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An. 8. Simp. Bras. Comun. Enferm. May. 2002

 

Gravidez na adolescência e os discursos*

 

Adolescent pregnancy and discourse

 

 

Ruth França Cizino da TrindadeI; Ana Maria de AlmeidaII

IEnf.ª. /Profª. UFAL, discente do programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem – EE/EERP- USP. Rua: Rondônia, 1553/02 – Sumarezinho, Ribeirão Preto/SP, CEP. 14055-230 Email.: ruthtrindade@aol.com
IIProfª. Dra. do Departamento Materno Infantil e Saúde-Pública – EERP/USP

 

 


RESUMO

O discurso é fruto de que a linguagem tem dualidade constitutiva e que a compreensão do fenômeno da linguagem não deve ser buscada apenas na língua, mas num nível situado fora da língua/fala. O discurso sobre a gravidez em adolescente apresenta um contraste entre a fala oficial e a experiência vivida. Assim sendo, este trabalho tem como objetivo discutir a alteridade frente aos discursos, sobre a gravidez em adolescente e como este processo é articulado pelos diversos sujeitos. A metodologia utilizada foi uma pesquisa descritiva exploratória com abordagem qualitativa utilizando a análise do discurso. Observou-se que a gravidez pode ser vivenciada pela adolescente como uma experiência que acontece fora dela, e sua ocorrência é revestida de simbolismo tendo entre si variáveis objetivas e subjetivas. Os discursos, político, econômico e cientifico procuram interpretar o sentido destas gravidezes para a vida da mulher, como também para a sociedade. Este estudo teve a intenção de realizar uma aproximação do conceito de alteridade realizando a análise de discursos a respeito de adolescentes grávidas, buscando a compreensão desses discursos para aplicação em intervenções com essa população. Este estudo também apresentou a oportunidade de desenvolver uma nova maneira de interpretação.

Palavras-chave: gravidez na adolescência, alteridade, profissional de saúde


ABSTRACT

Discourse is characterized by the fact that language is made up by ambiguities and that the comprehension of the language phenomenon should not only be sought in language, but also at a level outside language/speech. Discourse about adolescent pregnancy presents a contrast between official discourse and experience. Thus, this study aims to discuss otherness in discourse with respect to adolescent pregnancy and how this process is articulated by various subjects. A descriptive exploratory research was realized from a qualitative approach, using discourse analysis. It was observed that the female adolescent can experience pregnancy as an experience that happens outside her, and its occurrence is loaded with symbolism, including objective and subjective variables. Political, economic and scientific discourse seeks to interpret the meaning of these pregnancies for the woman’s life, as well as for society. This study aimed to approximate the concept of otherness, analyzing discourse about adolescent pregnancy with a view to its understanding, in order to apply this knowledge in intervening in this population. This study also presented the opportunity to develop a new way of interpretation.

Key words: adolescent pregnancy, otherness, health professional


 

 

1. INTRODUÇÃO

O discurso segundo Cardoso (1999) "é fruto do reconhecido de que a linguagem tem dualidade constitutiva e que a compreensão do fenômeno da linguagem não deve ser buscada apenas na língua, [...] mas num nível situado fora do pólo da dicotomia língua/fala"(p.21).

Foucault, citado por Cardoso (1999), define o discurso como um conjunto de enunciados desde que se apoiem na mesma formação discursiva (FD), como também "um jogo estratégico de ação e reação, de pergunta e resposta, de dominação e esquiva, e também de luta"(p.22), Cardoso faz uma citação de Foucault, que escreve o discurso como o espaço em que o saber e o poder se articulam, pois quem fala, fala de algum lugar, a partir de um direito reconhecido institucionalmente (p.22).

Assim sendo este trabalho tem como objetivo discutir a alteridade frente aos discursos encontrados, sobre a gravidez na adolescência e como este processo é articulado pelos diversos sujeitos sua heterogeneidade e suas subjetividades.

