6O relato de uma experiência: projeto Aleph Psicanálise& EducaçãoA inserção da psicanálise no campo educacional: apropriações de um discurso author indexsubject indexsearch form
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On-line ISBN 978-85-60944-08-8

An 6 Col. LEPSI IP/FE-USP 2006

 

Demanda educativa, retornos e inoperância dos métodos de ensino

 

 

Ana Carolina Corrêa Soares de Camargo

carucamargo@gmail.com

 

 


RESUMO

Neste texto procuro argumentar que a demanda educativa do adulto, independente da metodologia de ensino utilizada por ele – e até de suas "filosofias ou vontades" –, é passível de tomar rumos inesperados ao ser recebida pelo educando. Para tanto, valho-me de alguns conceitos e noções freudolacanianos para fazer lembrar aos pedagogos ortodoxos que o endereçamento da palavra ao outro, também no campo da educação escolar – seja de crianças, adolescentes ou adultos – sofre deslizamentos e recebimentos imprevisíveis como, por exemplo, o retorno inesperado de mensagens invertidas do próprio inconsciente daquele que encarna a função de educador.

Palavras-chave: Psicanálise; Educação; Metodologia de Ensino.


 

 

"Faz mais de 25 anos. V. era professor de Física. Sujeito interessantíssimo, tinha por volta dos 35 anos. Sua figura era como a de um viking moderno, vestido de guarda-pó branco e calças jeans. Suava tanto que, nos dias de calor, não costumava usar camiseta por baixo. Parecia um leão ruivo andando e rugindo seu timbre pela sala de aula, figura encantadoramente bela e transgressora, de humor ímpar, estrondoso. Ao entrar na sala de aula, preenchia-a de uma alegria contagiante. A gente se divertia com ele. Era grande, em alturas e gorduras, barbas e olhos azuis. De muito vigor, era do tipo fleumático. Quando conseguíamos irritá-lo, enrubescia-se, ampliando ainda mais a abertura dos olhos, dos gestos e passos. Gritava. Dava medo. Jogava giz nos meninos da turma do fundão. Tinha o mau hábito de chamar a gente de "CRIATUUUURA". Agora, pergunto: criatura criada por quem?... Nunca tirei nota abaixo da média em sua matéria, pelo contrário, conseguia a façanha de só alcançar as melhores. Foi bom, ajudou no vestibular... Só não me pergunte como, pois a Física, em si, nunca fez sentido para mim. Se tivesse que expor meus conhecimentos sobre a disciplina, hoje, não preencheria uma linha sequer..."

Relato de ex-estudante do Ensino Médio.

 

Quando um sujeito "adulto" decide posicionar-se como tal diante de crianças ou adolescentes, endereça-lhes demandas educativas. Contudo, não é difícil desconhecer que, ao apresentar-se nessa condição diante desses pequenos outros, tenha se oferecido para ocupar temporariamente um lugar onde cumprirá a função justamente de educador, ainda que não tenha agido de maneira deliberada. O fato de portar no corpo e na palavra as diferenças inexoráveis impostas por um tempo já vivido e gasto faz do "adulto" um expositor estrangeiro de significantes garimpáveis a serem cavoucados e significados pelos ainda não crescidos. Se fazem assim crianças, adolescentes e todos os que imaginam ter algo ainda a aprender com outrem, é porque um dia conseguiram, ao atravessar o Édipo, dar provas da castração e do recalque e assim habitar seu sexo, buscando no Outro, através de outros encarnados, matéria-prima para o processo – passível de continuidade – da autoconstrução subjetiva via imprevisíveis e incontroláveis identificações, introjeções e projeções. Entretanto, quem disse que o "adulto" se encontra inteiramente formado e senhor de palavras e atos, uma vez que o infantil, por estar articulado à pulsão e ao gozo, como propõe a psicanálise, nunca deixa de retornar e inscrever ?1 Se o adulto cai ou joga-se nas redes do educar meio de sopetão e aos borbotões, o mesmo acontece com aqueles ainda não crescidos. Tal qual conversa entre loucos, não surpreende que possam olhar-se mutuamente e perguntar-se: Afinal, o que você quer de mim?

