3, v.2A gestão estratégica no governo e a cooperação internacional para o desenvolvimento como geradores de valor público - uma análise estratégica por "jogos ocultos" e em "dois níveis"Analysis of chinese diplomacy: the "peaceful rise" and its questioning author indexsubject indexsearch form
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Print ISBN 2236-7381

3° Encontro Nacional ABRI 2011 2011

 

As relações Russo-Japonesas no início do século XXI*

 

 

Gabriel Pessin Adam

 

 


RESUMO

Desde o fim da Guerra Fria, a Federação Russa tem como objetivo principal a recuperação de seu status de grande potência no sistema internacional. Dadas suas capacidades, fragilidades, e a leitura que faz do ambiente sistêmico, a Rússia adotou como estratégia a defesa de uma ordem multipolar, e como táticas o pragmatismo e a economização de sua política externa. A efetividade do projeto russo implica na utilização de sua condição de país eurasiano. Todos esses fatores resultaram na revalorização do vetor oriental da política externa russa no início do Século XXI. Em função disso, Moscou estabeleceu uma parceria estratégica com a ascendente China, principal país asiático. Contudo, o segundo Estado mais importante da Ásia, o Japão, continua representando um desafio para o Kremlin. O que se pretende investigar no presente trabalho é justamente o desenvolvimento das relações russo-japonesas no pós-pós-guerra fria, tendo a visão russa como fio condutor. Para tanto, serão observados as razões pelas quais uma aproximação com o Japão seria benéfica a Moscou, bem como os empecilhos que até o momento tem obstado a criação de uma parceria consistente entre os dois países.

Palavras-chave: Política externa. Rússia. Japão. Ilhas Kurile


 

 

Introdução

Nas duas últimas décadas a Rússia enfrentou transformações profundas, muitas das quais, aliás, ainda estão em curso. No mesmo período, o sistema internacional1 igualmente vivenciou eventos de considerável impacto, cujos efeitos levaram alguns autores a considerar o seu atual estágio como sendo de transição (AMINEH e HOUWELLING, 2005, LUKYANOV, 2010). Independentemente de suas dificuldades internas e do panorama exterior, o objetivo de retomar a condição de grande potência tem acompanhado as lideranças russas desde meados dos anos 1990, e, notadamente, a partir do ano 2000, quando Vladimir Putin assumiu a presidência do país. Se a meta é perene, o mesmo não se pode dizer da estratégia e das táticas adotadas para atingi-la.

O grupo no poder no Kremlin defende (e almeja) que o futuro arranjo do sistema internacional será multipolar. Ao mesmo tempo, faz a leitura de que o centro decisório da futura ordem multipolar se deslocará da aliança euro-atlântica para a Ásia. Tais considerações estão no âmago da crescente importância dada por Moscou aos seus contatos com os países asiáticos, e, em especial, com a China. Contudo, a parceria estratégica estabelecida com Pequim não constitui a única linha de ação russa no continente asiático. O Japão está presente nessa equação, assim como a participação no diálogo referente à península coreana e as organizações multilaterais da região. O presente trabalho focará sua atenção nas relações entre Moscou e Tóquio, principalmente após o ano 2000. Será observado de que modo a interação em voga se insere no conjunto da política externa russa. Após, receberão atenção alguns dos elementos que impedem avanços significativos na relação bilateral. Por fim haverá o esforço de identificar quais são as perspectivas de uma parceria russo-japonesa.

 

O Vetor Asiático da Política Externa Russa e o Japão

Logo após a dissolução da União Soviética, a Federação Russa procurou se aproximar das potências ocidentais, desenvolvendo uma política externa quase que exclusivamente ocidentalista2. As explicações para tal atitude residem no clima amistoso com o Ocidente que marcou o fim da Guerra Fria, nas expectativas depositadas na unificação em curso da União Europeia e no fato de que os Estados Unidos surgiam no cenário internacional como a única superpotência remanescente. Todavia, o tratamento recebido não foi o de grande potência. Para seu desagrado, a Rússia foi encarada como uma parceira menor, declinante. Em razão disso e da perda de apoio interno, ainda em 1993 o Presidente Yeltsin determinou que fossem realizadas modificações no rumo da política externa russa, a qual deveria voltar-se também para o Leste e não mais descuidar do espaço pós-soviético. Contudo, os primeiros passos concretos rumo à implementação dessas diretrizes foram dados apenas em 1996, quando Yevgeny Primakov assumiu o posto de Ministro das Relações Exteriores. Não por acaso, em 1996 foi fundado do Grupo dos Cinco (Rússia, China, Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguistão), que viria a ser o embrião da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), fundada em 2001. Cabe aqui destacar que a criação do Grupo dos Cinco foi o resultado de um processo evolutivo das relações russo-chinesas, cujo começo remonta ao período de Gorbachev como Secretário-Geral do Partido Comunista da URSS (1985 a 1991) e que se manteve durante o Governo Yeltsin (1992-1999).

