Congr. Intern. Pedagogia Social Jul. 2012
A narrativa videobiográfica na formação da autonomia de adolescentes abrigados
Cristóvão Pereira SouzaI; Maria da Conceição PasseggiII
IDoutorando em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, PPGEd. Bolsista Capes - Proc. nº BEX 9911/11-1, E-mail: cristovaopereirasouza@gmail.com, Sob a orientação da Professora Titular Maria da Conceição Passeggi, E-mail: mariapasseggi@gmail.com
IIOrientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN
RESUMO
Diante da necessidade de se pensar em meios especializados para o atendimento das questões socioeducativas no âmbito da educação não formal, visando o desenvolvido da tríade teoria, prática e profissionalização da Pedagogia Social, este estudo indaga: Como acompanhar adolescentes abrigados na formação de sua autonomia? A questão sintetiza os desafios enfrentados por uma população com dificuldades de ordem diversa daquelas enfrentadas por adolescentes que transitam para a vida adulta em realidades mais estáveis e afetivas. Os abrigados em instituições públicas, civis ou filantrópicas, trazem em suas histórias de vida as cicatrizes dos maus-tratos, rejeições e relações de desafeto, experienciadas no interior de suas famílias; e as marcas dos obstáculos na procura de ajuda, na ausência de sentido para a escola e na falta de perspectivas laborais, vivenciadas fora dela. No âmbito dessa problemática, discutimos a produção de vídeos como gênero narrativo autobiográfico, analisando as potencialidades da narrativa videobiográfica como tutoria audiovisual de resiliência, ao possibilitar a seus autores, independentemente do seu nível de escolarização, a grafia audiovisual de suas histórias para sobre elas refletirem na perspectiva de um projeto de conscientização. Os resultados das análises permitem a identificação das estratégias utilizadas pelos adolescentes para não sucumbirem ao sofrimento, bem como as habilidades e competências passíveis de comprometê-los com a ruptura e a superação das condições de desprovimento e marginalidade que caracterizam a sua exclusão social. Tais resultados permitem ainda avançar que as videobiografias contribuem para a formulação de atendimentos personalizados, ao disponibilizar elementos reveladores da subjetividade dos acolhidos às equipes multidisciplinares, executoras das diretrizes observadas, sobretudo, nos Artigos 3º e 94º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que instituem a proteção integral e o atendimento individualizado aos que nessas fases da vida se encontram em situação de acolhimento institucional. Tal estudo - "A videobiografia como dispositivo de pesquisa-ação-formação: uma prática educativa com adolescentes abrigados" encontra-se em desenvolvimento no âmbito do GRIFAR-UFRN|CNPq (Grupo Interdisciplinar de Pesquisa, Formação, (Auto) Biografia e Representações), vinculado à Linha de Pesquisa "História da Educação, Práticas Socioeducativas e Usos da Linguagem", do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGEd-UFRN).
Palavras-Chave: Pedagogia Social. Adolescência abrigada. Videobiografia. Narrativa. Resiliência.
ABSTRACT
Faced with the need to think of ways to meet the specialized social and educational issues within the non-formal education in order to triad developed theory, practice and professionalization of social pedagogy, this study asks: How to monitor adolescents housed in the formation of their autonomy? The issue summarizes the challenges faced by a population with diverse difficulties faced by those adolescents who move into adulthood in more stable situations and affective. The housed in public institutions, civic or charitable organizations, bring in their stories of life the scars of abuse, rejection and relationships of disaffection, experienced within their families, and tags of the obstacles in seeking help, in the absence of meaning to school and lack of job prospects, lived outside. As part of this problem, we discuss the production of videos as autobiographical narrative genre, analyzing the potential of audiovisual narrative videobiográfica resilience as mentoring, to enable their authors, whatever their level of schooling, the spelling of their audiovisual stories to reflect on them the perspective of an awareness project. The analysis results allow the identification of strategies used by adolescents to not succumb to grief, as well as skills and competences likely to commit them to rupture and overcoming the dismissal and marginalization that characterize their social exclusion. These results allow us to further advance the videobiografias contribute to the formulation of customized services, by providing evidence revealing the subjectivity of welcomed to multidisciplinary teams, executing the guidelines observed, particularly in Articles 3 and 94 of the Statute of the Child and Adolescent, establishing full protection and individualized care to those in these phases of life are in a situation of institutional care. Such a study - "The device videobiografia as action research-training: an educational practice with adolescents housed" - is in development under the accentuate-UFRN | CNPq (Interdisciplinary Group Research, Training, (Auto) Biography and Representations ), linked to the Research Line "History of Education, Socioeducational Practices and Uses of Language", the Graduate Program in Education of the Federal University of Rio Grande do Norte (PPGEd-UFRN).