Demanda, segundo o dicionário Houaiss2, pode ser entendido como manifestação de desejo, pedido, exigência, solicitação, além de remeter a significados de busca, procura, diligência, indagação, rumo de embarcação, confronto, luta, peleja, entre outras significações. Por sua vez, o Dicionário da Psicanálise insere a explicação de demanda no verbete desejo, termo que por sua vez é "... empregado em filosofia, psicanálise e psicologia para designar, ao mesmo tempo, a propensão, o anseio, a necessidade, a cobiça ou o apetite, isto é, qualquer forma de movimento em direção a um objeto cuja atração espiritual ou sexual é sentida pela alma e pelo corpo"3

Em psicanálise, a noção de demanda foi criada por Lacan como um elo para conciliar duas tradições, uma filosófica e outra psicanalítica, quando conceituou aquilo que Freud propôs enquanto idéia ou visão: o desejo. De um lado, havia a noção freudiana de Wunsch4, traduzida por desejo, no sentido de voto ou anseio distanciado da necessidade biológica, atribuído ao inconsciente – porque ligado a lembranças – , que se realiza na reprodução simultaneamente inconsciente e alucinatória das percepções transformadas em "signos" de satisfação, cujo caráter é sempre sexual. De outro, havia o que Hegel5 chamou de Begierde, entendido como desejo no sentido de "(...) apetite, tendência ou concupiscência, pelas quais se expressa a relação da consciência com o eu. Se a consciência tenta conhecer o objeto, a apreensão deste não se faz por um conhecimento, mas por um re-conhecimento. Em outras palavras, a consciência reconhece o outro na medida em que se reencontra nele. A relação com o outro passa, pois, pelo desejo (Begierde): a consciência só se reconhece num outro, isto é, num objeto imaginário, na medida em que através desse reconhecimento, instaura-se esse outro como objeto de desejo"6. Lacan constrói a noção de demanda para poder justamente alocar o inconsciente freudiano no lugar da consciência hegeliana descrita acima e estabelecer, assim, a ligação entre o desejo do reconhecimento e o desejo da realização inconsciente, explicando portanto que, ao demandar, o sujeito endereça ao outro demanda de amor, ou seja, desejo do desejo do outro, na medida em que busca ser reconhecido em caráter absoluto por ele. (Cf. Roudinesco e Plon, 1998, p.146)

Tomemos demanda, agora, na acepção "forma de movimento em direção a um objeto que atrai...", movimento de busca por algo que é investido de interesse e valor, já que o desimportante ignora-se e leva a inferir se aquele que não é feito interesse, valor, importância existe, e torna-se "olhável", "escutável", tocável, reconhecível?

Educar é uma atividade humana que exige grande quantidade de tempo, trabalho e paciência, tanto da parte de quem educa, quanto de quem é capturado para se tornar educado. Tarefa árdua e arriscada, conforme veremos a seguir, que não se submete à previsibilidade vislumbrada pelos métodos de ensino, idéia desenvolvida por mim no livro "Educar: Uma questão metodológica? Proposições psicanalíticas sobre o ensinar e o aprender", lançado pela Vozes, em 2006.

Pensemos: por que gastar tempo com um outro que não o "eu" – esse tipo de parque interno de diversões e horrores, subdividido em instâncias psíquicas que não se entendem mas conversam o tempo todo entre si –, se não for justamente para enviar palavras ao destinatário pequeno outro, demandando-lhe além da atenção e ouvidos, algo a mais? Caso contrário, não haveria motivo para movimentar-se para fora e deixar em segundo plano o contínuo e instigante embate intrasubjetivo pelo qual neuróticos se deliciam e martirizam. Ficaríamos ali, a girar sem desejo, em pleno gozo – para além do princípio do prazer. Se desviamos o tempo a ser gasto com nosso próprio aparelho psíquico no endereçamento de palavras ao outro é porque, neuróticos que somos, desejamos algo desse objeto e vamos buscá-lo – fato que não passa incólume a este, vez aqui, outra acolá, que prova da angústia provocada por tal demanda e indaga a si mesmo:

– O que será que quer de mim? Por que eu ?!? O que há em mim que tanto lhe interessa ????

