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An. 8. Simp. Bras. Comun. Enferm. May. 2002

 

Relato de experiência: terapia assistida por animais (TAA) - mais um recurso na comunicação entre paciente e enfermeiro

 

Experiment report: animal assisted therapy (AAT) - another resource in the communcation between patient and nurse

 

 

Cíntia Hissae Kawakami; Cyntia Kaori Nakano

Alunas de Graduação da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Av. Engenheiro Armando Arruda Pereira, 3452. Jabaquara, São Paulo-SP. CEP: 04325-000

 

 


RESUMO

Esse trabalho é um relato de experiência após conhecermos os benefícios conseguidos por meio da Terapia Assistida por Animais (TAA) em quatro instituições de saúde da cidade de São Paulo. As visitas foram feitas no 2o semestre de 2001 em uma casa especializada em educação especial para crianças com diversas síndromes; uma que abriga idosos abandonados ou sem família; uma que oferece apoio para crianças com câncer e outra que abriga e dá assistência à crianças aidéticas. Percebemos, observando a visita de animais aos pacientes, que estes se tornaram mais alegres, mais dispostos, conversando mais entre si e com os voluntários; e que a TAA pode ser usada também como um recurso de aproximação entre o enfermeiro e o paciente.

Palavras-chave: terapia assistida por animais, comunicação, enfermagem


ABSTRACT

This study consists of an experiment report after getting to know the benefits obtained through Animal Assisted Therapy in four health institutions of the city of São Paulo. The visits occurred in the second semester of 2001 in one place specialized in special education for children with diverse syndromes; one that houses old people who are abandoned or with no family; one that supports children with cancer and another that houses and assists aidetic children. Upon observing the animals with the patients, we perceive that the latter become happier, in better conditions, talking more among themselves and with the volunteers; and that Animal Assisted Therapy may also be used as a resource for approximation between nurse and patient.

Key words: animal assisted therapy, communication, nursing


 

 

Introdução

Cursando a disciplina Práticas Complementares na Saúde, em nossa graduação, nos foi solicitado um trabalho sobre qualquer prática complementar de saúde que pudesse ser utilizado pelo enfermeiro. Buscamos fazer um trabalho diferente sobre uma prática no qual os "terapeutas" não precisassem fazer um curso específico, e sim, que dependesse muito mais da boa vontade. Decidimos então, estudar a Terapia Assistida por Animais (TAA), que é realizada por voluntários e pode ser aplicada também pelo enfermeiro, entre outras situações, para facilitar a criação do vínculo com o profissional, obtendo resultados surpreendentes. Percebemos que um dos resultados obtidos é a melhora considerável das relações interpessoais, e no nosso caso, enfermeiro-paciente, fazer com que a comunicação flua de maneira espontânea e natural.

 

Comunicação como instrumento de cuidar

Comunicação é o instrumento básico da assistência de Enfermagem ou o processo que torna possível o relacionamento enfermeiro-paciente. É o denominador comum de todas as ações de Enfermagem e influi decisivamente na qualidade da assistência prestada àquele que necessita dos cuidados profissionais do enfermeiro (STEFANELLI, 1993).

É pela comunicação estabelecida com o paciente que podemos compreendê-lo em seu todo, sua visão do mundo, isto é, seu modo de pensar, sentir e agir. Só assim poderemos identificar os problemas por ele sentidos com base no significado que ele atribui aos fatos que lhe ocorrem, e tentar ajuda-lo a manter ou recuperar sua saúde. É por meio da comunicação com o paciente que o enfermeiro pode realmente efetuar mudanças no comportamento deste. O atendimento de quase todas as outras necessidades humanas básicas do paciente dependem, em várias circunstâncias, do processo de comunicação que ocorre entre ele e o enfermeiro (STEFANELLI, 1993).

O enfermeiro pode usar a comunicação para conseguir estabelecer relacionamento efetivo com o paciente, a fim de oferecer-lhe apoio, conforto e informação, e despertar seu sentimento de confiança e auto estima, bem como lhe ensinar modos mais adequados de comunicação (STEFANELLI, 1993). A escrita, a fala, as expressões faciais, a audição e o tato são formas de comunicação amplamente utilizadas, conscientemente ou não.

