6, v.2O Projeto NERAM: modelo de negócio de energia elétrica em comunidades isoladas na AmazôniaObtenção de briquetes de carvão vegetal de cascas de arroz utilizando baixa pressão de compactação índice de autoresíndice de assuntospesquisa de trabalhos
Home Pagelista alfabética de eventos  





An. 6. Enc. Energ. Meio Rural 2006

 

O setor agropecuário no estado da Bahia: perspectivas econômicas e intensidade energética

 

 

Cláudio Bezerra de CarvalhoI; Sérgio Valdir BajayII

IFaculdade Apoio, Lauro de Freitas, BA
IINúcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético d Departamento de Energia / FEM, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP

 

 


RESUMO

Este trabalho apresenta as principais características do setor agropecuário do Estado da Bahia, a evolução dos principais segmentos do setor nos últimos anos e as perspectivas de crescimento para os próximos anos. Realiza-se uma análise mais detalhada das regiões agrícolas que apresentam maior potencial de desenvolvimento e de suas respectivas culturas agrícolas. Apresenta-se a evolução da participação do Estado da Bahia na formação do Valor adicionado do setor agropecuário nacional e a evolução da intensidade energética dos principais energéticos utilizados no setor.


ABSTRACT

The main characteristics of the rural economy in the State of Bahia are presented in this paper, together with the evolution of its main components in the last years and the growth perspectives for the next years. A more detailed analysis is carried out for the rural areas in the state which present higher development potential and for their respective crops. The progression of the state of Bahia' shares in the national rural economy's value added and the energy intensity changes of the main energy carriers employed in this sector are also presented in the paper.


 

 

1. Crescimento econômico do Estado da Bahia em 2004

Segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia - SEI, o Produto Interno Bruto do Estado da Bahia em 2004 apresentou um crescimento próximo de 8,5%, comparado com 2003. Este valor situa-se acima do crescimento do PIB do Brasil, que foi de 4,9%. A maior contribuição no valor adicionado do Estado foi devido ao seu setor industrial; o bom desempenho deste setor refletiu diretamente no resultado final do PIB. Neste setor, a maior taxa de crescimento verificada foi a da indústria de transformação baiana, em torno de 15,0%. Este bom desempenho deve-se, principalmente, aos segmentos de refino de petróleo, produtos químicos, complexo automotivo e a metalurgia, que têm significativa participação nas exportações do Estado.

O setor agropecuário do Estado apresentou uma expansão próxima de 10% no ano de 2004, também contribuindo significativamente para o forte crescimento do PIB estadual. Este resultado foi fortemente influenciado pela safra de grãos; as principais lavouras cresceram 18,9%. O incremento da pecuária foi de 3,0%.

O setor comercial do Estado, em 2004, apresentou bons resultados, em termos de desempenho, quando comparado com o ano anterior. Os fatores que motivaram este bom desempenho foram o aumento das linhas de crédito, estabilidade da inflação e otimismo em relação à retomada do crescimento do Brasil como um todo. O setor de serviços também apresentou um crescimento positivo em 2004, principalmente em decorrência das atividades ligadas ao turismo, que desempenham um papel importante na economia baiana. Neste período, devido à taxa de câmbio desfavorável frente ao dólar e ao euro, houve um aumento do turismo interno, em substituição às viagens internacionais. O setor de serviços como um todo apresentou uma taxa de expansão, neste período, de aproximadamente 4,5%.

 

2. Agricultura e silvicultura

O desempenho da agricultura no Estado da Bahia na década de noventa apresentou grandes flutuações no valor da produção e alternância de boas e más safras. As maiores dificuldades do setor estão relacionadas à estrutura de financiamento e comercialização e aos fatores climáticos, cujos efeitos negativos são potencializados nas regiões estruturalmente mais frágeis (VIEIRA, 2000). Atualmente as regiões mais dinâmicas na agricultura baiana, alavancadas pela mecanização e tecnologia, são o Oeste, com as culturas de soja, algodão e café, e o Médio São Francisco, com a fruticultura irrigada.

