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An. 1 Congr. Intern. Pedagogia Social Mar. 2006
Índices de resiliência: análise em professores do Ensino Fundamental
George Barbosa1
RESUMO
O estudo da resiliência no âmbito da escola tem crescido e a pesquisa de fórmulas de mensuração e avaliação tem sido objeto de estudos, tanto para a elaboração de projetos de apoio, como para a análise de currículos, formação de turmas e, num plano maior, a estruturação de políticas públicas. Tais pesquisas buscam evidenciar um índice de um ou mais fatores que constituem a resiliência. Verificamos que os índices, ao serem apresentados carecem de uma explicitação de como eles se compõem em termos dos fatores constitutivos da resiliência.
MÉTODO: utilizando a proposta de Reivich e Shatteé (2002), realizamos um levantamento de dados em uma população de 423 alunos do Ensino Fundamental no Estado de São Paulo. Com os índices obtidos, elaboramos uma análise estatística descritiva e também aplicamos critérios de Correlação, Covariância e Mediana.
RESULTADO: Foi possível identificar na coleta de dados os fundamentos constitutivos nos fatores de resiliência.
CONCLUSÃO: A análise estatística descritiva explicita os critérios que organizam os índices obtidos e tal explicitação apóia e oferece subsídios para a elaboração de políticas públicas e análise de currículos.
Palavras-chave: resiliência; avaliação; políticas públicas; projetos de apoio.
Introdução
Ao buscarmos mensurar a resiliência em professores, queremos explicitar de forma empírica as crenças resilientes de uma pessoa frente às adversidades. Esta explicitação deve nos ajudar a entender como os recursos positivos estão mobilizados na vida, a avaliar o posicionamento frente a história pessoal, como a pessoa tece sua rede social e encontra seus recursos no meio em que vive. E, particularmente, ser útil ao desenho de programas e projetos de intervenções.
Problemática
A resiliência é um traço subjetivo e ainda não se pode dispor de uma tecnologia mecânica ou computadorizada que a meça. Tem-se recorrido a instrumentos vinculados à capacidade cognitiva. Os questionários estão dentre esses recursos que viabilizam a mensuração de aspectos cognitivos.
Embasamento Teórico - Metodológico
Até meados dos anos 90 as pesquisas trabalhavam mais enfaticamente em avaliar os fatores de riscos, os fatores de proteção (R. Patrick, Jr., 2002; Pesce, R e col., 2004). Após esse período inicial passou-se a estudar os mecanismos sociais que incrementam a resiliência pessoal e comunitária como processo de interações sociais e de aprendizagem (Aggleton, P. 2001). No Brasil ainda não há estabelecido um instrumento de mensuração nesse sentido. A maior parte dos esforços é direcionada à possibilidade de estruturar políticas públicas e projetos de intervenções.
Objetivo
Diante dessa realidade estabelecemos como objetivo para essa pesquisa, aplicar a versão original do Resilience Quotient Test (RQTest) de Karen Reivich e Andrew Shatté, publicado pela Broadwaybooks em 2002, em professores do Ensino Fundamental de uma escola da Região do Grande ABC Paulista e, posteriormente avaliar os índices de resiliência apresentados.
Método
A) Local, Período e Sujeitos - Trabalhamos com 17 professores do Ensino Fundamental de uma escola regular do ensino público em uma cidade da região do Grande ABC Paulista, que identificamos como E.E. Grande ABC, no curso de 2004 e 2005. Não houve critérios de inclusão ou exclusão a não ser o de ser professor naquela instituição de ensino presente no dia da coleta.
B) Instrumentos - RQTest - Descrito no livro The Resilience Factor: 7 Essential Skill fot Overcoming Life´s Inevitable Obstacles, de Karen Reivich e Andrew Shatté, publicado em 2002, é apresentado no livro em duas partes. A 1ª pela transcrição dos 56 itens e a 2ª pelos comentários e fórmula de cálculos dos seus escores. Organiza em torno de 56 itens, planejados para mensurar sete Fatores Cognitivos:
1) Administração das Emoções;
2) Controle dos Impulsos;
3) Otimismo com a Vida;
4) Análise do Ambiente;
5) Empatia;
6) Auto-Eficácia e
7) Alcançar Pessoas.
Para avaliar os resultados obtidos na coleta de dados, nos orientamos pelos referenciais dados pelos autores.
Fatores e os intervalos
Resultados2
Os autovalores obtidos das somas da respostas dos professores, resultaram na tabela abaixo:
Tais resultados foram normatizados com estatística e apresentados em gráficos para cada um dos professores.
A título de exemplo para essa apresentação, em especial, mostramos o gráfico de uma professora:
Também mostramos os resultados do conjunto dos professores em gráfico, conforme o exemplo abaixo:
Conclusão
Os dados concluem que o fator Controle dos Impulsos é o de maior freqüência entre a amostra de professores do Ensino Fundamental. Com base nessa conclusão é possível planejar políticas públicas para dar apoio e incremento da aprendizagem à amostra de professores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Jr., R. Patrick McManus. Adolescent care: reducing risk and promoting resilience. Philadelphia – USA: Primary Care (Prim Care Office Pract) Vol. 29, nº 3, Sept. 2002, 557 - 569.
Aggleton, Peter. Trabalhando com jovens: implicações para a pesquisa e a organização de programas. Porto Alegre – BR: Revista Adolescência Latino Americana (Adolescência Latinoamericana) Vol. 2, nº. 3. Abril 2001.
Reivich, Karen; Shatté, Andrew. The Resilience Factor. 7 Essential Skills for Overcoming Life’s Inevitable Obstacles. New York – USA: Broadway Books – Random House. 2002, 343 p.
1 É doutorando, orientado pelo Prof. Dr. Esdras Guerreiro Vasconcellos. Faz parte do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica – Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar (PUC/SP).
2 A concretização desta pesquisa conta com a análise e a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, do Programa de Pós Graduação em Psicologia Clínica da PUC/SP.