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An. Col. franco-brasileiro sobre a clínica com bebês Ene. 2005

 

Resistências à psicanálise do bebê: contribuição da psicologia do desenvolvimento

 

 

M.C. Fourment-Aptekman

 

 


RESUMO

Neste trabalho discute-se como certas formulações teóricas sobre o desenvolvimento psíquico, com ênfase nas vertentes cognitiva ou comportamental, podem ser revistas a partir da Psicanálise.
Cruzando dados de pesquisas recentes nesta área, bem como seus postulados teóricos, com os postulados psicanalíticos, pode-se relançar questões tais como : O que é o pensamento no bebê ?; Qual é o papel das relações precoces no desenvolveimento psíquico ?; etc.
Evitando o isolamento típico entre as abordagens teóricas aposta-se aqui no diálogo entre elas como um caminho mais produtivo.


 

 

Após um longo percurso em psicologia do desenvolvimento, eu gostaria de expor aqui alguns pontos que marcaram para mim as insuficiências, até mesmo a impossibilidade, de falar do desenvolvimento da criança quando apenas a vertente cognitiva é levada em conta . Isto é especialmente verdadeiro para o bebê.

A abordagem psicanalítica do bebê supõe que se tenha uma certa concepção deste, relativamente à sua sensibilidade– ou não – ao outro, ao meio ambiente, sua capacidade de perceber o mundo, de pensar, de ter alucinações …

Primeiroa a psicologia genética, depois a do desenvolvimento, tornaram incompatível seu ponto de vista com a psicanálise dos bebês. Se os pontos de vista são um pouco menos discutidos hoje na medida em que a psicologia do desenvolvimento concede maior importância ao outro materno e em que alguns psicanalistas utilizam os dados da psicologia cognitiva , ainda assim as questões de fundo, teóricas e epistemológicas, persistem e pedem para ser explicadas

Evocarei primeiro rapidamente a abordagem piagetiana dos anos 1924-1945, em relação com alguns textos de Freud, l'Esquisse ( O Esboço ) principalmente. Depois abordarei os trabalhos atuais sobre a psicologia do desenvolvimento e seu renascimento na França, marcado pela aparição quase espontânea de duas obras de síntese : uma de J. Vauclaire e outra sob a direção de Roger Lécuyer.

O assunto é muito vasto e eu me limitarei às relações precoces e à questão da representação.

 

1- Piaget e Freud

As duas obras prínceps de Piaget sobre o bebê( La naissance de l'intelligence chez l'enfant, et La construction du réel chez l'enfant: O nascimento da inteligência na criança, e A construção do real na criança) marcaram o princípio do interesse pela inteligência do bebê em psicologia genética. O interesse de Piaget não estava voltado para os bebês em si mesmos, embora ele tenha estudado seus próprios filhos , mas seu interesse era epistêmico, visando a captar a inteligência do adulto em sua formação, desde seu início.

O « caso » Piaget é relativamente simples na medida em que ele conhece psicanálise e se encarrega ele próprio, num diálogo permanente com Freud, pai e filha, M. Klein e alguns psiquiatras (Bleuler, Bülher), de marcar suas diferenças.

