PEMFC para geração de mais eletricidade. Um sistema integrado com célula a combustível de alta e baixa temperatura pode alcançar eficiências acima de 60%.

 

6. AGRADECIMENTOS

Á CAPES, PELO FINANCIAMENTO DESSE TRABALHO, AO LABORATÓRIO DE HIDROGÊNIO PELA ESTRUTURA FORNECIDA PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA, E A FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA.

 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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