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ISBN 978-85-60944-35-4 versión on-line

An 8 Col. LEPSI IP/FE-USP 2011

 

A psicologização da psicanálise na educação: um estudo de sua origem em S. P

 

 

Flávia Ranoya Seixas Lins

 

 

O trabalho que irei apresentar aqui, a respeito da origem da psicologização da psicanálise em São Paulo, é fruto de minha pesquisa de mestrado apresentada na Faculdade de Educação da USP, em 2009. Esta pesquisa foi formulada a partir de questionamentos provenientes de minha atuação como psicóloga escolar em uma rede municipal de educação, onde compunha uma equipe interdisciplinar destinada a acompanhar e assessorar as unidades escolares daquela rede pública de ensino.  

Em nosso contato com as escolas ficava evidenciada a presença do discurso psicológico para explicar os impasses que os educadores enfrentavam em sua prática diária. Os diferentes profissionais da rede de ensino concebiam a atuação dos especialistas, especialmente dos psicólogos, numa vertente terapêutica voltada ao atendimento de alunos e seus familiares. Além disso, esperavam dos ditos "especialistas em educação", orientações adequadas para que o professor "pudesse aprender a lidar melhor com os alunos com dificuldades escolares". Ou seja, a demanda era a de que o psicólogo pudesse solucionar os casos dos alunos com "problemas de aprendizagem", que esses fossem encaminhados para diagnósticos e que houvesse atendimento das famílias desses alunos. Nesta breve descrição, podemos observar como nossa participação nesta rede de ensino nos levou a constatar que os profissionais da educação pareciam delegar aos especialistas o saber e o fazer sobre os problemas enfrentados no processo educacional dos alunos.

Sabemos que esta intensa participação do discurso psicológico (e especialista) na educação, também denominada de "psicologização da educação", tem sido analisada e problematizada por diversos autores que se dedicam aos estudos críticos entre psicologia e educação (PATTO, 1993; COLLARES & MOYSÉS, 1994; MACHADO, 1998; LAJONQUIÉRE, 1999; CARVALHO, 2001; VOLTOLINI, 2007). Mesmo partindo de referenciais teóricos distintos, verificamos certo consenso entre esses pesquisadores a cerca desta temática. Todos eles parecem compreender a psicologização da educação como uma face do mundo contemporâneo, como um processo intimamente relacionado ao avanço da lógica capitalista e à hegemonia do discurso técnico e cientificista da atualidade.

Diante deste contexto, trazíamos a expectativa de que fosse possível operar certa desconstrução do discurso psicológico na educação e que a psicanálise, como crítica da cultura e com sua ética distinta da psicologia, fosse um instrumento capaz de fazer resistência ao processo da psicologização. Porém nos causou estranhamento nos deparamos com o próprio discurso psicanalítico participando da psicologização, adquirindo uma forma semelhante à de outros saberes oriundos de teorias propriamente psicológicas. Ou seja, observávamos que a psicanálise, apropriada pela educação, adquiria contornos similares aos das teorias psicológicas do desenvolvimento infantil e da aprendizagem, voltando-se assim, para fins pedagógicos. Foi a partir destas inquietações que formulamos as questões centrais da pesquisa, vejamos:

Por quais caminhos e por que razões ocorreu no Brasil essa apropriação da psicanálise pelo campo educativo como uma teoria psicológica com finalidades adaptativas e desenvolvimentistas?        Como entender na atualidade a presença e os mecanismos pelos quais se perpetua esse processo de psicologização da psicanálise a serviço da psicologização da educação?      

Os argumentos apresentados na pesquisa percorreram o caminho que se traçou entre a origem e a perpetuação da psicologização da psicanálise quando inserida na educação. Para a presente discussão vou limitar-me a apresentar o panorâmico histórico das relações entre psicanálise e educação no Brasil, buscando localizar as formas como originariamente se relacionaram psicanálise e educação, especificamente em São Paulo. A ênfase na história em São Paulo deve-se ao fato de nossa pesquisa de campo ter sido realizada na capital paulista, e de não podermos desconsiderar as diferenças existentes na introdução da psicanálise nas diversas regiões do Brasil.