O problema é que o endereçamento ao outro implica a sujeição de quem fala a, pelo menos, dois tipos estrangeiros de retorno, pois os efeitos das enunciações, para o espanto de muitos, nem sempre chegam ao previsto, ainda que exista a feliz possibilidade. Todavia é bom lembrar que aqui, ao falarmos de palavras, não nos referimos apenas àquelas sonoras saídas da boca de um sujeito em direção aos ouvidos de outro(s), originadas por multicombinações fonéticas e silábicas, agrupadas em conexões sintáticas cujas significâncias unívocas traduzem representações produzidas pelos cérebros de modo a viabilizar, através do diálogo recíproco, entendimentos racionais. Não! Aqui, a palavra tem um outro estatuto, porque além de incluir o entendimento comunicativo compartilhado pelos lingüistas, inclui-se o que é da ordem do conceito de significante, conforme subverteu Lacan, de maneira a incluir nas construções deslizantes da significação da fala – ou melhor, dos atos de linguagem – o não-dito, o inter-dito, o silenciável e até mesmo o que é da ordem do indizível. Voltemos então aos dois tipos estrangeiros de retorno das enunciações.

Quando um sujeito fala a outro, seja oralmente ou na linguagem de sinais, por mímica, ou pela linguagem de toques nas mãos, pintura, música, coreografia, gesto, olhar ou reação fisionômica – por um ato de linguagem, enfim – nada garante que o recebido será equivalente ao enviado em intenções originais, ainda que o emissor tenha esmerado-se em meios e métodos. Para o falante desavisado, seria bom informar que as respostas a serem recebidas dificilmente se enquadrarão ipsis litteris àquelas imaginadas por ele quando do envio de sua demanda. O desvio de rotas nos entendimentos e assimilações são fenômenos que ocorrem com grande freqüência para desespero dos educadores ortodoxos de plantão. A brincadeira do telefone sem-fio faz boa ilustração disto que ocorre na transmissão de palavras entre sujeitos: cada um muda um ponto, acrescenta uma vírgula, troca uma letra, faz uma rasura, deixa um traço de forma que a mensagem inicial se transforma e torna-se irreconhecível, para risada gostosa do grupo quando este fica sabendo, no final da roda, qual tinha sido a idéia inicial lançada em palavras no ouvido do primeiro ao lado. Poderíamos aludir também à variância das notas de aproveitamento dos alunos de uma classe, pois apesar de serem expostos aos mesmos encaminhamentos pedagógicos, os alunos são capazes de processar as informações de forma singular, por vezes até non sense, do ponto de vista do professor ou de seus colegas. Problema da zona do desenvolvimento proximal ou das estruturas cognitivas, dirão os sócio-construtivistas, problemas de dislexia, disgrafia, déficit de atenção, hiperatividade, baixo quociente de inteligência, estrutura familiar, senão outros, dirão os atualizados para-educadores, médicos e pretensos controladores da psique.

Porém, ver o currículo chegar a um ponto não vislumbrado pelo educador não é a única possibilidade de desvio para o endereçamento da demanda educativa. Outra possibilidade se faz presente nos trâmites do educar e talvez seja interessante que o "adulto" se intere dela porque, quando ocorre, é o educador que articula a pergunta: O que este não crescido quer de mim?, embora se trate de uma inversão de seu próprio pedido e não, necessariamente, de uma demanda que o aluno realmente lhe fez. O trabalho docente está aberto à profusão de fantasias especulares, sabem?...

