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An. 1 Simp. Internacional do Adolescente May. 2005
As experiências dos adolescentes em situação de escolarização na escola pública da cidade de Curitiba-PR
Rosicler Goedert*
Universidade Federal do Paraná
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação - Área Temática Educação, Cultura e Tecnologia
RESUMO
O presente trabalho decorre da pesquisa "A cultura jovem e as relações da experiência de escolarização em Educação Física", com alunos(as) adolescentes dos primeiros anos do Ensino Médio. A investigação trata da compreensão da juventude enquanto categoria sócio-histórica e cultural, observando as práticas escolares dos adolescentes nas aulas de Educação Física, reconhecendo que ser adolescente e jovem não depende só da idade, como característica biológica e condição de corpo, mas de uma condição que se articula social e culturalmente. Os procedimentos metodológicos utilizados basearam-se nas análises do material empírico produzido nas turmas observadas, empregando como fonte de evidência a observação participante, a entrevista e a análise documental. Verificou-se de que maneira a escola, compreendida como espaço de experiência social, desenvolveu determinadas ações e põe em prática certas estratégias pedagógicas articuladas com a cultura juvenil, no caso, a forma como os professores em aula de Educação Física selecionaram um determinado elemento do conteúdo das aulas, que foram as atividades esportivas, especificamente o futebol. Constatou-se que a construção de determinadas condições escolares, para que a juventude vivencie a sua cultura pela via da prática esportiva, encontra guarida, de um lado, nas demandas da própria cultura juvenil; de outro, na receptividade que os docentes e a própria cultura da escola têm para com este fenômeno, caracterizado, na história da Educação Física, como um dos elementos forjadores das políticas para a juventude e também constitutivo do código disciplinar da Educação Física no Brasil. Concluiu-se, através dos depoimentos e entrevistas, pela configuração de determinadas práticas escolares no ensino de Educação Física, onde se observa uma identificação e não uma identidade entre os saberes escolares e a cultura juvenil, a qual é assumida como natural pelos sujeitos escolares produzindo determinadas práticas de Educação Física, cujos elementos simbólicos geram e movimentam a cultura da escola, reproduzindo certos mecanismos próprios da cultura política.
INTRODUÇÃO
A convivência com o universo da escola pública possibilitou-me a demarcação e a escolha de uma escola da Rede Estadual do Ensino Médio para a realização desta pesquisa, localizada na cidade de Curitiba/Paraná, e teve como denominação escola pública pesquisada.
Neste sentido, foi possível ocorrer uma interação entre observador/pesquisador e o conjunto de atores e sujeitos observados/pesquisados desta escola, o que criou a possibilidade de permanecer durante os anos de 2003 e 2004 recolhendo dados sobre as formas e manifestações da cultura juvenil neste contexto escolar.
Assim ao conviver no espaço escolar como pesquisadora fui descobrindo e percebendo a presença do "sujeito jovem"1 com suas expressões culturais na construção da disciplina escolar da Educação Física, objetivadas em determinados processos experienciais, cujos interlocutores necessitavam ser desvelados.
Em um primeiro plano de interlocução chamou atenção o contexto educacional brasileiro, onde a expectativa atual de crescimento do Ensino Médio é reforçada pelo fenômeno chamado onda de adolescentes2, presente em recentes estudos demográficos realizados pela Fundação SEADE,
O momento que vive a educação brasileira nunca foi tão propício para pensar a situação de nossa juventude numa perspectiva mais ampla do que o destino dual. A nação anseia para superar privilégios, entre eles os educacionais, a economia demanda recursos mais qualificados. Essa é uma oportunidade histórica para mobilizar recursos, inventividade e compromisso na criação de formas de organização institucional, curricular e pedagógica que superem o status de privilégio que o Ensino Médio ainda tem no Brasil para atender com qualidade, clientelas de origens, destinos sociais e aspirações muito diferenciadas (CEB/PARECER N.º 15/98, p.12-13).
Obviamente há interesses econômicos, sociais e culturais no campo da educação gerando práticas políticas para o termo "juventudes"3, que são opostas em seu interior e em relação à totalidade social. No entanto, valoriza-se o papel da escola para que esta assuma uma tarefa política de participar da construção histórica das próprias políticas públicas para a juventude, observando e se relacionando com o conjunto das culturas juvenis presentes na nossa sociedade.
