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An. 8. Simp. Bras. Comun. Enferm. May. 2002

 

A comunicação e sua influência no relacionamento professor/aluno durante o processo de aprendizagem

 

Communication and its influence on the teacher/student relation during the learning process

 

 

Mônica Dilene de Souza

Enfermeira. Docente de Enfermagem em Pediatria e Semiologia/Semiotécnica do Centro Universitário Barão de Mauá. R: Ramos de Azevedo n.º 423 Jd. Paulista / Fone: 016 – 3975 12 88

 

 


RESUMO

A comunicação, embora muito discutida no relacionamento enfermeiro/paciente, é um tema pouco abordado quando envolve professor/aluno de enfermagem. Pode-se observar a dificuldade do docente em manter laços com quem está ao seu lado, de integrar-se ao aluno em sala de aula ou na prática. Como profissional da área de ensino em enfermagem, foi objeto de inquietação no presente estudo a questão comunicacional e relacionamento interpessoal. Neste estudo é feito uma revisão da literatura, com objetivo de compreender a comunicação identificando os fatores significativos no estabelecimento do relacionamento interpessoal com o propósito de facilitar o relacionamento interpessoal e aprendizagem, utilizando a comunicação. A revisão aponta para a necessidade de maior habilidade do docente para captar mensagens e interpretá-las para transformar a realidade.

Palavras-chave: comunicação, enfermagem, relacionamento


ABSTRACT

Although often discussed in the nurse/patient relation, communication is a little approached issue in the nursing teacher/student relation The difficulty of the teacher can be observed in maintaining relations with the surrounding persons, in integrating with the student in class or in practice. Being a nursing teaching professional, my worry about the communication and interpersonal relations issue was the object of this study. We make a literature review with a view to understanding communication, identifying the significant factors in establishing interpersonal relations in order to facilitate interpersonal relations and learning by means of communication. The review indicates the need for larger teacher ability for capturing messages and interpreting them in order to transform reality.

Key words: communication, nursing, relationship


 

 

INTRODUÇÃO

Na vida, seja ela profissional ou social, nossos relacionamentos são influenciados pela comunicação que envolve mais do que a modalidade verbal ou falada, sendo a comunicação não verbal igualmente importante no estabelecimento de um relacionamento.

A comunicação se realiza quando a mensagem provoca mudança sobre o comportamento do receptor, não significando necessariamente que a mensagem foi compreendida (VANOYE, 1998).

Segundo Atkinson e Murray (1989) a comunicação tem significado "compartilhado", havendo comunicação quando duas pessoas concordam na mensagem que foi enviada entre elas.

A comunicação tem por finalidade entender o mundo, relacionar-se com os outros e transformar a si mesmo e a realidade. Existe troca entre as pessoas, um processo recíproco, que provoca a curto ou longo prazo, mudanças na forma de sentir, pensar e atuar dos envolvidos (SILVA, 1996).

Atkinson e Murray (1989) referenciam os tipos de comunicação dividindo-as em: intrapessoal – denominada comunicação interna, refere-se às mensagens que o indivíduo envia a si mesmo, que geralmente incluem um componente avaliativo positivo, negativo ou neutro e interpessoal – comunicação entre duas pessoas, sendo dividida em verbal, associada às palavras expressas por meio da linguagem escrita ou falada e, não verbal.

A comunicação não verbal é definida por Silva (1996), como toda informação obtida por meio de gestos, posturas, expressões faciais, orientações do corpo, singularidades somáticas naturais ou artificiais, organização dos objetos no espaço e até pela relação de distância mantida entre os indivíduos.

A comunicação não verbal envolve todas as manifestações do comportamento não expressas por palavras e apesar de se manifestar continuamente, nem sempre estamos conscientes de que ela ocorra, nem de como acontece (STEFANELLI, 1993).

Segundo Vanoye (1998), para que se efetue a comunicação é necessário um código comum, ou seja, é preciso falar a mesma língua. Torna-se essencial conhecer os níveis de linguagem e tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor para determinar o bom funcionamento da comunicação.

Existem fatores que agem, seja na mensagem enviada ou na recebida, que podem inibir a comunicação como por exemplo superioridade, rigidez, desatenção, e outras que podem intensificar a comunicação como interesse, aceitação, objetividade e comprometimento (ATKINSON; MURRAY, 1989).

Para uma adequada aprendizagem dos alunos, o modo de agir do professor, mais do que suas características e o estilo de relacionamento estabelecido, provoca diferentes resultados na aprendizagem. Seja em sala de aula ou no ensino clínico ocorre o encontro professor/aluno que se defrontam, se comunicam e se influenciam mutuamente, tendo a aprendizagem do aluno como objetivo. Nessa relação professor e aluno desempenham papéis diferenciados e cabe ao primeiro tomar a maior parte das iniciativas, incluindo direcionar o relacionamento estabelecido entre eles (ABREU; MASSETTO, 1990).

Rogers apud Abreu e Masseto (1990), enfocam que a facilitação da aprendizagem baseia-se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relacionamento pessoal entre o facilitador e o aprendiz sendo elas: autenticidade, apreço e compreensão empática.

