8Incesto como violência sexual contra criançasEl cuento de Pinocho: la conformación de la ética en la infancia a través de la utilización del lenguaje pragmático índice de autoresíndice de materiabúsqueda de trabajos
Home Pagelista alfabética de eventos  




ISBN 978-85-60944-35-4 versión on-line

An 8 Col. LEPSI IP/FE-USP 2011

 

O declínio dos saberes e o mercado do gozo: a psicanálise na educação

 

The fall of the knowledge and the enjoyment market: the psychoanalysis in the education

 

 

Leny Magalhães Mrech

Redatora e Coordenadora do Grupo1,2
Writer and Group Coordinator3

 

 


RESUMO

A primeira questão em destaque refere-se ao título e diz respeito a quais saberes estão em declínio nos dias atuais. Para os participantes do NUPPE e para muitos professores, a resposta mais imediata é a de que são aqueles historicamente estabelecidos, vindos de uma longa tradição cultural: os saberes humanistas. Esse enfoque revela o próprio direcionamento que a cultura vem tomando: são as novas formas de ação.No Seminário XVI, De um Outro a outro, Lacan discute os efeitos do discurso capitalista na sociedade contemporânea e assinala que esses efeitos têm-se tornado cada vez mais agudos, porque são de um tipo novo de mercado: o do saber. A cultura tornou-se mais um produto no mercado (Mrech, 2001) e os saberes surgem como mais um produto da cultura no mercado da sociedade informatizada. E essa banalização acaba levando a uma confusão com a simples informação e o mero conhecimento. Há uma liquefação dos produtos da cultura – aspecto assinalado por Zygmunt Bauman (2008), quando aponta que vivemos na era da modernidade líquida. Essa faz contraponto à modernidade sólida de séculos passados, quando vigorava o saber convencional das humanidades e universal. Nessa fase da modernidade líquida, vive-se a era do saber líquido que sempre se transmuta e se modifica, para se adaptar ao que é esperado pelo mercado no aqui e agora. Do livro à biblioteca digital; da música em disco para o CD e os MP5; dos filmes aos arquivos digitais. Vivem-se, de um lado, os tempos das mídias eletrônicas, nos quais é possível se acessar praticamente a tudo na internet. De outro, os produtos culturais adquirem um status de novas formas de fruição. Por exemplo, ouve-se música em qualquer lugar: no ônibus, no metrô, nos intervalos de aula etc. Essas mudanças afetam também a maneira como os  professores agem, levando-os a buscar novas práticas. Em muitas escolas, busca-se um contato mais efetivo com os alunos. A escola começa a fornecer alternativas, tais como: trabalhos corporais, teatro ou música em horários alternativos àqueles da sala de aula, revelando que o entretenimento se mescla hoje a muitos conteúdos da escola. Além disso, a escola tem sido afetada pelo declínio dos saberes e pelo mercado de gozo, o qual significa que os saberes viraram mais um produto no mercado e que se busca um saber com menos problemas para os alunos se relacionarem e que lhes dê pouco ou nenhum trabalho. Nesse sentido, Lacan revela que estamos diante de uma verdadeira economia de gozo, ou seja, vigora o que é mais fácil e rápido, bem no modelo das comidas previamente preparadas. E o processo não para aí: espera-se que essas mudanças gerem novos produtos e que os alunos sejam seus novos consumidores. A idéia é da criação de uma cadeia – como em uma fábrica – que nunca para, dentro da qual aluno e professor sigam em direção do próximo produto, para que a sociedade do mercado de saber possa se perpetuar. E, por trás de tudo isso está a implantação de uma cultura da fruição, do mercado do gozo, a qual prepara cidadãos para usufruírem os produtos à venda. Aí está a criação de uma cultura de consumo e, nela, os saberes sólidos são liquefeitos pelas práticas líquidas dos saberes práticos que os transformam em meras informações e conhecimentos, facilmente esquecidos – o que é sólido, como diz Marx, se desmancha no ar. A psicanálise na educação tem muito a contribuir neste momento, pois alerta a respeito da importância da ética, na tentativa de resgatar os sujeitos da educação, para que eles possam ir além dos saberes da fruição e do consumo. Na busca de novos agentes criadores da cultura e da educação, em vez de simples consumidores da cultura e da educação mercadológicas da sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Declínio dos saberes; mercado de gozo; mercado de saber;  modernidade sólida; modernidade líquida.