Para a análise deste trabalho serão considerados os diferentes discursos sobre a gravidez na adolescência tais como, o discurso oficial ou governamental, o cientifico, ou seja a fala do pesquisador, e o social ou seja o discurso da mulher que engravidou na adolescência, e de que forma estes discursos falam do Outro, quais as considerações que fazem e qual à importância para a constituição do sujeito social.

A nossa pergunta é – pode os discursos interferirem de alguma maneira na construção social da mulher, e no modo como ela constrói para si a imagem de mãe e adolescente?. Lacan (1988) afirma que o primeiro acasalamento significante nos permite formar a idéia que o sujeito aparece primeiro no Outro, assim sendo como a gravidez, representada socialmente poderá interferir em como ela se apresenta representada à mulher, sendo o outro o sustentador de nossa identidade.

Desta forma inicialmente fez-se uma aproximação com o termo alteridade, procurando defini-la através da fala de alguns autores, e a seguir abordam-se os discursos sobre gravidez na adolescência, buscando apresentar as FD que permeiam esse tema.

 

2. METODOLOGIA

Nesta pesquisa desenvolveu-se um estudo descritivo exploratório, utilizou-se a abordagem qualitativa, através da análise do discurso (AD), devido a ser este o caminho considerado mais adequado para examinar o tema em pauta.

Para este trabalho realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, em artigos, livros e teses; como também buscou-se estudar os documentos oficiais do governo que tratam da gravidez na adolescência.

A interpretação deu-se em duas instâncias: como parte da atividade do analista e enquanto discursos dos sujeitos analisados. Na AD procurou-se ver o que estava opaco nos textos estudados, compreendendo o modo como o sujeito, seja ele o governo ou a mulher, produz suas falas.

 

3. ALTERIDADE

Alteridade origina se do latim alter que significa outro e pode ser definida como o caráter do que é outro; a diversidade, e a diferença contida nos discursos. Lacan (1988) conceitua o sujeito e o Outro e apresenta em seu Seminário 11 uma definição em que [....] "o Outro é o lugar em que se situa a cadeia de significante que comanda tudo que vai poder presentificar-se do sujeito, é o campo vivo onde o sujeito tem que aparecer" (p.195).

"Esta definição liga o Outro e o sujeito de um modo que constitui, claramente, uma alienação: o sujeito como tal só pode ser conhecido no lugar ou locus do Outro. Não há meios de se definir um sujeito como consciência de si" (LAURENT, 1997 ,p.34).

Lacan (1988) também escreve que o sujeito traz a resposta da falta que antecede o seu próprio desaparecimento, que vem aqui situar no ponto da falta percebida no Outro, sendo o primeiro a própria perda. "Uma falta recobre a outra" (p.203). Ele também fala da dialética dos desejos e no que a mesma faz a união do desejo do sujeito com o desejo do Outro.

Laurent (1997) escreve que "não podemos nós conhecer a nós mesmos como sujeitos; não existe autoconsciência de nós: somos obrigados a nos conhecer por meio dos outros"(p.34). Isto significa que a pergunta que fizemos na introdução não poderá ser respondida de maneira objetiva, pois a mesma acabará construindo ou representando a imagem de si através do que o Outro apresenta para ela, assim sendo a compreensão de si só se dará através do Outro, seja ele representado pela sociedade, pela família ou pelo profissional que à esteja atendendo.

 

4. GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: análise do discurso

Podem ser encontrados diversos discursos sobre o que significa a gravidez na adolescência e o que ela pode representar na vida de uma mulher.

Inicia-se essa apresentação com o discurso oficial do Ministério da Saúde (MS) devido a sua importância na formação de uma ideologia e por tentar retratar os problemas da sociedade com o objetivo de intervir na sua manifestação, assim sendo de acordo com o MS a gravidez na adolescência se apresenta como um problema, pois: "[.....] do ponto de vista social, a adolescente grávida, assim como seu filho, é considerado por muitos autores como de alto risco, decorrendo daí maior evasão escolar, desajuste familiares e dificuldades de inserção no mercado de trabalho"(BRASIL.MS., 1993, p.7)

Autores como Silva e Pinotti (1987) e Favero e Mello, (1997) reforçam essa fala quando afirmam que a adolescente, após ser mãe, encontra dificuldade em conciliar os papéis de mãe e estudante, podendo a gravidez determinar a interrupção no seu processo formal de educação. As meninas podem deixar a escola constrangidas, direta ou indiretamente, por estarem grávidas.

