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An. 8. Simp. Bras. Comun. Enferm. May. 2002

 

Comunicação da equipe de enfermagem com os clientes HIV/AIDS na ótica das acadêmicas de enfermagem

 

Communication between the nursing team and hiv/aids clients from the perspective of nursing students

 

 

Daniele do Nascimento Vasconcellos I; Joyce Mathias FonsecaI; Joséte Luiza LeiteII; Marléa Chagas MoreiraIII

IAcadêmica de Enfermagem EEAN/UFRJ – PIBIC/CNPq
IIProfessora Titular do DEMEC/EEAP/UNIRIO. Pesquisadora do CNPq
IIIProfessora Assistente do Departamento de Metodologia da Enfermagem EEAN/UFRJ. End. para correspondência: Rua Hadock Lobo 200/401 Tijuca – RJ.
CEP: 20.260-132. e-mail: Joyce@ufrj.br

 

 


RESUMO

Por considerar a importância da comunicação como instrumento da equipe de enfermagem para prestar um cuidado mais humanístico e holístico aos clientes HIV/Aids, as autoras realizaram um estudo cujo objeto é a comunicação verbal entre a equipe de enfermagem e os clientes imunossuprimidos. Os objetivos do estudo foram: descrever a comunicação estabelecida entre a equipe de enfermagem e os clientes HIV/Aids e analisar a comunicação verbal observada entre esta equipe e esses clientes. Pesquisa de caráter descritivo com abordagem qualitativa, cuja técnica de coleta de dados foi a observação não participante. A análise dos dados foi baseada a luz das técnicas de comunicação terapêutica de Stefanelli (1988). Os resultados evidenciaram uma comunicação de forma não significativa entre os sujeitos.

Palavras-chave: comunicação, enfermagem


ABSTRACT

Considering the importance of communication as one of the nursing team’s instruments for delivering a more humanistic and holistic care to HIV/AIDS patients, the authors realized a study about verbal communication between the nursing team and these patients, with a view to describing the communication established between the nursing team and HIV/AIDS patients and analyzing the verbal communication observed. This is a descriptive research from a qualitative approach. Data were collected through non-participant observation. Data analysis was based on Stefanelli’s (1998) therapeutic communication techniques. The results demonstrated a non-significant form of communication between the subjects.

Key words: communication, nursing


 

 

"Vale a pena ressaltar que tão importante quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a doença" (OSLER)

 

I – Considerações iniciais

O ser humano, tanto no âmbito social quanto profissional, carece do fundamental e indispensável contato com os outros seres humanos para alcançar o equilíbrio psicossocial e com o mundo externo. Os indivíduos estão constantemente em processo de interação humana, seja com os amigos, vizinhos, familiares ou outra pessoa qualquer que participe da vida destes indivíduos. E a comunicação é a parte central desse processo.

Enquanto bolsistas de iniciação cientifica vinculadas ao projeto "Fatores de Risco Relacionados com o Uso de Cateter Venoso em Cliente HIV positivo – Implicações para a Enfermagem" (o referido projeto foi autorizado pela comissão de ética do hospital); e integrado ao CNPq–Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, despertou-nos a atenção a importância da comunicação como instrumento da equipe de enfermagem para prestar cuidados aos clientes HIV positivo em um hospital de referência do Rio de Janeiro.

A comunicação pode ser entendida como: "um processo natural, universal, que alcança sua máxima complexidade no ser humano que vive em sociedade..." (RODRIGUES; OLIVEIRA 2000, p.87). De outro modo, vários autores indicam que a atividade humana pode ser afetada ou promovida através da comunicação. Portanto, a comunicação é uma necessidade humana básica, que está, intimamente, vinculada à existência do ser humano como ser social.

Assim consideramos que a comunicação é um processo contínuo, cuja significação dos fatos é uma conseqüência da interação social estabelecida entre indivíduos. Percebemos, com isso, que as necessidades e/ou problemas da natureza desses indivíduos poderão ser resolvidos a partir do desenvolvimento de uma comunicação terapêutica. Esta comunicação permitirá que cada momento da interação enfermeiro–cliente seja um momento terapêutico, que de certa forma, exige envolvimento emocional de ambas as partes, um relacionamento terapêutico, que auxiliará não só ao cliente mas a equipe de enfermagem em perceber o verdadeiro sentido das coisas.