ABSTRACT

The first question in focus refers to the title and concerns to which knowledge are falling nowadays. For the participants of NUPPE and for many teachers, the fastest answer is that those historically established, from a long cultural tradition: the humanistic knowledge. This focus reveals the guides that the culture has been following: they are new ways of acting. In the XVI Seminar, From another to another, Lacan discuss the effects of the capitalist speech in the modern society and notes that these effects have become sharper, because they are from a new kind of market: the knowledge one. The culture became more than market product (Mrech, 2001) and the knowledge arise as another product of the culture in the market for the computerized society. The trivialization leads to a confusion among the simple information and the simple knowledge. There's a liquefaction of the culture products – aspect marked by Zygmunt Bauman, when he shows that we live in the liquid modernity age. This makes counterpoint to the solid modernity of the last centuries, when the conventional knowledge of the humanity and universal prevailed. At this stage of the liquid modernity, it's lived the liquid knowledge age that always transmutes and changes itself, in order to get adapted to what is expected by the market here and now. From the book to the digital library, the music in vinyl to the CD and the MP5; the films to the digital files. It's lived, from one side, the age of electronic media, which is possible to access nearly everything on the internet. From the other side, the cultural products have a status of a new ways of enjoyment. For instance, it's possible to listen to music everywhere: in the bus, subway, in the class breaks, etc. Today, a considerable part of the teenagers have MP3, MP4, etc. The specialists advert to the fact that most of these equipments is calibrated for high volume sounds and music, which may lead in the young people future symptoms of deafness. However, despite been aware of the consequences, the young people don't reduce the volume or change the way the use the apparatus. These changes also affect the way the teachers act, leading them to search for new practices. In many schools, a most effective contact with the students is been searched. The school starts to offer alternatives, such as: bodywork, theater or music in alternative time to the class time, revealing that the enjoyment mix itself to many contents in the school. Besides, the school has been affected by the falling of the knowledge and by the enjoyment market, so that means the knowledge has become another product in the market and that it's been searched some knowledge with less problems for the students to deal with and that gives them very few or no work. This way, Lacan reveals that we are facing a real economy enjoyment, it means, prevails what is easy and fast, like in the previously prepared food. And the process doesn't stop there: it's expected that these changes generates new products and that the students become the new clients. The idea is to create some chain – like a factory – which never stops, which inside teacher and student follow toward the next product, so that the market society can perpetuates. And, behind all that is the implementation of a fruition culture, the enjoyment market, which prepares the citizens to enjoy the products for sale. There is the creation of consumption culture and, according to it, the solid knowledge are liquefied by the liquid practices of the practical knowledge that turn them into simple information and knowledge, easily forgotten – whatever is solid, as Marx used to say, melts in the air. The psychoanalysis in the education has a lot to contribute in this moment, because it warns about the importance of ethics, when trying to rescue the subjects in the education, so they can go beyond the fruition and consumption knowledge. In search for new culture and education creator agents, instead of simple consumers of the cultural and marketing education for the modern society.

Key-words: falling of the knowledge; enjoyment market; knowledge market; solid modernity; liquid modernity.


 

 

Introdução

Quando se investiga a cultura atual, constata-se que estamos diante de grandes mudanças: vivemos a era digital, na qual novas mídias eletrônicas e televisivas desempenham papel decisivo. E se, de um lado, existem os saudosistas que enfatizam a importância do texto impresso, do ensino da alfabetização tradicional, de outro, há os que enfatizam que não dá mais para voltarmos ao passado e que precisamos preparar, em novas bases, a geração futura.  Lacan, ainda em 1968/1969, em plena crise das universidades e dos direitos humanos, já apontava que estamos diante de um novo tipo de civilização:

Não é brincadeira. Não estou falando da cultura. A civilização é algo mais vasto. Aliás, é uma questão de convenção. A cultura tentaremos situá-la no uso atual que se fez desse termo num certo nível, que chamaremos de comercial. (2008, p. 31).

Qual é a diferença entre uma civilização tradicional e uma civilização que apresenta uma cultura comercial? É que nela tudo vira um produto de consumo, algo a ser vendido, a ser consumido, daí haver um empuxo à produção e ao consumo.

Lacan (2008) destaca que vivemos uma época em que ocorre a passagem da mais-valia ao mais-de-gozar, ou seja, da era quando se enfatizava a produção para outra, na qual se visa ao consumo, porque, no capitalismo, não basta que o produto seja feito: ele precisa ser usufruído e consumido.