Por estarem afeitas aos deslizamentos de sentidos, não há como impedir que, vez em quando, palavras lançadas ao outro, repentinamente circulem o objeto buscado, dêem meia-volta e retornem em direção ao aparelho psíquico daquele que fala, feito mensagem invertida7, movimento primo ao que ocorre quando o infantil (isto que sobra dos tempos de infância e permanece vivo para o gozo das disputas intrapsíquicas) retorna do recalcado esquecido, causando mal-estar. Nesses momentos, deparamo-nos sem aviso prévio com as crianças impulsivas que não esperávamos reencontrar dentro de nós, como apontou , em 1930, o educador e psicanalista Bernfeld (Cf. Filloux, 2002: 90), por julgarmos que estavam mortas e enterradas, fruto do trabalho realizado pelo amadurecimento racional do "adulto" que, agora civilizado, imagina-se livre do indomesticável. Pura ilusão, o que nas palavras de Freud em O Futuro de uma Ilusão não passa de crença alimentada por um desejo, no caso, desejo de não ser mais habitado pelo infantil, esse estrangeiro Outro, a enviar de forma invertida as próprias mensagens recalcadas, amortecidas, subliminares.

Trocando em miúdos, a demanda educativa endereçada ao aluno pode sair pela culatra e atingir o educador em seu íntimo, bem ali, onde ele não esperava. A peleja que a demanda educativa lhe impõe passa exatamente por aí, como afirma Filloux:

Dedicar-se à infância e, ao mesmo tempo, defender-se é o destino que poderia chamar de profissional e até apaixonante das Pedagogias. O risco do ofício8 é, justamente, ter de ser confrontado com essas três crianças [a real, a ideal e a recalcada], com os próprios recalques e com suas próprias pulsões infantis, soterradas no seu inconsciente. A criança real o faz retornar às duas crianças que existem nele. E essa criança que tem diante de si: ou vai encontrar o ideal, maravilhoso que imagina ter sido, ou, então, será confrontado com a criança recalcada e, então, vai contra-transferir. Ou, ainda, vai esperar que a criança real, restaure nele a criança ideal. E nessa ótica, ele próprio estará numa situação de projeção identificadora e poderá viver, de modo difícil, esta situação9.

Sendo assim, caso o educador não tenha feito as pazes com os desejos pulsionais da criança que um dia foi, dificilmente fará de sua atuação profissional algo diferente de um tormento para seus alunos, pois o contato transferencial e contra-transferencial com estes fará ebulir toda a gama inconsciente do sujeito que, por estar numa faixa etária numericamente avançada, considera-se adulto e não se priva de exigir da criança real a sua frente que encarne a criança ideal que ele mesmo não conseguiu cumprir. Em casos assim, não há metodologia de ensino que evite e suture os descompassos que irão surgir no dia-a-dia desse professor, ainda que seus alunos estejam em prontidão nas ditas e supostas zonas proximais de desenvolvimento cognitivo, à espera de estímulos que impulsionem sua inteligência a galgar mais um nível das estruturas cognitivas. Com método ou sem método a metatransmissão entre inconscientes acontecerá, simplesmente porque é inevitável, ensina a psicanálise. Se em algumas ocasiões será aliada do professor, pela via da transferência positiva, em outras poderá em nada ajudar, dificultando mesmo essa que já é uma tarefa incerta e que transcorre na mão dupla do ensinar e do aprender, quando não é possível prever o quê e de que forma cada educando está se apropriando do que mostram corpo e palavra do professor.

Para enfrentar isso que incomoda e escapa bem no centro da encenação do "adulto" frente às crianças, a pedagogia vem tentando a ortodoxia de buscar a educação ideal – expressão cunhada por Mannoni10 – através de desdobramentos tecnológicos e científicos do que foi um dia idealizado por Comênio11, no século XVI, em Didática Magna: Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, substanciada na pós-modernidade pelos estudos psicogênicos, reeditada em metodologias de ensino creditadas como capazes de conquistar definitivamente o domínio da suposta natureza humana relativa ao ensinar e aprender. Obsessão empirista de Francis Bacon, ilusão (psico)pedagógica hegemônica12 de educadores e para-educadores, pesadelo a sobrecarregar de estigmas e psicotrópicos de última geração farmacológica aqueles que não se adéquam às expectativas dos ideais pedagógicos e/ou psicológicos, apontados por se apresentarem fora de padrão, como anormais, deficientes, hiperativos, disléxicos, disgráficos, fóbicos, obssessivos, transtornados, com baixo coeficiente de inteligência, vítimas de alguma síndrome, ou simplesmente, "com necessidades especiais" na linguagem politicamente correta da vez13.