Vitiello e Conceição (1987) observam que a ausência quase absoluta de qualquer plano de educação sexual faz com que, no Brasil, como na maioria dos países do Terceiro Mundo, os conhecimentos sobre a fisiologia da reprodução sejam praticamente nulos.

Abranches et al. (1994), também, comentam sobre o desconhecimento das adolescentes sobre a fisiologia do seu corpo, sobre métodos contraceptivos e também sobre a falta de serviços específicos para o seu atendimento.

Em 1989, o MS lançou o Programa de Saúde do Adolescente (PROSAD) que aborda questões sobre a sexualidade, chamando a atenção para o inexistência de programas eficazes em relação à saúde reprodutiva, sendo a sexualidade vista de forma fragmentada, reduzindo-se sua manifestação em genital ou reprodutiva (BRASIL.MS., 1996).

Apesar do discurso contido no PROSAD observa-se um silêncio no discurso das ações, pois ao se fazer um levantamento na contra capa de uma publicação do MS (1997) que divulga as publicações oficiais sobre assistência à saúde da criança e do adolescente, verifica-se que dos 14 títulos expostos nenhum deles tratava sobre sexualidade ou trazia como tema a gravidez na adolescência, ou outras questões relativas a esta fase da vida do indivíduo, havendo um forte enfoque no processo saúde doença da criança, sendo que o adolescente não foi privilegiado nestas publicações.

Em 1999, o MS lançou o projeto ACOLHER em convênio com a Associação Brasileira de Enfermagem, tendo como resultado a publicação – Um encontro da enfermagem com o adolescente brasileiro-2000, contendo 19 artigos, e destes cinco fazem referência a gravidez na adolescência. Em 2001, foi lançado uma nova publicação – ADOLESCER: compreender, atuar, acolher, contendo onze artigos sendo um sobre sexualidade e reprodução.

Na análise dos discursos oficiais sobre gravidez na adolescência e/ou temas correlatos verifica-se que eles se apresentam como uma dualidade entre a fala apresentada na definição de políticas de atenção à adolescente grávida e as propostas e sua implementação. Assim, percebe-se um silêncio na fala oficial, pois o outro, ou seja a mulher adolescente que engravida não está sendo contemplada nas suas reais necessidades.

Na História do Brasil e na da própria humanidade as mulheres casavam e tinham seus filhos ainda na adolescência, com idades que podiam variar de 12 a 14 anos (ARAÚJO, 2000). Tal fato tem se repetido atualmente apesar da fecundidade total da mulher no Brasil, apresentar uma curva descendente, nas faixa de idade de 15 a 19 anos, ocorrendo o inverso e de forma semelhante na faixa de 10 a 14 anos.

A sexualidade é exercida, em todas as camadas sociais, sem qualquer preparo formal ou informal; contudo, mesmo que a educação sexual fosse inserida no currículo de primeiro grau, como estratégia pedagógica, não teríamos uma resposta muito positiva, pois de acordo com os dados da UNICEF apud Oliveira (1998), no Brasil, apenas 87,0% das mulheres iniciam seus estudos, sendo que somente 30,0% completam oito anos de escolaridade.

O enunciado que se apresenta é "A gravidez na adolescência é considerado como problema de saúde", desta forma quando uma adolescente se apresenta grávida no sentido de saúde, é vista automaticamente como um problema, sem que os profissionais considerem sua idade, maturidade, desejos, condições em que ocorreram esta gravidez. O fato que vem de encontro ao discurso oficial acerca da sexualidade e gravidez na adolescência, é a mesma ser objeto de prevenção ou seja adota-se os conceitos do processo saúde-doença. Tal atitude compromete uma análise individual da mulher, que pode contextualizar essa gestação, e seu significado para ela.