Entre todos os profissionais da área de saúde, o enfermeiro, por interagir diretamente com o paciente, precisa estar mais atento ao uso adequado das técnicas da comunicação interpessoal (SILVA, 1996).

Estudos realizados apontam que a capacidade interpessoal do enfermeiro no cuidado de Enfermagem é um fator significativo para o bem estar do paciente e que essa pode ser adquirida por meio do aprendizado de técnicas de comunicação terapêutica. Tais estratégias podem e devem ser aprendidas por todos os enfermeiros que desejam prestar assistência de modo holístico, ou seja, que atenda a dimensão física, psíquica, cultural, espiritual, social e intelectual do paciente (STEFANELLI, 1993; SILVA, 2001).

Enquanto profissionais de saúde, não podemos nos esquecer de que nossas mensagens são interpretadas não apenas pelo o que falamos, mas também pelo modo como nos comportamos. Portanto, é preciso estar atento aos sinais de comunicação verbal e não-verbal emitidos pelo paciente e pelo enfermeiro durante a interação (SILVA, 1996).

Muito se tem discutido sobre os diagnósticos de Enfermagem e sua capacidade de intervir na vida do paciente, da família e das comunidades nas quais está inserido. A classificação proposta pela North American Nursing Diagnosis Association (Nanda), determina atualmente apenas um diagnostico de Enfermagem referente ao tema comunicação: comunicação verbal prejudicada, definida como o estado em que o indivíduo experimenta uma diminuição ou ausência da habilidade de usar ou entender a linguagem da interação humana (SILVA, 1996).

Na descrição dos diagnósticos de Enfermagem, porém particularmente nas suas características definidoras, constatamos a necessidade de observar também as respostas não-verbais, pois nesse item são solicitadas do enfermeiro, habilidades em reconhecer sentimentos, condições e intenções do paciente e colegas de trabalho (SILVA, 1996).

Assim, seja por meio das palavras faladas ou escritas, seja por meio de gestos, expressões faciais e corporais, o trabalho na área de saúde exige do profissional o conhecimento desse processo chamado comunicação interpessoal e de seus fundamentos básicos (SILVA, 1996).

Cada paciente possui uma história, e para descobri-la é preciso voltar a prestar atenção em como ele se movimenta, se expressa, de forma mais inteira, pois é isso que nos dá a indicação de sua personalidade, emoções e reações a respeito da situação que ele vivencia, além dos vínculos que ele tem. O não-verbal é que permite essa percepção. Tem-se dito que, quando recebemos mensagens contraditórias na dimensão verbal e não-verbal, cremos mais nas mensagens não-verbais, pois sinais não-verbais são espontâneos, mais difíceis de serem simulados (SILVA, 2001).

Estar atento ao que o paciente está sentindo para compreender o seu grau de interesse, de disponibilidade, de concordância com o que está sendo transmitido é fundamental para o profissional de saúde, que, entre outros aspectos, é um educador e um agente de transformação na vida das pessoas (SILVA, 2001).

Para que nós, enfermeiros, possamos reconhecer o que as pessoas sentem diante do processo que estão vivendo, assim como para darmos sustentação ao nosso discurso de humanismo, respeito e qualidade no atendimento, temos de aprender a reconhecer e a confiar na sinalização não-verbal; reconhecer o sentimento presente quando nos aproximamos de uma pessoa, já que poucas vezes ela fala sobre isso (SILVA, 2001).

Podemos afirmar que evoluímos muito tecnicamente enquanto enfermeiros e profissionais da saúde, mas, como técnica não significa ética, nem sempre conseguimos ancorar o nosso discurso de humanidade nas pequenas coisas. Nós esquecemos de sorrir, de apertar as mãos, de sentar, de ouvir, e não é possível manter coerência com o nosso discurso de respeito, sem que estejamos atentos a essa sinalização (SILVA, 2001).

Dentre tantas técnicas oferecidas que podem auxiliar o processo de comunicação e interação com os pacientes, destacamos a Terapia Assistida por Animais (TAA), que surgiu na década de 60 e consiste na utilização de animais com finalidade terapêutica.