Marx já havia revelado há mais de um século que, na sociedade capitalista, há um produto novo no mercado: o trabalho. E o trabalhador vende a sua força de trabalho para receber o seu salário.

E chama a atenção de Lacan o fato de essa ordenação desencadear a mais-valia, porque há algo a mais extraído da força de trabalho. Por exemplo, o trabalhador faz 1.000 lápis. Com as modificações do sistema e do maquinário das fábricas, essa produção sobe cada vez mais: 2.000, 3.000, 4.000 lápis. Contudo o dono da indústria continua pagando o mesmo valor ou apenas um pouquinho a mais para o trabalhador. O restante gera para ele um lucro que aparece sob a forma de um excesso, a mais valia. No caso, vira mais-valia tudo aquilo que ele extrai do trabalho relativo ao que ele paga em proporção ao salário, ou seja, de forma mais simples, a diferença em relação aos 1.000 lápis iniciais que ele pagou ao empregado para que assim produzisse.

Como assinala Bottomore (1988), a mais valia é a diferença entre o valor do produto e o valor do capital envolvido na produção. 

A mais-valia é a diferença entre esses dois valores: é o valor produzido pelo trabalhador que é apropriado pelo capitalista sem que um equivalente seja dado em troca. Não há, aqui, uma troca injusta, mas o capitalista se apropria dos resultados do trabalho excedente não pago. (p. 227).

Marx nos alerta para que possamos entender de que forma ocorre esse processo: é preciso que tenhamos em mente a característica fundamental do sistema capitalista: ele explora o trabalhador, ou seja, o capitalista se apropria de algo a mais do que o trabalhador produz: a mais-valia.

David Ricardo costumava explicar a mais valia como uma troca injusta entre trabalhadores e donos dos meios de produção, porque, para viver, os trabalhadores têm que vender a sua força de trabalho e, assim, o trabalho tornou-se mais uma mercadoria a ser vendida. 

A sociedade capitalista se caracteriza por essa apropriação indevida da força de trabalho do trabalhador e a torna mais um produto, desvinculando-a do próprio trabalhador. 

E é devido a esse processo que o trabalho se tornou mais um produto a ser vendido: ele se desliga do trabalhador e se torna algo a ser comprado. Nesse caso, Marx constatou que é possível de se extrair a mais-valia por meio dele, que é um a mais – um excesso – com o qual os donos dos meios de produção se enriquecem, ou seja, eles aumentam o seu capital.  

Lacan, sempre atento, constata que houve uma passagem da mais-valia – vinculada à produção – ao mais-de-gozar, ligada ao gozo e revela: "Foi necessária a absolutização do mercado, chegando a ponto de englobar o próprio trabalho, para que a mais-valia se definisse como se segue."(2008, p. 37). E foi necessária a implantação da produção, um processo que Lacan denomina de a absolutização do mercado, tornando-o universal e globalizado, para que ele alterasse todas as relações, inclusive as da cultura e da educação.

Ocorre que o capitalismo exige não apenas a produção, MAS O CONSUMO DE SEUS PRODUTOS e, sem ele, não consegue se sustentar e, exatamente por isso, Lacan identifica a passagem do mercado da produção para o mercado da fruição, do gozo e do consumo – o ciclo se fecha somente no consumo. .

Dessa forma, pode-se dizer, com Lacan, que o que caracteriza o capitalismo contemporâneo é o fato de que ele está voltado para o consumo e para a fruição – e não adianta os produtos serem apenas produzidos: eles precisam ser consumidos.

 

Efeitos na cultura: o mercado do saber

Um dos efeitos mais importantes da absolutização da civilização comercial foi a criação, segundo Lacan, do mercado de saber, o qual se tornou mais um produto do mercado a ser vendido e consumido. As mídias eletrônicas e televisivas exacerbaram esse processo ao máximo e a idéia é que, em breve, todos os produtos da cultura estejam na rede e que eles poderão ser alcançados a um toque do computador, sejam eles filmes, discos, CDs, textos, artigos, livros etc.

Lacan faz uma importante distinção entre o trabalho e o saber: o saber não tem nada a ver com o trabalho. Mas, para que se esclareça alguma coisa nessa história, é preciso que haja um mercado, um mercado do saber. É preciso que o saber se torne uma mercadoria. (2008, p. 39).

Enquanto o trabalho traz em seu bojo uma exigência de atuação – é preciso produzir algo –, o saber não implica esse processo. Essa diferença significa que o aluno pode pegar as informações e o saber diluídos na rede, sem ter que fazer nenhum esforço.

