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On-line ISBN 978-85-60944-08-8

An 6 Col. LEPSI IP/FE-USP 2006

 

O relato de uma experiência: projeto Aleph Psicanálise & Educação

 

 

Ruth Helena P. Cohen

 

 


RESUMO

O presente trabalho traz à discussão a posição tomada pelo educador, frente aos impasses educativos e suas diferentes funções, sejam elas facilitadoras ou impeditivas à transmissão do saber. Aponta para a tensão sofrida pela criança diante da demanda do tecido social, supondo que o fracasso escolar emerge como resposta à lógica educativa, fomentada pela cultura contemporânea, em sua visada política e ética. Dá o testemunho de uma prática de pesquisa e intervenção1 realizada em três escolas da rede pública do município do Rio de Janeiro, na qual busca-se identificar as tensões geradoras de fracasso escolar, promovendo meios que facilitem e viabilizem o diálogo entre educadores e psicanalistas, implicando-os no processo educativo de crianças e adolescente. Para tal cria um dispositivo chamado espaço borromeano de reflexão, inspirado na escrita topológica utilizada por Jacques Lacan em seus últimos seminários.
Acredita-se que a sustentação de um espaço coletivo de discussão poderá contribuir para que o educador e o psicanalista responsabilizando-se por suas ações encontrem suas próprias saídas, frente aos impasses educativos. Desse modo, pressupõe-se um avanço na transmissão de um saber que suporte o real ineducável, do sintoma fracasso escolar, quer para a psicanálise quer para a educação. A partir dessa experiência com educadores e psicanalistas verifica-se, que as discussões que incrementam a interface desses distintos campos de atuação podem contribuir para viabilizar, tanto uma educação possível quanto um exercício da psicanálise no mundo.


ABSTRACT

The present work brings to the discussion the position taken for the educator, front to the educative impasses and its different functions, they are facilitator or impeditive they to the transmission of knowing. It points ahead with respect to the tension suffered for the child of the demand social, assuming that the failure pertaining to school emerges as reply to the educative logic, fomented for the culture contemporary, in its aimed at politics and ethics. For such of the o certification of practical one of research and intervention carried through in three public schools of the city of Rio de Janeiro, in which one searches to identify the generating tensions of failure pertaining to school, promoting half that they facilitate and they make possible the dialogue between educators and psychoanalysts, implying them in the educative process of children and adolescent. For such "borromeano" space reflection creates a device called, inhaled in the topological writing used by Jacques Lacan in his last seminaries.
One gives credit that the sustentation of a collective space of discussion will be able to contribute so that, the educator and the psychoanalyst, making responsible for their action they find its proper exits front to the educative impasses. In this manner, an advance in the transmission of one is estimated to know that has supported the Real, of the pertaining to school symptom failure, it wants for the psychoanalysis wants for the education. From this experience with educators and psychoanalysts it is verified, that the discussions that develop the interface of these distinct field of activity can contribute to make possible, as much a possible education how much an exercise of the psychoanalysis in the world.


 

 

O testemunho de uma prática

Em linhas gerais, o fracasso escolar é comumente avaliado pelas repetências e pela evasão escolar. Esse tipo de avaliação se baseia nas conseqüências de experiências malsucedidas, mas não busca as causas em jogo. Muitas vezes, considerado um tipo de distúrbio de aprendizagem, conduz crianças e adolescentes ao atendimento psicanalítico. Nesse contexto, o trabalho do psicanalista com ou nas instituições traduz o desafio feito à psicanálise quanto à sua inserção na pólis. Como conseqüência a instituição escolar e o sistema social demandam ao profissional de saúde, em especial ao de saúde mental, a tarefa de resolver a questão. Em outros termos, a escola e a sociedade, ao se isentarem de sua responsabilidade em face do fracasso escolar, tentam localizá-lo na própria criança e em sua família. Entretanto, sabe-se que a tensão sofrida, pela criança diante das demandas do tecido social, pode ser encarnada não só pela família, mas na escola, através da figura do professor, do diretor e da equipe de apoio técnico das instituições de ensino. Portanto, a posição tomada pelo educador, frente aos impasses educativos, terá função facilitadora ou impeditiva na transmissão do saber.

