4, v.2Social movements in the plots of social networkingA formação de trabalhadores na modalidade e-learning através das associações empresariais na espanha author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic event listing  





Congr. Intern. Pedagogia Social July. 2012

 

A formação do leitor mediada pela participação social

 

 

Priscila Monteiro ChavesI; Gomercindo GhiggiII

IMestranda do PPGE da Universidade Federal de Pelotas. Graduada em Licenciatura em Letras Port-Francês. Bolsista CAPES, pripeice@gmail.com
IIProf. Dr. do PPGE da Universidade Federal de Pelotas, gghiggi@terra.com.br
,

 

 


RESUMO

Em tempos contemporâneos, a gênese da exclusão escolar pode ser mapeada somente sob a ótica de questões superficiais e isoladas do tipo: por que Joãozinho não sabe ler? Como as reflexões acerca do conceito de Pedagogia Social e dos fundamentos teóricos da Educação Popular podem ser contributivas na superação da rigidez e do formalismo excludentes presentes na formação do leitor? Sabe-se que o acesso ao mundo da escrita vem significando, às camadas populares, ou a aquisição de uma habilidade quase mecânica de decodificação/codificação ou o acesso a universos fechados, arbitrariamente impostos pelo sistema dominante (SOARES, 2000), isto é, ao povo é permitido que aprenda a ler, não que se torne leitor. Percebe-se com isso uma carência de distinção entre acúmulo de conhecimento ou habilidades (neste caso, a habilidade da lectoescrita) e compreensão do mundo, responsável pela superação das problemáticas emergentes dos indivíduos em formação visando seu desenvolvimento (MOLLENHAUER, 1993), o que é antagônico à modernização. Fator que denuncia uma necessidade imediata de alargamento da maneira de conceber a educação e impulsiona uma preocupação com o protagonismo popular. Para Freire, a questão se apresenta claramente: trata-se de acomodar as classes populares emergentes e domesticá-las em algum esquema de poder ao gosto das classes dominantes, e quando a docilidade não é acessível, essa Invasão se dá de maneira mais perigosa, manipulando-as de modo que sirvam aos interesses dominantes e não passem dos limites. Uma das principais dimensões desses limites é a sua formação como leitor, competência capaz de emancipar o sujeito e fazer com que este se torne um questionador de seu mundo e crítico de sua cultura. Se tal máxima verossímil for, a formação do leitor depende estreitamente do resgate e do enfoque da sua função social e polí­tica, em sua história e sua cultura, bem como da compreensão de seu mundo imediato (FREIRE, 1978), o que o contexto escolar atual não propicia ao educando. Assim, o presente artigo centra-se no objetivo de analisar criticamente os impasses da realidade em que são formados leitores na contemporaneidade, apontando tentativas de soluções ancoradas na Pedagogia Social e na Educação Popular, uma vez que a leitura não deve ser tomada como técnica a ser adquirida e tampouco mercantilizada, e sim um meio de promoção da cidadania, compreendida em suas dimensões crítica e ativa (BRANDÃO, 1995), em outras palavras, um instrumento humanizante de emancipação do sujeito (ADORNO, 1995).

Palavras-chave: leitura. exclusão. Educação Popular. emancipação.


ABSTRACT

In contemporary times, the genesis of exclusion from school can be mapped only on the optical surface and isolated questions like: why cannot little Johnny read? How the reflections on the concept of Social Pedagogy and theoretical foundations of Popular Education may be contributory in overcoming the rigidity and formalism present in the exclusive formation of the reader? It is known that access to the world of writing has been meaning, to the lower classes, either the acquisition of a skill almost mechanical decoding/encoding or access to the closed universes, arbitrarily imposed by the dominant system (SOARES, 2000), after all people are allowed to learn to read, not to become readers. It can be seen a lack of distinction between the accumulation of knowledge or skills (in this case, the ability of lectoescrita) and understanding the world, responsible for overcoming problems occuring from individuals aiming their development (MOLLENHAUER, 1993), which is antagonistic to modernization. Factor that betrays an immediate need for enlargement of the way to conceive education and encourage a popular concern of responsibility. For Freire, the question presents itself clearly: it is to accommodate the emerging classes and domesticate them in some power scheme to experience the ruling classes, and when the sweetness is not accessible, this invasion occurs in a more dangerous way, manipulating them in order to serve the dominant interests and do not pass the limits. One of the main dimensions of these limits is its background as a reader, competence able to emancipate the subject and turn it a critic of its world and its culture. If this maximum is believable, the reader formation depends closely on the rescue and on the focus of its social and political function, in its history and culture as well as in the understanding of its immediate world (FREIRE, 1978), which Current school environment is not favorable to the student. Thus, this article focuses on the objective to critically analyze the impasses of reality that are formed in the contemporary readers, pointing attempted solutions anchored in Social Pedagogy and Popular Education, since the reading should neither be taken as acquired technique nor commercialized, but indeed to promote citizenship, understood in its critical dimensions and active (BRANDÃO, 1995), in other words, an instrument of emancipation humanizing the subject (ADORNO, 1995).

Keywords: reading. exclusion. Popular Education. emancipation.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

Referências

ADORNO, Theodor. Educação e Emancipação. Trad. Wolfgang Leo Maar. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o Futuro. Tradução Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2000.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Em campo aberto: escritos sobre educação popular. São Paulo: Cortez, 1995.

CARO, Sueli Maria Pessagno. Educação Social: Uma Questão de Relaçõs. In: SOUZA NETO, João Clemente de; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério Adolfo (Orgs.). Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte, Editora, vol. 1. 2ª edição, 2011.

CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Acesso à leitura no Brasil. In: AMORIM, Galeano. (Org.). Retratos da Leitura no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.

FREIRE, Paulo. Ação cultural para liberdade: e outros escritos. 13 reimp. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2010.

______. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. 4 Ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.

______.Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo : Moraes, 1980.

______. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

GARCEZ, Lucia Helena do Carmo. Esse Brasil que não lê. In: AMORIM, Galeano. (Org.). Retratos da Leitura no Brasil, São Paulo: Imprensa Oficial, 2008.

GRAMMONT, Guiomar. Ler devia ser proibido. In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999.

KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: Que é "esclarecimento"?.In. Immanuel Kant: Tetos seletos. Petrópolis: Vozes, 1974.

LEFEBVRE, Henri. Metafilosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.

MARTINS, José de Souza. Henri Lefebvre e o retorno à dialética. São Paulo: Hucitec, 1996.

MÉSZÁROS, István. A educação para além do capital..2.ed- São Paulo: Boitempo, 2008.

SANT'ANNA, Affonso Romano de. Leitura: das armadilhas do óbvio ao discurso duplo In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999.

SOUZA NETO, João Clemente de; SILVA, Roberto da; MOURA, Rogério Adolfo (Orgs.). Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e Arte, Editora, vol. 1. 2ª edição, 2011.

SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto.In: ZILBERMAN, Regina & SILVA, Ezequiel (org). Leitura Perspectivas Interdisciplinares, 5. ed. São Paulo: Ática, 2000.