Alguns discursos de mulheres adolescentes e de adolescente que engravidaram podem fornecer uma compreensão das questões da sexualidade e da gravidez interpretadas por elas (DESSER 1993), os quais transcrevemos a seguir.

"Eu não planejei transar quando fizesse 15 anos, mas de alguma forma fazer 15 anos como desbloqueou esse lado na minha cabeça, entende? (Como assim?)Ah, não dá pra explicar ...foi como se eu sentisse que já estava madura pra transar ..."( 16 anos, p.29).

A idade de 15 anos tradicionalmente se apresenta como um rito de passagem para a vida adulta, sendo a jovem neste momento apresentada à sociedade, com a conhecida festa de debutante, ou com o primeiro emprego. Aqui encontramos outra dualidade que pode comprometer o julgamento da adolescência, uma vez que ela é encaminhada ao mundo dos adultos, mas ao mesmo tempo a própria sociedade espera dela atitudes e comportamentos infantis. Assim não dá suporte nem apoio para auxilia-la nesse processo de transição.

"Com 15 anos você está começando realmente a se entender como gente, você se sente já mais independente , você está cheia de planos, de sonhos. Então foi quando me aconteceu a gravidez da minha filha: foi uma coisa horrível, muito traumatizante pra mim...."(19 anos, p.30).

Outro fato que se apresenta relevante é a referência sobre a gravidez como algo exterior a si. Assim no depoimento citado por Desser (1993) uma delas respondeu o seguinte ao ser indagada sobre os seus oito meses de amenorréia:

"É mesmo. Acho que é porque eu não vivi essa gravidez. Eu vivi ela de fora. Eu mesma era outra pessoa, entende? Outra pessoa que não tava grávida, não."(19 anos, p.33)

Observou-se que a gravidez na adolescência pode ser vivenciada por elas como uma experiência que acontece fora dela, caracterizando a gravidez como alteridade, e sua a ocorrência revestida de subjetividade guardando entre si variáveis objetivas e subjetivas.

Assim acerca da gravidez na adolescência encontram-se discursos, pertencentes ao poder político e econômico, de pesquisadores que procuram interpretar o sentido destas gravidezes para a vida da mulher, como também para a sociedade, e discursos das jovens que engravidaram quando adolescentes, sendo necessário uma busca dos poderes e da ciência para interpretar os discursos das mulheres, não o que é visível, mas no que encontra-se opaco na ocorrência de uma gravidez na adolescência e desta forma aproximar as ações das necessidades das adolescentes.

Portanto, compreende-se que os profissionais de saúde que encontram-se envolvidos neste contexto, principalmente pautando nos preceitos do PROSAD e do projeto ACOLHER, devem estar atentos aos discursos oficiais, ao seu próprio, sem desconsiderar as necessidades da própria adolescente. Assim sendo, devem procurar entender que a gestante adolescente se sentirá reconhecida como sujeito, também, através de sua atitude, pois, segundo Laurent (1997) a mesma acabará construindo ou representando a imagem de si através do que o Outro apresenta para ela, assim sendo a compreensão de si só se dará através do Outro, seja ele representado pela sociedade, pela família ou pelo profissional que a esteja atendendo.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo intencionou-se realizar uma aproximação de conceito de alteridade através da análise de discursos a respeito das adolescentes que engravidam, buscando compreendê-lo para aplicação em intervenções com essa população. Desta forma este estudo apresentou-se como uma oportunidade de desenvolver uma nova maneira de interpretação, sendo um insight para novos estudos usando este tipo de reflexão, tanto nas pesquisas de enfermagem sobre gravidez na adolescência, como em outras temáticas de interesse para a área.

O texto procurou analisar como é perpassado por mais de um discurso e formações discursivas a temática da gravidez na adolescência, os pontos mais importantes encontrados que identifica a presença da alteridade, tentando analisar as diferenças dos discursos e procurando estabelecer uma nova leitura sobre os fatos, que não estão postos tão claramente.

 

6. Referências bibliográficas

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* Trabalho apresentado na disciplina Epistemologia da Linguagem: do visível ao opaco. Profª. Dra. Leda Verdiane Tfouni- Departamento de Psicologia da USP.