TAA- O QUE É E SUA UTILIZAÇÃO

A TAA é realizada por grupos de voluntários que, juntos com seus animais, visitam instituições como asilos, centros de saúde mental, orfanatos, prisões, casas de apoio e hospitais. É necessário que haja um veterinário responsável pela admissão de animais no grupo, e pode haver, durante a visita, a supervisão de um zootecnista ou adestrador.

São utilizados todos os tipos de animais que possam entrar em contato com os humanos sem oferecer-lhes perigo como: gato, coelho, tartaruga, chinchila, hamster, peixe, furão, pássaro e até mesmos animais exóticos como a iguana. O principal animal utilizado é o cão, pois apresenta uma natural afeição pelas pessoas, é facilmente adestrado e capaz de criar respostas positivas ao toque, possuindo grande aceitação por parte das pessoas. A terapia animal obtém resultados mais eficientes com os animais que podem ser tocados.

Para que os animais façam parte da terapia, é realizada um conjunto de exames rigorosos para garantir que a saúde do animal esteja 100%. Devem apresentar bom comportamento, serem sociáveis com pessoas estranhas e habituadas com o convívio de outros animais (TELHADO, 2001). No caso dos cães, podem participar os de pequenos e grande porte (que deve obedecer a comandos básicos de obediência) e de qualquer raça. Animais muito jovens possuem dentes e unhas afiadas, os muitos velhos se cansam ao término da visita, por isso não devem participar da terapia.

Qualquer pessoa pode fazer uso da terapia animal: os idosos, adultos ou crianças com problemas psiquiátricos, portadores de deficiência física ou mental, com câncer ou soropositivos e pacientes domiciliares ou hospitalizados. Apesar de a teoria sugerir que pacientes imunossuprimidos, susceptíveis a infecções oportunistas com histórico severo de alergias e problemas respiratórios ou internados nas unidades de terapia intensiva não façam uso da terapia, alguns projetos descrevem visitas a esses pacientes, pois pesquisas revelaram que visitantes humanos transmitem mais infecções aos pacientes do que os animais, quando devidamente limpos e imunizados. A restrição real compete ao paciente que possui medo ou aversão a animais (ANIMAIS ajudam na recuperação, 2001).

Os estudos realizados propõem que o tempo máximo para a visita é de uma hora e meia, para que os animais não fiquem estressados. Embora se tratam de cães saudáveis, deve-se evitar contato com o rosto do paciente. Destacam também que o número de animais participantes deve ser razoável com o tamanho da instituição, e que aqueles que modificam seu temperamento após entrarem na instituição devem abandonar o lugar imediatamente, assim como as fêmeas no cio não podem participar.

 

Benefícios da Terapia Assistida por Animais

Os animais podem agir como poderosos catalisadores sociais, facilitando o contato social. Este efeito é igual em diversas localidades e com animais e donos diferentes na aparência (McNICHOLAS; COLLIS, 2000).

A comunicação é parte do tratamento do paciente e ficar conversando com ele, muitas vezes, é o próprio remédio. Entretanto, iniciar a comunicação às vezes é mais difícil do que mantê-la, dificuldade que parte tanto do enfermeiro como do paciente. Como é permitido utilizar qualquer meio para que a comunicação seja estabelecida, a TAA se torna um método válido, e Freud já utilizava seu cão durante suas consultas, pois a simples presença do animal ajudava a tranqüilizar o paciente, que conseguia expor melhor seus problemas. O estranhamento dá lugar à descontração e o animal abre um canal de comunicação (TELLHADO, 2001).

Muitos grupos de TAA são requisitados em hospitais quando o paciente não responde, dificultando o diagnóstico e a escolha da melhor assistência. Os animais passam a se tornar a ponte entre o paciente e o profissional, estreitando a distância entre eles.