Se Winnicott afirma, com razão, que um bebê sozinho, isso não existe, para Piaget não é assim: a leitura de NI e CR nos mostra um bebê sozinho, que consegue resolver problemas cada vez mais complexos, mas que, paradoxalmente, não tem nenhuma representação mental, nem pensamento, antes da idade de 2 anos. Pode-se observar também que esse bebê se caracteriza pelo egocentrismo, modo neutro de designar alternativamente o narcisismo e o auto-erotismo. É esta visão do bebê que se impunha até os anos 70-80 na França. Havia então um fosso teórico intransponível entre psicologia genética e psicanálise, com respeito à questão do outro, à sexualidade infantil e sua importância na emergência do pensamento. No « Esquisse », Freud nos mostra que o Nebenmensch, esse outro benéfico e fonte da experiência de satisfação, representa também um enigma para o bebê, pois este outro é um objeto dividido, é o que dá – ou não – a satisfação, bom e mau objeto, dirá mais tarde M. Klein, e cuja presença/ausência é uma fonte de pensamento ligada à espera da satisfação.É o que diz Winnicott1 ao mostrar que à medida que o bebê compreende as situações, a mãe desenvolve uma aptidão crescente a não satisfazer em sua adaptação as necessidades do bebê (p. 200). Winnicott diz ainda2 que O pensamento é, originalmente, uma maneira pessoal que o nenen tem de enfrentar a falta progressiva de adaptação da mãe. Ao contrário do que afirma Piaget, o mundo do bebê não é somente povoado de objetos (físicos) ; não se compreende muito bem como estes poderiam estar por si mesmos na base da inteligência, uma vez que os objetos físicos estão ali, não faltam, mas ele é inicialmente povoado de um Outro, cujas falhas permitirão à criança exercer sua vontade de saber o que provoca essas falhas. Se essas falhas são demasiado importantes, ou se elas não são suficientemente progressivas, elas provocam um « excesso » de pensamento. Segundo Winnicott, « a inteligência oculta uma certa privação », que se pode traduzir também por ausência. Pensar, para o bebê, seria um substituto materno ou uma baby-sitter (p. 199).

Em que idade desponta esse pensamento? Seria certamente inútil iniciar um debate sobre este tema. Mas surge uma outra questão, esta emergência do pensamento estaria ligada à capacidade de se representar as coisas que Piaget situa entre 18 meses e 2 anos?

No campo da psicanálise, pode-se diferenciar essa emergência do pensamento daquela do fantasma, ou daquela da alucinação? No que se refere à diferença pensamento/fantasma, Freud (Os 2 princípios) expõe a hipótese de que « uma forma da atividade de pensar se acha separada por clivagem : ela fica independente do princípio de realidade e sujeita ao princípio de prazer », o que produziria o fantasma. É o que retoma Winnicott ao indicar que talvez se trate de duas funções se desenvolvendo paralelamente, mas que a primeira(o pensamento) estaria a serviço de um eu precoce. Alguns nenens, diz ele, « se especializam na ação de pensar » (p.199), que está ligada às palavras, enquanto outros se especializam nas experiências sensoriais e perceptivas (visão, audição), e criam experiências alucinatórias que também teriam uma função de substituto materno (alucinação do seio).  Fantasma e pensamento seguiriam assim dois caminhos paralelos, com pesos relativos diferentes conforme os bebês. Mas a questão da alucinação continua existindo : seria ela a produção de bebês que não pensam ? Falta ainda desenvolver estas questões, e algumas, referentes ao pensamento, encontram eco nas pesquisas atuais sobre psicologia do desenvolvimento.

 

2- As pesquisas atuais sobre psicologia do desenvolvimento e seus encontros (fortuitos ?) com a psicanálise.

Em psicologia do desenvolvimento, operou-se uma reviravolta nos anos 70 com a « descoberta » da habituação que vai revolucionar, nos cognitivistas, a maneira de pensar o bebê. A hipótese central consiste em afirmar que o bebê é atraído pela novidade, e que, se um bebê se habitua a um estímulo, sua vigilância vai diminuir, mas que, se lhe é apresentado um outro estímulo como novo, seu nível de vigilância vai subir. Os índices retidos são principalmente a sucção e o aumento do rítmo cardíaco. Este método tão sedutor permitiu mostrar que os bebês, mesmo pequenininhos, tinham uma percepção muito mais sensível de seu meio ambiente que aquela que se admitia até então. Mas a interpretação dos resultados é freqüentemente muito difícil: em determinadas circunstâncias, os bebês se ligam ao que já é conhecido, e em outras, se interessam pelo que é novo.

Os pesquisadores atuais (Bower, Lécuyer, Stréri, Pêcheux, Baillargeon entre outros) se debruçaram sobre a questão da representação mental pelo viés da memória empregada em numerosas pesquisas utilizando o paradigma da habituação. Se esta representação mental é evidenciada de maneira precoce, isto significa que os bebês pensam, proposta que parecia provocante, até mesmo escandalosa, há menos de 10 anos (Cf. n° de Sciences et Vie : « Les bebês pensent-ils ? », 1996 ou 1997) ( Ciências e Vida : Será que os bebês pensam?).