Entendemos, portanto, que a comunicação é imprescindível nas situações típicas de cuidado aos clientes HIV/Aids, para favorecer o seu tratamento e sua qualidade de vida. Isso porque a Aids ou Sindrome da Imunodeficiência Adquirida é desencadeada pelo vírus da imunodeficiência humana. O HIV. Ele destrói lentamente o sistema de defesa do organismo humano ficando portanto mais fácil a presença de vários microorganismos. O organismo fica vulnerável a infecções, alterações do sistema nervoso e, até mesmo, certos tipos de tumores.

Assim, nos defrontamos com uma onipresente doença, a chamada "epidemia de Aids", que passou a ser comum entre nós, infectando, matando e arrastando consigo milhares de pessoas, que além de enfretar um tratamento, bastante invasivo e doloroso, suporta a dor da discriminação pela sociedade. Constata-se tal informação na citação de Parker et al. (1994, p.31): "A caracterização inicial da Aids enquanto doença contagiosa, incurável, mortal e ligada principalmente a homossexualidade, fez associar à doença vários estigmas e preconceitos advindos das nossas posições perante a morte, a contaminação, a sexualidade".

Desta forma, a comunicação dos profissionais da equipe de enfermagem com os clientes HIV/Aids permitirá uma melhor compreensão das atitudes, das dificuldades, medos e angústias destes clientes, contribuindo para maior conforto (a nível psicossocial), uma assistência de qualidade e maior aderência ao tratamento e/ou orientações. Portanto este estudo focalizará a comunicação na forma verbal, que para Cianciarullo (1996, p.63) significa uma forma de transmitir uma mensagem que mais temos consciência, e se refere à linguagem falada ou escrita. Stefanelli (1993, p.36) complementa dizendo que este tipo de comunicação também pode ser expresso por meios de sons e palavras que usamos para nos comunicar. Esta comunicação é influenciada pela linguagem que é fortemente influenciada pela cultura.

O objeto deste estudo é a comunicação verbal entre a equipe de enfermagem e os clientes HIV/Aids.

No intuito de evidenciar a importância da comunicação entre a equipe de enfermagem e os clientes HIV/Aids, traçamos a seguinte questão norteadora: De que forma ocorre a comunicação entre a equipe de enfermagem e os clientes?

Os objetivos a serem alcançados são: descrever a comunicação estabelecida entre a equipe de enfermagem e clientes HIV/Aids; analisar a comunicação verbal observada entre a equipe de enfermagem e clientes HIV/Aids observada.

Nesse sentido, este estudo contribuirá para o reconhecimento da importância da comunicação principalmente com os clientes HIV/Aids, e para reflexão dos profissionais, de um modo geral, a fim de que percebam um cuidado mais holístico e humanizado através da comunicação, uma vez que o corpo expressa a essência de cada ser humano e, embora silencioso, ele é cheio de mensagens. E ainda, assumam um papel relevante orientando-os informando-os visando a promoção da saúde e recuperação no contexto familiar e social.

 

II - Metodologia

Para realização desta investigação utilizou-se uma pesquisa de caráter descritivo com uma abordagem qualitativa. Um estudo descritivo, segundo Cervo (1996, p.49): "observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir com a precisão possível a freqüência com que o fenômeno ocorre, sua relação e correlação com outras sua natureza e características".

Ludke e André (1986, p.11-13) complementam exprimindo que a pesquisa descritiva permite ainda "detalhar acontecimentos, situações e depoimentos que enriquecem a análise das informações".

O cenário selecionado para a coleta de dados foi a 10ª enfermaria do Hospital Universitário Gaffreé e Guinle. A razão pela qual se deu essa escolha foi o fato desta enfermaria disponibilizar um maior número de clientes HIV/Aids. Os sujeitos da pesquisa foram os profissionais da equipe de enfermagem, em número de 12 e 8 clientes HIV/Aids que se encontravam hospitalizados.

"A pesquisa qualitativa pode ser entendida como aquela capaz de incorporar questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas" (MINAYO, 1994, p.10).