Nesse sentido, acredita-se que o tipo de interação estabelecida entre professor/aluno pode facilitar a aprendizagem do aluno, bem como provocar a fuga do aluno como tentativa de proteger-se. As diferenças existentes entre esses dois grupos podem gerar conflitos, sendo a comunicação fundamental para minimizar as diferenças e aproximar as pessoas.

Neste sentido, como docente do curso de graduação em enfermagem, acredito que o ensinar e o aprender requerem esforços e dedicação, e que cada professor tem influência positiva ou negativa na apreensão do conhecimento do aluno. Vivencio em algumas ocasiões alunos e professores com dificuldade de se integrarem em sala de aula ou no ensino prático. Professores assumem o papel de transmissores de seus conhecimentos e os alunos o papel de receptores. Observa-se a dificuldade do docente em manter laços com quem está ao seu lado e com propósito único de transmitir a mensagem, não estando aberto para uma outra comunicação e tentam por muitas vezes desencorajar qualquer outra tentativa de comunicação, talvez por falta de domínio absoluto do assunto em questão ou por dificuldade de estabelecer uma comunicação de maior eficácia para a aprendizagem.

Como profissional e educadora da área da saúde, durante o processo de ensino-aprendizagem, procuro aceitar o outro, manter respeito mútuo e se possível minimizar as diferenças para melhor compreender o outro e ser compreendida, reduzindo a possibilidade de conflitos, tanto na comunicação formal como na informal.

O objetivo deste estudo é compreender a comunicação identificando os fatores significativos no estabelecimento do relacionamento professor/aluno com o propósito de promover um melhor relacionamento interpessoal e facilitar a aprendizagem, utilizando a comunicação.

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo realizado através de um levantamento bibliográfico dos últimos dez anos, sendo encontrado vários aspectos da comunicação sobre profissional-cliente, ensino e educação. Optei por trabalhar, neste estudo, com as diferentes formas de comunicação e relacionamento interpessoal.

 

ANÁLISE E DISCUSSÃO

A bibliografia consultada descreve a comunicação como fator de grande influência na efetivação do relacionamento e consequentemente nos resultados da aprendizagem. Vivencio a utilização de uma comunicação diversificada, que por muitas vezes, interfere negativamente na transmissão e interpretação das mensagens.

Para tal, se faz importante, que se efetue a comunicação evitando atitudes como superioridade, rigidez e desatenção para com nossos alunos e sim assumir atitudes de interesse, aceitação, objetividade e comprometimento com o intuito de facilitar o inter-relacionamento, aprendizagem e mudança real de comportamento, conforme citação de Atkinson e Murray (1989).

Para se atingir as metas e objetivos estabelecidos e tornar o ensino um ato comum, precisa existir reciprocidade no relacionamento professor/aluno. Percebo então, no exercício de minhas funções, a dificuldade de estabelecer um relacionamento que encoraja maior participação, iniciativa e responsabilidade do estudante, muitas vezes, dificuldade esta causada por conflitos motivados pela própria personalidade de cada pessoa e por cobrança aos alunos.

A relação professor/aluno, geralmente possui um caráter de controle, onde cabe ao professor o papel de agente controlador. Sem dúvida esta relação, seja qual for o caráter adotado, é difícil e cabe ao professor recorrer às qualidades de comportamento como autenticidade, apreço e empatia para que ocorra a facilitação da aprendizagem significativa baseada na qualidade das atitudes existentes entre professor/aluno. Nas relações é preciso aceitar-se como pessoa, compreendendo as próprias forças e fraquezas, para conseguir desenvolver uma atitude de aceitação por outra pessoa (SILVA, 1996).

A comunicação, seja verbal ou não verbal, são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano e manutenção do relacionamento.

É necessário como docente, desenvolver habilidades no sentido de captar as mensagens, interpretá-las com o intuito de transformar a realidade em que vivemos; quanto maior a capacidade do profissional de decodificar a comunicação não verbal, maior sua condição de ser coerente e compreensivo nas relações, comunicação e orientação.

Diante disso, é necessário tomarmos consciência de que através da comunicação podemos detectar problemas, estabelecer metas, objetivos e estratégias com o intuito de intervir de forma eficaz para transformar a realidade vivida.

 

Referências bibliográficas

ABREU,M.C. de; MASSETO,M.T. O professor universitário em aula. São Paulo, MG, 1990. cap8, p.111-122: Relações professor-aluno

ATIKINSON,L.D.; MURRAY,M.E. Fundamentos de enfermagem. Rio de Janeiro, Guanabara, Koogan, 1989. cap.6, p.55-65: O processo de comunicação interpessoal.

SILVA,M.G.P. da. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde. São Paulo, Gente, 1996.

STEFANELLI,M.C. Comunicação com paciente: teoria em ensino. 2ed. São Paulo, Robe, 1993.

VANOYE,F. Usos da linguagem. 11ed. São Paulo, Martins Fontes, 1998.