A ação governamental de estímulo à agropecuária se intensificou a partir de 1995, através de ações da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI) e do Banco do Nordeste, tendo sido aportados cerca de R$ 700 milhões no período 1995/98 (SEI, 2004a). Estes recursos foram destinados, principalmente, a programas de melhoria de competitividade nos negócios, na recuperação e modernização de importantes setores agropecuários (cacau, café e pecuária), na implementação de projetos de desenvolvimento sustentável e, ainda, no direcionamento de recursos emergenciais para áreas atingidas pela seca.

Em 2003, o setor primário representou 11% do produto gerado pela economia baiana (SEI, 2004a), concentrando-se, essencialmente, nos cultivos de soja, café, milho, algodão, feijão, cana-de-açúcar, mandioca e cacau. O crescimento nos últimos anos foi induzido, principalmente, pela exportação de grãos, beneficiada pela desvalorização cambial.

A desvalorização do real tornou mais competitivos os produtos voltados para a exportação, porem provocou uma elevação de alguns custos de produção, especialmente aqueles relacionados com os insumos importados. Deste modo, a elevação destes custos e os baixos preços de commodities agrícolas atualmente observados no mercado internacional devem induzir um menor crescimento da renda gerada pelo setor nos próximos anos.

Os fatores que têm contribuído para o desenvolvimento da região dos cerrados são: o desenvolvimento de novos materiais genéticos, a rotação de culturas e a aplicação de fertilizantes, a disponibilidade de vastas áreas de terra ofertadas a baixo custo e a proximidade do rio São Francisco, possibilitando investimentos em canais de dragagem e irrigação.

A participação da Bahia nas exportações de frutas in natura ou sob a forma de sucos no Brasil em 1999 correspondeu a 25% (VIEIRA, 2000). Os principais fatores que têm aumentado as vantagens competitivas do Estado são: a disponibilidade de terra barata, oferta de mão-de-obra a baixo custo, topografia e condições climáticas favoráveis e grande potencial para irrigação. Destacam-se as culturas de laranja, mamão, uva, abacaxi, maracujá, melancia, manga e melão, principalmente na região de Juazeiro. Outras regiões apresentam potencial para a fruticultura, a exemplo do Vale do São Francisco, Litoral Norte, Oeste, Vale do Paraguaçu e Extremo-Sul. A principal dificuldade enfrentada pela fruticultura do Estado está relacionada a problemas de logística, devido ao péssimo estado de conservação em que se encontra a malha viária e a infra-estrutura portuária, além da grande extensão do Estado, dificultando a integração dos centros produtores com os consumidores.

A produção de soja no Oeste do estado, em 2004, apresentou uma elevação da produção em 52%, em relação a 2003, aproximando-se dos 2,4 milhões de toneladas, segundo dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do IBGE. Embora se verifique uma redução da área plantada, de 850 mil para 821 mil hectares, o aumento da produção deve-se ao aumento da produtividade da lavoura por hectare, em torno de 61% (de 1,8 ton./ha em 2003, para 2,9 ton./ha em 2004).

Com o propósito de controlar a praga da ferrugem asiática nas plantações de soja, implantou-se o Programa de Monitoramento Estratégico de Manejo da Ferrugem da Soja, desenvolvido pelo Governo do Estado, com a participação da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), EMBRAPA Soja (pesquisas de sementes mais resistentes ao fungo), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) e a Fundação Bahia, além dos agricultores.

De acordo com o LSPA/IBGE, a produção de milho ultrapassou 1,6 milhões de toneladas, representando uma elevação de 34,1% em relação a 2003. Este aumento deveu-se aos processos de rotação de culturas entre milho e soja e, em parte, pela redução da área plantada desta última, refletindo os prejuízos causados pela propagação da ferrugem da soja no ano anterior.