É o que Lacan denomina de absolutização do mercado de trabalho. Ou seja, o saber torna-se mais um produto do mercado, gerando a constituição do mercado de saber (2008, p. 40). Nesse sentido, o que, antes, nós encontrávamos sob a forma de produtos concretos a serem comprados, torna-se agora um grande mercado de produtos virtuais.

Mais uma vez, Marx nos esclarece a respeito de certos pontos: é preciso nos lembrarmos de que, para Marx, a produção dos produtos encontrava-se vinculada à infraestrutura, enquanto que a cultura se vinculava à superestrutura – dizia mais respeito à parte de serviços. 

Quando há a absolutização de mercado – do mercado de saber –, ela atinge também a superestrutura e a cultura, como diz Lacan (2008), tornou-se comercial, como mais um produto a ser vendido ou como uma ampliação da própria produção que atingiu a   superestrutura, forçando-a a ser incorporada à produção. Esse aspecto foi largamente discutido por Adorno e os autores da teoria crítica.

O mercado do saber é o desdobramento – no plano da cultura ou da superestrutura – do próprio sistema capitalista e não há mais como nós o desvincularmos desse processo, pois o que ocorre na cultura comercial afetará diretamente o mercado de saber.

Além isso, há outro aspecto a ser assinalado: a partir do momento em que a cultura tornou-se comercial, ela passou também a sofrer interferências diretas da infraestrutura e dos processos de produção. E há uma cobrança para que seus produtos do mercado de saber possibilitem uma melhor adaptação dos sujeitos ao mercado de trabalho. Como exemplo, aí estão as grandes empresas montando os seus cursos de MBA. A idéia é que seus alunos sejam preparados da forma como eles necessitam nas empresas, para lembrar também que a própria universidade é considerada inadequada na preparação de seus alunos. 

No passado, a universidade tinha validade por ela mesma; atualmente o saber que ela apresenta necessita ser aplicado ao próprio mercado de trabalho. Em suma, o que constatamos é que a superestrutura foi englobada pela infraestrutura e que não há mais independência entre elas.  

O produto da cultura atual não tem mais um valor de uso que se prolonga: só se interessa por algo durante certo tempo. Logo em seguida, ele fica deletério como os computadores, cujos chips vão se tornando cada vez mais rápidos.

Será que o saber – tal como proposto pelo mercado de saber – tem valor de troca? O que vemos é a mesma obsolescência do valor de uso. A sua validade é muito efêmera e é preciso que o aluno se volte para uma nova reciclagem, ou seja, para o consumo de novos produtos do mercado de saber.  

Com isso, a preparação do aluno não visa mais à sua própria formação: hoje, diferentemente do passado, não há um processo de autoconstrução: o aluno tem que ser preparado para o mercado de saber, para a fruição do próximo consumo do que ele propõe e o saber não vale por si mesmo. Ele vale apenas como valor de troca em relação a um possível emprego para o sujeito, onde ele terá que aprender novos saberes.

 

O mercado de gozo

É importante assinalar que Lacan não destacou apenas o mercado do saber. Ele frisou também a existência de um mercado de gozo, vinculado à fruição.

Atualmente, o que interessa é se alcançar um gozo maior, do excesso – a mais-valia está a serviço disso. E, do ponto de vista freudiano, a palavra prazer sempre esteve associada à diminuição de tensão que levava o aparato psíquico a um nível mínimo de funcionamento.

Com o gozo, observamos que se evidencia o seu oposto: há um excesso que consome o sujeito, como no caso do uso das drogas em relação aos executivos. Ao pretender trabalhar sempre mais, eles precisam de algo que vá além da condição de seu próprio corpo.

Em Subversão do Sujeito e a dialética do desejo, Lacan (1998) entrevê o gozo como vinculado à falta, e não, à plenitude do ser ou seja, por mais que nós tentemos gozar de forma total, nós não conseguimos, pois há sempre algo que escapa. Daí ele acreditar que a busca do gozo não dá substância ao ser, pois o sujeito pode comprar um carro, mas seu gozo com ele ficará sempre limitado a certo período de tempo.

Lacan passa a tomar o gozo como mais um efeito da língua, porque, a partir do momento em que o homem fala, ele não é mais essência nem existência: ele se torna o que Lacan nomeia, em sua etapa final, de falasser.

O gozo revela, para Lacan, que se busca sempre um Outro absoluto, pleno e completo. Mas nós nos vemos sempre com pedaços desse Outro, ou seja, como ele revela no Seminário XVI, um Outro inconsistente e inexistente.