Nos anos 1990, os problemas internos russos fragilizavam sua política externa, o que diminuía a capacidade do país de ser propositivo na arena internacional. Ao longo dos anos 2000, depois de Vladimir Putin assumir a presidência do país em março de 2000, a situação modificou-se. O fortalecimento do Governo Federal no arranjo de forças doméstico, a partir da retomada do sistema de verticalização de poder3 e uma maior presença do Estado na economia; conjugados com os aumentos do preço do petróleo verificados entre 2000 e 2008 no mercado internacional, permitiram que o Kremlin pudesse implementar uma política externa mais assertiva na busca dos interesses do país. O objetivo de recuperar a condição de grande potência permaneceu como meta suprema, entretanto a estratégia e as táticas empregadas na sua busca foram alteradas. Sabedor das fraquezas russas de natureza estrutural (economia muito dependente dos recursos energéticos, perda de população, corrupção endêmica, infraestrutura antiquada) e contingencial (período de reforma das forças armadas, penetração de potência externas no espaço pós-soviético), o Kremlin pôs em prática a estratégia de defesa da multipolaridade no sistema internacional4. Seu raciocínio é o seguinte: uma vez que não pode ser novamente uma superpotência como nos tempos da Guerra Fria, nem consegue estabelecer paridade com os EUA, o melhor cenário possível é se sedimentar como um entre vários pólos emanantes de poder, juntamente com Estados Unidos, China, Índia, União Europeia e Japão. Além de assegurar a proeminência global desejada, tal arquitetura de poder impede o estabelecimento da uma unipolaridade norte-americana. Já as táticas implementadas pelo Governo Russo desde 2000 foram a adoção do pragmatismo na condução da política externa e a utilização de seus vastos recursos energéticos5 como meio de angariar apoio e poder político (economização da política externa). Em breves linhas, o pragmatismo significa negociar com todo e qualquer país que possa servir aos interesses russos, independentemente de seu regime, histórico, etc. Por seu turno, os recursos energéticos como elemento geoeconômico sinaliza a comercialização deste bem cada vez mais raro no mercado mundial não apenas para angariar lucro, mas também para fixar a Rússia como parceiro de grande relevância estratégica e política na arena global. Analisando tais fatores da política externa da Federação Russa em conjunto, é possível depreender que o sucesso de seu projeto passa pela efetivação de sua condição de país eurasiano, não no sentido político-filosófico-ideológico do termo, mas sim geográfico. Ou seja, a capacidade russa de tornar a sua estratégia efetiva e suas táticas operacionais para atingir o objetivo a que se propôs implica na utilização de sua posição única de maior país em extensão do mundo, com grandes porções de território na Ásia e na Europa.

Nesse ponto, o Continente Asiático ingressa na análise. Na prática, desde o fim da URSS, o vetor ocidental da política externa russa tem merecido maior atenção de Moscou do que o vetor oriental. Nesse período, as questões envolvendo a Europa Europeia e os Estados Unidos/OTAN estiveram sempre em primeiro plano na pauta de Moscou, ao passo que os temas relacionados aos países da Ásia permaneceram um degrau abaixo, com a contundente exceção da China. A manutenção de tal paradigma, sem o desenvolvimento substancial do eixo oriental de sua política externa, significa prejuízo a Moscou, pois deixa seu projeto eurasiano capenga. Ademais, não colabora para melhorar a imagem russa junto aos Estados asiáticos, que consideram o grande vizinho como um país eminentemente europeu.

Outras duas razões impulsionam o movimento do Kremlin em direção ao leste. A primeira é a crença por parte da elite política russa de que o centro decisivo do sistema internacional está se deslocando do eixo euro-atlântico para a Ásia. Um exemplo disso pode ser encontrado no documento elaborado pelo Comitê Nacional Russo para Segurança e Cooperação na Ásia e Pacífico (CSCAP - sigla em inglês):

"A mudança do desenvolvimento mundial para a Ásia-Pacífico tem sido a mega tendência das últimas décadas. A Ásia-Pacífico está se tornando o motor da civilização mundial - papel que a Europa desempenhou nos últimos cinco séculos. Isto ocorre devido à tendência de crescimento econômico daquela região e da óbvia crise da ideia euro-atlântica de civilização." (CSCAP, 2011: 1).