Alguns autores compreendem a pesquisa qualitativa como sendo uma "expressão genérica" que ressalta o comportamento humano. Nesse sentido Triviños (1995, p.122) complementa dizendo que o estudo do comportamento humano significa "descobrir as características culturais que envolvem a existência das pessoas que participam da pesquisa, não só porque através delas se pode chegar a precisar os significados dos aspectos do meio, mas também porque desse ponto de vista derivam algumas considerações importantes".

Para a realização da coleta de dados utilizarmos como método, para a compreensão da realidade, a observação não participante. Para Minayo (1994, p.35) a observação é uma forma de complementar a captação de realidade empírica. Ainda acrescenta que a observação do tipo não participante deixa transparecer para o observador e para o grupo/sujeitos da pesquisa que a relação é meramente de campo. A participação tende a ser mais profunda devido a uma observação informal, da vivência dos fatos mais relevantes e no acompanhamento das práticas cotidianas. Para obtermos dados mais precisos não fugindo do contexto, elaboramos um roteiro de observação.

Utilizamos um roteiro que abrangeu, de uma forma geral, procedimentos comumente realizados pela equipe de enfermagem diariamente, e que, de certo modo pudesem transmitir a comunicação verbal, na forma falada. Assim, o referido roteiro contemplou os seguintes procedimentos: verificação dos sinais vitais e administração de medicamentos.

A observação foi realizada durante três dias consecutivos no mês de fevereiro de 2002, com a duração, em média de 4 horas por dia. Durante o período foram observados 8 clientes HIV/Aids e 12 membros da equipe de enfermagem: 8 técnicas de enfermagem, 1 auxiliar e 5 enfermeiros.

Os dados coletados foram analisados à luz da teoria das técnicas de comunicação terapêutica de Stefanelli (1998). Tais técnicas são estudadas a partir de três argumentos: expressão, clarificação e validação.

A expressão incorpora: 1) o permanecer em silêncio; 2) ouvir reflexivamente; 3) verbalizar aceitação; 4) verbalizar interesse; 5) usar frases incompletas; 6) repertir comentários feitos pelo paciente; 7) repetir as últimas perguntas ditas pelo paciente, fazer perguntas; 8) devolver a pergunta feita pelo paciente; 9) usar frases descritivas; 10) permitir ao paciente que escolha o assunto; 11) colocar em foco a idéia principal; 12) verbalizar dúvidas; 13) dizer não; 14) estimular expressão de setimentos subjacentes.

A clarificação comprende: 1) estimular comparações; solicitar que esclareça termos incomuns; 3) solicitar que precise o agente da ação; 4) descrever os eventos em seqüência lógica.

E a validação que apresenta: 1) repetir a mensagem do paciente, pedir ao paciente para repetir o que já foi dito; 2) sumarizar o que foi dito na interação.

Optamos, nesse sentido, por observar os aspectos relacionados à comunicação verbal, tais como: verbalizar aceitação; verbalizar interesse; usar frases incompletas, repetir comentários feitos pelo paciente; repetir as últimas perguntas ditas pelo paciente, fazer perguntas; devolver a pergunta feita pelo paciente; usar frases descritivas; colocar em foco a idéia principal; verbalizar dúvidas; dizer não. E a validação que apresenta: repetir a mensagem do paciente, pedir ao paciente para repertir o que já foi dito; sumarizar o que foi dito na interação.

 

III – Apresentação e discussão dos dados

Da apreciação dos dados obtidos procedemos da seguinte forma:

Situação A: Comunicação através da verificação de sinais vitais.

Durante a realização deste procedimento no cliente E, a técnica 2 aproximou-se do paciente, utilizando luvas de procedimentos para retirar o termômetro e assim verificar a temperatura. O paciente permanecia imóvel e apreensivo durante o momento da técnica.

Em outro momento houve comunicação da seguinte forma:

Téc. 2: Senhor, sente-se no leito para que verifique a sua pressão.

O cliente C, sem responder, sentou-se no leito, olhando para o que seria feito.

Téc 2: Pois é, está tanto calor, nossa aqui está muito quente!

Téc.1: É mesmo, ta insuportável, não to agüentando.

Téc.2. Tô quase acabando, ta?!

Pac.C: Tá bom.

Téc.2: Acabei! Obrigada senhor, agora pode deitar.

