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ISBN 978-85-60944-35-4 versión on-line

An 8 Col. LEPSI IP/FE-USP 2011

 

Possibilidades para a relação mestre e discípulo

 

 

Vanice dos SantosI; Lisiane FachinettoII

IDoutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ms. em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), membro do Núcleo de Estudos em Tecnologias Digitais na Educação (FACED/UFRGS) e professora de Filosofia e Ética na Faculdades Monteiro Lobato (FATO). Contato: vanice.santos@ufrgs.br
IIDoutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade de São Paulo (FEUSP), Ms. em Psicologia do Desenvolvimento (UFRGS), membro do Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise(GEPPEP/USP) e professora do IESA e da Setrem (RS). Contato: lfachinetto@hotmail.com

 

 


RESUMO

Estamos numa época em que a pressa, o instantâneo, o imediato, as exigências do mercado de trabalho clamam a atenção do sujeito. A pausa para observar e ponderar sobre o que se deseja, e aqui incluindo a educação formal são, muitas vezes, soterradas pelas exigências do cotidiano. Pensando a questão da educação formal como uma das maneiras nas quais o sujeito se faz e se compreende dentro de uma tradição, observamos, através da experiência docente que alguns buscam ingressar nalgum curso no afã de galgar melhores posições (seja status profissional, mudança de nível na carreira, dentre outros) sem que haja necessariamente a pré-ocupação com as aprendizagens que podem advir nessa imersão. Assim, nossa pesquisa sobre a relação mestre e discípulo parte da origem do pensamento Ocidental, na tentativa de recuperar esse acontecer. Encontramos que os sofistas foram os primeiros a se autodenominarem mestres e, fazendo uma comparação com os mestres/professores na contemporaneidade, encontramos em comum, prontamente, a remuneração. O amor ao saber vinculado ao amor à remuneração causou estranheza a Sócrates e a Aristóteles, por exemplo. Encontramos em Sócrates (470/469 - 399 a.C.), sobretudo no diálogo platônico Alcibíades I, um sujeito que intervêm na vida de outro (Sócrates interpela Alcibíades), propondo questões e este, aceitando a interferência. Temos aqui várias questões: o momento da vida de Alcibíades no qual Sócrates decide interpelá-lo; a relação de ambos, sobretudo a demanda de amor e como Sócrates a encaminha. Quanto à primeira questão temos a consideração de um sujeito (Sócrates - que quer compreender e contribuir para a vida na polis) para com os desejos de outro (Alcibíades - que quer governar) e, unindo ao segundo problema, temos Sócrates que identifica as falhas pedagógicas, escolar e amorosa, que Alcibíades tivera ao longo de sua vida, fazendo este reconhecer sua trajetória. Mas Sócrates não responde do lugar que Alcibíades o coloca, a saber, de um lugar totalizante. Instauradas as condições para o diálogo: um que se dirige ao outro (e vice-versa), estabelecem a relação mestre e discípulo. Se Alcibíades tivesse sido interpelado por outro que não Sócrates, talvez tivesse estabelecido a relação com o professor.

Palavras-chave: sujeito; ignorância e saber; mestre e discípulo


 

 

Mestre e discípulo

Nessa oportunidade buscamos entender como foi acontecendo a relação com o conhecimento. Hoje temos instaurado em nossa sociedade a escola, compreendendo da educação infantil ao ensino superior, incluindo as pós-graduações, como um dos locais, e por vezes, o local para a educação. Poderíamos trazer aqui vários filósofos e outros que pensaram a educação e que incluíam a co-responsabilidade de muitos para que a mesma alcançasse seus objetivos.