Nesta perspectiva , Bower retomou os estudos de Piaget sobre a permanência do objeto que haviam permitido a este último afirmar que a representação mental não intervinha antes de 18 meses-2 anos, na medida em que, antes dessa idade, uma criança não é capaz de encontrar um objeto que seguiu um trajeto invisível, isto é, quando o objeto foi deslocado após ter sido colocado em uma caixa.

Utilizando a habituação, Brower mostra um objetivo numa tela a nenens de 8 semanas. Depois, uma cortina passa sobre a tela de alto abaixo e encobre momentaneamente o objetivo. Em seguida, duas situações são possíveis: após a passagem da cortina , o objetivo continua ali, ou então ele desapareceu. Em termo piagetianos, e considerando - se a idade das crinças, espera - se que elas suepreendam com a aparição deste objetivo. Mas é o contrário que acontece: os bebês ficam surpresos se o objetivo não estiver mais ali, e não manifestam nenhuma surpresa se ele continuar ali. Em outra experiência em que a cortina é fixa e o objetivo fica em movimento uma figura que passa atrás de uma parede) os bebês de 8 semanas olham imediatamente para o outro lado da cortina esperando manifestamente ver reaparecer o que provisoriamente escondido. Nessa idade, pode - se fazer sobressair um outro objeto móvel sem que isto pertube os bebês. Com 5 meses, em compensação, os bebês manifestam surpresa se o que reaparece não é a mesma coisa que aquilo que desapareceu. Seu olhar se dirige então de novo para o lugar em que o objeto móvel desapareceu, fazendo o que parece ser um atentativa de verificação.

O que nos mostra esta pesquisa e muitas outras, é que a permanência do objeto começa bem antes dos 18 meses, e que a memória visual que está necessariamente ligada à representação já é relativamente constituída aos 5 meses, o que nos permite afirmar que nesta idade, os bebês pensam.

Com uma intuição clínica, Winnicott (1965) supunha que tudo o que era registrado pelo bebê era catalogado, categorizado, comparado (p. 197) Ele sugeria técnicas como a eletromiografia para demonstrá-lo. Na verdade, foram as técnicas da habituação que se encarregaram disso, mostrando que o bebê é capaz desde dois meses de diferenciar as formas e as cores, que eles são capazes, um pouco mais tarde, também de classificar em duas categorias retratos de homens e de mulheres, de encontrar uma matriz idêntica em figuras complexas etc. Acrescentemos que algumas horas depois do nascimento, e até antes, ele é capaz de diferenciar os sons da linguagem dos ruídos. Além disso, os cognitivistas atuais (J. Mehler, J. Bertoncini e T. Nazzi) reservam um lugar importante para a prosódia na inicialização do tratamento da palavra, como o faz atualmente M.C. Laznik.

Estes pontos manifestam uma certa comunidade de vista entre cognitivistas e psicanalistas : os bebês pensariam muito cedo, eles perceberiam desde o nascimento a palavra humana cuja prosódia teria um efeito determinante, e seriam capazes muito precocemente de organizar o mundo que eles percebem por categorizações e comparações que se aperfeiçoam com a idade.

No entanto parece que existe um certo número de divergências que não são necessariamente citadas. Primeiro, do ponto de vista da psicologia cognitiva, é preciso distinguir duas modalidades da memória : o reconhecimento e a lembrança. A primeira necessita uma capacidade de representação muito mais fraca que a segunda: reconhecer um rosto quando ele está presente não representa as mesmas capacidades que o descrever quando ele está ausente. As experiências de habituação usam mais freqüentemente o reconhecimento, não a lembrança. Mas nem o reconhecimento nem a lembrança estão ligadas ao afeto, e a rejeição não é uma categoria pertinente. Pela lógica, deveríamos então nos lembrar de nossos primeiros meses e de nossos primeiros anos. Se, como todos sabem, não é o caso, de quem é a culpa?

De uma sobrecarga mnemônica quantitativa ? De uma triagem seletiva, mas em que bases? Parece que tais questões só podem ser elucidadas quando consideramos as noções de rejeição primária e secundária que nos tiram para sempre, mesmo após um longo tratamento, a possibilidade de reencontrar a lembrança consciente desses primeiros meses e desses primeiros anos, o que a psicologia cognitiva não parece em condições de resolver.

