4, v.2Ciganos: um mosaico étnicoIntersetorialidade entre as políticas públicas e seus efeitos na escola pública brasileira author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic event listing  





Congr. Intern. Pedagogia Social July. 2012

 

Capoeira angola: imaginário, corpo e mito            

 

 

Renata de Lima SilvaI; Tata Nguz'talaII

IDoutora em Artes pelo Programa de Pós-graduação em Artes da Unicamp e professora adjunta do curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Goiás. É capoerista no Centro de Capoeira Angola Angoleiro Sim Sinhô e diretora artística do Núcleo de Dança Coletivo 22. renatazabele@gmail.com
IIFrancisco Aires Afonso Filho é Teólogo, Pedagogo, Pós-graduado em Direito Administrativo Disciplinar e Sacerdote do Candomblé Angola-Congo, onde recebeu o nome iniciático de Ngunz'tala e o título sacerdotal de Tata (Pai). É capoeiralista da Federação Internacional de Capoeira Angola – FICA em Goiânia-GO

 

 


RESUMO

Os dados sobre a capoeira no século XIX nos mostram, sobretudo a partir de arquivos da literatura e documentação policial encontrados no Rio de Janeiro e Bahia, a capoeira como um forte elemento da cultura dos escravizados e importante instrumento de sociabilização de diversas etnias e de mobilização desses no espaço urbano. As aparições dos capoeiras aconteciam em geral frente a batalhões, igrejas, praças e  em festividades públicas, sendo protagonizada significativamente por menores e trabalhadores de rua. Como uma manifestação de rua, a capoeira deste período pode ser relacionada a noção de "encruzilhada" por se configurar como uma manifestação pluricultural, isto é, na confluência de diferentes matrizes culturais e por identificar no fluxo de movimento da própria encruzilhada (de entrada e saída como a ginga e toda dinâmica do jogo da capoeira). Seja a rua sob a luz do sol, entre um trabalho e outro, de escravos de ganho e estivadores, ou sob a luz da lua, dos boêmio, sambistas e vadios a capoeira urbana se inventou na rua, por onde vaga  Exú -  orixá das encruzilhada -  e também, do povo da rua, referenciados na Umbanda. O presente artigo pretende discutir o fenômeno da capoeira em relação com elementos da cosmovisão das religiões afro-brasileiras.

Palavras-chave: Capoeira Angola. Cultura popular. Candomblé. Umbanda.


ABSTRACT

 Data about the capoeira in the nineteenth century, especially from the archive's police and literature from Rio de Janeiro and Bahia, show them as a strong element of the culture of the enslaved and important instrument of socialization of different ethnicities and mobilization those in urban areas. The presentations of the capoeiras happened in front of barracks, churches, squares and public festivities, starring by children and street workers. As a street demonstration, the capoeira this period may be related to the notion of "encruzilhada" [in English, something crossroads] for configure itself as a multicultural event, that is, in the confluence of different cultural matrices and for identify in the flow of movement of the "encruzilhada" (to input and output as the "ginga" [swing] and as the whole dynamics of the game of capoeira). In the street, under the sunlight, among works of the slaves, or under the moonlight, of the bohemian, "sambistas" [samba dancers] and vagrants, the capoeira urban was invented in the street, where walking Exú – the God (or "Orixá", in the language of the Afro-Americans) of the "encruzilhadas" – a nd also the people of the street, referenced in Umbanda (the Afro-American religion).

Keywords: Capoeira Angola. Popular culture. Candomblé. Umbanda.


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

Referências

ABIB, Pedro (coord). Mestres e Capoeiras famosos da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2009.

ABREU, Frederico José de. Capoeiras – Bahia, Século XIX: imaginário e documentação. Salvador: Instituto Jair Moura, 2005.

ARAÚJO. Rosângela Costa IÊ, VIVA MEU MESTRE. A Capoeira Angola da 'escola pastiniana' como práxis educativa. São Paulo, Feusp, 2004 (tese de doutorado).

CACCIOATORE, Olga Gudolle. Dicionário de Cultos Afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Forense Universitário, 1977.

CALLOIS, Roger. Os jogos e os Homens – A máscara e a vertigem. Lisboa: Editora Cotovia, 1958.

COUTINHO, Daniel. O ABC da capoeira angola: os manuscritos do Mestre Noronha. Brasília, DF: DEFER, 1993.

DECÂNIO FILHO, Angelo Augusto. A importância do transe capoeirano. http://capoeiradabahia.portalcapoeira.com/content/view/337/220/, consultado em 23/08/2009.

LOPES, Nei. Logunedé: "Santo menino que velho respeita". Rio de Janeiro: Pallas, 2000.

OLIVEIRA, Eduardo David. Filosofia da ancestralidade: corpo de mito na filosofia da educação brasileira. Curitiba: Editora Gráfica Popular, 2007. 

ORTIZ, Renato. A morte branca do feiticeiro negro: umbanda e sociedade brasileira. São Paulo:Ed. Brasiliense, 2005.

PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea 1890 – 1950. Tese de Doutorado, Unicamp, 2001.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

_______. A dança dos caboclos. http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/dancacab.htm. (s/d), consultado em 17/04/2011.

_______. Por que Exu é o primeiro?  http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/exu2005.htm (s/d), consultado em 17/04/2011

_______.Herdeiras do Axé. São Paulo: Hucitec, 1997.

SANTOS, Juana Elbein dos. Os nagô e a morte. Petrópolis: Vozes, 1976.

SETE, Meste Bola. O aprendizado da capoeira. Rio de Janeiro: Ed. Palla, 1997.

SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808 – 1850). Campinas, SP: Ed. Da Unicamp, 20 VASSALO. Simone Pondé. Capoeiras e intelectuais: a construção coletiva da capoeira "autêntica". Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 32, 2003. 02.