Também cabe assinalar que o destaque dado ao aspecto histórico desta temática justifica-se na medida em que entendemos que o modo como originariamente ocorreu a apropriação da psicanálise pelo campo educacional marca a relação entre esses dois campos e fornece-nos elementos para a análise do contexto atual. Estamos indicando, portanto, que os elementos que compuseram a conexão psicanálise e educação certamente sofreram os efeitos das transformações sociais, culturais e política, mas também deixaram inscrita certa moldura para que essa relação pudesse se reproduzir ao longo do tempo.

Elegemos aqui três pontos fundamentais que caracterizam a origem da conexão psicanálise e educação no país:

- A forma como a difusão da psicanálise ocorreu em solo nacional via educação;
- O advento do escolanovismo e sua relação com a psicanálise;
- As clínicas de Higiene Mental Escolar em São Paulo.

A história do movimento psicanalítico revela que o momento de grande difusão da psicanálise no Brasil se deu por volta de 1920, por médicos psiquiatras interessados nas inovações freudianas, mas fundamentalmente voltados à profilaxia das desordens mentais e sociais. Podemos destacar nesse percurso Franco da Rocha e posteriormente Durval Marcondes como os grandes pioneiros da introdução da psicanálise em São Paulo. Dos textos que tratamos desses autores e da revisão bibliográfica realizada na pesquisa, fica evidente que a articulação da psicanálise e educação ocorreu desde o início do surgimento da psicanálise no país, em meio ao furor higienista da medicina que se desenvolvia no início do século XX. Assim, as escolas eram alvos das intervenções médicas, e locais privilegiados para a difusão de ações oriundas da ciência eugênica, que tinha a intenção inicial de "melhorar a nação brasileira" e posteriormente realizar a prevenção e profilaxia da doença mental desde a infância.

Alguns autores afirmam que mesmo que a psicanálise tenha sido divulgada e trazida ao Brasil por psiquiatras, não foi pela via de sua terapêutica que ela ganhou força (MOKREJS, 1993; ABRÃO, 2001; OLIVEIRA, 2006). Especialmente em São Paulo, a psicanálise se difundiu não como um método clínico e terapêutico, mas como discurso destinado a responder sobre as práticas sociais. Conforme apontam as pesquisas de Lima (2004) e Oliveira (2006), a psicanálise institucionalizou-se articulando seu corpo teórico ao da Saúde Mental e teve a continuidade dessa divulgação atrelada à medicina social na sua vertente profilática e preventiva, devido ao movimento higienista.

As práticas médicas desenvolvidas naquele período aplicavam medidas de controle, de adaptação e de normalização do povo brasileiro segundo os ideais da intelectualidade científica da época, que se baseava em ideários racistas - acreditavam que o brasileiro era um povo inferior e indócil devido à mistura de raças que havia no país. Segundo Patto (2002) este "foi o chão social e cultural da recepção brasileira da psicanálise" (p. 148). 

A divulgação da psicanálise por meio da educação foi uma forma encontrada por esses higienistas para que a população em geral conhecesse esse novo conhecimento, pois acreditavam que na educação iriam encontrar eco para as idéias que pretendiam defender. Desta forma, encontramos as primeiras idéias psicanalíticas brasileiras tantos nos relatos de reuniões médicas, quanto nos compêndios pedagógicos e em obras literárias publicadas em alguns estados brasileiros.  