O LSPA/IBGE apontou uma discreta elevação da produção baiana de feijão, em torno de 0,9%, em relação a 2003, apesar da área plantada ter apresentado uma expansão de 5,7%.

A safra de cana-de-açúcar aumentou em 2004, com quase 5 milhões de toneladas produzidas, de acordo com o LSPA/IBGE. No campo institucional e de pesquisa, destaca-se a criação do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), parceria firmada entre a EMBRAPA e a Copersucar, para o desenvolvimento do setor sucroalcooleiro. Com três unidades de pesquisa em São Paulo e uma no município de Camamu, na Bahia, o CTC tem como objetivo desenvolver e expandir conhecimento técnico e tecnologia para melhorar a produção e a produtividade da transformação da cana-de-açúcar (SEI, 2004b).

O crescimento da lavoura cafeeira foi de 30% da produção física, devido ao aumento do rendimento da lavoura e pelos ajustes nos resultados da safra de 2003. O Estado possui reconhecimento no País como um grande produtor de cafés especiais, destinados ao mercado internacional. Esse mercado tem conseguido gerar alguns bons resultados, apesar das dificuldades enfrentadas pelos produtores.

O crescimento da produção de mandioca foi de 7,5%, em relação a 2003. O aumento da área plantada em 2004 foi estimulado pelos preços da raiz e da farinha no período anterior; como conseqüência, a maior oferta atingiu negativamente os preços em 2004.

A produção de algodão foi a que mais se destacou neste período, segundo a pesquisa do LSPA/IBGE; houve um aumento de 150% na produção, em relação a 2003. A área plantada superou os 200 mil hectares, o que corresponde a um aumento de 135% em relação ao ano anterior, o que se refletiu na produção de 690 mil toneladas em 2004. O Governo do Estado tem atuado através do Programa de Revitalização da Lavoura Algodoeira e do Programa Bloqueio ao Bicudo, em parceria com instituições como a AIBA, Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), Fundo de Desenvolvimento Agroindustrial (FUNDEAGRO), Fundação Bahia e EBDA. As iniciativas públicas e privadas demonstram interesse na consolidação da cotonicultura no Estado e o enfrentamento dos problemas que impuseram a decadência à lavoura (bicudo, abertura da economia, escassez de créditos e financiamentos, etc.) nos final dos anos 1980 e início dos anos 1990 (SEI, 2004c).

A cultura de cacau atravessa a maior crise da sua história, especialmente por sua baixa produtividade, quando comparada com os paises produtores africanos, e operando com custos 80% superiores (VIEIRA, 2000), incompatíveis com os preços internacionais, além de ser susceptível às pragas.

A estimativa de crescimento da agricultura baiana como um todo em 2004 foi de 17,1% (SEI, 2004a), resultado bem próximo ao observado no LSPA-IBGE, com uma taxa de 19,6%.

O crescimento da silvicultura, capitaneado por grandes empreendimentos do segmento de papel e celulose, constitui-se em um vetor de transformação e diversificação do perfil agrícola estadual. Esta reestruturação setorial contribui para a diversificação da matriz produtiva do Estado, diminuindo a vulnerabilidade do setor agropecuário às oscilações do mercado e favorecendo o desenvolvimento da agroindústria. Este movimento contribui para a desconcentração setorial e espacial da economia baiana, constituindo-se, também, em importante foco de geração de renda e ocupação em várias regiões do Estado. Algumas regiões do Estado, localizadas principalmente na sua região central, apresentam baixos níveis de modernização e falta de articulação com os processos de transformação agroindustriais, necessitando de ações que estimulem o desenvolvimento econômico e social nestas áreas.

