1Relação de gênero no cenário do rap no Brasil: mulheres negras e brancasColóquio Internacional Culturas Jovens: olhar da juventude branca sobre a negritude brasileira: reverso da cultura popular urbana? author indexsubject indexsearch form
Home Pagealphabetic event listing  




On-line ISBN 978-85-60944-38-5

Coloq. Int. Cult. Jovens Afro-Bras. Am., Encontros e Desencontros Apr. 2012

 

Hip Hop de Fortaleza: movimento social de maioria negra

 

Hip hop in Fortaleza: a social movement composed mostly of afro descendants

 

 

Silvia Maria Vieira dos Santos

Professora de História da rede pública estadual, especialista em juventude e mestre e doutoranda em educação na UFC - email: arrupiada19@hotmail.com. Doutoranda em Educação na UFC, e-mail: arrupiada19@hotmail.com

 

 


RESUMO

Algumas pesquisas apontam a importância do Hip Hop como movimento cultural juvenil, outros autores afirmam ser um instrumento político da juventude excluída. O presente trabalho tem como objetivo saber como o Hip Hop é visto pelos movimentos sociais e, principalmente, qual a sua relação com o movimento negro. Esta pesquisa se localiza em Fortaleza, onde existe uma das maiores expressões do movimento, o MH2O (movimento hip hop organizado), e uma infinidade de outros grupos que dão o seu recado no programa Se Liga - O som do hip hop, exibido aos domingos pela rádio Universitária FM. De acordo com a pesquisa descobri que o hip hop de Fortaleza é a expressão de uma parte significativa da juventude negra e empobrecida que utiliza seu território simbólico e concreto para denunciar as condições injustas vividas pela população da periferia que em sua maioria é negra se consolidando também como expressão cultural e de identidade negra. Este movimento se inscreve na análise dos movimentos sociais heterogêneos e carregados de conflitos, por esse motivo polissêmico, ora movimento cultural, ora político, ou até mesmo ligado ou não ao movimento negro. Contudo posso confirmar que este é um dos vários movimentos sociais de maioria afrodescendente.

Palavras-chave: Hip Hop, movimento social, juventude, identidade, movimento negro


ABSTRACT

Some research has pointed out the importance of Hip Hop as a youth cultural movement, while others affirm that it is a political instrument of the socially excluded youth. This research aims to find out how Hip Hop is seen by social movements, and especially what its relationship with the Black Movement is. The research is conducted in Fortaleza, where one of the main expressions of the movement is located, the MH2O (Organized Hip Hop Movement), as well as a great deal of other groups which send their messages through the radio program Se Liga - O som do hip hop, which can be translated as Connect Yourself - the sound of Hip Hop. The program is aired every Sunday at Rádio Universitária FM. In the research, I found out that hip hop in Fortaleza is an expression of a significant part of the impoverished black youth that uses their symbolic and concrete territory to denounce the unfair conditions that the population of the periphery of the city live in, where most of this population is composed of afrodescendants. In that context, Hip Hop is also consolidated as a cultural expression and an expression of the black identity. This movement is included in the analysis of the heterogeneous social movements because it is full of conflict, and therefore polysemous - sometimes it is understood as a cultural movement, sometimes as a political movement and sometimes it is seen as part of the Black Movement and sometimes it is not. However, it is possible to confirm that is one of the various social movements composed mostly of afro descendant people.

Key words: Hip Hop, social movement, youth, identity, Black Movement


 

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

 

 

BIBLIOGRAFIA

BRANDÃO, Camila; SILVA, Carmem Silvia da. Hip Hop Cangaceiro: a expressão local de um fenômeno internacional. IN: Movimentos sociais e educação popular no nordeste. Recife: EQUIP, 2004.

CUNHA, Henrique. Ver vendo, versando sem verso, escrevendo e se inscrevendo no hip hop. Revista Espaço Acadêmico. Nº 31, Dezembro de 2003. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/031/31ccunha.htm. Acesso em outubro de 2008.

_____. Abolição inacabada e a educação dos afrodescendentes. Revista Espaço Acadêmico, nº 89, outubro de 2008. Disponível em: HTTP://www.espacoacademico.com.br/089/89cunhajr.pdf

_____. Para a história da educação dos afrodescendentes. In: Cavalcante, Maria Juraci Maia et al. (orgs) História da Educação - vitrais da memória: lugares, imagens e práticas culturais. Fortaleza: Edições UFC, 2008.

DAYRELL. Juarez. O rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG. Observatório da Juventude. Disponível em: http://www.fae.ufmg.br:8080/objuventude/textos/RAP%20FUNK%20USP.pdf. Acesso em agosto 2008.

DIÓGENES, Glória. Cartografias da cultura e da violência: gangues, galeras e o movimento hip hop. São Paulo: Annablume; Fortaleza: Secretaria da Cultura e Desporto, 1998.

GOMES, Nilma Lino. Rappers, Educação e Identidade Racial. Educação Popular Afro-Brasileira. Florianópolis: Editora Atilènde (Núcleo de Estudos Negros). 2002.

GONH, Maria Glória. Teorias dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. Capítulo VIII. São Paulo: Loyola, 1997.

HERSCHMANN, Micael. Mobilização, ritmo e poesia - hip hop como experiência participativa. In: FONSECA, Maria Nazareth Soares (org). Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, 2ª Ed, 2006.

MELUCCI, Alberto. A invenção do presente: movimentos sociais nas sociedades complexas. Petrópolis: Vozes, 2001.

RETRATOS DA FORTALEZA JOVEM. Pesquisa disponível em: http://www.retratosdafortalezajovem.org.br/. Acesso em setembro de 2007.

RIBEIRO, Christian Carlos Rodrigues. A cidade para o movimento hip hop: Jovens afro-descendentes como sujeitos políticos. In: Humanitas. São Paulo: PUC-Campinas, v.9, n. 1, p. 57-71, jan-jun, 2006.

SANTOS, Boaventura. Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São Paulo: Cortez,1997. 4ª Ed.

SCHERER-WARREN, Ilse. Redes de Movimentos Sociais. São Paulo: Loyola, 1993

SILVA, Elida Maria da. Jovens negros na década de 90: denúncia, sociabilidade e construção de identidades étnica em torno do movimento hip hop. Revista de Iniciação Científica da FFC, v.5,n.1/2/3, p. 30-36, 2005.

SILVA, Roberto Antonio de Sousa da. MH2O O movimento hip hop em Fortaleza. Rio de Janeiro: o autor, 1999 (Fortaleza: 2000)

SOUZA, Ana Lúcia Silva. Ensino Médio. In: Ministério da Educação. Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006.

ZIGONE, Carmela. Hip Hop em processo: identidade, territorialidade e ritual. Brasília, 2006. Trabalho apresentado no 30º Encontro Anual da ANPOCS - Caxambu/ MG, 24 a 28 de outubro de 2006 - Disponível em: http://www.uff.br/obsjovem/mambo/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=79. Acesso em agosto de 2008.