Nesta direção, visualiza-se que um dos maiores desafios para o ensino de Educação Física é o de construir um ensino no qual a cultura jovem possa participar como elemento efetivo da cultura escolar, "como um tempo e um espaço de conhecer, de provar, de criar e recriar as práticas corporais produzidas pelos seres humanos ao longo de sua história cultural, como os jogos, as brincadeiras, os esportes, as danças, as formas de ginástica, as lutas" (VAGO, 1999, p.28).
As culturas juvenis, ao participarem na construção das práticas escolares da Educação Física poderão levar para o seu interior, valores, crenças, sentidos e significados que seriam incorporados por esta disciplina e também, segundo FORQUIN (1993), serão igualmente submetidos aos elementos constitutivos da cultura da escola em que se realizam, dentre os quais os rituais, regras, tempos, espaços, valores e, centralmente, os interesses e a história dos sujeitos.
DESENVOLVIMENTO
Para tratar dessas questões, a metodologia utilizada na pesquisa foi apontada pela natureza do objeto, o qual tomou como referência o "modo de investigação" do estudo de caso. Por "modo de investigação", são entendidas "as maneiras como os investigadores decidem considerar os sujeitos observados e a sua situação, o que é feito em função dos objetivos teóricos da sua investigação" (LESSARD-HÈBERT; GOYETTE; BOUTIN, 1990, p.166).
Na perspectiva destes autores, o estudo de caso se caracteriza por um modo de investigação de cunho qualitativo, e seu campo de investigação é "o menos construído, portanto o mais real; o menos limitado, portanto o mais aberto; o menos manipulável, portanto o menos controlado. Nesta posição, o investigador está pessoalmente implicado ao nível de um estudo aprofundado de casos particulares" (LESSARD-HÈBERT; GOYETTE; BOUTIN, 1990, p.169). Ainda, segundo os autores, o investigador deve procurar reunir um maior número possível de informações, recorrendo às técnicas variadas de busca de informações, como as observações, as entrevistas e a análise documental.
Nesta forma de estudo, entre as técnicas utilizadas, evidenciou-se a recolha dos dados na observação participante, onde o próprio investigador é o instrumento principal de observação. Diante disso, procurei transcender o aspecto descritivo da abordagem objetiva e tentei encontrar o sentido, a dinâmica e os processos dos atos e acontecimentos, envolvendo-me, progressivamente, nas atividades do local observado, na perspectiva da observação participante passiva, isto é, não como participante dos acontecimentos mas assistindo-os do exterior.
Os relatos descritos em "notas de campo" foram constituindo informações sobre este local – o campo escolar: as práticas escolares de Educação Física – no qual evoluem os atores, os sujeitos jovens escolares, bem como a nossa percepção da situação em que eles vivem, suas expectativas e suas necessidades.
Neste estudo de caso, o jovem escolar é um aluno que tem uma vida fora da escola, em casa, no trabalho e com os amigos. Segundo SACRISTÁN (2003) é justamente como um jovem que cresce e se desenvolve em todas as dimensões da vida que o escolar deve ser considerado, porque para este autor, quando nos referirmos ao aluno, à criança ou ao jovem, estamos mencionando as categorias construídas por idéias, práticas de diversos tipos e desejos que nos pertencem pessoalmente, mas, que refletem, também, as formas socialmente propagadas de pensar, hábitos generalizados de comportamentos e atitudes e valores de nosso tempo.
Neste sentido, o jovem não deve ser visto como uma figura abstrata, desvinculada do universo econômico e sociocultural em que se encontra. Ao contrário, a explicação do comportamento juvenil deve considerar o jovem como inserido na estrutura global. Isso implica não falar genericamente da juventude como um bloco homogêneo, mas sim como uma categoria heterogênea: estudantes e não-estudantes, trabalhadores e não-trabalhadores, homens e mulheres, moradores das grandes e das pequenas cidades (ou, ainda, da zona rural), o que significa, que as formas de viver a condição juvenil não variam apenas de sociedade para sociedade, mas também no interior de uma mesma formação social, ao longo do tempo, de grupo para grupo ou de classe para classe.
A partir dessas reflexões, comecei a visualizar que as práticas escolares da Educação Física, ao procurarem percorrer este "tempo real" dos jovens, ALENCAR (2003), encontram e reencontram as diversas manifestações da cultura juvenil. Porém, estas ainda permanecem obscuras no "tempo escolar". Isto significa que a instituição Escola, além das ações que visam redefinições de currículo e atividades pedagógicas, precisam procurar ações que levam à implementação de política para a juventudes as quais, conforme ALENCAR (2003) percorram, esse "tempo real" dos jovens na Educação Física Escolar.
