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An. 1 Simp. Internacional do Adolescente May. 2005

 

Ambiente escolar e escuta psicanalítica de adolescentes

 

 

Barreto, Cristiane Palmeira de OliveiraI; Barros, Izabella Paiva Monteiro de BarrosII

IPsicóloga. Mestranda em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP. Especialista em Psicanálise pelo Laboratório Sujeito e Corpo do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP. Membro-Filiado do Laboratório Sujeito e Corpo do IPUSP
IIPsicóloga. Doutoranda em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo. Mestre em Psicologia Clínica pela USP. Especialista em Psicanálise pelo Laboratório Sujeito e Corpo do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP. Docente na Faculdade de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

 

O presente trabalho visa refletir acerca do possível alcance da psicanálise aplicada ao contexto escolar com adolescentes.

A idéia de discorrer sobre essa temática se dá a partir de uma reflexão compartilhada pelas autoras sobre a qual se faz necessária que a atuação em psicanálise possa ser ampliada para além dos limites do trabalho clínico em consultório. Constatamos em nossas práticas nas instituições que a psicanálise pode se fazer presente em qualquer lugar desde que seja privilegiada uma escuta diferenciada aos diversos discursos.

Nesse sentido, a proposta apresentada nesse momento se faz a partir de um recorte da prática exercida pelas autoras em vinte escolas públicas de um município do interior de São Paulo num Projeto da Secretaria Municipal da Educação intitulado "Escola e Família".

Vale colocar, somente a título de informação, que o respectivo projeto iniciou suas atividades no ano de 2001, objetivando a criação de um espaço vivencial para os pais, visando oferecer escuta, orientação e possibilidade de discussão e reflexão sobre aspectos da relação estabelecida entre pais e filhos e família e escola. Isso dentro de um referencial psicanalítico.

O trabalho realizado desde então vem se revelando muito produtivo, segundo verbalização dos próprios pais que participam dos encontros.

Levando em conta esse contexto, no início de 2004 nos foi dirigida uma solicitação pela instituição referida para um trabalho com adolescentes.

Nesse sentido, com o intuito de manter a especificidade do campo de atuação, sem abrir mão da marca da psicanálise, houve a elaboração de uma proposta de trabalho privilegiando as três escansões que, para Lacan, constituem um modelo da situação psicanalítica: o instante de olhar, o tempo para compreender e o momento de concluir.

Para tanto nos valemos da mesma organização dispensada aos grupos de pais, ou seja, a disponibilização por parte do estabelecimento escolar de um espaço reservado para que pudéssemos atuar em conformidade com os princípios éticos da profissão no que diz respeito ao sigilo.

Dessa forma nos foi possível começar a levantar a demanda dos próprios jovens, constatar o que eles poderiam vir a nos dirigir, fazê-los falar, já que a nossa proposta de escuta desses jovens se deu a partir de uma idéia de que eles fossem convidados para participar de um encontro com as psicólogas da Secretaria da Educação. Cabe colocar que o interesse de participação nas escolas em que o convite se deu dessa forma foi surpreendente, ultrapassando o número pensado para o trabalho em grupo. Com isso, detectamos, a priori, a necessidade de escuta desses sujeitos. Porém, nos estabelecimentos de ensino em que os jovens não foram convidados e sim convocados houve um outro tipo de chegada, nesse caso os adolescentes entenderam que teriam de participar dos encontros, pois eram os problemáticos da escola. Esse modo de chegar já foi um diferencial para cada grupo de trabalho, pois logo percebemos que, diferentemente dos grupos em que os jovens foram convidados e estavam mais à vontade para estabelecer um vínculo com as psicólogas, no grupo convocado as defesas estavam mais à superfície e tivemos de lidar com esse fenômeno.

Para a realização de nosso trabalho nós nos dirigimos a seguinte questão: Quem é o sujeito adolescente?

Fomos em busca de referenciais teóricos psicanalíticos para respondermos nossa indagação. Observamos que, segundo Melman (2000) "O adolescente é um indivíduo que atingiu a maturidade e em quem essa maturidade não é reconhecida simbolicamente enquanto tal" (p.21).

Tal concepção aproxima-se ao que Calligaris (2000) define como um adolescente, alguém que durante o tempo da infância pôde assimilar valores compartilhados na sociedade em que vive, àquele que possui um corpo modificado em virtude da ação hormonal e que poderia lhe conferir um outro estatuto em virtude desse próprio desenvolvimento e a capacitação para exercer as atividades socialmente esperadas e quem a sociedade impõe, justamente nesse momento, uma moratória.