Já o segundo motivo guarda relação com fatores internos, especificamente a necessidade de desenvolvimento do extremo oriente do vasto território russo. Relegada historicamente, a região é vulnerável, pois após a queda do modelo soviético tem enfrentado processos de perda populacional acentuada, desindustrialização e degradação em geral (TRENIN, 2006: 131)6. Ressalte-se que os planos mais recentes do Governo Russo para o extremo leste do país não dizem respeito apenas à reversão de tendências negativas. Eles envolvem a internacionalização da região como meio de torná-la estrategicamente relevante no plano exterior. Assim, por exemplo, a cidade de Vladivostok, banhada pelo Mar do Japão, tem recebido no ano de 2010 pesados investimentos de Moscou para se tornar um centro internacional de cooperação da região da Ásia-Pacífico (KALACHINSKY, Andrei, 2010: 03). Vale destacar que justamente Vladivostok será a sede do Fórum de 2012 da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC, na sigla em inglês).

E de que modo entra o Japão nessa equação? Conforme salientado, não há a menor dúvida de que atualmente a China é a maior parceira da Rússia na Ásia. As relações entre os dois países evoluíram muito desde o estabelecimento da parceria estratégica e da criação da OCX. Todavia, mesmo menor, o papel japonês nos cálculos russos não pode ser negligenciado. E ele está presente, inclusive, no concernente às relações russo-chinesas. Até o presente momento, o crescimento político-econômico-militar da China, bastante superior ao russo, não têm sido tratado publicamente como uma fonte de preocupação pelo Kremlin. Todavia, o passado oscilante de amizade e rusgas entre Moscou e Pequim permanece na memória, assim como o constante temor de uma invasão populacional chinesa no parcamente habitado Extremo Oriente Russo, o que alteraria a característica étnica da região, e drenaria os seus recursos para Pequim. Além disso, há a possibilidade de que lá na frente os interesses russos e chineses deixem de possuir a convergência atual e assumam caráter divergente, especialmente no tocante à Ásia Central. Diante de tais fatores, o Japão se torna um parceiro interessante para servir de contraponto a eventual dependência russa da China no futuro. Não se quer dizer aqui que o Japão substituirá a China como maior aliado russo na região, pois isto não é imaginável no curto ou médio prazo. Moscou igualmente não estabeleceria aliança ou participaria de aliança regional na Ásia que viesse a causar desgosto aos chineses. Entretanto, essa situação não obstaculiza a Rússia de procurar obter maior poder de barganha na sua dinâmica com a China, utilizando-se, para tanto, do Japão. Um exemplo dessa política russa são as negociações envolvendo a construção de oleodutos que carregariam petróleo da Sibéria de Leste para o Japão ou para a China.

Outro ponto a ser destacado é o fato de o Japão vir a se consistir em mais um canal de penetração russa na Ásia. Um canal importante, não apenas porque favorece o aumento de autonomia da política externa russa em relação à China, mas principalmente porque Tóquio tem sido o grande empecilho ao aumento de participação russa nos organismos multilaterais asiáticos. Apesar do recrudescimento da importância da OCX nas esferas regional e global, e da condição de membro da APEC, a Rússia se ressente de não integrar nenhum dos formatos ampliados da ASEAN (ASEAN + 1 [China]; ASEAN + 3 [China, Japão e Coreia do Sul] e ASEAN + 6 [China, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e Índia])7. Moscou entende que a arquitetura regional da Ásia que emergirá futuramente, sobretudo no Leste e Sudeste asiático, possuía como base a ASEAN + 1, devido ao crescimento chinês e sua natural atração das economias do entorno. Todavia, as manobras japonesas até o momento contrariam os interesses russos referentes à ASEAN. Por exemplo, quando da formação da ASEAN + 6, a China desejava que a Rússia fosse a sexta integrante, mas o Japão se opôs e sugeriu o ingresso da Índia, posição que terminou por ser a vencedora. Recentemente, a Austrália propôs a criação de uma nova Comunidade do Leste-Asiático, incluindo a ASEAN + 6, a Rússia e os EUA. O Japão foi contrário e propôs que a nova comunidade tivesse como base a ASEAN + 6, talvez com o ingresso dos EUA, mas sem a Rússia (CSCAP, 2010: 5). Conforme se pode concluir, o estabelecimento de uma relação de maior confiança e proximidade com Tóquio é essencial para que Moscou consiga driblar a má vontade japonesa para com a participação russa na ASEAN ou em uma nova Comunidade do Leste-Asiático a ser estruturada.