 

3. Agroindústria

A agroindústria do Estado ocupou a terceira posição na participação do valor agregado da industria de transformação estadual, correspondendo a 16,5% em 2000 (VIEIRA, 2000). O crescimento do segmento recentemente ficou parcialmente comprometido em função da crise da lavoura cacaueira e a conseqüente perda de grande parte do seu segmento de transformação industrial. Atualmente a dinamização das cadeias de grãos e de carnes ocorridas no oeste baiano e da produção frutícola na região de Juazeiro tem contribuído para um incremento de suas atividades no Estado.

A cadeia produtiva da agroindústria envolve desde empresas dos segmentos de comercialização e distribuição a indústrias de insumos - pesticidas, fertilizantes, rações, insumos veterinários - e de equipamentos para a agricultura. Dentro de uma perspectiva mais ampla, inclui os setores de processamento básico (secagem, embalagem, beneficiamento) e setores de processamento de matéria-prima agrícola, tais como o setor têxtil, calçados e papel e celulose. Inclui, também, o setor energético, por conta da produção de energia através do uso de biomassa, situação em que o Brasil é líder mundial. Dentro desta visão mais ampla de agroindústria, a participação deste setor representa mais de 30% de toda a economia do País e compõe os setores com maior competitividade no mercado internacional.

Na Bahia, a agroindústria não está organizada na maioria dos municípios agrícolas, principalmente naqueles voltados para a fruticultura. As principais dificuldades apresentadas pelos produtores são de acesso ao crédito, disponibilidade de tecnologias para aumentar a competitividade, controle de qualidade dos produtos, transporte, armazenamento e qualificação profissional.

A citricultura no Estado da Bahia tem crescido nos últimos anos, devido à escassez de terras em São Paulo e Sergipe, primeiro e segundo produtores nacionais de sucos. A Bahia é o quarto produtor nacional de suco de laranja e possui apenas uma fabrica para industrialização do suco. A instalação de indústria processadora foi o fator que propiciou o desenvolvimento da citricultura baiana e sergipana, possibilitando a ampliação do mercado e estimulando a expansão da cultura. O custo da matéria-prima, em média 25% inferior aos valores praticados em São Paulo, mão de obra barata, e pouco uso de defensivos agrícolas, tornam bastante favorável o desenvolvimento da indústria cítrica no Estado; porém, algumas barreiras ainda têm que serem vencidas, tais como: melhoria dos métodos de cultivo e de colheita e uma forte participação da indústria paulista nos mercados nacional e internacional.

A indústria de papel e celulose vem sendo beneficiada pela expansão de sua cadeia produtiva, acarretando um aumento de sua participação na pauta de exportações do Estado. O seu bom desempenho no mercado externo foi favorecido pelo crescimento da demanda nos países europeus e asiáticos, pela desvalorização cambial e pela gradativa recuperação dos preços da celulose branqueada de eucalipto na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1992 a produção de celulose e fibra no Estado correspondia a 5,8% da produção nacional; já em 1999 esta participação praticamente dobrou, passando para 10,8%, fazendo com que o Estado passasse de oitavo para quarto maior produtor nacional. A expansão do setor deveu-se à implantação de novos empreendimentos como a Bahia Sul Celulose e a Vera Cruz Celulose, que se dirigiram para o extremo sul do Estado, procurando beneficiar-se de vantagens naturais da região, como insolação, precipitação pluviométrica e condições de solo. No Extremo Sul, os níveis de produtividade são bastante superiores à média nacional e os custos de produção de eucalipto são inferiores à média internacional (Em 1998 o custo médio da produção na região era de US$ 300/t, enquanto que a média internacional, no mesmo período, era de US$ 510/t (VIEIRA, 2000)). Deste modo, o setor de papel e celulose tem contribuído para o processo de desconcentração espacial das atividades produtivas da Bahia e para a manutenção da balança comercial superavitária do Estado. Entretanto, pelas suas características estruturais intrínsecas, as grandes unidades produtoras de celulose são pouco intensivas em mão-de-obra e estabelecem níveis reduzidos de articulação com a economia local.