Aliados a esses ideais científicos e sociais, também vimos surgir uma proposta inovadora no meio educacional, a Escola Nova, o escolanovismo propunha aos professores a ênfase nas individualidades das crianças na construção de suas personalidades – uma vez alcançado tal objetivo, haveria a promoção de um pais mais avançado. Os conhecimentos psicanalíticos passaram a ser utilizados para a construção desta nova proposta escolar brasileira, pois a psicanálise era compreendida como uma nova ciência capaz de descrever os processos psíquicos do desenvolvimento infantil e daria destaque aos processos individuais de aprendizagem.

A idéia desse grupo paulista de psicanalistas era a de atrair inicialmente os educadores para o movimento escolanovista, para tratarem das problemáticas educacionais que o país enfrentava. A preocupação com a educação era bastante presente, a exemplo disso, em 1930, Durval Marcondes, ministrou, na Sociedade de Educação, um curso de psicanálise em que sustentava a idéia de que a falta de uma educação sexual nas escolas seria um dos fatores que levariam à doença mental. Ele trazia a idéia inicial do caráter preventivo da utilização da psicanálise na educação e enfatizava a importância da imitação para a formação psíquica. Ou seja, para ele o temperamento era resultado do modelo de identificação da criança com seus pais e sugeria cuidados especiais no que se referia à conduta, de modo geral, na hipótese de que a autoridade excessiva dos pais poderia acarretar desvios de personalidade (MARCONDES, 1946).

Segundo Oliveira (2006), a divulgação da psicanálise via educação e a tentativa de trazer conceitos psicanalíticos para abordar assuntos polêmicos como as questões da sexualidade infantil trouxeram dificuldades importantes para o sucesso dessa tarefa. Apesar das produções sobre o tema terem sido significativas, a tentativa de articular psicanálise e educação produziu a reação das facções mais conservadoras da sociedade, que teceram críticas ferozes ao uso da psicanálise. Esse antagonismo tornou essa relação tensa e de difícil assimilação, tanto por parte de educadores quanto da população leiga em geral. 

Mesmo assim encontramos muitos trabalhos veiculados pelos médicos higienistas que traziam a teoria psicanalítica para a educação entre 1930 e 1950. Eram textos voltados tanto para a formação do educador como também para a aplicação da teoria psicanalítica nas práticas das equipes de Higiene Mental Escolar.

A nova política educacional " partia do princípio de que a escola deveria atuar como um instrumento para a edificação da sociedade através da valorização das qualidades pessoais de cada indivíduo" (ABRÃO, 2006, p. 236). Perante essa linha de pensamento, em que a ênfase era colocada na noção de indivíduo, a criança passava a ser vista e compreendida como um ser em desenvolvimento e, portanto, portadora de uma lógica diferente do adulto. Assim, tornava-se fundamental uma compreensão cada vez mais aprofundada das características da criança, terreno este fecundo para a entrada da psicologia no campo educacional. Foi por essa mesma via que a psicanálise, "Encontrou espaço para se difundir dentro da educação, auxiliando tanto na compreensão do desenvolvimento emocional da criança, quanto na resolução das dificuldades escolares que impedem a expressão de suas potencialidades individuais" (p. 237).

No mesmo período de surgimento do escolanovismo também houve a criação das Ligas de Higiene Mental Escolar. Em 1938, foi criada em São Paulo a Seção de Higiene Mental Escolar, vinculada ao Departamento de Educação do Estado. Esse serviço foi criado por Durval Marcondes e, como psiquiatra e inspetor da Higiene Escolar e Educação Sanitária, tinha como objetivo estruturar um serviço de assistência à criança escolarizada e aos freqüentadores das escolas públicas de São Paulo, que manifestassem problemas de personalidade ou conduta. Ele acreditava que o atendimento a essas crianças evitaria a neurose na vida adulta. Evidencia-se aqui, mais uma vez o caráter profilático atribuído à psicanálise.

Os trabalhos desenvolvidos nas Ligas de Higiene Mental configuraram-se como uma prática que articulava psicanálise e educação. As Ligas se voltavam para o atendimento da população que era identificada como portadora de problemas escolares. Eram práticas de orientações às famílias e educadores com a intenção de prevenir as desordens psicológicas e sociais e com o objetivo maior de corrigir os desajustamentos infantis, servindo à rede escolar para o diagnóstico mais precoce possível.