O Extremo Oriente Russo consiste em outra forte razão para que Moscou almeje qualificar suas relações com o Japão. Não obstante suas dificuldades econômicas atuais, os japoneses são encarados como uma possível fonte de investimentos no leste da Rússia, os quais idealmente envolveriam indústrias de tecnologia avançada, que seriam de grande importância para a recuperação da região. Ressalte-se que o capital japonês seria bem vindo também porque diminuiria a necessidade do dinheiro chinês destinado à mesma finalidade, pois as autoridades russas em geral não temem "invasão" de japoneses em seu território no mesmo grau em que receiam semelhante avanço por parte de cidadãos chineses.

A economização da política externa está grandemente calcada na comercialização dos recursos energéticos russos, sobretudo gás natural e petróleo. A maior porcentagem de lucro das companhias energéticas russas (estatais e privadas) advém da venda aos países da Europa, situação que causa dependência de Moscou do capital europeu8. Na medida em que quanto menor a dependência russa em relação aos mercados europeus, maior será sua autonomia política sobre a União Europeia, a construção de gasodutos e oleodutos para os países asiáticos é uma alternativa cada vez mais desejada pelo Kremlin. Nesse quadro, o Japão é uma das opções mais interessantes como destino da energia russa, pois o país é o terceiro maior consumidor e importador de petróleo do mundo (atrás de EUA e China)9. Quanto ao gás natural, o panorama é semelhante, pois o país importa grande parte do gás que utiliza. O recente terremoto ocorrido na costa de Sendai, que gerou um tsunami causador de grande devastação no território japonês agravou a situação do país no tocante à energia. Estima-se que o consumo de petróleo aumentará em 238.000 barris por dia, e o de gás natural em 1.2 bilhões de pés cúbicos10. Até mesmo o recebimento de energia elétrica hoje se faz necessário na sociedade japonesa, o que favorece o Extremo Oriente Russo, pois a região possui plena capacidade de exportar eletricidade ao país vizinho (LEN, 2007: 127). Nesse sentido, logo após o desastre, Vice-Primeiro-Ministro Russo, Igor Sechin, anunciou que poderia redirecionar 6.000 MW de eletricidade do Extremo Oriente do país para o Japão no curto prazo, e, que em dois anos seria possível construir uma linha de fornecimento de eletricidade submersa. Sechin disse, ainda, que a Gazprom planejava aumentar as remessas de gás natural liquefeito para o Japão em 100.000 toneladas, nos meses de abril e maio11. Como se constata, o aumento do comércio bilateral de energia é benéfico para Moscou e Tóquio.

 

Os Entraves das Relações Russo-Japonesas

Uma vez observados algumas das razões pelas quais o Japão se insere com relevância na política externa russa desenvolvida para a Ásia, o passo seguinte é investigar o estágio no qual se encontram nas relações mantidas entre si pelos dois países.

Em pleno período do pós-pós Guerra Fria, um resquício da Segunda Grande Guerra permanece como o principal empecilho ao desenvolvimento de uma maior cooperação entre Rússia e Japão. A disputa envolvendo as Ilhas Kurile do Sul, hoje propriedade russa, mas reclamadas pelos japoneses, que as denominam de Territórios do Norte, continua ativa, gerando efeitos negativos às relações russo-japonesas. Inclusive, as discussões quanto à posse das quatro ilhas impedem até hoje que os dois países assinem um Tratado de Paz referente à Segunda Guerra Mundial.

A fim de entender a disputa territorial, cabe fazer uma breve digressão histórica. Já no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a União Soviética (URSS) ocupou a ilha de Sakhalin e o arquipélago das Ilhas Kurile, que pertenciam ao Japão12. O arquipélago Kurile é formado por pequenas ilhas e se divide entre Ilhas Kurile do Norte e Ilhas Kurile do Sul. Nos acordos de Yalta restou definido que a URSS permaneceria com a propriedade dos territórios ocupados. No ano de 1951, o Japão se comprometeu a assinar um Tratado no qual renunciava a Sakhalin e Kurile do Sul, mas não especificava a quem elas deveriam pertencer, nem o que compreendia por Ilhas Kurile do Sul. Desgostoso com tais inconsistências, Stalin não aceitou a proposta. Em 1956, foi realizada Declaração Conjunta por Japão e URSS, cujo teor era a passagem das duas ilhas mais ao sul das Ilhas Kurile do Sul (Habomai e Shikotan) ao Japão. Quanto às outras duas ilhas, localizadas ao norte (Kunashir e Iturup), nada era mencionado. A oferta partira da URSS, mas não foi assinada. O Japão desejava incluir Kunashir e Iturup no acordo e, em plena época de Guerra Fria, foi pressionado pelos EUA a não firmar o acordo. Na mesma época as lideranças japonesas fizeram extensivas campanhas pelo retorno das ilhas Kurile do Sul, que somente nesta época passaram a ser conhecidas no país por Territórios do Norte (KUROIWA, 2008: 336).