É preciso ressaltar que a maior parte dos estudos voltados à temática do jovem destina-se a discutir sistemas e instituições presentes em suas vidas (notadamente as instituições escolares, ou a família, ou ainda os sistemas jurídicos e penais, no caso de adolescentes em situação de risco), ou mesmo "as estruturas sociais que conformam situações 'problemáticas' para os jovens, poucas delas enfocando o modo como os próprios jovens vivem e elaboram essas situações" (ABRAMO, 1997, p.25).
A programada instabilidade e a transitoriedade difundidas de forma característica entre os jovens da faixa etária de 15 a 25 anos estão inseparavelmente ligadas a um grande número de condições culturais constituídas pelos seguintes pressupostos:
Uma perda geral da fé nos discursos modernos do trabalho e da emancipação; o reconhecimento de que a indeterminação do futuro justifica lutar e viver das experiências imediatas: o reconhecimento de que estar sem lar como condição de aleatoriedade tem substituído a segurança, se não a falsa representação do lar como fonte de conforto e segurança; uma experiência do tempo e o espaço como comprimidos e fragmentários dentro de um mundo de imagens que cada vez mais corroem a dialética da autenticidade e do universalismo" (GIROUX, 1996, p.73).
Para os jovens, segundo GIROUX (1996), a pluralidade e a contingência difundidas pela mídia – como fraturas causadas pelo sistema econômico e o aumento dos novos movimentos sociais – ou pela crise de representação têm constituído um mundo com pouca segurança psicológica, econômica ou intelectual. Isto leva a acreditar que cada vez mais a juventude se apresenta como uma "questão" cultural e política.
É notório que as mudanças sociais das últimas décadas colocaram em voga a juventude. Os estudos de MORIN (1977) ao analisarem a cultura de massa do século XX, requisitam papel específico aos jovens. Para este autor, o recolhimento na esfera privada e o individualismo, conseqüentemente, produziram uma depreciação da experiência, uma desvalorização do conhecimento acumulado e da sabedoria dos mais velhos, forjando em contraponto uma valorização da juventude e dos atributos a ela vinculados. Os valores da juventude passaram a ser os mais desejados pelos indivíduos, projetando o tema sobre todas as faixas etárias.
A juventude deixou de ser um estágio da existência, definido e temporal para ser delimitado como categoria e entendido como um conjunto de atitudes. As atitudes, o comportamento e a postura jovem apresentam-se, então, como fronteira dessa categoria, arrastando para ela multidões de "mais velhos" e "mais jovens", ressalta MORIN (1977).
Por outro lado, os estudos de SOUZA (2003) reconhecem que no último quarto de século manifesta-se uma tendência entre os jovens europeus de protelar "cada uma das cinco passagens à vida adulta tradicionalmente apontadas na literatura: a conclusão dos estudos, a residência em novo local, o matrimônio, o ingresso no mercado de trabalho e o nascimento dos filhos" (SOUZA, 2003,p.46).
Pode-se visualizar, segundo os estudos de KEHL (1998) que, mais do que o alargamento da situação juvenil, sob a orientação dos meios de comunicação e do mercado de consumo, "no momento atual ocorre um processo de "juvenilização" ou de 'teenagização" da cultura ocidental: a juventude, associada a valores e estilos de vida, não propriamente a um grupo etário específico, tornou-se um modelo que todos querem adotar.
Em vista da debilidade de pertencimento a uma comunidade de valores e de sentimentos, características da cultura contemporânea, segundo SARLO (1997) o mercado, prometendo liberdade e anunciando novidade, dois símbolos juvenis, institui a própria juventude como a fonte primeira de todos os valores. Assim, os atributos tradicionais da juventude – como fase de transição, incerteza, mobilidade, abertura para a novidade e a mudança, instabilidade, amplas possibilidades, experimentação de diferentes identidades sociais – parecem ter se deslocado para além dos limites biológicos a fim de se tornarem modelos culturais que os indivíduos assumem em diferentes estágios da vida.
Mas não se trata apenas de aceleração da mudança social, destaca PERALVA (1997, p.23), "trata-se também de uma verdadeira mutação biológica do ciclo de vida, introduzida a partir de uma elevação importante da esperança de vida, que já dobrou em menos de um século e cujo processo de alongamento tende a continuar." A partir desse ponto de vista, comenta esta autora, "a definição das fases da vida, pontuada em seus extremos pelo nascimento e pela morte, sofre também uma alteração profunda" (PERALVA, 1997, p.23), cujas conseqüências, permanecem ainda obscuras. O envelhecimento postergado transforma o jovem, de promessa de futuro que era, em modelo cultural presente.