 

3- Relações precoces, apego, individuação, ou alienação?

Nos anos 90, não era raro encontrar o termo mãe definido, nos cognitivistas do desenvolvimento, como « estímulo complexo ». Depois – seria graças à psicanálise ?- o discurso evoluiu, e não se fala mais da mãe como estímulo ao qual o bebê responderia, mas em termos de interações precoces, que conservam o vestígio do sistema behaviorista Estímulo -Resposta (cf. a experiência « still face ». No entanto deve-se notar em psicologia, este capítulo é evocado regularmente no quadro da psicopatologia, ou em caso de carência, do mesmo modo que a sexualidade infantil, para Piaget, colocava a criança às margens da psicopatologia.

Sem pensar sempre nisso, trata-se aí das duas maiores contribuições da psicanálise no estudo da psicogênese: a criança só pode crescer se está numa relação na qual a sexualidade infantil ocupa um lugar central. Tal posição representa a imensa vantagem, no plano clínico, de poder antecipar e integrar a psicopatologia, o que a psicologia genética de Piaget e Wallon impede de fazer.

Em psicologia cognitiva, quando se trata de evocar o desenvolvimento afetivo do nenen, que é considerado um « primata » embora ocupe um pequeno lugar3, a referência teórica maior é a do apego de Bowlby, resultante da teoria sistêmica que é aparentemente dominante neste campo. Ela é seguida por aquela do  « apoio » de Bruner que retoma um termo utilizado entre outros por Spitz, mas inscrevendo-o no campo das aprendizagens e das resoluções de problemas no qual os pais intervêm para orientar a criança e lhe facilitar a tarefa.

A teoria do apego repousa sobre considerações estritamente comportamentais: o apego de dá quando há proximidade física, sensibilidade dos pais aos sinais emitidos pelo filho, resposta adequada a esses sinais, e finalmente, previsibilidade do comportamento da mãe (ou do pai); não parece explicar relações precoces do e com o bebê. Trata - se se um modelo do qual a parte fantasmática está ausente, e que portanto não parece adequada. Isto é ilustrado por um etólogo, D. Fresneau ( Paris13 ), que nos mostra com numerosos exemplos, que, no reino animal, o incesto é generalizado. Por que? Porque a ruptura do vínculo entre amãe eo filho se faz precocemente, no desmame para a maioria dos mamíferos, e depois a progenitura não é reconhecida como tal. que persiste são características comuns ( genéticas e hormonais ) que os menbros de uma mesma família vão detectar para se reaproximar e procriar. A familiaridade dos indivíduos de um mesmo grupo os leva portanto a se reproduzir entre eles.

A teoria do apego não supõe nenhum fenômeno inconsciente, nem, mais tarde, nenhuma interdição sexual relativamente à mãe ou aos irmãos. Ela produz uma concepção do desenvolvimento em termos de segurança e autonomia: quanto mais o jovem se sente em segurança, tanto mais sua energia poderá se pôr a serviço da descoberta do meio ambiente que exige um distanciamento físico da mãe, e sua autonomia será importante. Esta teoria, muito aceita em psicologia do desenvolvimento, foi retomada por Ainsworth (1978), que fornece uma tipologia das díadas mãe-filho em função da qualidade do apego: segura, ansioso e ambivalene. Observemos que qualquer mãe normalmente neurotizada pertence às duas categorias.

