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3° Encontro Nacional ABRI 2011 2011

 

O ensino e a pesquisa sobre política externa no campo das Relações Internacionais do Brasil*

 

 

Carlos Aurélio Pimenta de Faria

PUC-Minas. E-mail: carlosf@pucminas.br

 

 


RESUMO

O objetivo deste artigo é analisar o ensino e a pesquisa sobre a política externa no Brasil, nas duas últimas décadas. Para tanto, o trabalho está organizado da seguinte maneira. Na primeira seção, discute-se a maneira como as principais narrativas acerca da evolução do campo de Relações Internacionais no Brasil, tido como área do conhecimento acadêmico, retratam o lugar que tem sido destinado, na própria área, ao estudo da política externa. A segunda seção é dedicada a uma apreciação do status da política exterior no ensino das RIs no país, tanto na graduação como na pós-graduação scricto sensu. Faz-se, também, um mapeamento e uma caracterização das teses e dissertações defendidas que tiveram como objeto a política externa. Na terceira avalia-se o espaço dado aos estudos sobre política exterior em 3 fóruns acadêmicos de abrangência nacional, quais sejam: nos encontros da ABRI (Associação Brasileira de Relações Internacionais), da ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política) e da ANPOCS (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais). Na quarta seção é feito um mapeamento e uma caracterização dos artigos sobre política exterior publicados, entre 1990 e 2010, nos seguintes periódicos brasileiros da área de RI: Cena Internacional. Contexto Internacional. Política Externa e Revista Brasileira de Política Internacional. Por fim, a quinta e última seção procura avaliar, brevemente, a relevância que os estudos comparativos têm na subárea da política externa no país. As considerações finais fazem um balanço geral da investigação empírica apresentada nas seções anteriores.

Palavras-chave: Análise de política externa; ensino de política externa no Brasil; pesquisa sobre política externa no Brasil; a política externa comparada no Brasil.


 

 

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* A pesquisa que deu origem a este trabalho contou com o financiamento do CNPq e da FAPEMIG, a quem o autor gostaria de agradecer. O autor agradece também a Luísa Gonçalves de Medeiros e a Wilson Mendonça Júnior, pela competente e dedicada assistência na pesquisa.
1. BREUNING (2007); GERNER (1995); GROOM (2007); HILL & LIGHT (1986); HUDSON (2005 e 2007); HUDSON & VORE (1995); KAARBO (2003); KUBÁLKOVÁ (2001); LIGHT (1994); NEACK; HEY & HANEY (1995); RIPLEY (1993); ROSATI (2004); e SMITH (1986).
2. Ver, entre outros: ALMEIDA (1993 e 1999a e b); CRUZ & MENDONÇA (2010); FONSECA JR (1989); HERZ (2002); HIRST (1992); LESSA (2005 e 2006); MIYAMOTO (1999 e 2003); SANTOS & FONSECA (2009);  SANTOS (2005); e SARAIVA & CERVO (2005).
3. Em 2006, o Comitê de Ciência Política da Capes, que avaliava os programas de pós-graduação tanto da CP quanto das RIs, passou a ser denominado Comitê de CP e RI. Também em função das incertezas sobre o funcionamento do Comitê nos anos anteriores a essa mudança, vários docentes e pesquisadores da área de RI no país defendiam a criação de um Comitê independente para as RIs, como reportado por Santos & Fonseca (2009).
4. Fontes: sítio do Ministério da Educação (MEC), www.e-mec.gov.br, acesso em 18 de maio de 2011, sítios das instituições e correspondência com as coordenações dos cursos.
5. Optamos por não incluir na discussão que se segue o curso de mestrado em "Estudos estratégicos da defesa e da segurança", ofertado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e o curso, mestrado e doutorado, em "Estudos estratégicos internacionais", ofertado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). São os seguintes os 11 programas de pós-graduação stricto sensu analisados: CEBELA - Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Rio de Janeiro, Mestrado, RIs para a América do Sul); Instituto Rio Branco (Brasília, Mestrado profissional em Diplomacia); PUC Rio (Mestrado e Doutorado em RI); PUC Minas (Mestrado em RI); Universidade Estadual da Paraíba (Mestrado em RI); Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Mestrado em RI); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Mestrado em RI); Universidade de Brasília (Mestrado e Doutorado em RI); Universidade Estadual de São Paulo (Marília, Mestrado em RI); Universidade de São Paulo (Mestrado e Doutorado em RI); e Universidade Federal de Santa Catarina (Mestrado em RI).
6. Fontes: sítio da Capes (http://capes.gov.br/), acessado em 19 de maio de 2011, e sítios dos programas de pós-graduação na internet.
7. Note-se, porém, o alerta feito por Amorim Neto, que, no entanto, não nos parece plenamente adequado ao tipo de estudo que estamos mapeando: "(...) o que leva um analista ao subcampo da política comparada que o autor considera como incorporando também análises de apenas um outro país estrangeiro, a exemplo da forma como se define política comparada nos EUA é verificar o quão generalizáveis são as relações que estabelece a partir da observação da política do seu país. Nesse sentido, a política comparada não é a superação do paroquialismo, mas sim um método de validação do que se observa na paróquia. Paroquialismo e comparações multinacionais mantêm, consequentemente, uma relação de dependência mútua, pois um não existe sem o outro" (p.330).
8. Ressalte-se que o fato de um desses termos ter sido escolhido pelo autor do trabalho como uma das palavras-chave não significa, necessariamente, que o foco principal do estudo seja a política externa, o que fragiliza a comparação que fazemos na sequência, posto que a mesma nota de cautela não se aplica à seleção que fizemos dos trabalhos de conclusão dos PPGRI.
9. A ABCP oferece, no seu sítio na Internet, uma listagem dos associados. http://www.cienciapolitica.org.br/abcp/socios_associados.html. Acesso em 27 de junho de 2011.
10. Fonte: http://www.anpocs.org.br/portal/content/view/1/41/, acesso em 21 de junho de 2011.
11. O sítio da ANPOCS na Internet disponibiliza apenas os programas dos encontros acontecidos entre 1998 e 2011.
12. Lessa (2005) considera "injustificadamente restrito" o número de periódicos especializados, "especialmente de revistas científicas, que amparem e promovam o debate na área". Note-se, também, que o autor não considera a revista Política Externa como de "natureza científica", mas dedicada à "veiculação de artigos escritos por diplomatas e empresários em formato de alta divulgação" (2005, p.177). Cruz & Mendonça, por seu turno, acreditam que esse periódico é "um dos mais importantes veículos da área", que se distingue dos demais "pelo alcance de sua circulação e pelo público diversificado que atinge" (2010, p.309).
13. A revista Política Externa, sozinha, publicou quase a metade destes 1347 artigos (639 ou 47,44%). A RBPI vem na seqüência, com 23,46% deles.
14. Ressalte-se, porém, que em seu mapeamento da política comparada no Brasil, Santos & Coutinho (2002), analisando 5 periódicos das Ciências Sociais nacionais, dentre eles apenas um de RI (Contexto Internacional), notaram que, "grosso modo, 20% das publicações das revistas examinadas são de autores estrangeiros" (p.11). Não fizemos cálculo semelhante em nosso trabalho.