 

 

Depois, apenas em 1985, Gorbachev retomou a questão da disputa territorial. Contudo, devido às turbulências internas da URSS e da preferência dada à resolução das fronteiras com a China, não houve avanços significativos. O assunto somente foi retomado com força após a dissolução da superpotência soviética. Aproveitando o momento de aproximação russa com as potências ocidentais, das quais o Japão é aliada, e sabedor das fragilidades econômicas russas, o Governo Japonês emitiu a Declaração de Tóquio de 1993, na qual clamava o domínio integral sobre os Territórios do Norte. Posteriormente, amainou sua posição, e em 1998 lançou a proposta de reconhecimento da soberania japonesa, mas com a manutenção da administração russa por tempo indefinido. Uma nova resolução foi programada para 2000, quando a Rússia já possuiria um novo Presidente. Vladimir Putin assumiu o cargo e sua posição sobre o tema, manifestada na Declaração de Irkutsk decepcionou os japoneses, pois o novo mandatário russo declarou que a base de um futuro acordo deveria ser a Declaração Conjunta de 1956.

Desde então, as conversas entre as duas partes sobre o tema não evoluíram, pois o Japão sustenta a validade da Declaração de Tóquio e a Rússia mantém sua posição centrada na Declaração de Irkutsk. A assinatura do Tratado de Paz igualmente gera divergência. Moscou entende que ele pode ser firmado antes de resolvida a questão territorial, o que foi afirmado em seu Conceito de Política Externa de 2008, enquanto Tóquio considera a devolução do arquipélago é condição essencial para que a "guerra" entre os dois países termine.

No ano de 2010, dois atos do sucessor de Putin, Dmitry Medvedev (eleito em 2008), trouxeram mais uma vez a disputa territorial à cena. No verão russo daquele ano, foi autorizado o exercício naval Vostok 2010, nas margens da ilha de Iturup. No mês de novembro, poucos dias antes de uma Cúpula da APEC a ser realizada na cidade japonesa de Yokohama, Medvedev se tornou o primeiro mandatário russo ou soviético a visitar uma das ilhas Kurile do Sul. O ato foi considerado "lamentável" pelo Governo Japonês, que em resposta retirou temporariamente seu embaixador da Rússia. O Ministro das Relações Exteriores Russo, Sergei Lavrov, afirmou que as Ilhas Kurile eram assunto doméstico russo, logo inexistia motivo para as reclamações do país vizinho. Em uma tentativa clara de separar a questão política dos negócios, Medvedev agradeceu o convite para participar da Reunião das Lideranças Econômicas da Ásia-Pacífico que ocorreria na Cúpula da APEC, e realçou o papel importante da organização na busca de respostas políticas e econômicas aos desafios da região e aos efeitos da crise econômica de 200813. Um dos resultados da Cúpula foi a formação de um projeto de envolvendo empresas chinesas, japonesas e russas, escudadas por seus governos, para a criação de um pólo químico na República Russa do Tartastão, no valor de um bilhão de dólares. Como se observa, o tema espinhoso das ilhas Kurile do Sul não possui o poder de obstar por completo parcerias econômicas de vulto entre russos e japoneses.

Não obstante a disputa territorial envolver apenas Japão e Rússia, outras potências interferem no problema. Também em 2010, Medvedev e o mandatário chinês Hu Jintao assinaram Declaração Conjunta em defesa dos resultados da Segunda Guerra, pronunciamento claramente dirigido a Tóquio. Os EUA, por sua vez, por intermédio de seu Departamento de Estado, manifestaram apoio à posição japonesa no pertinente aos Territórios do Norte. A declaração norte-americana gerou forte pronunciamento de Sergei Lavrov, o qual lembrou que as Ilhas Kurile eram território russo como resultado justo da Segunda Guerra e "com isto em mente, eles (os russos) eram levados a esperar mais respeito dos parceiros norte-americanos aos relevantes acordos dos aliados referentes às ilhas Kurile."14

