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An da XIII jorn. trab. Oct. 2012

 

GRUPO DE TRABALHO 02 - CONFLITOS TERRITORIAIS E FRAGMENTAÇÃO DO TRABALHO: a expropriação capitalista no campo e na cidade, para além das dicotomias

 

A organização do trabalho e o impulso migratório

 

 

Michelle Neris MoreiraI; Wesley Borges CostaII

IGraduada UNEB - campus VI, Caetité (BA). michellenerismoreira@gmail.com
IIMestrando em Geografia pela Universidade Federal de Goiás. wes_borges@hotmail.com

 

 


RESUMO

A organização do trabalho e o impulso migratório é um estudo teórico que problematiza o conceito trabalho entendendo-o como uma propriedade inalienável do indivíduo subordinada as condições históricas voltadas para a produção de riquezas, a satisfação das necessidades e a produção da vida material. As relações de trabalho se configuram mediante a utilização do território compreendido aqui, como resultado de um processo histórico e de uma apropriação. Adentrando na perspectiva dos grandes teóricos sociais, Sartre (2002) reforça que o trabalho só pode existir como totalização e contradição superada, seja ele o que for. Já Hannah Arendt (2003) em sua obra prima A condição Humana apresenta o trabalho como atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, além disso, afirma que a condição natural do trabalho é a mundanidade, ou seja, o apreço pelo material. A evolução do trabalho foi, ao longo dos anos, consequência abrupta da transformação sofrida pelos instrumentos de trabalhos que outrora eram separados e que agora estão cada vez mais indivisíveis. Com o advento industrial o progresso é acelerado e as relações de comércio são ampliadas. Oliveira (1991) destaca que o domínio do trabalho pelo capital tem a mais-valia como marca registrada de dominação. Nesse contexto a mobilidade populacional ganha novo impulso através do aparecimento das indústrias e da consequente expansão do capitalismo que refletiu diretamente no esvaziamento do campo e no inchaço das cidades. Os movimentos migratórios estiveram relacionados com a expansão capitalista e ao seu modo de produção, sendo que sua intensidade e direção estavam subordinadas as condições econômicas e sociais de cada país. Tendo por base o pensamento de Singer (1987) o capitalismo é entendido como um sistema econômico em que os meios de produção são propriedade privada de uma classe social em contra oposição à outra classe de trabalhadores não proprietários. Consubstancialmente, tem-se a partir dessa organização do trabalho e do modo de produção, o migrante como mercadoria e força de trabalho barata; tem-se uma mobilidade humana forçada pelas necessidades do capital. Ao passo que o fluxo populacional deriva da modernização, da introdução de mudanças técnicas no processo produtivo, a exclusão do trabalhador também estará vinculado a esses mecanismos. É a associação de tudo isso, a convergência de todos esses fatores, que dão as bases para o capitalismo e para o processo perverso da globalização que, de acordo Santos (2001) tem na tirania do dinheiro e da informação os pilares da produção de sua história atual. O mesmo propõe diante das atrocidades de seus sistemas econômicos, outra globalização. Uma globalização humana, que tenha o homem como realidade histórica concreta. Todavia, enquanto a outra globalização é construída lentamente em meio aos vãos da história humana, as relações de trabalho e a migração continuam reféns da globalização e de seu sistema econômico, sendo a cada dia moldadas e reestruturadas ao bel prazer do capital moderno. O trabalhador que ainda parte em busca do sonho na metrópole, hoje faz o caminho contrário de tantos outros, que insatisfeitos com as migalhas que lhe coube voltam às pressas para seu município em busca de outras possibilidades além-migalhas.

Palavras-chaves: Trabalho - globalização - migração


 

 

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