Poderíamos lembrar aqui da educação iluminista associada ao pensamento de René Descartes (1596-1650), um dos primeiros filósofos modernos, e da educação romântica de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), reconhecendo diferenças significativas entre a infância e a idade adulta, e uma necessária atenção a educação na infância se pretende um adulto que faça uso da razão, para o primeiro filósofo e a formação do cidadão, de modo a contemplar a educação que advém da natureza, dos homens e das coisas, para o segundo. Há uma aproximação da filosofia de ambos com a filosofia da educação, segundo Ghiraldelli Jr. (2000, pp. 11) porque intencionaram fundamentar todo o saber, inclusive o pedagógico e para que o saber pudesse ser alcançado, a educação deveria estar pautada pelo filosofar. Estas são características de pensadores da modernidade e que tem como fim da ação educacional um homem autônomo. Poderíamos trazer aqui as idéias do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) e que identificara os seguintes momentos da educação do ser humano quando na direção para a sua formação: o homem é infante, educando e discípulo (1996, Sobre a pedagogia). Poderíamos trazer muitos outros, mas buscaremos entender quais as características dos primeiros educadores, ou ainda, antes disso, quando falava-se em formação (Santos, 2010).

Hoje lidamos com o termo pedagogia mas muitas vezes esquecendo que sua origem está na Grécia Antiga. O significado desta pode ser depreendido dos termos que a compõem, quais sejam, paidós (criança) e agogé (condução). No transcorrer da histórica Ocidental a expressão educação ocupou o lugar do que outrora fora a ocupação do pedagogo. Vamos lembrar que palavras significam, e que dizer outra coisa no lugar daquela é trazer novo significado. Se outrora ao escravo cabia a condução do jovem ao local de ensino, a partir do século XVIII, é da responsabilidade do pedagogo a reflexão, a investigação sobre o processo educativo. Por essas características, o saber pedagógico passou a ter um estatuto científico.

Os sofistas eram filósofos/philosophos, portanto, amantes do saber. Sendo assim, o ocupar-se com o ensinar deveria estar privilegiado pelo amor ao saber e não submetido às condições de pagamento. Sócrates e Aristóteles colocavam em dúvida essa relação dos sofistas com o saber e seu ensino, dada a necessidade por eles colocada da intermediação da remuneração para a tarefa do ensinar.

Decidimos investigar as possibilidades da relação entre mestre e discípulo no Banquete, um dos diálogos de Platão (1991). Tal escolha se deve sobretudo porque pertence a tradição da oralidade, o que consideramos relevante pela dinamicidade desse acontecer e manifestar-se pela palavra. Além disso, porque, como apontamos acima, neste momento ainda não temos os professores: temos os filósofos, os sábios, os pedagogos. Embora os sofistas se autodenominassem sábios, trabalhamos aqui com a idéia do mestre como aquele que instiga o outro, no quesito conhecimento. Embora o diálogo escolhido por nós tenha ocorrido numa época em que os debates aconteciam na praça pública ou nas assembléias, havia momentos em que participavam dos discursos somente aqueles que eram convidados: tal é o que ocorre no Banquete.Vejamos então o que é um banquete e os elos entre os convivas.

O Banquete é um dos diálogos escritos por Platão. Alguns diálogos remetem a situações que ocorreram, dando a impressão de que o que ali está escrito são palavras que foram proferidas e que depois teriam sido registradas por Platão. Mas não se trata disso embora nos diálogos encontramos como personagens nomes de pessoas que realmente existiram. Queremos chamar a atenção do leitor para que lembre que o Banquete é um dos diálogos de Platão. Dada a extensão deste trabalho traremos elementos para a questão colocada por nós, de modo que não conseguiremos apresentar e explorar toda a riqueza deste Banquete.

O Banquete é um jantar coletivo, quando nos encontros reuniam-se para beber em 'conjunto' e faziam competições diversas, sendo que neste, ocorrido na casa de Agatão, no simpósio versaram sobre o tema Amor. Interessante que, o Banquete que lemos em Platão foi narrado há pouco menos de 3 anos da data em que realmente ocorrera. Através desse diálogo fica evidenciado a cultura da oralidade e também da memória oral. Embora seja um diálogo de Platão, o narrador do Banquete é Apolodoro a partir do interesse de Glauco para saber dos discursos sobre o amor, que soubera através de outro que naquele não estivera presente.

No Banquete, ao acompanhar os discursos de Agatão (poeta), de Sócrates, Aristodemo, Alcibíades, Apolodoro, Pausânias, Aristófanes (poeta), Erixímaco (médico) e Fedro, testemunhamos a idéia de cada um sobre o tema em questão, mas também temos indícios da relação entre os que ali estavam.