A partir da declaração de Lavrov é possível trazer à tona mais um elemento complicador de uma maior interação entre Rússia e Japão: a aliança do último com os EUA, erigida durante a Guerra Fria e que sobrevive até hoje. O padrão de relacionamento que Moscou vem mantendo com Washington desde a dissolução da URSS é ambivalente. Ele se caracteriza pela alternância de períodos de amizade, como, por exemplo, o espaço entre 2001 e 2003 e os meses após a proposta de recomeço do Presidente Obama em 2008, com fases de estranhamentos recíprocos, cujo ápice ocorreu durante o segundo mandato de Putin (2004 a 2008), e se revelam em assuntos que permanecem em voga, como a expansão da OTAN para o Leste Europeu e a instalação por parte dos EUA de um sistema antimísseis na mesma região. Esses fatos geram uma desconfiança permanente de Moscou em relação às intenções dos EUA para consigo, não obstante as declarações que por vezes são proferidas em sentido contrário. A forte vinculação mantida entre japoneses e norte-americanos é consubstanciada pelo enorme aparato militar mantido pelos EUA no país asiático. Segundo o site oficial das Forças Armadas Norte-Americanas no Japão, o quartel general dos EUA em solo japonês conta com um contingente de 49.000 militares (38.000 em terra e 11.000 no mar), o qual está disperso em 85 instalações localizadas nas cidades de Honshu, Kyushu e Okinawa, ocupando uma área total de aproximadamente 77.000 acres. Nas águas japonesas também se encontra a Sétima Frota dos EUA, sob o comando da Frota do Pacífico. Ela conta com 13.000 marinheiros, 18 barcos e 100 aviões, operando a partir do Japão. A Força Aérea é representada pela 5ª Força Aérea-Japão, apoiada por 13.000 pessoas, entre civis e militares15. Por certo, a permanência de tamanho poderio militar norte-americano no Japão colabora para que o Kremlin mantenha o sinal de alerta constantemente ligado, ainda mais quando há uma disputa territorial permanente com Tóquio.

De semelhante modo, a parceria russo-chinesa não colabora para a melhoria das relações russo-japonesas. Mesmo que a tendência de futuro aponte para o ingresso do Japão na órbita de Pequim, devido ao crescimento exponencial da China e da falta de interesse dos EUA e da Rússia de enfrentarem-na, hoje a rivalidade entre Tóquio e Pequim continua sendo uma variável influente da dinâmica regional. Via de conseqüência, o grau de interação atual entre russos e chineses não é visto com bons olhos pelo Japão.

Conforme se depreende, as questões bilaterais e regionais atrapalham o estabelecimento de laços mais profundos entre Japão e Rússia, mas não se pode olvidar que as próprias vicissitudes russas também contribuem para tanto. Como dito, um dos motivos que caracterizam o Japão como um parceiro desejável do ponto de vista russo é sua capacidade financeira. Todavia, a Rússia não tem se preparado de modo propício para receber os investimentos almejados. A despeito de alguns esforços envidados por Putin e Medvedev no sentido de combater a corrupção e o crime organizado, os resultados foram escassos. A situação é particularmente grave no Extremo Oriente do país, detentora de altos índices de criminalidade desde os anos 1970. Atualmente, devido ao empobrecimento da região e de sua posição fronteiriça, os grupos criminosos locais agem em conluio com seus congêneres coreanos, chineses, japoneses e vietnamitas. Os principais produtos comercializados ilegalmente são peixe e madeira. Mas a baixa remuneração do exército russo e seu problema de disciplina fazem com que armamentos militares possam ser acrescidos ao rol de produtos escoados ilegalmente da Rússia para os países vizinhos (SHELLEY, 2010: 192). Aliado ao problema criminal, a desconfiança generalizada quanto ao respeito pelas leis e à existência de uma proteção efetiva aos empresários e seu capital por parte das instituições russas gera certo receio nos investidores estrangeiros, dentre eles os japoneses.

 

Considerações Finais

Apesar de ter perdido o posto de principal país asiático para a China e de enxergar o crescimento indiano, o Japão continua sendo um ator de grande importância na Ásia, sobretudo nas regiões leste e sudeste do continente. Logo, um clima de beligerância com Tóquio é bastante prejudicial para o projeto russo de se sedimentar como o Estado eurasiano por excelência. Além desta questão estratégica, foram expostos outros motivos pelos quais o estreitamento de laços com o Japão seria benéfico à Rússia. Se olharmos a relação bilateral sob o ponto de vista japonês, uma aproximação com Moscou igualmente lhe traria vantagens, sendo que a maior delas talvez fosse a garantia de que o recebimento de energia russa não seria interrompido por questões político-securitárias no futuro, fator inegavelmente importante num cenário mundial de crescente escassez energética. Ademais, até sob a ótica regional, uma parceria russo-japonesa seria interessante, pois ajudaria a diminuir as tensões do Leste Asiático, região altamente militarizada e que conta com o grave problema ainda sem solução da península coreana.