Pac.C:Tá bom.(e depois se deitou no leito)

Antes de verificar os sinais vitais:

Aux.1: O senhor tem medicação para agora?!

Pac.1: Não, não tenho não.

A auxiliar verificou a P.A. logo após sentou-se próximo ao cliente e durante a verificação da temperatura disse:

Aux.1: Olha! Espere um pouco, já to acabando.

Pac.F: Tá legal, a gente quer que acabe logo!

Aux.1: Tá acabando.

Esta, após anotar os valores dos sinais vitais, disse:

Aux 1: Agora sim, acabei, tô indo!

Pac.F: Tá bom, vai lá!

Situação B: Comunicação durante a administração de medicamentos.

Retrataremos a seguir algumas situações observadas.

Durante a observação o cliente C solicitou a técnica, deste modo:

Pac.C: Por favor, moça vê esse soro aí, ele tá parado. Tenho medicamento agora, e até agora não tomei. Dá pra você olhar isso para mim?!

Téc 2: Depois, eu volto aqui para colocar outro soro!

Pac C: Tá, tá bom (demonstrando-se, ainda, descontente com a situação)

Em outro momento, com o mesmo paciente, foi observada a seguinte situação:

Pac.C: Enfermeira! Por favor, enfermeira!!! Ah meu Deus! Ai que dor!

Téc.3: O que foi?!

Pac.C: Olha aqui, tá sentido muita dor, não consigo fazer nada, tá tudo doendo, dá um jeito, faça alguma coisa. Minha nossa!, minha dor é muito forte! Ai que dor!

A técnica permaneceu (durante a fala do cliente) em silêncio e atenta.

Téc.3: Peraí!

Foi no posto de enfermagem para verificar se havia alguma modificação SOS prescrita e não retornou.

Depois de algum tempo, este cliente ainda queixava-se de dor (mas permanecia junto aos colegas de enfermaria). A enfermeira sentou-se perto dele:

Enf.1: O que tá acontecendo?

Pac.C: Tô com muita dor! É muito forte! Me dê alguma coisa pra essa dor! Tá doendo muito!

Enf.1: Tá bom, se o senhor quer...

Dirigiu-se até o posto e preparou o medicamento.

Enf.1: Pronto, agora vamos ver!

E após administração, completou:

Enf.1: Agora irei dopá-lo! Agora você vai dormir rapidinho, quer ver só? A dor vai parar rapidinho!

Passadas algumas horas, a enfermeira retornou ao paciente:

Enf.1: E aí, a dor passou, tá sentido melhor?!

Pac.C: Até que a dor tá diminuindo, tô ficando melhor!

Enf.1: Não disse! Passou rapidinho. Fique aí, quieto!

Já em outra situação, onde ocorria episódios de vômitos no cliente F, foi observada a seguinte situação:

Pac.F: Enfermeeiraa!

Téc.1: O que foi? Ih, tá vomitando, acho que vou pegar um remedinho pro senhor.

Após avaliação médica, a técnica administrou o medicamento, controlou o gotejamento do soro e retirou-se.

O cliente permaneceu incomodado, preocupado e impaciente em relação ao seu estado geral.

Em outra situação a enfermeira 3 e o enfermeiro 4 dirigiram-se ao cliente, perguntando:

Enf.3: F, você tem o remédio X? Pois estamos em falta no posto, você tem ele aí?

Pac.F: Não tenho mais não, ele acabou.

Enf.3: Pois é, alguns dos seus medicamentos mudaram, depois eu explico. Eu pensei que você ainda tivesse esse! Mas eu vou ver isso. Não tem importância não, eu vou lá comprar esse remédio.

Pac.F: Tá, tá bom!

Cabe ressaltar que, de um modo geral, durante a administração de medicamentos, não houve interação com o cliente de um modo terapêutico.

Diante das situações expostas, verificou-se que os profissionais da equipe de enfermagem não se valeram, de um modo geral, das técnicas de comunicação terapêutica para estabelecer interações com os clientes HIV/Aids de modo a possibilitar uma comunicação verbal.