Nesta direção, julga-se importante frisar que o objetivo foi a busca pela análise do jovem em situação de escolarização, vivenciando cotidianamente um determinado processo de escolarização. Para tal, cabe salientar que a escola, na sua dinâmica de organização interna e de relação com a sociedade, não apenas reproduz os discursos das ideologias dominantes mas os reelaboram, conferindo novos sentidos ao trabalho pedagógico, num processo muitas vezes contraditório.
Procurou-se observar os jovens em determinada situação de escolarização tomando-se como referência o conceito de experiência social de DUBET (1994), para quem as experiências sociais não são meras condutas redutíveis e aplicações de códigos interiorizados, ou apenas encadeamentos de opções estratégicas, mas são organizadas por princípios estáveis e heterogêneos, constituindo-se como verdadeira combinação de várias lógicas de ação.
Pode-se verificar de que maneira a escola pesquisada, entendida como espaço de experiência social, desenvolveu determinadas ações e põe em prática certas estratégias pedagógicas articuladas com a cultura dos jovens, no caso, o esporte, produzido nas e pelas relações entre a escola pesquisada e a produção dos Jogos Intercolegiais do Bairro (JIBA).
Para a análise dos elementos que foram se apresentando na pesquisa, foi tomado o conceito de prática de BOURDIEU (1980) como referência para se afirmar, segundo SACRISTAN (1998), que determinadas práticas escolares de Educação Física foram sendo "institucionalizadas e consolidadas como uma forma de cultura escolar" e, como afirma Pierre Bourdieu (2002), nas relações cruzadas entre conhecimentos e práticas, gerando "um tipo de conhecimento praxeológico". Estas relações cruzadas entre conhecimento e práticas acontecem "num duplo processo de interiorização da exterioridade e exteriorização da interioridade" (BORDIEU, 2002,p.145), o que nos leva a considerar que esse conhecimento praxeológico tem como conteúdo o esporte, o qual possui um determinado significado simbólico na sociedade brasileira.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este foi o nosso "olhar" que se dirigiu à forma pela qual, na escola pesquisada, ocorreu a assunção do conhecimento escolar da Educação Física necessário à formação da juventude. A escola não permitiu que o jovem se apropriasse das práticas escolares da Educação Física na dimensão que a perspectiva da cultura corporal de movimento precisa assumir, criticamente, na vida do cidadão.
Ao fazer isto, a escola se subalternalizou às influências de uma cultura política conservadora, implícita nos JIBA, o que legitimou as práticas escolares de Educação Física como elementos constitutivos do código disciplinar, particularmente sob o prisma conservador da aptidão física e do modelo esportivo, valorizando muito mais a emulação e os valores cívicos do que um conhecimento crítico das práticas corporais.
Isto foi possível porque a própria pesquisa ofereceu pistas para se entender que a homogeneidade suposta em um modelo de Escola desaparece diante da heterogeneidade das práticas e dos significados atribuídos à Escola pelos sujeitos deste universo. Ademais, o processo de pesquisa, ao atribuir conteúdos para o "olhar" a escola, permitiu que ela pudesse ser entendida como um espaço de "experiência social", segundo DUBET (1994). Como se viu na escola pesquisada, este "lugar" foi ocupado pelos sujeitos jovens, que empurraram para dentro dele suas vozes, seu modo de ser e viver, sua cultura.
Torna-se importante "olhar" e verificar em outras situações de escolarização como se apresentam e/ou se enredam elementos da cultura juvenil com práticas escolares, construindo formas específicas de as juventudes expressarem suas diferentes condições juvenis em processo de escolarização.
Neste estudo de caso, esta visibilidade do jovem como sujeito histórico social e cultural só foi possível porque a observação de cunho participante permitiu a compreensão das práticas escolares na perspectiva da totalidade, não como um conhecimento prático, mas como um processo de produção do próprio trabalho intelectual. Evidenciou-se, com esta trajetória da pesquisa, que o pesquisar o dia a dia dos jovens no interior da escola exige mais aprofundamento dos estudos e pesquisas.
REFERÊNCIAS
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____. Parecer do Conselho Nacional de Educação n.15/98, de 01 de junho de 1998, sobre as Diretrizes Nacionais para o Ensino Médio. Disponível em: <http://ww.mec.gov.br>. Acesso em : 20 de jun.2003.
DUBET, F. Sociologia da experiência. Tradução de Fernando Tomaz. Lisboa: Instituto Piaget, 1994.