Há uma dinâmica para este tipo de encontro: em cada banquete os convidados elegem o chefe do simpósio, que tem inclusive como uma de suas atribuições determinar o grau de mistura do vinho a ser compartilhado. Cada convidado retribuía o convite presenteando a todos com seu discurso, constituindo-se esse num alimento.

Há uma regra para que os mesmos aconteçam: segue-se pela seqüência de como estavam dispostos no ambiente físico. Ao invés das cadeiras, poltronas que encontramos hoje em nossas salas de aula, na residência de Agatão os convivas ajeitavam-se em divãs, distribuídos de tal maneira a ter o formato de uma ferradura. O anfitrião ficava no divã da extrema esquerda e o lugar à sua direita era destinado ao convidado de honra. Neste Banquete, essa posição fora pretendida por Alcibíades mas ocupada por Sócrates. No movimento do que ali ocorre, observamos que há: o que um fala/discursa; a fala/o discurso que se dirige para os outros; sendo que no final, aquele que discursou passa a palavra.

Como mencionamos anteriormente, Apolodoro narra a Glauco sobre esse simpósio (Banquete), já no início destaca seu interesse em acompanhar Sócrates, tanto no que faz quanto no que diz, a cada dia. Vamos ter em consideração que acompanhar o que o outro faz, por onde anda e os lugares que freqüenta, na época de Sócrates não é o mesmo que hoje. Naquela época importava a vida na polis, como os caminhos que alguém percorre à fim de falar, ouvir/conversar, interlocutar.

O tema eleito para os discursos durante o Banquete foi o amor, pois, segundo Fedro, é um deus que não recebera dedicatórias suficientes e à altura daquilo que é. Estabelecido o tema, cada um pronuncia o seu discurso. Fedro enfatiza que o Amor é o deus mais antigo e que os demais deuses também o reconhecem, estão atentos na diligência e virtude no amor. Além disso, Fedro enuncia que os deuses reconhecem e recompensam sobremaneira quando é o amado que gosta do amante. No caso da educação via escola, seria o aluno o amado e o professor o amante? O primeiro estando à mercê do segundo, que mais experiente. O Amor é, para Fedro, o deus através do qual poderemos adquirir a virtude e a felicidade.

Na relação professor-aluno podemos considerar a existência do amor. No seminário A transferência, Lacan (1960-1961/2010), trata a respeito do amor, a partir do texto Banquete de Platão, considerando as duas posições amorosas diferentes: a do amante e do amado. O autor analisa a relação entre Sócrates, o mestre, e Alcibíades, o discípulo. O que caracteriza o amante é que este tem o que lhe falta, o amado; e este busca naquele o objeto suposto que lhe completa no amante. Enquanto o que caracteriza o amado é que este se situa no lugar daquele que não sabe o que tem que gerou o amor do amante. Lacan (2010) situa o problema do amor: " o que falta a um é o que existe, escondido, no outro " (pp. 56).

Pausânias pronuncia-se a partir das idéias de Fedro, contra-argumentando que o amor não se refere a um só, apresentando que manifesta-se tanto enquanto amor popular (Pandêmia) como no tipo de amor celestial (Urânia). Nisto temos que o amor às vezes está comprometido com o belo (associado à verdade) mas às vezes manifesta-se de outra forma, e não que isso deva ser considerado como feio. Pausânias considera as múltiplas manifestações do amor, inclusive as normas que devem orientar o amante e o amado. Não considerar a flexibilidade do amor pode ser um indício da aspiração dos governantes e da covardia dos governados, segundo Pausânias.

Erixímaco toma para si a palavra porque se considera capaz de dar os retoques finais ao discurso anterior. Pondera sobre a possibilidade do amor ser duplo e considera que isso pode ser porque presente tanto nos homens como em tudo o mais, seja nas plantas, nos animais, nos objetos, na alma, na beleza. O amor se estenderia tanto às coisas humanas, como arte e as ciências, quanto para as coisas divinas. Outro aspecto apontado por Erixímaco é que, sendo duplo o amor, acontecerá da harmonia ser a resultante da combinação entre discordantes. Após discursar sobre o amor e apresentar como ao redor deste está o que é bom e que se alcança com sabedoria e justiça, convoca Aristófanes para traçar seus elogio[s] aos deus, a completar, a traçar suas considerações sobre o que apresentara.