Há muitos relatos de paciente que não falavam, e quando entraram em contato com os animais começaram a falar e contar sobre sua vida, sua história, surpreendendo toda a equipe que lhes prestava assistência. O paciente podia brincar, acariciar, pentear e alimentar os animais. Muitos pacientes sentem-se estimulados a produzir expressões vocais, e aqueles que podem recuperar a fala, a recuperam de maneira mais rápida e agradável. Um fato marcante ocorreu com um senhor de 103 anos que durante muitos anos não falava com ninguém que se aproximava dele; mas no instante em que o cão foi levado até ele, começou a falar, chamando a atenção dos médicos e enfermeiros que estavam acostumados com o seu silêncio e que aproveitaram para obter mais informações do próprio paciente (SERBIN, 2001).

Um psicólogo infantil envolveu em um dos seus estudos seu próprio cachorro com a finalidade de estabelecer uma ponte com as crianças que eram muito introvertidas. Ele comprovou que a criança, ao se importar com seu bichinho de estimação, adquiriu confiança, auto-estima, responsabilidade e autonomia, além de diminuir o estresse, ou seja, a companhia animal pode assistir a criança no seu desenvolvimento continuo (HAVENER et al., 2001).

Sabemos que é importante o aumento da sociabilidade para, muitas vezes, acelerar a recuperação e tornar mais eficiente a assistência de enfermagem.

Resultados positivos são obtidos com o paciente que possui paralisia total ou parcial do corpo, pois os animais despertam a vontade de retomar a vida e vive-la da melhor maneira possível, não importa quanto tempo de vida reste a ele ou suas limitações. Foi o que aconteceu com um homem que ficou com o lado esquerdo totalmente paralisado após uma tentativa de suicídio. Desmotivado e com o quadro de depressão grave, não se esforçava para recuperar sua saúde. Quando colocaram um pequeno cão em seu tórax, o paciente fez um esforço para sorrir e começou a chorar. Mas as lágrimas não pareciam ser de tristeza e sim de vontade de lutar pela vida. Os profissionais puderam então contar com a colaboração do paciente e das visitas posteriores, que fizeram com que o paciente recuperasse a fala e gradualmente o movimento do braço (BERGMAN, 2000).

Muitas vezes o paciente perde apenas a habilidade de falar, ou ele realmente não deseja falar, mas as condições auditivas continuam intactas, portanto é importante que o enfermeiro esteja atento ao olhar, que em muitos casos responde a inúmeras questões. O doente mental, paciente com distúrbios emocionais ou psicológicos, olham menos para as pessoas, além de possuírem comportamento instável dificultando a comunicação (SILVA, 1996).

Pacientes que estavam internados em uma unidade psiquiátrica surpreenderam a equipe assistencial quando eles dominaram a ansiedade e permaneceram calmos, observando com olhares fixos os movimentos de um iguana. É neste momento em que o profissional conseguiu ter controle dos pacientes e estabelecer um contato mais próximo e menos estressante para ambos.

O profissional pode verificar que, mais que tratamento, aquelas pessoas necessitavam de atenção e respeito (BERGMAN, 2000). O animal acrescenta uma nova dimensão ao paciente e ao enfermeiro, que é o olhar, que quando estabelecido acrescenta dados e faz a comunicação fluir. Em um hospital, os animais transformam o clima pesado de um tratamento, em um ambiente descontraído, principalmente para as crianças, o que facilita a assistência.

Quando nos sentimos nervosos ou deprimidos, um ser querido pode tentar nos tranqüilizar com um abraço consolador. Na ausência deste é possível que precisemos recorrer a pessoas especializadas (profissionais da saúde), para que nos toquem os ombros e digam para que não nos preocupemos. Porém, se a única companhia que temos é um gato, podemos encostar o rosto no seu corpo experimentar um consolo (SILVA, 1996).

O tato não é "sentido" como uma sensação, e sim, efetivamente, como emoção, por isso quem o perde, sabe que é uma perda devastadora. Porém, graças aos animais, o paciente que sofre preconceitos pode ser tocado mais uma vez e ser confortado pelo poder surpreendente dos animais que vão visitá-lo. Pacientes com AIDS são vítimas de discriminação e dificilmente são tocados com gestos de carinho (MOTOLA et al., 2000).

Pesquisas revelaram que pacientes aidéticos que mantêm contato com animais sofrem menos de depressão do que aqueles que não mantêm contato algum, e por isso a resposta ao tratamento é mais eficaz (BENEFÍCIO animal, 2000).