Dolto (2004) marca também que "a passagem para a idade adulta se traduz, pois, hoje, da maneira mais concreta em termos de independência econômica" (p.26). Dessa forma é que ela traz que a adolescência é o purgatório da juventude e o segundo nascimento. Nomeia esse período como uma "fase de mutação...mudança sobre a qual ele nada pode dizer..." (p. 14).

Situamos a adolescência como um período de modificações corporais e psíquicas, as quais encontram-se imbricadas num processo de constituição do sujeito que é re-construído na adolescência. Re-construído porque a construção se deu na infância a partir do reconhecimento do eu que se dá nesse período inicial a partir do olhar do outro, que é ao mesmo tempo um outro identificatório e um Outro primordial, o qual fornece um lugar e o referencial para que o eu possa advir.

Andrade (1994) traz a existência de um movimento metonímico, um movimento de busca relativo ao registro real e que esse circuito de repetições forma a subjetividade.

Esse movimento ocorre com o processo de identificação e faz pensar que a criança pode se constituir como sujeito tendo em vista esse movimento pulsional que busca esse lugar, que insiste em ter o olhar do outro e se constituir como sujeito, aonde quer que este olhar esteja.

Dessa maneira é que o eu vai se constituindo, num processo que vai partir de um estado em que não há distinção entre o eu e o outro até o reconhecimento do eu. Freud (1914) fala sobre o investimento narcísico parental como constituinte do ego ideal.

A representação que a criança tem para os pais é que vai marcar o eu identificado com o ideal. O bebê é o ideal dos pais e vai se constituir a partir dessa representação. O que vai ocorrer é que esse ideal será perturbado pela crise edípica. Lacan (1953-1954) traz que inicialmente há um narcisismo relacionado com a imagem corporal, sendo que essa imagem é que faz a unidade do sujeito.

A partir da entrada e da intervenção do terceiro na relação é produzida uma ferida narcísica. O eu não é mais o ideal. Não é mais o ideal dele mesmo e só poderá chegar a sê-lo novamente num futuro posterior, mediante o cumprimento das exigências do ideal.

Na adolescência, em vista da retirada desse olhar, o qual Calligaris (2000) denomina de olhar apaixonado da infância, pelas questões próprias dos pais e seu mundo adulto, há a necessidade de um novo reconhecimento de si, que é possibilitado a partir do laço realizado na amizade, no grupo. Daí a busca de um engajamento num grupo de amigos que compartilham de estilos próprios, esses determinados em um contexto sócio-histórico-cultural.

Importante destacar ainda que o processo identificatório, até a infância subvertido a ordem parental e questionado no momento da adolescência, buscando ressignificação e renovação no modelo grupal, é trazido para prática do trabalho onde optamos por essa forma. Ou seja, se nesse momento o adolescente se sabe a partir de uma opinião grupal, do modo de ser do grupo, optamos por escutá-los em grupo.

E assim, modificando o paradigma institucional, foram promovidas reuniões grupais sem pauta fechada, oferecendo escuta diferenciada ao discurso proposto por eles.

Dessa maneira, procuramos colocar os adolescentes como protagonistas de um repertório próprio, oferecendo a intermedição necessária para situá-los de suas próprias idéias e reflexões que pudessem, à posteriori, possibilitar efeitos subjetivos.

Uma das primeiras idéias foi conhecê-los. A partir daí realizamos a proposta de que colocassem sua noção de adolescência. Viabilizamos a eles material gráfico. Outra proposta dirigiu-se para que colocassem as questões que os instigam nesse período, respeitando a regra fundamental da psicanálise, ou seja, associação livre sem censura. Ao recebermos o material produzido por eles observamos o destaque em todos os grupos das categorias sexo, drogas, transgressões, família e desafios. Apontamos que, na categoria desafios encontram-se questões bem peculiares, referentes ao próprio enigma do ser adolescente. Dentre essas destacamos que os próprios adolescentes questionavam o que é a adolescência, como é ser adolescente, quando a adolescência se inicia e quando ela termina, qual a importância da adolescência.

Em outro encontro nos utilizamos do filme "O Bicho de Sete Cabeças" de Laís Bodansky (2000). O filme conta a história de um relacionamento difícil entre um adolescente e sua família. Vulnerável aos saberes marginais o jovem se envolve em condutas de risco desafiadoras da ordem simbólica, fumando maconha, pichando muros, discutindo com os pais, andando de skate pelas ruas de uma cidade grande. Tais condutas levam a uma conseqüência que é desastrosa para o próprio jovem, sua internação em um hospital psiquiátrico pelo pai. A exibição da película para os grupos proporcionou uma reflexão muito produtiva a respeito de vários aspectos destacados, o relacionamento familiar, o uso de drogas, o comportamento adolescente, as amizades, o sexo na adolescência e, inclusive, o que é a loucura e qual é o trabalho do psicólogo e do psiquiatra.