Aristófanes inicia seu discurso enfatizando o poder do amor e de que é sua intenção iniciar os seus interlocutores neste quesito, e que possam vir a ensinar aos outros. Destacamos aqui que a palavra 'iniciar' carrega em si a previsão de uma trajetória a ser percorrida, de um meio e de um fim. Como seria isso quanto ao amor, em Aristófanes? Lembra-nos que eram três os gêneros da humanidade: o masculino, o feminino e o andrógino. Zeus e alguns outros deuses, observando a força , o vigor e a imodéstia dos pertencentes ao terceiro gênero, os andróginos, decidiram parti-los ao meio. Assim, começou a lendária busca pela completude de um no outro. Aristófanes quer fazer ver aos outros que essa busca de tentar que dois se transformem em um faz parte da natureza humana.

Se tal re-aproximação se efetiva há o despertar e o compartilhar de emoções e sentimentos, e assim uma disposição para intensificar e prolongar essa (re)aproximação. Esse encontro com o outro anuncia a possibilidade de um suposto (re)encontro consigo. Diz-nos Aristófanes que "é portanto ao desejo e procura do todo que se dá o nome de amor" (Platão, 1991, pp. 25).

Observamos que em vários momentos, alguns insinuam que o discurso do outro poderia/poderá ser melhor mas que Sócrates intervém elogiando e reconhecendo aquele ou aquilo que fora proferido.

Depois de Aristófanes encerrar seu discurso, Sócrates incentiva Agatão para que discorra sobre o tema em questão na noite, sugerindo que Agatão terá melhores argumentos que ele, Sócrates. Aquele apresenta uma questão, sobre a responsabilidade que se tem perante o público ao qual nos dirigimos. Esta ponderação é apresentada por Agatão, alertando para si e para os demais sobre a prudência.

Quase ao final do banquete, Agatão e Sócrates debatem sobre a qualidade do público para o qual se fala e a responsabilidade que temos ou devemos ter frente ao mesmo. O que causa mais temor, proferir um discurso para alguns sábios ou para uma multidão insensata?

Para Agatão, a única maneira de elogiar é voltar-se para a natureza daquilo que é objeto. Enfatiza a delicadeza do amor e, sendo assim, poderá desenvolver-se onde houver brandura, onde houver bem-querer, onde houver coisas belas.

Tendo chegado a vez de Sócrates fazer o seu discurso, ele inicia considerando a questão colocada por Agatão, mas querendo saber mais e construindo argumentos de modo a poder apresentar seu pensamento. No jogo das perguntas e respostas entre Sócrates e Agatão, enquanto o segundo vai declinando de algumas de suas colocações anteriores, o primeiro é alçado novamente ao lugar daquele que sabe. Mas, o alcance dessa intervenção está para além do conteúdo e de um posicionamento sobre um assunto. O que a presença e a intervenção de Sócrates produz é que o outro reconheça-se ignorante em algo.

Assim, acompanhamos como Sócrates foi se manifestando mestre: silenciando, provocando, apresentando, reconhecendo, estimulando os demais. Observamos que para com alguns a dedicação de Sócrates foi mais intensa.

Sócrates, assim como os demais presentes no Banquete, discursa sobre o amor, discorrendo sobre o belo e feio, sobre a sabedoria e a ignorância, apresentando que o Amor é filho de Recurso e de Pobreza, tem de lidar com o ter e o não ter.

Outro depoimento relevante para pensarmos a relação entre mestre e discípulo é o de Alcibíades que, chegando à casa de Agatão, revela suas insatisfações para com Sócrates. Apresenta como foi admirando, acompanhando, e desejando cada vez mais a Sócrates e que sentia haver reciprocidade mas aquele tantas vezes renunciara suas investidas. Mesmo magoado pela recusa de Sócrates para serem amantes, Alcibíades relata sobre algumas conversas, passeios, encontros. Alcibíades, mesmo magoado diz não poder deixar de exaltar as virtudes de Sócrates (Platão, 1991; 2008).