O projeto Aleph2 vem, em seus encontros com educadores, buscando detectar problemas e achar soluções possíveis às situações ligadas aos impasses educativos. No espaço coletivo das escolas, no diálogo com os professores, diretores e equipe técnica, sobre a incidência do fracasso escolar, aposta em minimizar os efeitos nocivos do mesmo, a partir dos seguintes temas que vem sendo levantados: as práticas abusivas contra a infância e adolescência, a violência dentro e fora do espaço escolar, o uso excessivo de álcool e drogas; a segregação social: exclusão e inclusão na escola, família e sociedade, os distúrbios de aprendizagem, sexualidade, a constituição de novos laços familiares e a construção de um novo espaço para a educação. Ao oferecer um espaço de reflexão, em grupo, aos educadores (professores, diretores e equipe de apoio técnico das escolas) , trabalha-se as diferentes causas do fracasso escolar e suas conseqüências. Cada grupo de reflexão é coordenado por um dinamizador e um relator da equipe Aleph, sob supervisão e assessoria de psicanalistas e educadores. O projeto que tem como proposta dirigir seu olhar para as recentes pesquisas desenvolvidas na interface educação e psicanálise verifica que esta se vê convocada a dizer algo sobre os sintomas que aparecem nas escolas, atingindo crianças e adolescentes. Esse esforço diz respeito à política da psicanálise que se propõe a atuar no social, no mundo, desafiando os psicanalistas para além das fronteiras de seus consultórios.

Acredita-se que com a prática da "conversação"3 mantida nos espaços "borromeanos de reflexão"4 pode operar sobre as tensões estabelecidas entre o educável e o ineducável, presentes em toda aprendizagem. Um "possível sucesso", como verificado em uma das escolas na qual foi realizada a pesquisa-intervenção, em dez encontros com todos os segmentos representativos da escola, parece ratificar a aposta de que é viável tratar o fracasso escolar pela lógica contingente. Essa modalidade lógica é descrita por Lacan, no Seminário 20: mais ainda, como o que cessa de não se escrever. Incluí-se nessa modalidade o "não-todo" lacaniano. Refere-se, por exemplo, as parcerias, as contingências dos encontros traumáticos ou amorosos. Essa via de pesquisa parte da tese freudiana da inexistência do não no inconsciente e da grande questão para Lacan que diz respeito a inadeqüabilidade do uso dos princípios da lógica formal subjacente à linguagem. O autor enfatiza o lugar do gozo feminino, outorgando a ele um gozo suplementar, inominável, impossível de ser dito. Uma mulher, portanto, se inscreve no gozo fálico como "não-toda", ou seja, de forma contingente, ao passo que, do lado homem, é possível dizer algo sobre o gozo fálico. A lógica utilizada por Lacan para descrever suas fórmulas da sexuação não é a lógica clássica aristotélica, mas sim, segundo Badiou, "uma variante da lógica intuicionista" (Badiou 1992: 20), pois da "aparente negação do universal, que é o não-todo, não se pode deduzir uma afirmação existencial negativa" (: 21).

A proposta de tratar o sintoma fracasso escolar pela lógica contingente encontrou ressonância nas preocupações explicitadas por uma escola, que, ao respeitar os limites dos alunos e professores, leva em conta as especificidades da comunidade e a vivência dos estudantes tratados um a um. Dessa feita, cria uma política educacional "não-toda" ao fundar um método que dá resultado para o coletivo daqueles alunos acolhidos em sua particularidade. Os alunos não foram identificados pela defasagem que apresentavam na aprendizagem, como comprova a declaração de uma professora: "Não existem alunos que não possam aprender". O distanciamento da identificação dos alunos pela defasagem que apresentavam também pode ser observado no seguinte comentário: "Encontro dificuldade em adaptar o aluno ao método e decidi optar por um método antigo que sempre deu certo: começo a ensinar através da experiência deles, pelos mantimentos, como açúcar, feijão, etc. Começo pela simplicidade, pelo cotidiano, eles aprendem e dá certo". Esse método, que poderia ter sido qualquer um, leva em conta a lógica do particular, na contingência da comunidade-escola tomada uma a uma. Essa professora, talvez influenciada pelo método de Paulo Freire, redescobriu a educação nas vias oferecidas pelos próprios alunos e mostrou que alfabetizar pode ser aprender a escrever a própria vida. De acordo com essa lógica, existe não "a verdade", mas sim verdades; não "o saber", e sim saberes. Tal construção, baseada na lógica freudiana do inconsciente levou Lacan ao que ele chamou de campo do Outro, ou simbólico, demonstrando que esse campo não recobre tudo que há. Não se pode chegar à última palavra, nem alcançar um saber sem falhas discursivas.