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GIROUX, H. Jovens, diferença e educação pós-moderna. In: ASTELLS, M. (Org.) Novas perspectives críticas em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.p.63-85.
KEHL, M.R. A "teenagização" da cultura occidental. Folha de São Paulo, 20 de setembro, Caderno mais,1998. p.7.
LESSARD-HÉBERT, M.; GOYETTE,G.; BOUTIN,G. Investigação qualitativa: fundamentos e práticas. Lisboa: Artes Gráficas LTDA,1990
MORIN, E. Cultura de massas no século XX: neurose. Tradução Agenor Soares Santos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1977.
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SACRISTAN, J. G. Poderes inestables en educación. Madrid: Morata,1998.
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SARLO, B. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e vídeo-cultura na Argentina. Rio de Janeiro, UFRJ, 1997.
SOUZA, R.M. Escola e juventude: o aprender a aprender. São Paulo: Paulus, 2003.
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1 Cabe ressaltar que o "sujeito jovem" é tomado nesta pesquisa como pertencente ao grupo de idade de 15 a 24 anos, conforme vem se tornando convenção no Brasil para abordagem demográfica sobre a juventude. Esta convenção correspondente ao arco de tempo em que, de modo geral, ocorre o processo relacionado à transição para a vida adulta. Diversas instituições de pesquisa, assim como os últimos estudos publicados no livro Retratos da Juventude Brasileira, Análise de uma Pesquisa Nacional, sob a organização de Helena Wendel Abramo e Pedro Paulo Marton i Branco, Editora Fundação Perseu Abramo, 2005, têm usado este recorte, sem deixar de alertar para a necessidade "de sempre relativizar tais marcos, uma vez que as histórias pessoais, condicionadas pelas diferenças e desigualdades sociais de muitas ordens, produzem trajetórias diversas para os indivíduos concretos" (ABRAMO, 2005, p.46).
2 Para situar este fenômeno, vale a pena mencionar alguns dos dados citados do referido estudo: "De fato, enquanto geração dos adolescentes de 1990 era numericamente superior à geração de adolescentes de 1980 em 1 milhão de pessoas, as gerações de adolescentes em 1995 e 2000 serão maiores do que as gerações de 1985 e 1990 em 2,3 milhões e 2,8 milhões de pessoas, respectivamente. No ano de 2005, esse incremento cairá para o nível de 500 mil pessoas caracterizando o fim desta onda de adolescentes. Mesmo considerando o gradativo declínio de número de adolescentes, caracterizado pela 'onda', os números absolutos são enormes e dão uma idéia mais precisa do desafio educacional que o país enfrentará. Pela contagem da população realizada em 1996 (IBGE), em 1999 o Brasil terá 14.300.448 pessoas com idade entre 15 e 18 anos. Esse número cairá para a casa dos 13 milhões a partir de 2001, e para a casa dos 12 milhões a partir de 2007. No início da segunda década do próximo milênio (2012), depois do fenômeno da onda de adolescentes, o país terá 12.079.520 jovens nessa faixa etária" (Fundação SEADE). Esses dados reforçam o quadro mais recente apresentado pelo INEP/MEC (2003) que destaca a representatividade da população de jovens, ou seja, "o Brasil hoje é um país com 21.249.557 de jovens na faixa etária de 15 a 19 anos, sendo que 41% desses jovens concluíram o Ensino Fundamental; 33% dos jovens de 15 a 19 anos freqüentam o Ensino Médio: dois milhões, duzentos e trinta e dois mil jovens estão fora da escola e um milhão e novecentos mil jovens de 15 a 24 anos não sabem ler e escrever!" (<http://www.inep.gov.br>, acesso em novembro de 2003).
3 Pode-se dizer que há tempos atrás os estudos a respeito do tema juventude estavam se iniciando. Pierre Bourdieu alertava para o fato de que 'juventude' podia esconder uma situação de classe. Hoje, segundo ABRAMO (2005), o alerta inicial é o de que precisamos falar de 'juventudes'no plural e não de juventude no singular, para não esquecer as diferenças e as desigualdades que atravessam esta condição. Segundo a autora, "esta mudança de alerta revela uma transformação importante na própria noção social: a juventude, mesmo que não explicitamente, é reconhecida como condição válida, que faz sentido, para todos os grupos sociais, embora apoiada sobre situações e significações diferentes" (ABRAMO, 2005, p.44).
* Linha de Pesquisa: Saberes, Cultura e Práticas Escolares- UFPR/Curitiba,PR, sob a orientação da Profª Drª Maria Auxiliadora Schmidt.