Para tentar compreender sobre possibilidades para a relação professor e aluno em nosso dias, buscamos um momento em que estivera reunido mestre e discípulo. Somos testemunhas e também vivenciamos as pressões para fazer muito no mesmo tempo. Mesmo assim, pensamos que a educação em instituições de educação potencializam sua tarefa quando trabalham pensando na instrução com formação, quer dizer, na transmissão e no ensino de conhecimentos realizados pela humanidade, mas que o façam cientes dos valores presentes em tal tradição e ensino.

Pensando que a tarefa do professor pode se aproximar da tarefa do mestre (Santos, 2010) quando atenta e orientada para aquele que está defronte: o educando/discípulo. Compartilhamos algumas questões que podem vir a se constituir como pontos de partida de análise e de ação.

Será que hoje há uma atenção para com a responsabilidade daquilo que é pronunciado, na forma, no conteúdo, para com os interlocutores?

Será que hoje estamos atentos ao que o outro diz sobre algo?

Será que respeitamos nossa vez de falar ao modo do Banquete? De outro modo, será que elegemos quem vai ser o 'mestre de cerimônias', aquele que tem a responsabilidade de conduzir o encontro?

Reconhecemos que há vários tipos de amor e que este acompanha o ato educativo? Se sim, será que reconhecemos que amado-amante ocupam lugares diferentes, como nos alertou Fedro?

Quando estamos na escola, da educação infantil ao ensino superior, será que compartilhamos com Erixímaco?

Nos damos o tempo para fazer um banquete? Nos permitimos a oportunidade de presentear a alguns de nossos queridos com nossos saberes? Nos dedicamos a pensar com mais cuidado à fim de contribuir para com o outro?

Se nós conseguimos parar, dentre tantos afazeres e prazos a cumprir, para pensar sobre a educação, será que encontraremos interlocutores em outros institutos de educação?

Do legado deixado por Aristóteles para o pensamento do Ocidente, encontramos que o homem é um ser social. Compartilhando com a definição e, se somos seres que nos tornamos sujeitos a partir de nosso estar no mundo, se somos formadores de mundo (Heidegger, 2003), estamos transpassados pelo movimento entre ignorância e saber.

Bem, dentre outras coisas, sabemos que haviam filósofos e pedagogos mas, qual a diferença entre eles? Por definição o filósofo é um amante do saber. Ao pedagogo era ordenado que, enquanto conduzisse um jovem, proibisse a aproximação deste com o amado. É possível educar e ser educado quando não consideramos a virtude, o belo, a harmonia?

Nossa intenção aqui não é responder, talvez indicar algumas possibilidades.

Lembramos que Aristóteles foi discípulo de Platão, tendo posteriormente tornado-se referência, tendo tornado-se mestre.

 

Bibliografia

DESCARTES, René. (1991). Meditações. In: Descartes (Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural.

GHIRALDELLI Jr, Paulo. (2000). O que é filosofia da educação: uma discussão metafilosófica. In: ______ (Org.). O que é filosofia da educação? (pp. 7-87). Rio de Janeiro: DP&A.

HEIDEGGER, Martin. (2003). Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude, solidão. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

KANT, Immanuel. (1996). Sobre a Pedagogia. Piracicaba: EDUNIMEP.

LACAN, Jacques. (2010). O seminário: a transferência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

PLATÃO. (1991). O Banquete. In: Platão (Os Pensadores). São Paulo: Nova Cultural.

PLATÓN. (2008). Obra Completa. Madrid: Gredos.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. (1995). Emílio ou Da Educação. São Paulo: Martins Fontes.

SANTOS, Vanice dos. (2010). Ágora digital: o cuidado de si no caminho do diálogo entre tutor e aluno em um ambiente virtual de aprendizagem. Projeto de Tese (Programa de Pós-Graduação em Educação). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 111 pp.