Na pesquisa-intervençao, verificou-se que existem casos em que as especificidades da transferência, seja em psicanálise, seja na educação, demonstram que isso que escapa à nomeação faz com que, diante do impossível(o ineducável, próprio aos mecanismos inconscientes) e do necessário (educável, ou seja, passível de se submeter a uma lei externa), o educador e o analista se vejam atravessados pela indecidibilidade da etiologia do fracasso escolar. Desta forma aposta-se na hipótese que a etiologia do fracasso escolar é indecidível. Isso quer dizer que não há como afirmar a verdade ou a falsidade de sua origem, isto é, o fato de não serem falsas ou verdadeiras as suas causas. Das dificuldades em precisar as causas do fracasso escolar – onde localizá-lo, no aluno, no professor, na escola, no método, na política educacional – evidenciou-se a possibilidade de demonstrar o funcionamento do sintoma fracasso escolar com base no conceito de indecidível, formulado pelo matemático austríaco Kurt Gödel (1931), cujo trabalho sobre o tema foi considerado um dos mais importantes progressos da lógica nos tempos modernos. Em termos lacanianos, o conceito de indecidível diz respeito a hiância que se abre entre a "não-existência" e o não-todo. Nesse sentido, o fracasso escolar se apresenta como necessário, "não cessa de se escrever", em decorrência de uma indecidibilidade que pode ocorrer na educação, ou seja, "por não se poder dizer algo parecido com alguma coisa que possa ter função de verdade" (Lacan, aula de 1º de junho de 1972).

O interesse em trabalhar o fracasso escolar como sintoma diz respeito à sua inscrição contemporânea, seja esta a de um novo sintoma ou apenas a de uma nova roupagem. À luz da vertente lógica da formação do sintoma, busca-se investigar a contingência dos encontros que se dão no espaço formal educativo. Ficou explicitado nos encontros com os educadores que a lógica do fracasso escolar se mostrava em dois eixos principais. O primeiro é traçado pela escuta da queixa permanente e do alto nível de angústia dos professores em decorrência do impacto causado pelo fracasso escolar dos alunos. A segunda se refere à lógica, à ética e à política que circunscrevem o lugar do psicanalista toda vez que ele é convocado pelos educadores. Nosso percurso enfatiza-se a última dimensão, em razão do foco da pesquisa estar voltado para a interseção do discurso psicanalítico com o discurso pedagógico. Nos encontros com os educadores tornou-se claro que os limites que desafiam a educação são traduzidos muitas vezes pela impotência, que inibe a tarefa educativa e não raro leva à formação do sintoma fracasso escolar.

Ao considerar quenão se deve recuar diante de tais desafios, propõe-se tratar o fracasso escolar no próprio espaço das escolas, por intermédio de um trabalho interdisciplinar. Para isso, a constituição de grupos de trabalho pautados pela lógica borromeana parece o mais indicado. A lógica com que se trabalha na interseção entre a psicanálise e a educação se inspira na forma borromeana de escrita topológica. O nó ou "cadeia borromeana", que é uma determinada maneira de enodar elos ou fios, interessou os matemáticos, sobretudo no século XX, tendo sido amplamente utilizada por Lacan em seus últimos seminários. A arte de enodar é uma prática que remonta aos antigos egípcios e à marcação dos campos após as cheias do rio Nilo. No século XV, o enodamento criado pelo matemático Guilbault passou a figurar no brasão da família dos Borromeus, levando seu criador a nomear esse tipo de amarração como "nó borromeano". Já na segunda metade do século XX, o matemático Pierre Soury se interessou pela teoria dos nós e demonstrou "a exemplaridade da cadeia borromeana a três, na classificação das cadeias" (Granon-Lafont 1985: 129). Lacan, por seu turno, extraiu conseqüências da natureza borromeana para articular os três registros psíquicos: real, simbólico e imaginário. O seminário dos anos de 1974 e 1975 trata especificamente desse tema e, nele, admitiu ter se inspirado na obra de Freud para usar a topologia.