A expansão das exportações dos principais produtos agrícolas e da agroindústria do Estado, em volume, foi de 40,3%, quando comparado ao mesmo período em 2003. As receitas neste período aumentaram em 38,3%, com destaque para as exportações de grãos e óleos vegetais, refletindo o dinamismo das lavouras de soja, milho e algodão. O destaque negativo são as frutas e suas preparações, com quedas de 70,1%, em volume, e 61,33%, em receita, devido ao período não favorável de chuvas (SEI, 2004b).

 

4. Pecuária

A pecuária no Estado representava, em 2003, 31,3% do setor agropecuário e a estimativa de crescimento em 2004 foi de 3,0%. Segundo a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, o Estado, com cerca de 10 milhões de cabeças da pecuária bovina, está entre os seis maiores produtores de pecuária do País; porém, mesmo com o controle da aftosa, ainda não exporta cortes, apesar do Estado já contar com unidades frigoríficas, atendendo às exigências do SIF - Serviço de Inspeção Federal, e que poderão ser adequadas, com obras complementares, às normas para exportação (SEI, 2004b).

A atividade de couros e peles consolida-se no Estado, com os pecuaristas atentando para os cuidados nos tratos com os animais, objetivando couros de melhor qualidade, sem defeitos e, portanto, mais valorizados no mercado internacional. O aumento de receita para esta atividade foi de 41,3% em 2004.

O aumento de 39,8% na quantidade exportada de produtos de pesca e aqüicultura, revela o potencial do litoral do Estado, especialmente na criação de camarões.

 

5. Intensidade energética do setor agropecuário

A intensidade energética do setor agropecuário passou de 0,028 103 tEP/milhões R$ em 1985 para 0,050 103 tEP/milhões R$ em 2003, em R$ constantes de 2003. O consumo energético cresceu a uma taxa média de 5,3% a.a., enquanto o valor agregado cresceu a uma taxa média de 1,9% a.a. A Figura 1 apresenta a evolução da intensidade energética, no período de 1985 a 2003, dos principais energéticos utilizados no setor.

 

 

Um dos fatores que mais tem contribuído para o aumento da intensidade energética do óleo diesel e da eletricidade na agropecuária baiana, nos últimos anos, é a crescente mecanização e irrigação ocorridas nas principais lavouras do Estado, principalmente a da soja no sudoeste do Estado e da fruticultura irrigada no Vale do São Francisco. A participação do Estado na formação do valor agregado do setor agropecuário nacional tem se mantido constante nos últimos anos (em torno de 6%); a evolução desta participação está apresentada na Figura 2.

 

 

6. Perspectivas para o setor agropecuário baiano

O valor adicionado do setor agropecuário no Estado apresentou uma taxa média anual de crescimento bastante acentuada no período compreendido entre 1998 e 2003, igual a 6,1%. Este valor é quase três vezes superior à taxa de crescimento ocorrida para a economia do Estado como um todo, no mesmo período (2,1% a.a.). Considerando o período entre 1985 e 2003, esta taxa se reduz para 1,9% a.a.. Os principais fatores que motivaram o crescimento acentuado nos últimos anos foram: a desvalorização cambial - que, em um primeiro momento, favoreceu as exportações, a modernização e ampliação da área cultivada das lavouras de soja e algodão e, a fruticultura irrigada. Porém, o crescimento deste setor deve diminuir um pouco nos próximos anos, devido ao aumento dos custos dos insumos importados utilizados no setor e os baixos preços de commodities agrícolas atualmente observados no mercado internacional. A taxa de crescimento médio anual do valor adicionado do setor deverá ficar entre 4% e 5% (CARVALHO, 2005).

A participação da Bahia nas exportações de frutas in natura, ou na forma de sucos, em 1999 foi de 25% do total exportado pelo País, apesar da infra-estrutura de transporte e armazenamento deficitária do Estado. Esta participação poderá ser ampliada com a atual política de incentivo às exportações e com a melhoria da infra-estrutura de transporte e armazenamento.