O simples fato de tocar uma pessoa pode ajudá-la a superar a dor, não apenas fisiológica, mas também a dor emocional. Tal fato pode ser comprovado com uma paciente em estado terminal de câncer. Debilitada e fraca permanecia todo o tempo deitado na cama, recebendo doses de morfina para aliviar a dor. No dia da visita dos animais sentou-se lentamente na cama e acariciou uma cadela, sem queixas de dor ou desconforto. Havia sido o dia mais ativo da paciente (MENCH, 2001).

Levar conforto ao doente também é papel do enfermeiro, e usar a comunicação tátil é extremamente eficiente ao paciente que precisa de uma atenção dobrada. Os animais permitem que usemos essa comunicação sem invadirmos a privacidade do paciente.

É bom lembrar que, animais têm capacidades que, algumas vezes, são maiores do que esperamos, e utilizá-los como mais um método terapêutico, não traz benefícios somente ao homem, afinal os animais também recebem muito carinho das pessoas.

 

Nossa experiência com a Terapia Assistida por Animais

Pesquisando os projetos que existem em São Paulo, visitamos no segundo semestre de 2001, quatro instituições que trabalham com a TAA, após pedirmos autorização escrita às instituições através de cartas da EEUSP*, para observa-las, assim como seus pacientes durante as visitas dos animais. Em agosto visitamos uma casa especializada em educação especial para crianças com diversas síndromes; outra que abriga idosos abandonados ou sem família; e outra que oferece assistência à crianças de todo Brasil com câncer que se tratam em São Paulo. Em outubro visitamos uma casa que abriga crianças aidéticas. Nas instituições, os animais estavam sempre com seus donos e em suas respectivas guias, mas podiam andar por todo o local. Aqueles que estavam desacompanhados de seus donos ficavam sempre com o adestrador.

Observamos que o comportamento das pessoas, independente da idade, era sempre o mesmo, ficavam alegres, bem dispostas e pudemos comprovar que realmente os animais facilitam a aproximação entre as pessoas. Pessoas estranhas entre si, conseguiam iniciar e manter uma conversa sempre com o animal ao lado. O assunto inicial era sempre o animal, mas que abria caminho para outros temas.

Alguns voluntários disseram possuir dificuldades de abordar outra pessoa e que, com o animal, essa dificuldade era vencida, pois o bicho lhes passava segurança. Percebemos que alguns pacientes esperavam pela visita ansiosos, e que a maior carência emocional existia em idosos e em aidéticos, pois ambos foram abandonados ou não tinham família.

Vimos nas pessoas deprimidas pela solidão um sorriso verdadeiro, nas crianças castigadas pelo tratamento a disposição de crianças saudáveis, e pessoas com distúrbios genéticos variados superarem suas limitações por causa dos animais. Foi uma experiência, além de interessante, muito marcante para nós.

 

Considerações finais

A TAA, mesmo recomendada pelos especialistas, ainda encontra barreiras para chegar aos hospitais brasileiros que não permitem a entrada de animais. Esse tabu pode ser quebrado pelo enfermeiro, que sendo o profissional responsável pela qualidade do atendimento da equipe, deve fazer uso de todos os recursos seguros e eficazes que garantam a recuperação dos pacientes. Como dizia a própria Florence Nightgale, "um bichinho é a melhor companhia para quem está doente" (KREISER, 2001). O sorriso do paciente é o sinal mais freqüente e constante quando se realiza a terapia animal, é a senha para se perceber que o paciente aceita ser visitado por animais.

Reconhecer os sentimentos do paciente é fundamental para o enfermeiro, pois é através dessa compreensão que ele percebe as necessidades reais do paciente e pode realizar um plano de cuidados sistematizado, considerando a pessoa como um todo, e desenvolvendo a postura empática.

A comunicação é o meio que permite esse reconhecimento, e a TAA é mais uma opção que o enfermeiro dispõe para facilitar a sua interação com o paciente de modo agradável para ambos, pois muitas vezes, mais do que medo ou inibição de abordar outra pessoa ,temos insegurança e é neste momento que o animal se torna o nosso maior aliado.

 

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