Tais reflexões e o levantamento das questões nos fizeram pensar sobre as dificuldades vivenciadas atualmente por esses jovens, inclusive em relação ao próprio período normativo.

Dolto (2004) coloca que a sociedade moderna suprimiu os ritos de passagem. Assim sendo, não existem mais iniciação nem aprendizagem possível através desses ritos que ajudavam os jovens a se libertarem de seus sentimentos de culpa. A autora ainda destaca que, não sendo ajudados a transpor esse percurso entre infância e idade adulta, "eles mesmos devem se dar esse direito de passagem"(p. 20).

Entendemos que, diante de um hiato que é determinado para esse período entre a infância e a idade adulta, com o qual os jovens tem que se haver, os próprios adolescentes estipularam certos ritos de passagem necessários que, em concomitância às questões existenciais possam dar suporte a essa transição.

Consideramos que as vivências compartilhadas em grupo fazem parte desses ritos constituídos pela geração atual para experimentar a adolescência e, posteriormente sair dela, mesmo que tais ritos não sejam aceitos publicamente e não garantam por si a entrada no mundo adulto. Citando novamente Dolto (2004) apontamos que a autora menciona que o adolescente é atraído por pequenos grupos de jovens e que é dessa forma que "vai entrar em sua adolescência saindo da família e se misturando a grupos constituídos que para ele terão momentaneamente um papel de sustentáculo extrafamiliar" (p.23). Esses são os modelos de troca, do grupo familiar para o grupo de amigos.

Percebemos que, na modernidade os caminhos valorizados ao mundo adulto referem-se ao ter. Ter responsabilidades, ter dinheiro, ter sucesso, ter o corpo bonito e malhado. Nesse sentido nos afirmamos com Calligaris (2000) quando ele aponta que nos dias atuais é necessário ser desejável e invejável para se obter o reconhecimento social.

Da mesma maneira, Melman (2000) destaca que a mensagem social transmitida ao adolescente é de que a necessidade econômica encontra-se em primazia sobre a necessidade sexual, ou seja, nesse sentido houve uma mudança da promessa da infância, o que vai ter conseqüências para o adolescente. Quando esse sujeito atinge esse lócus a sociedade lhe dá um prazo para que, quando se tornar um agente econômico haja o reconhecimento enquanto homem ou mulher.

Em nossa observação e a partir do material produzido pelo discurso adolescente nos encontros foi percebido que a maioria deles estava vivendo em sérias dificuldades em relação a essas exigências, as quais tomam parte do corpo social e que remetem o sujeito a um mal-estar. Além disso, notamos alterações no estabelecimento do laço social, sendo esse contato marcado por uma espécie de destituição recíproca de lugares: para o adolescente a família e a escola não prestam e para a família e a escola os problemas estão no adolescente e na adolescência.

Dessa forma, o adolescente busca socorro em suas relações com seus semelhantes para sustentar seu eu, afirma Melman (2000). Já que não tem mais como participar da realidade ele se mantém à margem fazendo esforços para recalcar sua sexualidade.

Tentando compreender a maneira de ser desses jovens, percebeu-se que muitas vezes o aparente desajuste apresentado em seus atos rebeldes, em suas reivindicações, em suas transgressões às normas estabelecidas, em seus desafios aos adultos traz em sua verdade determinante um caráter de apelo e protesto que verificamos surgir aos poucos no conteúdo das reuniões. E, na reflexão desses atos ditos delinqüentes, reflexão esta proposta pela mediação das psicólogas às questões suscitadas, os adolescentes atendidos vêm se dando conta de que tais atuações são uma forma de manifestar enquanto sujeitos, efeitos da impossibilidade da família e da escola, ou seja, da sociedade em si, lhe atribuírem outro lugar. Essa é a conduta de risco que Dolto (2004) aponta como necessária na passagem da adolescência à idade adulta. Instante de olhar.

O desafio vem sendo tornar manifesto o que há por trás do esteriótipo de "aborrescente": um sujeito tentando dar conta de suas questões e angústias, em virtude de uma moratória imposta socialmente e que faz com que esse sujeito sinta sua vida à deriva. Segundo Dolto (2004) durante essa fase de mutação da qual nada o adolescente pode dizer, "ele reproduz a mesma fragilidade do bebê ao nascer, extremamante sensível ao olhar de alguém e às palavras que lhe dizem respeito". (p.15). A autora destaca ainda que o comportamento dos adultos em relação aos adolescentes acentuam bastante as dificuldades desses jovens.