A absolutização do mercado do saber tenta instituir um Outro que tudo sabe: o Google. Mas, se analisarmos mais detidamente, veremos que esse outro tem falhas e furos e que seus resultados nunca são completos.

 

Efeitos na Educação

Se nós pensarmos na Educação a partir do último ensino de Lacan, que se estabelece, sobretudo, a partir do Seminário XX, Mais, Ainda, veremos que há na sociedade atual um empuxo a uma passagem da cultura sólida para a líquida. E isso significa uma virtualização da cultura e uma produção maciça de produtos que serão, cada vez mais, vinculados à linguagem.

Lacan identificou esse processo ao nos falar do mercado de saber e do falasser. Segundo ele, temos hoje a chamada era da realidade virtual, com as redes, o Facebook, o Orkut, o Second Life etc.

Diante desse processo, os saberes passam por mudanças radiciais: de um lado, eles são cobrados a trazerem os sujeitos para aquilo de que o mercado necessita; de outro, constata-se que ele tem cada vez menos validade e menor duração, pois nada permanece por muito tempo e não há teoria que não seja revista em anos vindouros.

Tudo isso faz com que nós vivamos a era do mais-de-gozar, na era da fruição do saber que traz aspectos interessantes do ponto de vista estratégico: uma cultura colocada na internet. E, do outro lado, estão alunos que sequer conseguem ler textos básicos.

A transmissão na sociedade contemporânea tornou-se distinta das demais. Não se trata mais de transmitir o repetido, mas de transmitir o novo ou algo que tocará os alunos, em sua busca de construção do seu saber, e deve ser algo com o qual o mercado não se preocupa.  

 

A Psicanálise e a Ética na Educação

A Ética, para Lacan, tem um papel decisivo na clínica. Ela implica um processo em que o sujeito possa se situar – e, em nossa cultura, esse é um aspecto fundamental.

A realidade virtual e a cultura contemporânea atuam independentes do sujeito – e, em grande parte das vezes, ele se sente perdido.

É importante que a escola teça novos laços para esses alunos e que esses laços não sejam pautados apenas pelo mercado de saber e pela absolutização do mercado, mas sim, pela ética.

 

Bibliografia

Bauman, Zygmunt - Modernidade Líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2008.

Bauman, Zygmunt A Sociedade Individualizada – vidas contadas e histórias vividas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2008.

Bauman, Zygmunt – Vidas para consumo- a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2008.

Lacan, Jacques – De um Outro a outro. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2008.

Lacan, Jacques -  Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano in Escritos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1998.

Mrech, Leny Magalhães – O Mercado de saber, o real da educação e dos educadores e a escola como possibilidade. São Paulo, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 2001.

 

 

1 Este trabalho tem sido desenvolvido no NUPPE (Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Educação) da Faculdade de Educação da USP, coordenado pela professora Leny Magalhães Mrech e que abarca entre os seus participantes professores da rede pública de ensino, psicólogos, professores universitários, pesquisadores, orientandos de mestrado e de doutorado, tais como Elisabete Cardieri (UNESP de Botucatu), Laurette Boulos, Janete Moura, Michele Ueno (UNINOVE), Thais de Barros(ECA), Alice Izique Bastos (FACULDADES PAULISTANA), Neide Esperidião (FITO), Henrique Iafelice e Vanessa Cardoso Cezário.
2 This work has been developed at NUPPE (Psychoanalysis and Education Search Core) at USP, coordinated by teacher Leny Magalhães Mrech and that encompasses among its participants teachers from the public schools, psychologists, university students, researchers, master and PhD students, such as Elisabete Cardieri (UNESP Botucatu), Laurette Boulos, Janete Moura, Michele Ueno (UNINOVE), Thais de Barros, Alice Izique Bastos (FACULDADE PAULUSTANA), Neide Esperidião (FITO), Henrique Iafelice e Vanessa Cardoso Cezário.
3 This work had been developed on NUPPE (Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Educação), from the  Faculdade de Educação da USP, under coordination of Leny Magalhães Mrech, and has between its members teachers from the public teaching network, psycologists, universitary professors, researchers, and mastering and doctored students, such as Elisabete Cardieri (UNESP-Botucatu), Laurette Boulos, Janete Moura, Michele Ueno (UNINOVE), Thais de Barros, Alice Izique Bastos (FACULDADE PAULISTANA), Neide Esperidião (FITO), Henrique Iafelice e Vanessa Cardoso Cezário.