Keywords: Social Pedagogy. sheltered Adolescence. Videobiografia. Narrative. Resilience.
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
Referências
ARROYO, Miguel G. Imagens quebradas. Territórios e tempos e alunos e mestres. 6ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
BARBIER, René. A pesquisa-ação. Brasília: Liber Livro Editora, 2007.
CARTA DA ASIHIVIF. Associação Internacional das Histórias de Vida em Formação.[s.d.]
CYRULNIK, Boris. Autobiografia de um espantalho. Histórias de resiliência: o retorno à vida. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
______ . O murmúrio dos fantasmas. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1999.
Elias, Norbert. Envolvimento e alienação. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
FICHTNER, Bernd. Pedagogia social e trabalho social na Alemanha. (In.) NETO, João Clemente de Souza; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério. Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.
GATTI, Bernadete; ANDRÉ, Marli. A relevância dos métodos de pesquisa qualitativa em Educação no Brasil. (In) WELLER, Wivian; PFAFF, Nicolle. Metodologias da pesquisa qualitativa em educação. Teoria e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
JOSSO, Marie-Christine. As histórias de vida como territórios simbólicos nos quais se exploram e se descobrem formas e sentidos múltiplos de uma existencialidade evolutiva singular-plural. (In) PASSEGGI, Maria da Conceição. Tendências da pesquisa (auto) biográfica. Natal RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2008.
JOVCHELOVITCH, Sandra. BAUER, Martin W. A entrevista narrativa. (In.) BAUER, Martin W; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Petrópolis: Vozes, 2003.
LEJEUNE, Philippe. O Pacto autobiográfico. De Rousseau à internet. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.
LÖWY, Michael. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen: marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. Ed. 9. São Paulo: Cortez, 2007.
MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1997.
MILLS, C. Wright. A imaginação Sociológica. 4.ed. Tradução: Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
NETO, João Clemente de Souza; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério. Notas teóricas e metodológicas dos organizados (In.) NETO, João Clemente de Souza; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério. Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.
OTTO, Hans-Uwe. Origens da pedagogia social. (In.) NETO, João Clemente de Souza; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério. Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2009.
PASSEGGI, Maria da Conceição. A pesquisa (auto) biográfica em Educação. Princípios epistemológicos, eixos e direcionamentos da investigação científica. Material Instrucional. UFRN: 2011.
______. Narrar é humano! Autobiografar é um processo civilizatório. In. PASSEGGI, Maria da Conceição; SILVA, Vivian Batista. (Orgs.). Invenções de vida, compreensão de itinerários e alternativas de formação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 103-130.
__________Mediação biográfica: figuras antropológicas do narrador e do formador. (In) PASSEGGI, Maria da Conceição; BARBOSA, Tatyana Mabel Nobre. Memórias, memoriais: pesquisa e formação docente. Natal RN: EDUFRN; São Paulo: Paulus, 2008.
PEIXOTO, Joana. A inovação pedagógica como meta dos dispositivos de formação a distância. (In) Eccos Revista Científica. Jan/Jun. Vol. 10. São Paulo: Centro Universitário Nove de Julho, 2008.
PINEAU, Gaston; LE GRAND, Jean Louis. As histórias de vida. (In) PASSEGGI, Maria da Conceição. Tradução livre. Natal: UFRN, 2003, material instrucional.
__________Emergência de um paradigma antropoformador de pesquisa-ação-formação transdisciplinar. Saúde e Sociedade. v.14. n. 3. Set-dez. 2005. p. 102-110.
PIRES, Eloíza Gurgel. A experiência audiovisual nos espaços educativos: possíveis intersecções entre educação e comunicação. (In) Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 36, n.01. jan/abr. 2010.
RAMOS, Natália. Perspectivas metodológicas em investigação: o contributo do método fílmico. Revista Portuguesa de Pedagogia: Ano 37, n. 3, 2003, pags. 35-62.
SPRINTHALL, Norman A; COLLINS, W. Andrews. Psicologia do adolescente. Uma abordagem desenvolvimentista. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação e Bolsas, 2003.
TORRES, C. A. A política da educação não formal na América Latina. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992.
WOHLGEMUTH, Julio. Vídeo Educativo. uma pedagogia audiovisual. Brasília: Editora SENAC, 2005.