Quem eu sou? É a questão que se coloca e que encontramos invariavelmente no discurso dos adolescentes. Conforme destaca Tubert (2000), essa questão encontra-se em primeiro plano para o adolescente.

Nos atrevemos a hipotetizar que, mediante a retirada do olhar, da ausência de investimento narcísico parental e social ocorre o que nomeamos de "suspensão do ser".

Conforme aponta Calligaris (2000) os adolescentes lutam com isso que se convencionou chamar de adolescência, "uma criatura um pouco monstruosa, sustentada pela imaginação de todos, adolescentes e pais. Um mito, inventado no começo do século vinte, que vingou sobretudo depois da Segunda Guerra Mundial" (p.9). Mito esse que tem sido sustentado socialmente em nossa cultura, inclusive demonstrando uma ampliação do estatuto adolescente.

Estes são aspectos que a escuta oferecida tem deflagrado e que apontam para as vicissitudes do ser adolescente na contemporaneidade. Tempo para compreender.

Nesse sentido, consideramos que o olhar do psicólogo e a escuta analítica tem funcionado como uma espécie de função do espelho tardia, o que vem ao encontro da destacada re-construção, trabalho do adolescente, possibilitando embora em um setting não tradicional, o encontro do sujeito consigo mesmo o que, em alguns casos tem resultado em efeitos de produção de sentido e articulação de saber sobre si mesmos, o que espera-se que seja de longo alcance.

Cabe aqui uma observação a respeito da demanda institucional para esse trabalho. Compreendemos que, diante de uma promessa não cumprida pelos adultos em relação ao sujeito adolescente, ou seja, a promessa de que poderiam após a infância usufruir do gozo do mundo adulto, esses jovens geralmente apresentam uma relação com o saber transformada, já que aqueles em quem ele confiava se mostram incapazes em lidar com sua crise. Nesse sentido, a relação com a escola e com aqueles que encarnam o saber é inquieta e desafiadora.

Ainda lembrando do que nos traz Tubert (2000), ao final dessa etapa é esperado que o jovem tenha elaborado possíveis projetos e uma definição ao menos provisória de si mesmo. Nesse sentido aponta que "o autoconhecimento é um processo que o jovem deverá se propor, recortando-se das relações familiares a fim de chegar a ser sujeito de seus próprios desejos e de sua história singular" (p.30).

Já que nesse momento todos os julgamentos produzem efeito, conforme aponta Dolto (2004), coube a nós, enquanto psicanalistas, instrumentalizá-los para que pudessem re-descobrir o saber sobre si mesmos e para que pudessem construir possibilidades de escolhas e de um vir-à-ser. Momento de concluir.

Dessa forma, aposta-se que atuações não-convencionais, porém comprometidas com a ética da psicanálise, podem atingir repercussões, implicações e retificações subjetivas.

Para finalizar, destacamos uma colocação de Dolto (2004) que nos aponta para a validade de práticas profissionais comprometidas com o sujeito e seu desejo. "Se os adolescentes fossem encorajados pela sociedade a se exprimir, isto os sustentaria na sua difícil evolução". Podemos pensar que esse encorajamento pode estar ocorrendo bem aí, no trabalho do psicólogo inserido em uma prática diferenciada, com uma escuta peculiar. Não nos foi surpresa notar que, por trás da aparente malandragem adolescente havia uma demanda de ser.

 

REFERÊNCIAS

ANDRADE, M.L.A. Clínica e Teoria Psicanalítica do Sintoma Psicomotor. São Paulo, 1974. Tese de Doutorado – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

CALLIGARIS, C. A Adolescência. São Paulo, Publifolha, 2000.

DOLTO, F. A Causa dos Adolescentes. Trad. Orlando dos Reis. Aparecida, SP, Idéias e Letras, 2004.

FREUD, S. (1914) Sobre o Narcisismo: uma Introdução. In:Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Trad. sob a direção geral de Jayme Salomão. Rio de Janeiro, Imago, 1974, v.14, p. 85-119.

LACAN, J. (1953-1954) O Seminário – livro 1: Os Escritos Técnicos de Freud. Campo Freudiano no Brasil. Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller; Trad. Dulce Duque Estrada. Rio de Janeiro, Jorge Zahar , 1986.

MELMAN, C. O que é um adolescente?. In: Congresso Internacional de Psicanálise e suas Conexões – Tomo II (1999: Rio de Janeiro,RJ). Rio de Janeiro, Companhia de Freud, 2000.

TUBERT, S. O enigma da adolescência: enunciação e crise narcísica. In: Congresso Internacional de Psicanálise e suas Conexões – Tomo III (1999: Rio de Janeiro,RJ). Rio de Janeiro, Companhia de Freud, 2000.