Tais pesquisas terminaram na corrente atual, que tende a ocupar um lugar cada vez maior na psicopatologia da criança, centrado sobre as noções de « resiliência » e de vulnerabilidade, que são diretamente correlacionados ao tipo de apego: um attachement do tipo « seguro » permite a resiliência, enquanto que o apego ansioso ou ambivalente conduz à vulnerabilidade. A causalidade surge assim linear entre tipo de apego e resiliência/ vulnerabilidade. Escalas de medida da vulnerabilidade estão em vias de contrução e têm por objeto fatores exteriores ao próprio sujeito e estritamente comportamentais, que não nos informam nada sobre os processos intrapsíquicos que fazem com que uma criança seja resiliente ou vulnerável. Estamos longe da sobredeterminação freudiana que nos ensina a prudência, indicando - nos que a fragilidade psíquica nunca pode vir de um aúnica causa. Mas compreende - se o sucesso e o perigo de uma tal « teoria »: ela é simples, permite uma referência fácil graças aos critérios comportamentais, e permitiria (???) uma boa preditividade dos sujeitos vulneráveis. Para fazer o quê? Talvez isto pudesse nos tranquilizar, mas não nos ajuda em nada a compreender porque, em percursos idênticos, alguns conseguem se livrar, outros, não ( cf. a Shoah ). Mas sua simplicidade, naturalmente substituída pela mídia, faz dela uma perigosa máquina contra a psicanálise , e particularmente a dos bebês.

 

4- O Nebenmensch e o grande Outro

O que precede não é satisfatório, não tem complexidade nem sutilidade : faltam-lhe realmente muitos elementos: a clivagem da mãe, sua ambivalência, especialmente na dimensão do ódio, a clivagem do bebê, a organização das instâncias psíquicas, a questão da carência ou antes, uma lógica da falta sem a qual o desenvolvimento psíquico do bebê continua obscuro. O apego e seus avatares são marcados pelo selo de um realismo extremamente redutor.

Na teoria freudiana, a questão do objeto (no sentido psicanalítico) é equívoco entre presência e ausência no início da vida, uma vez que, de um lado a sexualidade é autoerótica, e do outro, a satisfação só pode vir de um outro, o « Nebenmensch ». O grito da criança, em Freud não parece, inicialmente ,dirigir-se a um Outro, mas é captado por um outro que vai trazer satisfação, depois trazê-la ou não. A vida psíquica é assim muito cedo marcada pela perda e pela busca do objeto perdido, num completamente outro sentido do evocado por Piaget, mas não se pode impedir de pensar que tal busca espontânea do objeto oculto no bebê está ligada à busca do objeto perdido.

Se Freud é o criador da hipótese da indistinção fusional mãe filho no início da vida, Lacan a retoma dando-lhe uma outra dimensão: esta indistinção não é um vínculo dual de tipo simbiótico, mas obedeceria mais a uma lógica da falta. Segundo Lacan, para o bebê, alguma coisa falta, há um lugar vazio, e a criança preenche este vazio identificando-se imaginariamente com o objeto que se supõe faltar à mãe, isto é, o falo.

O que implica que a relação mãe-filho fica de repente triangular, uma vez que o filho coloca o falo como objeto do desejo materno com o qual ele precisa identificar-se a fim de encontrar seu lugar no desejo materno, lugar donde ele será expulso quando ele descobrir o interesse que a mãe tem pelo pai.

Gostaria de terminar sublinhando a importância, na clínica do bebê, do filho falo, e desta triangulação bem anterior ao édipo. Em uma pequena obra dirigida por Claude BOUKOBZA, que retraça a aventura da unidade mãe-filho no hospital de Saint-Denis, esta triangulação primordial é intensamente considerada, e a instituição desempenha as funções de 3º polo, possibilitando essa triangulação. A questão é, que na teoria lacaniana, se a relação é triangular, é que o filho coloca o falo como objeto do desejo materno. De que modo a instituição como tal pode tomar o lugar do falo, objeto do desejo da mãe ? Supõe-se que a instituição é uma terceira pessoa , mas como ? na medida em que, além disso,ela está freqüentemente do lado materno?

De qualquer forma, é sem dúvida a abordagem mais rica de promessas para enfocar a psicopatologia do bebê.

 

 

1 Winnicott D.W. (1965) La penseé chez l' enfant: un autre élairage, in La crainte l' effondrement et autres situations cliniques ( O pensamento na criança: uma outra abordagem, in La crainte de l' effondrement e autres situations cliniques, Paris, Gallimard, 2000, p.195 - 202.
2 Ibid. p. 83.
3 Pêcheux M.G. ( 2004) Une approche socio - constructiviste du développment cognitif du nourrisson,in: R. Lécuyer Le développment du nourrisson, Paris, Dunod.