4, v.1A construção de uma escola necessária para a educação do campo e o projeto educativo do MSTAs políticas de proteção a infância e adolescência e a educação: reflexões a partir da década de 1920 índice de autoresíndice de materiabúsqueda de trabajos
Home Pagelista alfabética de eventos  





Congr. Intern. Pedagogia Social Jul. 2012

 

Meninas quietinhas x meninas mandonas: o teatro no meio da briga

 

 

Alessandra Ancona de Faria

Doutora em educação, com ênfase na relação entre o teatro e a formação de professores, E-mail: leleancona@hotmail.com

 

 


RESUMO

Este estudo parte de minha prática como professora de teatro em uma Fundação que trabalha com crianças e jovens de famílias de baixa renda. O grupo com o qual trabalhei em uma oficina de teatro que funcionou no contraturno das aulas estava constituído somente por meninas entre 10 e 12 anos. Exploramos a compreensão do fazer teatral pautado na improvisação, tendo a proposta de Viola Spolin (jogos teatrais) como norteadora do trabalho. Dentro deste trabalho, analisei duas pequenas montagens feitas com o grupo no decorrer de um ano e apresentadas somente dentro do espaço da Fundação, no horário das aulas, mas com a abertura para a presença dos pais. Na primeira montagem, feita com o propósito de ser criada uma história de terror, foi possível explorar com o grupo as diferenças entre as imagens do cinema e da televisão e o fazer teatral. Fica evidente a referência televisiva para a montagem de uma cena, sem a percepção das diferenças entre estas duas linguagens. Neste momento foi possível explorar com o grupo as características específicas do teatro, trabalhando o corpo e demais elementos como iluminação e sonoplastia. Na segunda montagem entramos em contato com um conflito permanente do grupo tanto comigo, como entre as meninas. Neste momento, pudemos por meio das cenas e da elaboração da peça, explorar os preconceitos e as relações de poder presentes no cotidiano de nossa aula. Trabalhamos com a alteridade na proposta de improvisação, na qual todas experimentaram todos os personagens propostos. A percepção do outro, das dificuldades experimentadas pelos papéis sociais assumidos e/ou impostos permitiu a ampliação da compreensão destes mesmos papéis. Neste percurso foi possível analisar não apenas as conquistas sobre os conceitos teatrais e sobre as possibilidades de expressão nesta linguagem, mas principalmente as mudanças no relacionamento das integrantes da oficina, na possibilidade de estabelecer vínculos e no questionamento da autoimagem resultante desta experiência. Faço, portanto, uma reflexão sobre as possibilidades que o ensino de teatro apresenta em uma comunidade com estas características, apontando alguns caminhos para lidar com este público.

Palavras-chave: Teatro. Dinâmicas de Grupo. Jogos Teatrais. Relações de Poder.


ABSTRACT

This study is part of my practice as a teacher of theatre in a foundation that works with children and young people from low-income families. The group with which I worked in a theater workshop that worked on the counter-shift of regular classes had between 10 and 12 years old and was formed only by girls. We explored the understanding of theatre based on improvisation, having the proposal of Viola Spolin, theater games, as the background for the work. Within this work I'll look at two small scenes made with the group over the course of a year and presented only within the Foundation's space in the class schedule, but given the possibility to their parents to participate. In the first scene, made with the purpose of creating a story of terror, it was possible to explore with the group the differences between the images of cinema, television and theater. It is clear the reference of a television to create a scene, without the perception of differences between these two languages. At this moment it has been possible to explore with the group the specific features of the theater, working the body and other elements such as lighting and sound. In the second scene we had a permanent group conflict with me and among the girls. At this moment we could explore, through the creation of the scenes, the prejudices and power relations present in daily life of our classroom. We work with the otherness in the proposal of improvisation in which all experimented with all proposed characters. The perception of the other, of the difficulties experienced by the social roles undertaken and/or imposed, allowed the expansion of the understanding of these roles. In this way it has been possible to analyze not only the achievements on the theater concepts and on the possibilities of expression in this language, but mainly the changes in the relationship of the members of the workshop, on the possibility of establishing links and questioning of self image resulting from this experience. I, therefore, make a reflexion about the possibilities that the teaching of theatre presents in a community with these characteristics, pointing out some ways to deal with this audience.

Keywords: Theatre. Group Dynamics. Theatre Games. Power Relations.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

Referências

CIAMPA, Antonio A. Costa. A estória do Severino e a História da Severina. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1987.

FARIA, A. A. Teatro na formação de educadores: o jogo teatral e a escrita dramatúrgica. Tese de doutorado apresentada na PUC-SP, São Paulo, 2009.

SPOLIN, V. Jogos teatrais para a sala de aula: um manual para o professor. São Paulo: Perspectiva, 2008.

__________. Jogos Teatrais: O fichário de Viola Spolin. São Paulo: Perspectiva, 2001.

VIGANÓ, S. S. As regras do jogo: a ação sociocultural em teatro e o ideal democrático. São Paulo: Editora Hucitec: Edições Mandacaru, 2006.

VIGOTSKY, L. S. La imaginación y El arte en La infância (Ensayo psicológico). Madrid: Ediciones Akal, S.A., 2000.