Em relação ao consumo de energia, os principais energéticos utilizados no setor são: lenha, óleo diesel e eletricidade (com participações relativas, em 2003, de 37,7%, 44,9% e 17,6%, respectivamente). A participação do consumo de eletricidade passou de 1,7% em 1980 para 11,9% em 1990, enquanto que, em 2003, já representava 17,6%. O aumento do consumo de eletricidade no setor deveu-se principalmente ao aumento da área irrigada e ao maior acesso a esta fonte através da ampliação da rede de transmissão e distribuição ocorrida no Estado nos últimos anos. A mecanização ocorrida na agricultura foi o principal fator para o aumento da participação do óleo diesel. A maior participação destes energéticos provocou a queda da participação da lenha. As taxas médias anuais de crescimento do consumo de lenha, óleo diesel e eletricidade foram de 3,4%, 6,8% e 8,7%, respectivamente, no período de 1990 a 2003 (SEINFRA, 2005).

A intensidade energética do setor cresceu a uma taxa anual média de 2,2% entre 1990 e 2003 e a intensidade média entre 1996 e 2003 foi de 0,05 103 tEP/ milhões R$ (Base 2003).

 

7. Conclusões

O setor agropecuário baiano tem um papel muito importante para a economia do Estado, representando cerca de 6% na participação do valor agregado nacional do setor. As principais regiões agrícolas da Bahia são o Oeste, com as culturas de soja, algodão e café, e o Médio São Francisco, com a fruticultura irrigada.

A expansão do setor de papel e celulose no Estado deveu-se à implantação de novos empreendimentos como a Bahia Sul Celulose e a Vera Cruz Celulose, que se dirigiram para o extremo sul do Estado, procurando beneficiar-se de vantagens naturais da região, como insolação, precipitação pluviométrica e condições de solo. Este crescimento constitui-se em um vetor de transformação e diversificação do perfil agrícola estadual, diminuindo a vulnerabilidade do setor às oscilações do mercado, além de contribuir para a desconcentração setorial e espacial da economia baiana. A indústria de papel e celulose vem aumentando sua importância dentro do segmento industrial de transformação, passando sua participação de 3,2% em 1993 para 4,0% em 2003 e a participação do setor nas exportações do Estado passou de 8,5% em 1993 para 9,5% em 2002.

Algumas regiões do Estado, localizadas principalmente na sua região central, apresentam baixos níveis de modernização e falta de articulação com os processos de transformação agroindustriais, necessitando de ações que estimulem o desenvolvimento econômico e social nestas áreas.

Os principais energéticos utilizados no setor são: lenha, óleo diesel e eletricidade. O crescimento acentuado nos últimos anos do consumo de óleo diesel e de eletricidade é atribuído à mecanização e modernização ocorrida no setor.

 

8. Referências Bibliográficas

CARVALHO, C. B. de. ; Avaliação crítica do planejamento energético de longo prazo no Brasil, com ênfase no tratamento das incertezas e descentralização do processo; Tese de doutoramento; Faculdade de Engenharia Mecanica - UNICAMP; 314 p; 2005.

SEI; Bahia Análise & Dados 2004; Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia; Salvador; BA; março de 2004a.

SEI; Bahia Análise & Dados 2004; Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia; Salvador; BA; dezembro de 2004b.

SEI; Bahia em Números - 2003; Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia; Salvador; BA; 2004c.

SEINFRA; Balanço Energético - BAHIA 2004; Secretaria de Infra-Estrutura; Coordenação de Desenvolvimento Energético; Salvador; BA; 11 de julho 2005.

VIEIRA, E., Cavalcante, R. & Macedo, W.; Economia Baiana: Desempenho e Perspectivas; Agência de Fomento do Estado da Bahia - Desenbahia; Diretoria de Desenvolvimento de Negócios; Salvador; BA; julho de 2000.