Sabemos que a verificação dos sinais vitais/P.A. é uma rotina hospitalar que oferece possibilidades de interação com os clientes. Foi observado que durante esses procedimentos foram utilizados somente alguns aspectos das técnicas de comunicação terapêutica: uso de frase descritiva e fazer perguntas. Constatamos, com isso, que a interação equipe – cliente foi insatisfatória para assegurar a comunicação verbal baseada nas técnicas de comunicação terapêutica de Stefanelli (1988).

Ao administrar medicamentos, realizamos uma seqüência diária que envolve, aproximar-se do cliente, chamá-lo pelo nome, checar corretamente a prescrição, orientar o paciente sobre o procedimento e o medicamento que vai ser administrado. Essa afirmativa simboliza um movimento ou uma interação com os clientes HIV/Aids, visto que estes necessitam de uma atenção redobrada pois o corpo destes está totalmente agredido tanto interna como externamente.

"Os profissionais de enfermagem devem saber que o fundamental da prática é o de estar em permanente vigília para que o sujeito do cuidado não sofra RISCOS ou DANOS decorrentes de uma prática que não é cientifica, não é estética, que não considera o cliente como um sujeito que age e reage; que é cidadão, político, histórico e desejante" (Santos apud FIGUEIREDO, 2001, p.211).

Dentro desse contexto, é importante que sempre haja uma troca, uma interação com o cliente que possibilite uma comunicação recíproca entre a equipe e os clientes, de modo a proporcionar uma melhor qualidade no seu tratamento.

Todavia observou-se que não houve o estabelecimento de uma comunicação verbal, baseada nas técnicas citadas, sendo visualizados somente alguns aspectos: verbalizar interesse, fazer perguntas e frases descritivas. Assim a comunicação verbal entre a equipe de enfermagem e os clientes HIV/Aids não foi efetiva.

 

IV – Considerações finais

O escrever e analisar a comunicação permite identificar não só seus moldes mas seu caráter imprescindível/fundamental à natureza do ser humano. Berlo apud Mendes (1994 p.17) afirma que: "a comunicação é a base da ação recíproca entre o homem e o homem..."

Sendo a enfermagem definida como um processo interpessoal, esta utiliza a comunicação como um meio para alcançar suas metas no processo interativo e assim atingir o propósito da enfermagem que é o saber cuidar. E para Boff (1999, p.34) o cuidado pode ser traduzido como: "um fenômeno que é a base possibilitadora da existência humana enquanto humana".

Entretanto, durante este estudo, percebemos que a comunicação verbal, dentro das técnicas já mencionadas, não se desenvolveu significantemente, portanto a equipe de enfermagem não concedeu a devida importância a comunicação que transcende o simples ato de enviar e receber uma mensagem.

Nesse sentido, é necessário que haja maior conscientização e reconhecimento por parte desses profissionais, da importância da comunicação nas relações interpessoais e na utilização da mesma como instrumento indispensável para atender a necessidades humanas básicas dos clientes.

Desta forma, ressaltamos, que para cuidar é necessário, acima de tudo, competência profissional e emocional.

 

Referências bibliográficas

BOFF,L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. 6.ed.Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999.

CIANCIARULLO,T.I. Instrumentos básicos para o cuidar: um desafio para a qualidade da assistência. São Paulo: Editora Atheneu, 1996.

MENDES, I.A.C. Enfoque humanístico à comunicação em Enfermagem. São Paulo: Savier, 1994.

MINAYO, M.C. de S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 15. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

PARKER, R. Política, instituições e AIDS: enfretando a epidemia no Brasil. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed: ABIA, 1997.

STEFANELLI, M.C. Comunicação com paciente teoria e ensino. São Paulo: Editorial Robe, 1993.

______________ Ensino de técnicas de comunicação terapêutica no programa de graduação em enfermagem. In: I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO EM ENFERMAGEM, 1988, Ribeirão Preto, Anais...Ribeirão Preto: USP/EERP, 1988, p.109-130.

SANTOS, I. dos et al. Cuidados fundamentais para o corpo que recebe medicamentos: ampliando o discurso sobre a prática de enfermagem saber sentir e saber cuidar. IN: FIGUEIREDO, N..M.A. de. Administração de medicamentos. São Paulo: Difusão Paulista de Enfermagem, 2001.

TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa para educação: O positivismo, a fenomenologia, o marxismo. São Paulo: Atlas, 1995.