Resumindo, o fato da demanda educativa enviada pelo professor chegar às vezes em endereços diferentes do sobrescrito ao aluno tomado como objeto educável não significa o fim do mundo, nem razão para desistirmos de continuar tentando a educação desses sujeitos em crescimento, muito menos o fim da pedagogia – já que apostamos na possibilidade de uma pedagogia não ortodoxa. Mais uma vez: Não! Significa apenas que talvez já seja hora de abrirmos mão da obsessão ilusória de ser possível atingirmos a educação ideal dos sujeitos, como se a escola fosse um maquinário pelo qual enfiamos os alunos e depois de um tempo eles saem formatados à imagem e semelhança do que o narcisismo "adulto" desejou para eles (sic), após o quê poderíamos dizer em alto e bom som, "Consegui fazer do outro aquilo que eu quis!". Ou seja, talvez fosse interessante para os rumos da pedagogia e o futuro das gerações vindouras admitirmos que não podemos tudo em todos e dar provas da castração e da falta-a-ser também no âmbito da educação do outro. A despeito de magnas pretensões, métodos ultra-científicos e instrumentos tecnológicos de ponta – tal qual a nova pupila do Estado: a econômica educação virtual à distância –, talvez não seja mesmo possível ensinar tudo a todos, num mesmo tempo e lugar, através das mesmas palavras, corpos e telas de computadores. E nem por isso seremos menos (in)felizes do que somos hoje.

 

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

1 FERRETTI, Maria Cecília Galletti. O Infantil – Lacan e a modernidade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

2 HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, v.1.0. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2001.

3 ROUDINESCO, Elisabeth e PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro, Lucy Magalhães. - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998, p. 146.

4 FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos (1900), in Edição Standard brasileira das Obras Psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.

5 HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich . Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes, 2003.

6 ROUDINESCO e PLON. Ibid., p. 146.

7 LACAN, Jacques. (1998). Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise. In Escritos. (pp. 238-324). Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em 1953).

8 Referência ao texto de Daniel Hameline, não traduzindo para o português, “Les risques du métier, psychanalyse de l´enseignement”, in Attention! écoles, Paris, Fleures, 1972 ”, no qual o autor, ao retomar a temática de Bernfeld , avança na questão sobre o voto pedagógico, a vocação do professor. Hameline defende a idéia de que esta é uma vocação difícil, suspeita, além de fatigante e deprimente pois, por deter a capacidade latente de reativação das neuroses – fator não encontrado em grau semelhante na média das profissões – torna-se uma profissão das mais ameaçadoras psicologicamente, já que pode estar ligada também às perturbações encontradas na conduta da percepção de si mesmo, de outrem ou da vivência dos relacionamentos intersubjetivos.

9 FILLOUX, Jean Claude. Psicanálise e educação. São Paulo: Expressão e Arte, 2002, p. 91.

10 MANNONI, Maud. Educação Impossível. Tradução: Álvaro Cabral. Francisco Alves Editora, 1977.

11 COMÉNIO, J.A. (s/d). Didáctica Magna. Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. Homero. Odisséia (1981). SP: Abril Cultural.

12 Leandro de Lajonquière desde a década de 90 trata sobre o tema de maneira esclarecedora e radical. Entre diversos textos, dois livros são leitura obrigatória àqueles que se interessam pelas pesquisas atuais na conexão entre psicanálise e educação. O primeiro chama-se Para repensar as aprendizagens: De Piaget a Freud. A (psico)pedagogia entre o conhecimento e o saber; o segundo é Infância e Ilusão (Psico)Pedagógica. Escritos de psicanálise e educação. Ambos publicados pela Vozes, em 1992 e 1999, respectivamente.

13 BAUTHENEY, Kátia Cristina Silva Forli. Psicopedagogia: da ortopedia (psico)pedagógica a uma clínica do aprender. Dissertação de mestrado: FEUSP, 2005, cap. II e III.