Tendo em vista a gama de efeitos positivos que uma parceria mais aprofundada entre Rússia e Japão traria não somente aos dois países, mas ao Leste Asiático como um todo, era de se esperar que isso viesse a ocorrer. Contudo, não é o que se verifica na prática. Por óbvio, não se pode negar que as relações russo-japonesas avançaram nos últimos vinte anos, resultado de esforços despendidos por ambas as partes. Todavia, parece que encontraram uma barreira que não conseguem transpor. Tal limite possui, entre outras, duas causas principais: a disputa pelas Ilhas Kurile do Sul (ou Territórios do Norte) e os "alinhamentos" russo e japonês na presente conjuntura do sistema internacional.

Aumentar o nível de confiança mútua de dois países quando entre eles há uma contenda territorial perene, a qual traz a lembrança de períodos de guerra e confrontação político-ideológica, é algo que exige muito esforço dos envolvidos. No caso estudado, as Ilhas Kurile do Sul fazem com que russos e japoneses relembrem não somente a Segunda Guerra Mundial, mas também a Guerra entre ambos em 1905 e o período da Guerra Fria. Memórias sofridas e desgastantes. Pode se sustentar que o passado deve ser esquecido e as questões hodiernas são mais importantes. O argumento é válido, mas nas relações internacionais nem sempre é cabível. E a disputa pelas Ilhas Kurile demonstra isso. Do lado japonês há a intransigência de receber as quatro ilhas ou nenhum acordo será assinado, ao passo que os governantes russos têm feito questão de efetuar visitas (Lavrov em 2007 e 2011 e Medvedev em 2010) às ilhas como forma de confirmar o domínio russo sobre as mesmas. O assunto saiu um pouco de pauta após a catástrofe japonesa do início de 2011, mas nos meses anteriores, a escalada de declarações pouco amistosas de parte das lideranças políticas japonesas e russas chegava a um nível preocupante. E parece que nem mesmo a ajuda humanitária prestada pela Rússia por causa dos problemas gerados pelo tsunami poderá servir como ponto de partida de novas negociações, pois figuras importantes de parte a parte já afirmaram que a colaboração russa não guarda nenhuma relação com a questão territorial.

Enquanto uma solução não for encontrada no tocante à propriedade das Ilhas Kurile do Sul, Rússia e Japão não conseguirão estabelecer uma parceria duradoura que inclua questões estratégicas e securitárias, e permanecerão apenas com seus contatos econômicos, que são importantes, mas representam menos do que seria idealmente desejável. E na medida em que não se observa predisposição dos dois países de abrirem negociações nas quais tenham que ceder algo para o outro, a perspectiva é de que as relações russo-japonesas permaneçam no seu estado hoje vigente por um período de tempo considerável.

Os aspectos geopolíticos regionais e sistêmicos também têm sua parcela de culpa no cenário hoje encontrado. Eventual avanço de uma parceria com o Japão precisa ser muito bem estudado por parte de Moscou, tendo em face sua parceria estratégica com a China e a rivalidade entre essa e aquele. A Rússia tem como uma das regras atuais de sua política externa não contrariar Pequim, ao menos não numa extensão em que as relações bilaterais sofram qualquer tipo de estremecimento. Num futuro mais distante é possível que isso não somente seja irrealizável, mas até mesmo indesejável pelo Kremlin. Entretanto, no momento, as vantagens auferidas com sua parceria com a China sobrepujam com folga os reveses suportados. Do seu lado, o Japão tem o limitador da aliança com os Estados Unidos. Como visto, Moscou e Washington alternam juras de amizade com trocas de ameaças. Uma vez que o Japão continua tendo nos EUA o fiador de sua segurança, qualquer avanço cooperativo mais contundente em direção à Rússia também precisa ser analisado com parcimônia. E, assim como hoje, pode-se prever que os futuros movimentos de chineses e norte-americanos e a forma como estabelecerão suas interações na qualidade de maiores potências do sistema internacional em certa medida influenciarão as relações russo-japonesas.

Por fim, vale destacar que entre as causas principais analisadas há uma hierarquia, mesmo que tênue, pois a disputa pelas Ilhas Kurile do Sul continua sendo o principal fator a influenciar a dinâmica russo-japonesa.