Para a implantação dessa Clínica, Durval formou uma equipe ampliada, seguindo o modelo das clínicas norte-americanas de orientação infantil, composta por uma equipe multiprofissional que incluía: médico psiquiatra, médico internista, psicólogos. Também criou um novo cargo público para compor essa equipe, a visitadora psiquiátrica – também chamada de visitadora psicologista ou visitadora psicanalista.

A função da visitadora era fundamental nesse processo. Era ela que reconstituía, via interrogatório, a evolução do caso, apresentando hipóteses sobre as ocorrências que poderiam ter contribuído para o desenvolvimento da patologia. Pesquisava sobre o ambiente da criança e sobre as influências da família nesse processo. Também colhia dados sobre as condições de higiene, habitação, a situação escolar, as diversões habituais etc. Com todos os dados e esclarecimentos possíveis, aliados às informações de outros técnicos, a clínica realizava uma estratégia de ação, dando seu parecer sobre o caso. À luz das teses psicanalíticas, a equipe formulava um diagnóstico e decidia a terapêutica mais indicada para a resolução dos problemas apresentados.

Os médicos, pedagogos e educadores que trabalhavam no Serviço de Higiene Mental possuíam abordagens baseados ora no organicismo, ora nas correntes psicológicas vigentes naquele período, que eram essencialmente a psicologia experimental e os testes psicológicos.

Além dos casos atendidos, a Clínica promovia cursos e palestras educativas procurando interessar especialmente os estudantes normalistas. Suas pesquisas destinavam-se à área da saúde psíquica da criança, constituindo-se assim um núcleo de investigações sobre as psicopatologias da infância. 

Tanto as versões da Clínica de Higiene Mental paulista quanto as da carioca assumiram grande importância para o atendimento inspirado na psicanálise de crianças no Brasil, para a origem da psicopedagogia na escola brasileira e ainda para a relação entre psicanálise e instituição.

Era uma experiência inovadora que se fundava naquele momento, mas estava impregnada do viés profilático próprio do campo da medicina da época, que ressaltava a finalidade adaptativa. Em São Paulo, esse serviço extinguiu-se em 1974. Observamos que sua duração foi longa, 36 anos durante os quais foi disseminada uma prática de orientação para as famílias e escolas, e em que se difundiu uma leitura da psicanálise que tinha o objetivo de reeducar as famílias para uma "boa educação", orientando os pais para uma nova conduta com seus filhos. E para as escolas e educadores, enraizava-se a idéia de que caberia à psicanálise a função da prevenção e correção das questões educativas.

Para concluir. Nas linhas traçadas neste mapeamento, entre as práticas médicas, o escolanovismo, as ligas de higiene mental, identificamos as origens da psicologização da psicanálise na educação, visto que era apropriada conforme os pressuposto da terapêutica médica preventivista e das influências das correntes psicológicas emergentes, passando a ter a finalidade de eliminar os desvios de conduta para que os problemas escolares não se avolumassem dentro das escolas, aspectos estes radicalmente diversos da ética psicanalítica.

Também é interessante observar que a psicanálise entrou no Brasil já aliada à educação, aparecendo desde esse momento inicial como uma teoria que poderia dar respostas para os problemas identificados pelo campo médico higienista de então. Ou seja, há um precedente histórico que marca um lugar de especialidade que visa responder e eliminar os problemas encontrados no processo educativo. Nesse sentido não seria correto dizer que a psicanálise é herdeira da psicologização no Brasil. Entendemos que ela contribuiu ativamente para que a psicologização fosse possível e, na atualidade, ela é convocada novamente a responder sobre as questões escolares - principalmente no que tange o tema da Inclusão Escolar.

 

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