O nó borromeano constitui uma unidade composta de, no mínimo, três unidades equivalentes, isto é, a definição do nó borromeano parte de três, "de tal forma que, se destacarmos um dos seus anéis, os outros dois já não podem se manter ligados" (Lacan 1971-2, aula de 2 de março de 1972). Essa propriedade pode ser aplicada a uma cadeia infinita de anéis, sem que os princípios que a determinam se percam, e a teoria dos nós, embora tenha ajudado Lacan a trabalhar com as tópicas freudianas e com o conceito de sintoma, trata-se de um suporte teórico que não é nem modelo, nem ilustração do funcionamento psíquico. A topologia combinatória permanece um ramo da matemática, cuja origem se encontra em Desargues e Leibizg, e seus desenvolvimentos em Moebius, Felix Klein e Henri Poincaré (Kaufmann 1996: 586). Mesmo assim, serviu a ele não só para explicar, com base nas superfícies topológicas, a qualidade de "ser falante" para o sujeito humano, como também demonstrar sua radical dependência à cadeia significante.

A lógica borromeana que norteia o trabalho do Aleph se inspira no fato de não se privilegiar um discurso em detrimento dos demais. Isto porque no "espaçoborromeano de reflexão" todas as falas tem o mesmo peso, elas se equivalem, mas não são iguais. Em outras palavras, deve-se preservar a responsabilidade de cada um na solidão de seu discurso, pois se um dos elos for retirado, o conjunto se desfaz.

O projeto Aleph valendo-se da escrita borromeana nas "três dimensões de espaço habitadas pelo ser falante: a real, a simbólica e a imaginária" (Lacan 1973-4, aula de 13 de novembro de 1973), aposta em um tipo de laço entre psicanálise e educação pelo qual atos disjuntos, ao se enodarem, podem produzir efeitos. Para dar consistência a esse tipo de amarração, convoca-se um terceiro elo, representado pela lógica, seja esta a formal, a característica da educação ou a própria aos mecanismos inconscientes. Como exemplo dessa unidade borromeana ou da lógica de seu funcionamento, há um tipo de escrita em que a função de cada elo é necessária ao enlaçamento de outros dois. Assim, escritas de forma borromeana, psicanálise, educação e lógica servirão de medida básica, unidade ou ponto de partida para a proposta da pesquisa-intervenção.

Assim, uma forma de trabalho interdisciplinar é pautada pelo modo de amarração de uma cadeia borromeana na qual cada um, na solidão de seus atos, se enlaçará a outros, observando o princípio lógico de que, caso um laço se rompa, o trabalho acabará. Na parceria borromeana, conservam-se as consistências de cada campo e as relações em cadeia conformam a lógica de seu funcionamento. (Lacan 1971-2, aula de 3 de março de 1972). A figura a seguir exemplifica a cadeia borromeana com três anéis

 

 

Basta ressaltar que a escrita borromeana vem permitindo vislumbrar um trabalho em rede interdisciplinar, sem que se privilegie um saber em detrimento do outro. Tal como os elos de uma cadeia borromeana, é possivel pensar a articulação entre a psicanálise e a educação valendo-se da lógica de seus funcionamentos e da afirmação de suas especificidades.

Propõe-se, então, uma psicanálise aplicada ao tratamento do real na interseção que se mantém entre ela e a educação. Façamos laços!

 

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2 Trata-se de um projeto de pesquisa-intervenção filiado ao NIPIAC(Núcleo de Pesquisa sobre a Infância e Adolescência Contemporânea ) e desenvolvido na pós-graduação do curso de psicologia da UFRJ.
Como indica Laure Naveau, podemos dizer que essa proposta se inscreve sob o modo de uma conversação, que "implica em se colocar nela algo de cada um, e não supõe uma neutralidade indulgente" (Naveau 1999: 107).
3 Este conceito será explicitado mais à frente, no corpo do texto.
4 Em seu método humanista de alfabetizar, Paulo Freire sempre utilizou palavras "oriundas do próprio universo vocabular do alfabetizando" (Freire 1981: 5). Ao começar a escrever, o alfabetizando está não somente copiando palavras, mas também, pouco a pouco, tornando-se o autor de sua própria vida.