 

REFERÊNCIAS

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Official Military Website U.S. Forces Japan. Endereço Eletrônico: http://www.usfj.mil

 

 

* III ENCONTRO NACIONAL ABRI: Governança Global e Novos Atores.
1. A ideia de sistema internacional adotada provém da teoria de Silviu Brucan. Segundo o autor, a primeira e fundamental característica do sistema é que as relações entre os Estados ocorrem em um ambiente de desigualdade. Os Estados mais poderosos procurarão manter o status quo que os beneficia, enquanto os demais, dotados de poder relativamente menor, desejam atingir a posição de predominância, o que será ou não possível de acordo com os limites de suas capacidades. Inseridos neste sistema, os Estados desenvolvem dois grandes padrões de comportamento, quais sejam de conflito e cooperação (BRUCAN, 1971: 07).
2. Na Rússia, há uma divisão político-ideológico entre ocidentalistas, orientalistas e eurasianistas. Os ocidentalistas acreditam que a Rússia é um país de raízes europeias e por causa disso deve voltar suas atenções para o Ocidente, especialmente a Europa. Já os eurasianistas defendem que em função de sua posição geográfica e história singulares, a Rússia possui a condição única de país culturalmente eurasiano, logo não deveria privilegiar nem o Ocidente, nem o Oriente nas suas relações exteriores. Por seu turno, os orientalistas entendem que a Rússia deve se voltar para o Oriente, pois nas suas interações com o Ocidente colheu nada mais do que traições e guerras. Para mais detalhes, ver Tsygankov (2006) e Billington (2004).
3. A verticalização de poder é recorrente na história do país desde o tempo dos czares, Como seu próprio nome indica, o conceito pressupõe uma cadeia hierárquica de poder cuja liderança é ocupada por um mandatário de forte presença institucional e pessoal.
4. O Governo Russo tem defendido a construção da multipolaridade em oposição ao unilateralismo em seus documentos oficiais, como, por exemplo, Concepção de Política Externa da Federação Russa, em suas duas últimas versões, de 2000 e 2008.
5. A Rússia detém as maiores reservas de gás natural do mundo: 44.38 trilhões de metros cúbicos (23,7% das reservas conhecidas) e é a maior produtora de gás do mercado mundial. Quanto ao petróleo, a Rússia possui reservas estimadas de 74,2 trilhões de barris (5,6% das reservas mundiais). Ela compete com a Arábia Saudita pelo posto de maior produtora de petróleo. Fonte: BP World Statistical Review of World Energy, June 2010.
6. A população do Distrito Federal do Extremo Oriente decaiu de 7.360 milhões de habitantes em 1996 para 6.440 milhões de habitantes em 2010. A população de Vladivostok, principal cidade do Distrito, caiu de 648.000 habitantes em 1992 para 578.000 habitantes em 2010. Fonte: Russian Statistics Yearbook for 1994, 2000 e 2009, publicado por Russian Federal Statistics Service.
7. Vale destacar que apesar de não sem membro em nenhum dos formatos da ASEAN, em 2010 foi realizada a segunda Cúpula ASEAN-Rússia, cinco anos após a feitura da primeira.
8. Por volta de 80% do petróleo exportado pela Rússia tem como destino países da Europa.
9. Energy Information Administration. Country Profile: Japan. Endereço eletrônico: http://www.eia.gov/countries/country-data.cfm?fips=JA. Acessado em 29 de junho de 2011.
10. Energy Information Administration. Country Profile: Japan. Endereço eletrônico: http://www.eia.gov/countries/country-data.cfm?fips=JA. Acessado em 29 de junho de 2011.
11. Fonte: Ria Novosti. Endereço eletrônico: http://en.rian.ru/world/20110314/162998344.html. Acessado em 14 de março de 2011.
12. As lhas Sakhalin do Sul haviam sido obtidas pelo Japão mediante o Acordo de Paz assinado ao fim da Guerra Russo-Japonesa em 1905. Já as Ilhas Kurile do Norte foram passadas ao Japão pelo Tratado de São Petersburgo, em 1875; e as ilhas Kurile do Sul se tornaram território japonês pelo Tratado de Shimoda, em 1855.
13. Fonte: Ria Novosti. Endereço: http://en.rian.ru/world/20101104/161211755.html. Acessado em 04 de novembro de 2011.
14. Fonte: RosBusinessConsulting. Endereço eletrônico: http://top.rbc.ru/english/index.shtml?/news/english/2011/06/23/23170952_bod.shtml. acessado em 23 de junho de 2011.
15. Site oficial das forças militares norte-americanas no Japão. Endereço eletrônico: http://www.usfj.mil/. Acessado em 28 de junho de 2011.